Haim Laskov

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Haim Laskov
Haim Laskov
Haim Laskov como Chefe do Estado-Maior das Forças de Defesa de Israel, em fevereiro de 1958.
Dados pessoais
Nascimento 1919
Barysaw, República Socialista Soviética da Bielo-Rússia
Morte 8 de dezembro de 1982 (63 anos)
Tel Aviv, Israel
Nacionalidade Israel Israelense
Esposa Shulamit Laskov
Vida militar
País  Reino Unido
Israel Israel
Força
Anos de serviço 1932–1965
Hierarquia Rav Aluf
Unidade Brigada Judaica
Esquadrões Noturnos Especiais
Comandos Ramatkal
Padam
Batalhas

Haim Laskov (em hebraico: חיים לסקוב) (Barysaw, 1919Tel Aviv, 8 de dezembro de 1982) foi uma figura pública israelense e o quinto Chefe do Estado-Maior das Forças de Defesa de Israel.[1][2]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Haim Laskov nasceu em Barysaw, na República Socialista Soviética da Bielorrússia (atual Bielorrússia). Ele imigrou para a Palestina com sua família em 1925. A família estabeleceu-se em Haifa, onde viviam em extrema pobreza.

Laskov ingressou na Haganá quando adolescente e serviu em várias unidades, incluindo os Esquadrões Noturnos Especiais de Orde Wingate. Ele também serviu como mensageiro pessoal de Yaakov Dori, que mais tarde se tornaria o primeiro Chefe do Estado-Maior.[3] Em 1940, Laskov ingressou no Exército Britânico para poder participar da Segunda Guerra Mundial. Ele serviu em várias funções e foi comandante da Brigada Judaica que atuou na frente italiana, chegando eventualmente ao posto de major. Após a guerra, ele permaneceu na Europa para participar do esforço de imigração ilegal Aliyah Bet para trazer judeus refugiados para a Palestina. Ele também participou de vários atos ilícitos de vingança contra os nazistas e seus colaboradores. Ao retornar à Palestina, ele voltou à Haganah, ao mesmo tempo que trabalhava como chefe de segurança da companhia elétrica.

Haim Laskov era casado com Shulamit.[4]

Carreira militar[editar | editar código-fonte]

Quando a Guerra Árabe-Israelense de 1948 eclodiu em 1948, Laskov assumiu a responsabilidade de preparar a estrutura na qual os novos recrutas seriam treinados. Ele organizou o curso de primeiros oficiais e formou uma brigada com os graduados, a qual lutou em Latrun durante a Operação Nahshon.[5] Um mês depois, em maio de 1948, retornou a Latrun como comandante do primeiro batalhão blindado de Israel, o qual lutou ao lado da 7ª Brigada. Comandou toda a brigada durante a Operação Dekel e a Operação Hiram, e participou nas muitas batalhas pelo controle da Galiléia. Após a captura de Nazaré, ordenou a evacuação da população palestina; esta ordem foi recusada pelo comandante da brigada, Ben Dunkelman.[6] Em julho, finalmente voltou a treinar novos recrutas, agora com a patente de major-general.

Embora nunca tenha sido piloto, Laskov foi nomeado comandante da Força Aérea Israelense em 1951. Durante sua gestão, a Força Aérea preparou-se para incorporar seu primeiro caça a jato, o Meteor. Ao completar seu mandato em 1953, Laskov deixou o exército para estudar filosofia, economia e ciências políticas (PPE) no Reino Unido; onde também obteve treinamento militar adicional.

Em 1955, retornou a Israel, onde foi nomeado Vice-Chefe do Estado-Maior Geral e Oficial Sênior do Estado-Maior, porém, após uma série de disputas profissionais com Moshe Dayan, foi rebaixado a Comandante do Corpo Blindado. Durante a Campanha do Sinai de 1956, comandou a 77.ª Divisão, que operava na frente Rafah - el-Arish - Qantara. Após a morte de Asaf Simchoni, Chefe do Comando Sul, num acidente de avião, Laskov assumiu a sua posição e supervisionou a retirada das tropas israelitas da Península do Sinai.[5]

Chefe do Estado-Maior Geral (1958–61)[editar | editar código-fonte]

Chaim Laskov em 1952.

1958[editar | editar código-fonte]

Em 1958, Laskov foi nomeado Chefe do Estado-Maior Geral, substituindo Moshe Dayan. A sua nomeação ocorreu tendo como pano de fundo a unificação do Egipto e da Síria como República Árabe Unida em 31 de janeiro desse ano e a ameaça potencial que isso representava para a segurança de Israel. Apenas dois meses depois, em 30 de março, Israel e Síria trocaram fogo de artilharia pesada através do Mar da Galileia. Os confrontos duraram dois dias, até que finalmente foi alcançado um cessar-fogo.

Em 24 de abril, Laskov presidiu um enorme desfile militar em Jerusalém para marcar o décimo aniversário da independência de Israel. Isto ocorreu apesar das advertências da Jordânia de que tal desfile seria considerado um ato de agressão. Durante o desfile, Laskov exibiu o mais recente equipamento militar de Israel, incluindo armas capturadas do Egito no Sinai e da Síria durante os confrontos no Vale de Hula.

Em 6 de novembro, a Síria retomou o seu bombardeamento de artilharia na Galileia, enquanto trabalhadores israelitas estavam envolvidos num enorme projecto de drenagem do Lago de Hula para obter mais terras agrícolas para o país. Sob as ordens de Laskov, as FDI responderam ao fogo.

1959[editar | editar código-fonte]

Um dos grandes escândalos ocorridos durante o mandato de Laskov foi um exercício surpresa para testar a mobilização das reservas, em 1º de abril de 1959. Conhecido como a "Noite dos Patos" (um dos sinais codificados de convocação transmitidos pelo rádio era "Aves Aquáticas"), o evento causou pânico em todo o país e colocou os exércitos dos Estados árabes vizinhos em alerta máximo. Uma comissão de inquérito que investigou o assunto considerou o Major-General Meir Zorea, oficial sênior do Estado-Maior, e o Major-General Yehoshafat Harkabi, chefe da Inteligência Militar, responsáveis pelo fiasco, e os dois renunciaram aos seus cargos.

1960[editar | editar código-fonte]

Monumento da Floresta Haim Laskov em Latrun, Israel. A placa o caracteriza como "Um verdadeiro voluntário".

As tensões entre Israel e a Síria continuaram nos meses seguintes. Em 31 de janeiro, Israel atacou a aldeia síria de Tawfik, com vista para o Mar da Galileia, alegando que tinha sido usada pelo exército sírio para bombardear aldeias israelitas na Galileia. Três soldados israelenses foram mortos na operação. O ataque levou à eclosão da Crise Rotem, durante a qual o Egipto deslocou as suas forças armadas para a indefesa fronteira sul de Israel, apanhando Israel desprevenido. Em 9 de março, as forças egípcias começaram a retirar-se. Laskov mais tarde descreveu a crise como a mais dramática de seu mandato como Chefe do Estado-Maior General das FDI.[7]

Legado[editar | editar código-fonte]

Laskov renunciou ao cargo de Chefe do Estado-Maior Geral em 1961, após um mandato relativamente pacífico, marcado apenas por confrontos com os sírios. Durante o seu mandato, concentrou-se na construção da força das FDI: Israel adquiriu o seu primeiro submarino e os seus jactos Super Mystère. Pouco antes de deixar o cargo, o primeiro-ministro David Ben-Gurion também anunciou que o país havia construído um reator nuclear nos arredores da cidade desértica de Dimona. O reator, afirmou ele, foi construído para fins pacíficos.

Laskov fundou o Colégio de Defesa Nacional de Israel para promover a fluência dos generais das FDI em conceitos estratégicos.[8]

Carreira civil[editar | editar código-fonte]

Em 1961, Laskov foi nomeado diretor-geral da Autoridade Portuária, e foi durante seu mandato que o porto de Ashdod, hoje o principal porto de Israel, foi construído. Ele também continuou a escrever manuais de treinamento militar e submeteu vários artigos a revistas militares. Em 1972, Laskov tornou-se o primeiro Provedor de Justiça dos Soldados do país, cargo que ocupou durante dez anos, até à sua morte. Após a Guerra do Yom Kippur em 1973, serviu na Comissão Agranat, que investigou os fiascos que levaram à guerra.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Equipe editorial das FDI (1 de novembro de 2017). «Lt. Gen. Haim Laskov (1958-1961)». Israel Defense Forces (em inglês). Consultado em 31 de dezembro de 2023 
  2. «GEN. HAIM LASKOV OF ISRAEL; FORMER CHIEF OF STAFF, 1958-61». The New York Times (em inglês). 9 de dezembro de 1982. ISSN 0362-4331. Consultado em 31 de dezembro de 2023 
  3. «Haim Laskov Dead at 63». Jewish Telegraphic Agency (em inglês). 20 de março de 2015. Consultado em 31 de dezembro de 2023 
  4. Weitz, Yechiam (20 de janeiro de 2011). «Memoir A History of Her Own»Subscrição paga é requerida. Haaretz (em inglês). Consultado em 31 de dezembro de 2023 
  5. a b Cohen, Eliezer (1993). Israel's Best Defense: The First Full Story of the Israeli Air Force (em inglês). Nova York: Orion Books. p. 504. ISBN 0-517-58790-4. OCLC 28065770 
  6. Penslar, Derek J. (2013). Jews and the Military: A History (em inglês). Princeton: Princeton University Press. p. 235. ISBN 978-1400848577. OCLC 824088407 
  7. Bar-Joseph, Uri (julho de 1996). «Rotem: The Forgotten Crisis on the Road to the 1967 War». Sage Publications. Journal of Contemporary History (em inglês). 31 (3): 547–566. ISSN 0022-0094. doi:10.1177/002200949603100306. Consultado em 31 de dezembro de 2023 
  8. Yehezkeli, Pini. «Israel National Defense College». Jewish Virtual Library (em inglês). Consultado em 31 de dezembro de 2023 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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