Isabel de Urgel, Duquesa de Coimbra

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Isabel de Aragão
Condessa de Urgel
Isabel de Urgel, Duquesa de Coimbra
Túmulos de Pedro e Isabel no Mosteiro da Batalha
Duquesa Consorte de Coimbra
Reinado 12 de setembro de 1428
a 20 de maio de 1449
 
Nascimento 12 de março de 1409
  Balaguer, Catalunha, Reino de Aragão
Morte 17 de setembro de 1459 (50 anos)
  Coimbra, Reino de Portugal
Sepultado em Mosteiro da Batalha, Portugal
Marido Pedro de Portugal, 1.º Duque de Coimbra
Descendência Pedro de Coimbra
João de Coimbra, Príncipe de Antioquia
Isabel de Coimbra
Jaime de Portugal
Beatriz de Coimbra
Filipa de Coimbra
Casa Barcelona (por nascimento)
Avis (por casamento)
Pai Jaime II de Urgel
Mãe Isabel de Aragão, Condessa de Urgel
Religião Catolicismo
Brasão

Isabel de Urgel (em catalão: Elisabet de Urgell; em castelhano: Isabel de Urgell; 12 de março de 140917 de setembro de 1459 ou 1469[1]) foi uma princesa catalã do ramo de Urgel da Casa Real de Aragão.

Casou com o infante Pedro de Portugal, 1.º Duque de Coimbra e regente de Portugal.

Família[editar | editar código-fonte]

Isabel era a filha de Jaime II, Conde de Urgel (bisneto de Afonso IV de Aragão) e de Isabel de Aragão (filha de Pedro IV de Aragão), sendo a mais velha dos 5 filhos do casal.

O condado de Urgel veio a ser dissolvido em 1413, na sequência da revolta do conde Jaime II contra o novo rei Fernando I de Aragão que, em 1412, pelo Compromisso de Caspe, fora escolhido para suceder no trono de Aragão apesar de Jaime ser o mais próximo e legítimo agnático da Casa de Aragão.

O pai morreu quando estava prisioneiro, em Xàtiva, no ano de 1433.

Casamento e descendência[editar | editar código-fonte]

A 12 de setembro de 1428, em Alcolea de Cinca, Isabel casou com infante D. Pedro, Duque de Coimbra, o segundo filho varão do rei João I de Portugal. Deste casamento nasceram 7 filhos:

  1. Pedro de Coimbra (1429-1466), 5º Condestável de Portugal, de 1463 a 1466 foi aclamado Conde de Barcelona (Pedro IV, rei Pedro V de Aragão, Pedro III de Valência).
  2. João de Coimbra, Príncipe de Antioquia (1431-1457), casou com Carlota de Lusignan, Rainha de Chipre.
  3. Isabel de Coimbra (1432-1455), rainha de Portugal pelo seu casamento com D. Afonso V.
  4. Jaime de Portugal (1434-1459), cardeal e arcebispo de Lisboa.
  5. Beatriz de Coimbra (1435-1462), casou com Adolfo de Cleves, senhor de Ravenstein.
  6. Filipa, infanta de Portugal (1437-1493), solteira, tia de D. João II, a quem criou e a quem serviu de segunda mãe.
  7. Catarina (c.1449 - 1462/66)[2]
Isabel de Coimbra, rainha de Portugal, filha mais velha de Isabel de Urgel, cujos esforços foram fundamentais para a reabilitação da família.

Regência de D. Pedro[editar | editar código-fonte]

O infante D. Pedro, Duque de Coimbra, foi regente de Portugal a partir de 1439, tendo preparado o casamento do jovem rei, seu sobrinho, Afonso V de Portugal, com a própria filha, Isabel de Coimbra em 1447. Mas no decurso da sua regência, também arranjou inimigos poderosos, entre os quais o seu meio irmão Afonso, o 1.º duque de Bragança, e origem da Casa de Bragança que, intrigando junto do jovem rei, acabou por afastar do poder o regente D. Pedro.

Os conflitos na família real portuguesa foram agravados pela disputa pela coroa de Aragão: enquanto a rainha Leonor de Aragão[3] era filha de Fernando de Antequera, Isabel era filha de Jaime de Urgel, e os dois disputavam a coroa daquele país após a morte, sem geração, do rei Martim I de Aragão. Assim, a rainha D. Leonor, nutria forte inimizade para com a cunhada.

O antagonismo não parou de aumentar atirando Portugal para a guerra civil. Pedro, acabou por ser morto na Batalha de Alfarrobeira em 20 de maio de 1449, e a sua família foi, de imediato, perseguida.

Em 1444 Isabel terá encomendado uma cópia do Livro da Vita Christi de Ludolfo da Saxónia, em latim[4].

Viuvez e morte[editar | editar código-fonte]

Assim que D. Pedro morreu, Isabel e as suas filhas Beatriz, Filipa e Catarina tiveram que fugir, sendo forçadas a esconderem-se das perseguições que logo lhes foram movidas, enquanto os outros filhos foram exilados no estrangeiro: o Condestável Pedro, foi para Castela; João, Jaime e Beatriz para o Ducado de Borgonha, onde a sua tia, Isabel, Duquesa de Borgonha os recebeu e protegeu. Junto de Isabel manteve-se apenas a sua filha Catarina, ainda criança e falecida antes de 16 de dezembro de 1466. As ameaças do poderoso Duque de Borgonha associadas às súplicas da filha do infante D. Pedro, a jovem rainha Isabel de Coimbra, que pedia ao seu marido misericórdia para a sua família, acabaram por apaziguar o rei.

Contra os conselhos dos Braganças, Afonso V cedeu parcialmente e, em 1450, autorizou a duquesa-viúva Isabel de Urgel a residir em Montemor-o-Velho e Tentúgal, enquanto Filipa foi autorizada a ir para o Mosteiro de Odivelas, embora, depois, viesse a ser autorizada a juntar-se à mãe.[5] Contudo, ela continuou a ser ameaçada pelos Braganças - Afonso de Bragança, Marquês de Valença tentou por diversas vezes privar a duquesa-viúva da sua residência, e só as contínuas súplicas da rainha sensibilizaram Afonso V a interceder em seu nome.[5]

Isabel de Coimbra aproveitou a boa disposição do rei após o nascimento do herdeiro real, batizado com o nome de João (futuro rei João II de Portugal), em maio de 1455, para alcançar uma completa e final reabilitação da restante família. O rei autorizou que os restos mortais do infante D. Pedro fossem trasladados para a necrópole da Dinastia de Aviz, o Mosteiro da Batalha, e a Isabel, duquesa viúva de Coimbra, foi atribuída uma pensão real durante o resto da sua vida.[5]

Isabel de Urgel testou em 16 de dezembro de 1466 e morreu a 17 de setembro de 1459 ou 1469[1], no Mosteiro de Santa Cruz, em Coimbra.[5] Os seus restos mortais foram trasladados para o Mosteiro da Batalha, para junto do túmulo do marido, entretanto reabilitado.[6]

Ascendência[editar | editar código-fonte]


Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • ”Nobreza de Portugal e do Brasil" – Vol. I, pág. 255 - 272. Editado por Zairol Lda., Lisbon 1989.

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b RIBEIRO, Clara (2014). Género e representação: a indumentária feminina nos jacentes portugueses dos séculos XIII a XV. Lisboa: Dissertação de Mestrado, Universidade de Lisboa, Faculdade de Letras. p. 47 
  2. Carvalho, Teixeira de (1916). «História de Uma Arca de Pedra e de Uma Madeixa de Cabelos Loiros». Atlantida. Consultado em 9 de abril de 2020 
  3. consorte do rei D. Duarte
  4. Nascimento, Aires A. (1999). «A tradução portuguesa da Vita Christi de Ludolfo da Saxonia: obra de príncipes em «serviço de Nosso Senhor e proveito comum»» (PDF). DIDASKALIA. Consultado em 6 de maio de 2020  line feed character character in |titulo= at position 22 (ajuda)
  5. a b c d J. de Figueiredo (1910) O Pintor Nuno Gonçalves. Lisboa: Tip. Annuario Commercial, pág.50-53
  6. Há dúvidas quanto a esta trasladação para a Batalha, uma vez que existe um túmulo de Isabel também em Santa Cruz. Provavelmente os seus restos mortais terão sido repartidos pelos dois túmulos - vide A. R. Vasconcelos Evolução do culto de Dona Isabel de Aragão (1894: p.237)