Jardim Botânico de Porto Alegre

Jardim Botânico de Porto Alegre | |
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Vista do pórtico do Jardim Botânico. | |
Localização | Rua Dr. Salvador França, n.° 1427 Bairro Jardim Botânico, Porto Alegre Rio Grande do Sul, ![]() |
Tipo | Público |
Área | 39 hectares |
Inauguração | 1958 (63 anos) |
Administração | Governo do Estado do RS |
Nº de visitas anuais | Terça a domingo, das 8h às 17h |
Coordenadas | 30° 03' 06.07" S, 51° 10' 37.95" O |
O Jardim Botânico de Porto Alegre é um órgão executivo administrado pela Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura do Estado do Rio Grande do Sul.
Histórico[editar | editar código-fonte]
O projeto para um jardim botânico em Porto Alegre remonta ao início do século XIX, quando Dom João VI, depois de criar o Jardim Botânico do Rio de Janeiro, enviou mudas para Porto Alegre a fim de estabelecer um outro parque semelhante na cidade. Essas mudas não chegaram à capital, permanecendo retidas em Rio Grande, onde foram plantadas. Em seguida o agrônomo Paulo Schoenwald doou um terreno ao governo do estado para criar-se uma área verde nestes moldes, mas igualmente o projeto não frutificou.
Uma terceira tentativa seria feita em 1882, quando o vereador Francisco Pinto de Souza apresentou uma proposta de aproveitamento científico da área então conhecida como a Várzea de Petrópolis, que previa um jardim e um passeio público. Considerado utópico, o plano foi arquivado e adormeceu por décadas, só voltando a ser discutido em meados do século XX.
Em 1953 a lei 2.136 autorizou o alienamento de uma área de 81,57 he, dos quais 50 hectares
ficariam destinados à criação de um parque ou jardim botânico. Uma comissão foi formada para elaborar o projeto, e dentre seus membros foi destacado o professor e religioso Irmão Teodoro Luís para coordenar os trabalhos de implantação, que iniciaram em 1957 com o plantio das primeiras espécies selecionadas: uma coleção de palmeiras, coníferas e suculentas. Quando aberto ao público, em 10 de setembro de 1958, já dispunha de uma coleção de quase 600 espécies.
Pouco depois, em 1962, foi inaugurada a estufa para os cactos, e na década de 1970 o jardim botânico foi integrado à Fundação Zoobotânica, junto com o Parque Zoológico e o Museu de Ciências Naturais. Nesta época se iniciou a coleção de arbóreas, com ênfase nas famílias de importância ecológica (Myrtaceae, Rutaceae, Myrsinaceae, Bignoniaceae, Fabales, Zingiberales, entre outras), grupos temáticos (condimentares e perfumadas) e formações florestais típicas do estado, e se lançou um programa de expedições de coleta de espécimes e sementes.
Um projeto vinculado ao Programa Pró-Guaíba possibilitou na década de 1990 um melhoramento na infra-estrutura do Jardim Botânico, quando foram construídos viveiros para bromélias, orquídeas, suculentas, lianas e cactos, e foram feitas reformas no centro de visitantes e na administração, além da criação de um Banco de Sementes.
Atualidade[editar | editar código-fonte]
Hoje o Jardim Botânico de Porto Alegre possui uma área de 39 ha, atualmente consolidada depois de vários processos judiciais. Apesar disso, é considerado um dos cinco maiores jardins botânicos do Brasil em vista da diversidade de sua coleção e sua boa organização. Seu público principal é formado por estudantes e cientistas, mas também é bastante frequentado por turistas e pelos moradores da cidade, que em conjunto totalizam cerca de 60 mil pessoas por ano.
Missão Institucional[editar | editar código-fonte]
O Jardim Botânico de Porto Alegre está alinhado aos critérios internacionais que regem os jardins botânicos em todo o mundo, que se baseiam nas direções estabelecidas pelo Botanic Gardens Conservation International e pelas Estratégias de Conservação para Jardins Botânicos (publicadas em 1989). No caso específico do jardim porto-alegrense, sua missão declarada é "realizar a conservação integrada da flora nativa e dos ecossistemas regionais, consolidando-se como centro de referência em educação, pesquisa, cultura e lazer, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida", onde deve ser ressaltado que ”o Jardim Botânico não é apenas um parque de lazer ou uma praça como outra qualquer da cidade, mas, acima de tudo, um espaço educativo, de pesquisa e conservação".
Projetos[editar | editar código-fonte]
- Educação ambiental, funcionando desde 1988, estruturado como uma escolinha onde acontecem palestras, seminários e projeções sobre diversos aspectos ligados à conscientização das novas gerações sobre ecologia e preservação do meio ambiente, especialmente o estadual.
- Jardim Botânico vai à escola, em parceria com uma escola da vizinhança, buscando a formação de professores e a educação dos alunos usando o parque como um laboratório a céu aberto para diversas práticas interdisciplinares.
- Plantando sonhos, uma oficina de plantio de árvores voltada para as crianças.
- Conhecendo o Patrimônio Natural, de divulgação das riquezas naturais regionais.
- Viveiro de mudas, com vendas ao público, com mais de 120 espécies arbóreas nativas, ornamentais, frutíferas e medicinais.
Atividades científicas[editar | editar código-fonte]
- Conservação integrada da biodiversidade, com interesse especial na conservação de ecossistemas.
- Sistemática e Taxonomia vegetal, de catalogação das espécies do Jardim Botânico.
- Propagação e cultivo, buscando desenvolver tecnologias para uma produção mais qualificada de plantas em laboratório e viveiro, bem como para o cultivo de espécies nativas fora de seu habitat de origem.
- Etnobotânica, centrado na compilação de conhecimentos tradicionais sobre as plantas, seus usos e modos de cultivo.
- Fitossanidade, desenvolvendo pesquisas que objetivam desenvolver novas técnicas de cultivo que permitam uma redução no uso de químicos e do manejo dos exemplares mantidos em viveiros, com vistas a uma proteção contra a multiplicação de doenças, pragas e espécies invasoras. Também pesquisa novas técnicas de manejo e recuperação de áreas devastadas.
- Programa de Capacitação, visando a formação de funcionários bem como de público, para que atuem como multiplicadores de conhecimento.
- Programa de Exploração Botânica, com viagens de pesquisa e coleta.
Paralelamente o Jardim Botânico de Porto Alegre mantém um monitoramento da avifauna que habita o local em caráter permanente ou transitório.
Acervo[editar | editar código-fonte]
Atualmente o Jardim Botânico de Porto Alegre possui uma coleção de 653 espécies arbóreas com cerca de 3 mil exemplares, mais uma coleção de plantas envasadas, com 3 mil exemplares, um Banco de Germoplasma e um Banco de Sementes, para preservação de espécies raras ou ameaçadas e com objetivo de repovoamento de áreas depredadas. Sua distribuição segue critérios taxonômicos e geográficos, e reconstitui em áreas delimitadas diversos ecossistemas regionais importantes: Floresta Estacional Decidual e semidecidual, Floresta Ombrófila Densa, Floresta Ombrófila Mista e Savana, este último uma raridade no Brasil, ocorrendo somente, em seu estado natural, no Parque Estadual do Espinilho.
Por sua topografia acidentada, com morros, campos e áreas de baixada com alagadiços, o Jardim Botânico de Porto Alegre favorece uma população de diversas espécies nativas de crescimento espontâneo, protegidas na chamada Zona Permanente.
Paleontologia[editar | editar código-fonte]
No Museu de Ciências Naturais, que esta localizado dentro do Jardim Botânico de Porto Alegre, há uma exposição de fósseis, além de contribuir com publicações sobre o assunto.
Ver também[editar | editar código-fonte]
Referências[editar | editar código-fonte]
- Plano Diretor do Jardim Botânico de Porto Alegre, Jardim Botânico de Porto Alegre. Porto Alegre.
- Guia do Jardim Botânico de Porto Alegre. Jardim Botânico de Porto Alegre. Porto Alegre
- Veja fotos das belezas do Jardim Botânico de Porto Alegre