José Eli da Veiga
| José Eli da Veiga | |
|---|---|
| Nascimento | 1948 |
| Cidadania | Brasil |
| Alma mater | |
| Ocupação | economista, professor titular |
| Empregador(a) | Universidade de São Paulo |
José Eli Savoia da Veiga (São Paulo, 14 de maio de 1948) é um agrônomo, economista e professor brasileiro.
Em outubro de 1968, era estudante da FFLCH-USP e presidente do Grêmio da Filosofia na mesma Universidade quando ocorreu a chamada Batalha da Maria Antônia, que resultou na destruição do prédio por estudantes do Instituto Presbiteriano Mackenzie ligados ao CCC.[1] Logo depois, José Eli participou do XXX Congresso da UNE (entidade proscrita pelo regime militar), no município de Ibiúna, quando os participantes do evento, inclusive ele próprio, [2]acabaram sendo presos pela Força Pública do Estado de São Paulo e posteriormente fichados pelo DEOPS da Polícia Civil.[3] Em seguida, a maioria deles foi reconduzida aos Estados de origem.[4] No final de 1968, foi promulgado o AI-5, iniciando-se a fase mais dura da repressão política da ditadura militar.[5] Em abril de 1969 José Eli ainda ocupava a presidência do Grêmio da filosofia quando tentou organizar uma assembleia estudantil para se opor cassação dos professores Florestan Fernandes, Vilanova Artigas entre outros.[6][7]O seu papel na organização dessa assembleia levou José Eli da Veiga a ser denunciado e condenado a 17 meses e 10 dias de prisão.[7][8] Antes da Auditoria Militar decidir pela condenação José Eli decidiu por partir para o exílio no final de 1969 e se estabelecer na França.[7] José Eli também integrava a direção estadual do clandestino Partido Comunista do Brasil - Ala Vermelha (maoista).[9] Entre o fim de 1969 e meados de 1972, enquanto estava exilado na França, a Justiça Militar processou e condenou os membros da Ala Vermelha e José Eli foi condenado a dois anos de prisão.[9][10][11]
Na França, prossegue seus estudos. Graduado pela École supérieure d'ingénieurs et de techniciens pour l'agriculture (1969-1973), obtém seu mestrado em Economia Agrícola pela Universidade Paris IV - Paris-Sorbonne (1976) e o doutorado em Desenvolvimento Econômico e Social pela mesma universidade (1979). Com a aprovação da Lei da Anistia em agosto de 1979 retorna ao Brasil em novembro do mesmo ano .[7][12] Recebe o título de livre-docente pela Universidade de São Paulo (1993). Realizou também estágios pós-doutorais nas universidades de Londres (1989) e da Califórnia, Santa Cruz (1992), na École des Hautes Études en Sciences Sociales (2000), na Università degli Studi di Milano-Bicocca (2005) e na Universidade de Cambridge (2009).[13]
O desenvolvimento sustentável tem sido o centro da sua atenção, desde o início dos anos 1970 (bem antes de o conceito ter sido estabelecido), quando trabalhava no Institut national de la recherche agronomique (INRA), na França, enquanto desenvolvia sua dissertação de mestrado (Os Planos de Desenvolvimento dos Estabelecimentos Agrícolas - Diretiva da CEE). Desde então, o ecodesenvolvimento orienta suas atividades como pesquisador e professor, assim como nos cargos públicos que exerceu. Foi secretário do Conselho Brasileiro de Desenvolvimento Rural Sustentável (2001-2002),[14] superintendente regional do INCRA em São Paulo, (1985-1986). [15]Foi também técnico do Ministério da Agricultura em Portugal (1975-1977).
É professor titular (aposentado) do Departamento de Economia da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP) e pesquisador de seu Núcleo de Economia Socioambiental (NESA). É professor do Programa de Pós-Graduação do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (IRIUSP) e do Instituto de Pesquisas Ecológicas-IPÊ.[16]
Atualmente é professor sênior do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (IEE/USP) [17]e orientador do Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais). Autor ou coautor de vários livros e de inúmeros artigos publicados em periódicos científicos nacionais e estrangeiros, é também colunista do jornal Valor Econômico[18] e da revista Página22.[19]
Livros publicados
[editar | editar código]- Mundo em Transe: do Aquecimento Global ao Ecodesenvolvimento. Campinas: Editora Autores Associados, 2009.
- Economia Socioambiental. S. Paulo: Senac, 2009 (Org.)
- Aquecimento Global: frias contendas científicas. S.Paulo: Senac, 2008 (org. com Oliveira, S.B. ; Molion, L.C.B. ; Vale, P.M.)
- Desenvolvimento Sustentável: que bicho é esse? Campinas: Autores Associados, 2008. Com Zatz, L.
- A Emergência Socioambiental. S. Paulo: Editora Senac, 2007.
- Transgênicos - sementes da discórdia. S. Paulo: Editora Senac, 2007 (org. com Silveira, J.M.F.J.; Fernandes, G. B. ; Abramovay, Ricardo e Buainain, A.M.)
- O Desenvolvimento Agrícola. 2ª. ed. S. Paulo: Edusp, 2007.
- Meio Ambiente & Desenvolvimento. S. Paulo: Editora Senac, 2006.
- Desenvolvimento Sustentável – o desafio do século XXI]. Rio de Janeiro: Garamond, 2005.
- Do global ao local. Campinas: Autores Associados, 2005.
- A História não os absolverá. Nem a Geografia. Campinas: Autores Associados, 2005.
- Cidades Imaginárias. 2ª ed. Campinas: Editora Autores Associados, 2002
- O Brasil rural precisa de uma estratégia de desenvolvimento. Brasília: Nead, 2001
- A Face Rural do Desenvolvimento. Porto Alegre: Editora da Universidade, 2000
- Agricultura Sustentável. Ibama – Ministério do Meio Ambiente, 2000.
- Ciência Ambiental. São Paulo: Fapesp - Annablume, 1998 (org. com Ehlers, Eduardo e Abramovay, Ricardo).
- Metamorfoses da Política Agrícola dos EUA. São Paulo: Fapesp - Annablume, 1994.
- Desenvolvimento Agrícola - Uma Visão Histórica. São Paulo: Edusp - Hucitec, 1991.
- A reforma que virou suco. Petrópolis: Vozes, 1990.
- O que é reforma agrária. 14ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1981.
Referências
- ↑ «Batalha na Maria Antônia acaba em morte». Memorial da Democracia. Consultado em 3 de março de 2025
- ↑ Anexo F. Lista geral dos estudantes presos no XXX Congresso da UNE, p. 183. In AUGUSTINHO, Aline M. N. Revisitando o Movimento Estudantil de 1968: a trajetória dos estudantes do interior paulista Arquivado em 13 de março de 2016, no Wayback Machine.. São Carlos: Universidade Federal de São Carlos, 2010, p. 172.
- ↑ «Queda de Ibiúna: a Une vai para a cadeia». Memorial da Democracia. Consultado em 3 de março de 2025
- ↑ Anexo E. Carta de Jean Marc enviada ao grupo de e-mail "40 anos de 68", em 2008. In AUGUSTINHO, Aline M. N. Revisitando o Movimento Estudantil de 1968: a trajetória dos estudantes do interior paulista Arquivado em 13 de março de 2016, no Wayback Machine.. São Carlos: Universidade Federal de São Carlos, 2010, p. 170.
- ↑ «AI-5 confere poder total aos militares». Memorial da Democracia. Consultado em 3 de março de 2025
- ↑ «AI-5 desfalca a inteligência do País». Memorial da Democracia. Consultado em 3 de março de 2025
- ↑ a b c d Veiga, José Eli da (1990). A reforma que virou suco: uma introdução ao dilema agrário do Brasil. Petrópolis: Vozes. p. 11-16. 157 páginas. ISBN 853260340-8
- ↑ «Sumário do processo 648». Brasil: Nunca Mais
- ↑ a b «Luta Armada (1969-1972)». Memorial da Democracia. Consultado em 3 de março de 2025
- ↑ Brasil: Nunca Mais. Sumário dos processos 294
- ↑ Polícia Civil do Estado de São Paulo. Relatório reservado do Departamento Estadual de Ordem Política e Social.
- ↑ Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo. Prontuário de José Eli da Veiga.
- ↑ USP. Currículo de José Eli da Veiga
- ↑ Ministério do Desenvolvimento Agrário. Decretos de 16 de dezembro de 2002.
- ↑ Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária. Portaria PNº 973, de 16 de dezembro de 1986.
- ↑ Instituto de Estudos Avançados (IEA) da Universidade de São Paulo. José Eli da Veiga.
- ↑ Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo. Quem Pessoal do IEE
- ↑ Valor Econômico. Colunistas: José Eli da Veiga
- ↑ Página 22. Colunistas: José Eli da Veiga. FGVces. Centro de Estudos em Sustentabilidade
Ligações externas
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