Mestre Damasceno

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Mestre Damasceno
Informação geral
Nome completo Damasceno Gregório dos Santos
Nascimento 1954[1]
Local de nascimento Salvaterra, Pará Pará
País  Brasil
Nacionalidade brasileiro
Gênero(s) Carimbó, toada, xote, samba, brega
Período em atividade 1973-presente

Mestre Damasceno, batizado como Damasceno Gregório dos Santos (Salvaterra, 1954), é um cantor, compositor e diretor artístico brasileiro. É o criador do Búfalo-Bumbá de Salvaterra, folguedo junino derivado do auto do boi e que tem como figura central o búfalo marajoara.[1] Em 2012, contabilizava mais de 400 composições de sua autoria.[2]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Mestre Damasceno viveu até os 13 anos de idade na comunidade quilombola de Salvá, em Salvaterra, onde seu pai, Theodorino Pereira dos Santos, era colocador (organizador) de boi-bumbá. Mudou-se posteriormente para a sede do município, onde permaneceu até completar a maioridade, e em seguida para Belém, em busca de melhores de condições de vida. Aos 19 anos, conseguiu um emprego na construção civil, mas após apenas três meses de trabalho, sofreu um grave acidente de trabalho que o fez perder a visão.[2] Por uma ironia do destino, foi justamente neste mesmo ano que recebeu seu primeiro título como colocador de boi-bumbá em Soure, Ilha de Marajó.[1]

De volta à casa, Mestre Damasceno passou por um longo processo de reabilitação, e através do sindicato de trabalhadores rurais de Salvaterra conseguiu obter uma aposentadoria por invalidez. Desde então, ele se reinventou em várias atividades, particularmente como cantor e compositor, não somente de toadas de boi-bumbá, mas também de carimbó, xote, samba e brega.[1]

A ideia do búfalo-bumbá começou a germinar em 1989, com o Boi Bela Prenda, mas o nome surgiu somente em 2012, enquanto era rodado o documentário Mestre Damasceno – O Resplendor da Resistência Marajoara[3], de Guto Nunes. A apresentação do Búfalo-Bumbá é uma apresentação de teatro popular, onde o Mestre escreve os enredos e os diálogos, bem como participa da criação dos figurinos.[1]

Em 2002, a falta de apoio governamental para uma atividade cultural não lucrativa, quase fez Mestre Damasceno desistir da função de colocador. Felizmente, foi demovido dessa decisão pela própria comunidade, que nunca deixou de apoiá-lo. Nos anos seguintes, o incentivo chegou na forma de prêmios da Secretaria da Identidade e Diversidade Cultura, do Ministério da Cultura, os quais ele ganhou em 2009 e 2017. Também recebeu o Prêmio Mestre da Cultura Popular do Estado do Pará – SEIVA, da Fundação Cultura do Pará – Tancredo Neves, em 2015, e foi reconhecido como Mestre do Carimbó em 2017 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), além de receber inúmeras outras homenagens e premiações simbólicas.[1]

Em fevereiro de 2023, Mestre Damasceno viveu um de seus grandes momentos ao desfilar na Marquês de Sapucaí pela escola de samba Paraíso do Tuiuti. O samba-enredo O Mogangueiro da Cara Preta celebrou a chegada dos búfalos à Ilha de Marajó e trouxe o artista como destaque num dos carros alegóricos. Embora a Tuiuti tenha obtido apenas um modesto 8º lugar no desfile de 2023, Mestre Damasceno foi recebido como um campeão em seu retorno à Salvaterra, tendo a comunidade acompanhado seu desfile num carro aberto.[4]

Finalmente, em abril de 2023, Mestre Damasceno lançou seu novo álbum, Chegou Meu Boi, tendo entre suas composições toadas e carimbó.[5]

Discografia[editar | editar código-fonte]

  • Poesia e Reflexões (2013)
  • Canta o Encanto do Marajó (2020)
  • Encontro D’água (2021) - participação especial de Dona Onete
  • Búfalo-Bumbá (2023)
  • Chegou Meu Boi (2023)

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c d e f «Conheça Mestre Damasceno; o marajoara que virou enredo de Carnaval no RJ». Roma News. Consultado em 30 de maio de 2023 
  2. a b Augusto César Miranda Nunes; Agenor Sarraf Pacheco. «ARTE(MANHAS) DA CULTURA AFROINDÍGENA: Trajetórias e Experiências de Mestre Damasceno pelo Marajó dos Campos» (PDF). Boitatá. Consultado em 30 de maio de 2023 
  3. «Mestre Damasceno». Cinemateca Paraense. Consultado em 30 de maio de 2023 
  4. «Do quilombo paraense para a Sapucaí: quem é Mestre Damasceno, o criador do Búfalo-Bumbá». Nonada Jornalismo. Consultado em 30 de maio de 2023 
  5. «Do Marajó para o mundo: Mestre Damasceno e os Nativos Marajoara lançam 'Chegou Meu Boi'». O Liberal. Consultado em 30 de maio de 2023 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]