Nacional-populismo

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Nacional-populismo é um termo usado para se referir a uma ideologia política ultranacionalista que visa mobilizar apoio popular, enfatizando o fortalecimento da identidade nacional e a promoção dos interesses nacionais, muitas vezes ressaltando a soberania, a cultura e as tradições. Compartilha semelhanças com o populismo conservador em questões sociais mas seus adeptos tendem a incorporar aspectos econômicos do populismo progressista, como o intervencionismo estatal e o bem-estarismo,[1][2][3][4] com o último sendo voltado exclusivamente à promoção da qualidade de vida dos cidadãos do próprio país, seguindo uma linha chauvinista de bem-estar social.

O termo foi introduzido na ciência política na década de 1970 pelo sociólogo argentino Gino Germani para designar os regimes nacionalistas e populistas da América Latina nas décadas de 1930 a 1950,[5] a exemplo do peronismo. Posteriormente, o termo foi reutilizado e popularizado pelo cientista político e historiador das ideias francês Pierre-André Taguieff para descrever a forma de populismo representada pelo partido político francês Reagrupamento Nacional.[6][7]

Segundo Taguieff, os grupos nacional-populistas seriam caracterizados por, por exemplo, um apelo pessoal ao povo lançado por um líder, um apelo ao povo no seu conjunto contra "elites ilegítimas", um apelo pela mudança (que implica uma ruptura purificadora com um sistema supostamente corrupto, por vezes ligada à exigência de referendos), ou um apelo à "limpeza" do país de elementos supostamente "não assimilados" (oposição à imigração).[8]

Por sua vez, os cientistas políticos britânicos Roger Eatwell e Matthew Goodwin usaram o termo "nacional-populismo" para se referir aos partidos e grupos de extrema-direita que surgiram nas últimas três décadas nos países ocidentais.[9] De acordo com Eatwell e Goodwin, o nacional-populismo não é um "refúgio para racistas e pessoas que se entregam a um medo irracional do ‘diferente’", mas sim reflete, em parte, os "profundos medos das pessoas sobre a maneira como uma nova era de imigração e mudança étnica poderia levar à destruição de seu grupo mais amplo e de seu modo de vida".[10]

Além da questão da identidade, entre os nacional-populistas também é comum a associação do "estrangeiro" com uma força externa negativa dentro do país, como o poder de organizações internacionais (como a União Europeia), das multinacionais, dos Estados estrangeiros, da globalização, etc.[11]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Orenstein, Mitchell; Bugaric, Bojan (2020). «Work, Family, Fatherland: The Political Economy of Populism in Central and Eastern Europe» (PDF). London School of Economics and Political Science (em inglês). Cópia arquivada (PDF) em 21 de fevereiro de 2022 
  2. Abts, Koen; Dalle Mulle, Emmanuel; Kessel, Stijn; Michel, Elie (março de 2021). «The Welfare Agenda of the Populist Radical Right in Western Europe: Combining Welfare Chauvinism, Producerism and Populism*». Swiss Political Science Review (em inglês) (1): 21–40. ISSN 1424-7755. doi:10.1111/spsr.12428. Consultado em 30 de maio de 2023 
  3. Ketola, Markus; Nordensvard, Johan (4 de julho de 2018). «Social policy and populism: welfare nationalism as the new narrative of social citizenship». Policy Press (em inglês): 161–180. ISBN 978-1-4473-5001-9. Consultado em 30 de maio de 2023 
  4. «Populismes latino-américains : le modèle historique du « national-populisme». Encyclopædia Universalis (em francês). Consultado em 30 de maio de 2023 
  5. Lecoeur, Erwan (7 de junho de 2012). Un néo-populisme à la française: Trente ans de Front national (em francês). [S.l.]: La Découverte 
  6. Taguieff, Pierre-André (1984). «La rhétorique du national-populisme». Les règles élémentaires de la propagande xénophobe. Mots. Les langages du politique (em francês). 9 (1): 113–139. doi:10.3406/mots.1984.1167 
  7. Forti, Steven. Extrema derecha 2.0. Qué es y cómo combatirla. (em espanhol). Madri: [s.n.] pp. 54–55. ISBN 978-84-323-2030-9 
  8. Ahedo, Unai. «Nacionalpopulismo: por qué está triunfando y de qué forma es un reto para la democracia» (em espanhol). ISSN 1575-6548 
  9. Eatwell, Roger; Goodwin, Matthew (2019). National Populism: The Revolt Against Liberal Democracy (em espanhol). Barcelona: [s.n.] ISBN 978-84-9942-802-4 
  10. Thomàs, Joan Maria (2019). Los fascismos españoles. Nueva edición actualizada. (em espanhol). Barcelona: [s.n.]