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Povos ibéricos pré-romanos: diferenças entre revisões

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Os geógrafos [[gregos]] deram o nome de Ibéria, provavelmente derivado do [[rio Ebro]] (''Iberus''), a todas as tribos instaladas na costa sueste.
Os geógrafos [[gregos]] deram o nome de Ibéria, provavelmente derivado do [[rio Ebro]] (''Iberus''), a todas as tribos instaladas na costa sueste.


Os '''Iberos''' eram um povo que habitou o Sul e o Este da [[Península Ibérica]] na [[antiguidade]]. A respeito da sua origem, há duas teorias: a primeira considera que os Iberos são os habitantes originais da [[Europa Ocidental]] e os criadores da grande cultura megalítica que teve início em [[Portugal]]. Segundo outra teoria, os Iberos seriam de origem [[Cáucaso|caucasiana]], e teriam construído ''[[oppida]]'' muito semelhantes às mesmas construções encontradas na [[Escócia]]. Essa teoria está apoiada em evidências arqueológicas, genéticas e linguísticas.
Os '''Iberos''' eram um povo que habitou o Sul e o Este da [[Península Ibérica]] na [[antiguidade]]. A respeito da sua origem, há duas teorias: a primeira considera que os Iberos são os habitantes originais da [[Europa Ocidental]] e os criadores da grande cultura megalítica que teve início em [[Portugal]]. Outra teoria sugere que eram originários do Norte da África, de onde emigraram provavelmente no século VI a.C. para a Península Ibérica qual cederam o nome), onde ocuparam uma faixa de terra entre a Andaluzia e o Languedoc (na França).


Quando as primeiras migrações celtas chegaram ao ocidente europeu, os íberos já estavam estabelecidos alguns milênios antes, principalmente no este da península ibérica. Foram parceiros comerciais dos [[Fenícios]], os quais fundaram dentro do território dos Iberos várias colônias comerciais, como [[Cádiz]], [[Ibiza|Eivíssia]] e [[Empúries]]. Contra os romanos a aliança entre Iberos e Celtas tornou-se mais forte e a partir do no [[século I a.C.]] formaram o povo conhecido como [[Celtiberos]].
Quando as primeiras migrações celtas chegaram ao ocidente europeu, os íberos já estavam estabelecidos alguns milênios antes, principalmente no este da península ibérica. Foram parceiros comerciais dos [[Fenícios]], os quais fundaram dentro do território dos Iberos várias colônias comerciais, como [[Cádiz]], [[Ibiza|Eivíssia]] e [[Empúries]]. Contra os romanos a aliança entre Iberos e Celtas tornou-se mais forte e a partir do no [[século I a.C.]] formaram o povo conhecido como [[Celtiberos]].
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Tribos de Iberos:
Tribos de Iberos:
*Bastetanos
*Bastetanos
*[[Turdetanos]]
*[[Turdetanos]]


== Tartessos ==
== Tartessos ==

Revisão das 12h39min de 24 de março de 2009

Mapa Étnico-Linguístico da Península Ibérica cerca de 200 AC[2]
Série
História da península Ibérica
Portugal Espanha
Pré-História
Período pré-romano
Invasão romana
Hispânia: Citerior e Ulterior
Bética; Cartaginense; Galécia; Lusitânia e Tarraconense
Migrações bárbaras: Suevos e Visigodos
Invasão e domínio árabe
Período das taifas
A Reconquista e o Reino das Astúrias
Reino de Leão
Portucale   Aragão; Castela-Leão e Navarra

Pensa-se que a Península Ibérica foi habitada primordialmente por povos autóctones que vieram a ser conhecidos como Iberos. Entre eles estão os Tartessos.

Cerca de 1000 a.C. mas provavelmente ainda antes, a região passou a ser habitada por povos Indo-Europeus, de origem Celta que coexistiram com os povos Iberos, habitando regiões distintas da Peninsula Ibérica. Na zona Leste da meseta Central, os povos Celtas mesclaram-se com os povos Iberos dando origem aos Celtiberos, que não se devem confundir com os Celtas Ibéricos (Celtas da Península Ibérica) que em Inglês se denominam de Celtiberians.

Vários povos habitavam a Península Ibérica, divididos em três ramos étnico-culturais primordiais: Os Celtas Indo-Europeus, os Iberos de origem desconhecida e os Celtiberos que viviam na Meseta Central. Entre esses povos encontravam-se: os Lusitanos, os Calaicos ou Gallaeci e os Cónios, entre outras menos significativas, tais como os Brácaros, Célticos, Coelernos, Equesos, Gróvios, Interamicos, Leunos, Luancos, Límicos, Narbasos, Nemetatos, Gigurri, Pésures, Quaquernos, Seurbos, Tamagani, Taporos, Zoelas, Turodos. Influências mínimas exerceram os Gregos e os Fenícios-Cartagineses com as suas pequenas colónias-feitorias comerciais costeiras semi-permanentes de grande importância estratégica. Estes últimos dois povos não contribuiram virtualmente para a ascendência dos povos da Península.

Rufo Avieno no seu poema Ode Marítima (século IV d.C.) relata as aventuras de um navegador grego nos finais do século VI a.C., que descreve a existência de várias etnias na costa meridional atlântica que já praticavam a cultura megalítica e seriam, provavelmente, os responsáveis pelo comércio com o atlântico norte — os Estrímnios e os Cinetes (ou Cónios). São os Celtas, os responsáveis pelos sufixos dunuum e briga em nomes de cidades, como Conímbriga (que viria a dar o nome à cidade de Coimbra), ou Miróbriga (Santiago do Cacém), Caetóbriga (Setúbal) e Lacóbriga (Lagos). Os Celtas viviam principalmente na zona Norte e Ocidental da Peninsula enquanto que os Iberos viviam na zona Sul e Leste da mesma.


Celtas

Ver artigo principal: Celtas e Cultura castreja
Distribuição dos celtas na Europa.
Citânia de Briteiros: casa reconstruída
Ruínas da Cividade de Terroso.

Celtas é a designação dada a um conjunto de povos, organizados em múltiplas tribos, pertencentes à família linguística indo-europeia que se espalhou pela maior parte do noroeste da Europa a partir do segundo milénio a.C., desde a península Ibérica até a Anatólia.

As origens dos povos celtas são controversas, especulando-se que entre 1900 e 1500 a.C. tenham surgido da fusão de descendentes dos agricultores danubianos neolíticos e de povos de pastores oriundos das estepes[1]. Esta incerteza deriva da complexidade e diversidade dos povos celtas, que além de englobarem grupos distintos, parecem ser a resultante da fusão sucessiva de culturas e etnias. Na península Ibérica, por exemplo, parte da população celta se misturou aos iberos, o que resultou no surgimento dos celtiberos.[2] [3] Estudos defendem que as Escritas paleohispânicas encontradas em estelas no sudoeste da península Ibérica demonstram que os celtas do País de Gales vieram do sul de Portugal e do sudoeste de Espanha.[4][5]

Os celtas são considerados os introdutores da metalurgia do ferro na Europa, dando origem naquele continente à Idade do Ferro (culturas de Hallstatt e La Tène). A unidade básica de sua organização social era o clã, composto por famílias aparentadas que partilhavam um núcleo de terras agrícolas, mas que mantinham a posse individual do gado que apascentavam. A religião celta era politeísta com características animistas, sendo os seus ritos quase sempre realizados ao ar livre. O calendário anual possuía várias festas místicas, como o Imbolc e o Belthane, assim como celebrações dos equinócios e solstícios.

Mais recentemente foram apresentadas novas perspectivas sobre a celtização do Noroeste de Portugal e a identidade étnica dos Callaeci Bracari[6]. No país, os povoados castrejos do tipo citaniense apresentavam características similares às dos povoados celtas. A citânia de Briteiros é exemplo de um povoado com características celtas, sendo, porém, necessário tomar esta designação no seu sentido lato: isto é - seria o local de habitação das numerosas tribos celtizadas (celtici)[7]. Tongóbriga é um sítio arqueológico situado na freguesia de Freixo, também antigo povoado dos Callaeci Bracari.[8].

A maioria dos povos celtas foi integrada pelos Romanos, embora o modo de vida celta tenha, sob muitas formas, sobrevivido em grande parte do território por eles ocupado, como no norte de Portugal e a Galiza. Nestas regiões os traços linguísticos celtas sobrevivem nos topônimos, nalgumas formas linguísticas, no folclore e nas tradições.

Tribos e povos celtas e d influência celta:


Iberos

Ver artigo principal: Iberos
Ocupação dos Iberos na Península Ibérica.
A célebre "Dama de Elche", século IV a.C. com características que mostram forte influência clássica grega.
Placa de chumbo com inscrição ibérica encontrada em Penya del Moro

Os geógrafos gregos deram o nome de Ibéria, provavelmente derivado do rio Ebro (Iberus), a todas as tribos instaladas na costa sueste.

Os Iberos eram um povo que habitou o Sul e o Este da Península Ibérica na antiguidade. A respeito da sua origem, há duas teorias: a primeira considera que os Iberos são os habitantes originais da Europa Ocidental e os criadores da grande cultura megalítica que teve início em Portugal. Outra teoria sugere que eram originários do Norte da África, de onde emigraram provavelmente no século VI a.C. para a Península Ibérica (à qual cederam o nome), onde ocuparam uma faixa de terra entre a Andaluzia e o Languedoc (na França).

Quando as primeiras migrações celtas chegaram ao ocidente europeu, os íberos já estavam estabelecidos alguns milênios antes, principalmente no este da península ibérica. Foram parceiros comerciais dos Fenícios, os quais fundaram dentro do território dos Iberos várias colônias comerciais, como Cádiz, Eivíssia e Empúries. Contra os romanos a aliança entre Iberos e Celtas tornou-se mais forte e a partir do no século I a.C. formaram o povo conhecido como Celtiberos.

Na costa este, as tribos Iberas parecem ter estado agrupadas em cidades-estado independentes. No sul houve monarquias, e o tesouro de El Carambolo, perto de Sevilha, parece ter estado na origem da lenda de Tartessos. Em santuários religiosos encontraram-se estatuetas de bronze e terra-cota, especialmente nas regiões montanhosas. Há uma grande variedade de cerâmica de distintos estilos ibéricos.

A economia Ibérica tinha uma agricultura rica, forte exploração mineira e uma metalurgia desenvolvida. A língua Ibérica, uma língua não Indo-europeia continuou a ser falada durante a ocupação romana. Ao longo da costa Este, utilizou-se uma escrita Ibérica, um sistema de 28 sílabas e caracteres alfabéticos, alguns derivados dos sistemas fenício e grego, mas de origem desconhecida. Ainda sobrevivem muitas inscrições dessa escrita, mas poucas palavras são compreendidas, excepto alguns nomes de locais e cidades do século III, encontradas em moedas.

Tribos de Iberos:

Tartessos

Ver artigo principal: Tartessos
Tartessos.
Jarro de Valdegamas (M.A.N. Madrid).

Tartessos (Τάρτησσος) era o nome pelo qual os gregos conheciam a primeira civilização do Ocidente. Herdeiros da cultura megalítica andaluza, que se desenvolveu no triângulo formado pelas actuais cidades de Huelva, Sevilha e Cádiz, os tartessos desenvolveram uma língua e escrita distintas das dos povos vizinhos, e tiveram influências culturais de egípcios e fenícios. Estão perfeitamente documentados povoados ao longo do vale do Guadalquivir. A sua provável capital talvez fosse Turpa, no lugar que hoje ocupa o porto de Santa Maria, na desembocadura do Guadalete. Provavelmente, a cidade e a civilização já existiam antes de 1000 a.C., dedicadas ao comércio, a metalurgia e a pesca. A posterior chegada dos fenícios, talvez tenha estimulado o seu imperialismo sobre as terras e cidades ao seu redor, a intensificação da exportação das minas de cobre e prata. Os Tartessos converteram-se nos principais provedores de bronze e prata do Mediterrâneo. A sua forma de governo era a monarquia, e possuiam leis escritas em tábuas de bronze. No século VI a.C., Tartessos desaparece abruptamente da História, seguramente varrida por Cartago.

Apesar de existirem numerosos restos arqueológicos no sul da Espanha, como o tesouro do Carambolo, a cidade de Tartessos ainda não foi encontrada.

Cónios

Ver artigo principal: Cónios

Os cónios (do latim, Conii) eram os habitantes das actuais regiões do Algarve e Baixo Alentejo, no sul de Portugal, em data anterior ao séc. VIII a.C., até serem integrados na Província Romana da Lusitânia.

Para os defensores das teorias linguísticas actualmente aceites, os cónios teriam origem celta. Antes do sec. VIII a.C., a zona de influência cónia, segundo estudo de caracterização paleoetnológico da região[9], abrangeria muito para além do sul de Portugal, desde o centro de Portugal até ao Algarve e todo o sul de Espanha até Murcia.

No Baixo Alentejo e Algarve foram descobertos vários vestígios arqueológicos que testemunham a existência de uma civilização detentora de escrita, anterior à chegada dos fenícios,[10] e que se teria desenvolvido entre o século VIII e o V a.C. A escrita que está presente nas lápides sepulcrais desta civilização e nas moedas de Salatia (Alcácer do Sal) e é datável na Primeira idade do Ferro, surgindo no sul de Portugal e estendendo-se até à zona de fronteira.[11]

As estelas mais antigas recuam até ao século VII a.C. e as mais recentes pertencem ao século IV. O período áureo desta civilização coincidiu com o florescimento do reino de Tartessos, algo a que não deverá ser alheio a intensa relação comercial e cultural existente entre os dois povos e que também teve uma escrita, que ao contrário do que sucede com a dos cónios, é hoje conhecida nas suas linhas gerais.

Aparentemente, antes da chegada dos romanos, os cónios eram monoteístas. O deus dos Cónios era Elohim, segundo uma estela que se encontra presentemente no Museu de Évora.


Notas

  1. A.H.N.(1964). Celtas in "Enciclopédia Barsa". Vol. 4, p. 181-2. Rio de Janeiro, São Paulo: Encyclopaedia Britannica Editores Ltda.
  2. http://www.google.com/books?id=xh1a7SLBt2oC&pg=PA3&dq=celtici+celts+celtiberians+pure&as_brr=3&sig=EtQqMoi9rLR2y3EhJX55mIskjsQ#PPA3,M1
  3. http://www.google.com/books?id=9y0BAAAAQAAJ&pg=PA1087&dq=celtici+celts+celtiberians+pure&as_brr=3
  4. Our Celtic roots lie in Spain and Portugal - icWales (em inglês)
  5. ‘People called Keltoi, the La Tène Style, and ancient Celtic languages: the threefold Celts in the light of geography’. Aber News (em inglês)
  6. Coutinhas, J.M. Porto. 2006
  7. Cardozo, Mário. Citânia de Briteiros e Castro de Sabroso. 11.ª edição, Sociedade Martins Sarmento, Guimarães, 1990, p.13.
  8. DIAS, Lino Augusto Tavares. Tongobriga. Lisboa: IPPAR, 1997. ISBN 972-8087-36-5
  9. Dr. Manuel Maria da Fonseca Andrade Maia (Dissertação de Doutoramento em Pré-História e Arqueologia [1], Faculdade de Letras de Lisboa, 1987)
  10. IREA - Escritura en el so de la Peninsula Iberica
  11. Moedas de Salatia


Bibliografia

  • Atlas da História Universal (Times Books Ltds., Sociedad Comercial y Editorial Santiago Limitada, O Globo Ltda., Rio de Janeiro, 1995)
  • Coutinhas, J. M. - "Callaeci Bracari - aproximação à identidade etno-cultural". Porto. 2006.
  • Powell, T.G.E - The Celts, ed. rev. (Thames & Hudson Publishers, Inc., Londres, 1959)
  • (em castelhano) ABAD, L., Consideraciones en torno a Tartessos y los orígenes de la cultura ibérica, Archivo Español de Arqueología 52, 1979, págs. 175-193.
  • (em castelhano) BENDALA, M., Notas sobre las estelas decoradas del S. O. y los oríenes de Tartessos, Habis 8, 1977, págs. 177-205.
  • (em castelhano) FERNÁNDEZ JURADO, J., 1988-89: Tartessos y Huelva, Huelva Arqueológica, X-XI, vol. 3, 101-121.
  • (em castelhano) RUIZ MATA, D., 1994: Fenicios, tartesios y turdetanos, Huelva Arqueológica XIV, 325-367.
  • (em castelhano) SCHULTEN, A., Tartessos, Madrid, 1945.
  • (em castelhano) VIOLAT BORDONAU, F. Tartessos, Mastia y las rutas comerciales de la antigüedad, 2007.

Ligações externas


Ver também

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