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Capitão Nascimento: diferenças entre revisões

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'''Roberto Nascimento''' (também conhecido como '''Capitão Nascimento''' ou '''Coronel Nascimento''') é um personagem fictício da cinesérie ''[[Tropa de Elite]]''. Interpretado pelo [[ator]] [[Wagner Moura]], foi elaborado pelo [[diretor]] [[José Padilha]] e pelos [[roteirista]]s [[Rodrigo Pimentel]] e [[Bráulio Mantovani]]. A criação de Nascimento também contou com a colaboração dos preparadores de elenco [[Fátima Toledo]] e [[Paulo Storani]].
'''Roberto Nascimento''' (também conhecido como '''Capitão Nascimento''' ou '''Coronel Nascimento''' ou '''Aquele que nasce do cimento''' ou '''Apostolo Nascimento''' ou '''Bispo Nascimento''' ou '''Mestre de obras Nascimento do cimento''') é um personagem fictício da cinesérie ''[[Tropa de Elite]]''. Interpretado pelo [[ator]] [[Wagner Moura]], foi elaborado pelo [[diretor]] [[José Padilha]] e pelos [[roteirista]]s [[Rodrigo Pimentel]] e [[Bráulio Mantovani]]. A criação de Nascimento também contou com a colaboração dos preparadores de elenco [[Fátima Toledo]] e [[Paulo Storani]].


== Histórico ==
== Histórico ==

Revisão das 03h02min de 28 de dezembro de 2012

Roberto Nascimento


Wagner Moura como Nascimento em Tropa de Elite
Informações gerais
Primeira aparição Tropa de Elite (2007)
Última aparição Tropa de Elite 2 (2010)
Criado por José Padilha
Rodrigo Pimentel
Bráulio Mantovani
Interpretado por Wagner Moura
Características físicas
Espécie Humano
Sexo Masculino
Família e relacionamentos
Família Rosane (ex-mulher)
Rafael (filho)
Informações profissionais
Ocupação (em Tropa de Elite)
Capitão

(em Tropa de Elite 2)
Tenente-Coronel
Subsecretário de segurança
Afiliações atuais BOPE

Roberto Nascimento (também conhecido como Capitão Nascimento ou Coronel Nascimento ou Aquele que nasce do cimento ou Apostolo Nascimento ou Bispo Nascimento ou Mestre de obras Nascimento do cimento) é um personagem fictício da cinesérie Tropa de Elite. Interpretado pelo ator Wagner Moura, foi elaborado pelo diretor José Padilha e pelos roteiristas Rodrigo Pimentel e Bráulio Mantovani. A criação de Nascimento também contou com a colaboração dos preparadores de elenco Fátima Toledo e Paulo Storani.

Histórico

Gênese

Muito se especula sobre quem se baseia Roberto Nascimento. Apesar da imprensa apontar o roteirista e ex-membro do BOPE, Rodrigo Pimentel como inspiração do personagem[1][2], a tese mais aceita é que Nascimento foi criado a partir de fragmentos de perfis de várias pessoas colhidos durante o processo de elaboração do filme[3]. O próprio Pimentel já afirmou em entrevistas: "Eu não sou o capitão Nascimento"[4].

Existe, entretanto, um personagem real que serviu de ponto de partida para a trama do primeiro Tropa de Elite: O ex-comandante do BOPE Ronaldo Pinto. O ex-caveira que em meados dos anos 90 havia completado quatro anos de comando, estava cansado do Batalhão e procurava um substituto. Para o cargo elegeu Rodrigo Pimentel que na época estava lotado em um Batalhão Policial no município de Resende no Rio de Janeiro. Os policiais haviam se conhecido anos antes durante o Curso de Operações Especiais, na época realizado em São Paulo[3].

A postura e muitos dos bordões de Roberto Nascimento são creditados ao consultor/preparador de elenco e ex-membro do BOPE Paulo Storani. Na época da produção do primeiro filme Storani estava redigindo uma dissertação de mestrado em antropologia para a Universidade Federal Fluminense (UFF) sobre "o rito de passagem" (mais conhecido por Curso de Operações Especiais) do BOPE[3].

Do período de preparação com o ex-polícial, o ator Wagner Moura pegou o hábito de chamar os outros de "senhor" e dizer "padrão" quando algo está bom. A postura de levantar o rosto ao falar para mostrar liderança também foi adquirida observando Storani[3].

Roberto Nascimento herdou do roteirista Rodrigo Pimentel a veia "irônica", o "humor negro com requintes de crueldade" e o "gosto por discursos com tons moralistas". No período em que estava lotado no BOPE Pimentel gostava de passar sermão aos usuários de drogas da classe média dizendo que eles é quem estavam financiando o tráfico[3].

Preparação

Para a preparação dos atores de Tropa de Elite foi contratada Fátima Toledo.[5] O elenco foi submetido a situações de pressão por meio de exercícios físicos e psicológicos com o objetivo de arrancar as emoções necessárias para atuação no filme. Para tanto, Fátima utiliza várias técnicas que vão da bioenergética ao cundalini.[5] A preparação, chamada de "O Método", é conhecida pelas dores que impõe aos atores que muitas vezes reagem com "choro, vômito ou até brigas nos ensaios".[5]

A preparação de Fátima foi montada sob o programa treinamento de Paulo Storani que simulava o Curso de Operações Especiais, muito semelhante ao mostrado no filme.[3] O ex-caveira já havia coordenado o 9º Curso de Operações Especiais em 1996.[4] A preparação de Storani, seguiu os preceitos da "etnodramaturgia" elaborado pelo diretor teatral Richard Schechner e pelo antropólogo Victor Turner nas décadas de 60 e 70.

A "etnodramaturgia" consiste em fazer com que os atores não apenas estudassem o "Rito de Passagem" mas o vivenciassem na prática.[6] O treinamento tinha como objetivo fazer o elenco desenvolver atitudes semelhantes às dos policiais. Os atores "cantavam hinos da polícia, chegaram a comer no chão e eram submetidos a sanções disciplinares quando erravam".[4] Para ajudar no processo Storani convidou outros três ex-membros do Bope para auxiliá-lo.[6]

A preparação durou duas semanas e foi dividida em duas etapas. Na primeira os atores aprenderam sobre conceitos básicos das operações policiais desde aspectos comportamentais e hierárquicos até como se movimentar e segurar uma arma de fogo.[6] O período incluiu também punições físicas e psicológicas que eram dividas em três tipos de advertências: verbal, física (com flexões, etc) e o chamado tanque tático no qual os atores, caso não reagissem às duas primeiras, eram obrigados a mergulhar em água gelada e depois tinham que retornar ao treinamento, molhados e com frio. Nem Wagner Moura escapou das punições.[3]

O treinamento do elenco foi tão rígido quanto o curso real como explicou Pimental: "Levamos os atores a um nível de exaustão muito parecido com o que os policiais têm no curso de operações especiais".[4] Os instrutores não "aliviaram" o treinamento para nenhum dos atores. "Nós dizíamos que quem não aguentasse podia sair do filme. Foi um tratamento muito rigoroso, que incluiu até, na fase final, um processo de retorno à realidade dos atores" explicou o preparador ao Ego Notícias.[4]

Em um momento de estresse Moura reagiu com fúria as provocações do preparador que gritava "Você vai desistir! Pede para sair! Você não vai conseguir ser um ator em ‘Tropa de Elite’!".[7] O ator não "demonstrava a agressividade necessária ao seu personagem"[7] o que levou Storani a provocá-lo. O ator partiu para cima de Storani e quebrou o nariz do ex-caveira: "Ele foi tão rápido que eu só consegui livrar meu rosto e deixei meu nariz de frente", disse Storani ao jornal Extra".[7] A segunda etapa do treinamento consistiu no treinamento de liderança. Storani mostrou a Moura como trabalhar a postura de voz e de liderança.[6]

Posição de protagonista

O roteiro original de Tropa de Elite previa o personagem André Mathias (interpretado por André Ramiro) como protagonista.[3][8] A história narrava como um policial honesto e idealista transformava-se em um policial truculento e torturador.

Porém, a primeira montagem acabou não agradando os produtores, pois o filme só começava a ficar interessante após 50 minutos, quando as intervenções do Capitão Nascimento ficavam mais frequentes.[3] A interpretação de Moura "roubava todas as cenas" segundo o montador Daniel Rezende: "A performance era tão incrível que mexemos na estrutura do filme para fazer do Nascimento o personagem principal.[8]

A primeira tentativa de salvar o filme foi a substituição da narração em off, de Mathias para Nascimento, mas ainda mantendo o roteiro original. A sugestão partiu de Carolina Kotscho, esposa do roteirista Bráulio Mantovani.[3] Entretanto, o resultado ainda não era satisfatório.

A mudança de protagonista só ocorreu efetivamente após várias discussões entre os produtores. Partiu de Daniel Rezende a frase que acabou na boca de Nascimento e serviu de justificativa para a mudança: "Na verdade, eu precisava da inteligência de um e do coração do outro. Se eu pudesse ter juntado os dois, a minha história não teria sido tão difícil".[3]

Biografia fictícia

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Tropa de Elite

Em 1997, Capitão Roberto Nascimento chefiava a Equipe Alfa do BOPE.[9] Estava há 11 anos a serviço da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro e apresentava sinais de estresse.

A situação foi agravada com iminente nascimento do primeiro filho, fruto do casamento com Rosane (interpretada por Maria Ribeiro). Nas operações realizadas em favelas, o caveira subia o morro em pânico e questionava as ordens do comando do BOPE. O casamento começa a entrar em um ciclo de discussões e brigas cada vez mais violentas. Nascimento começa a ficar mais ausente em seu próprio lar.

Na tentativa de salvar "sua familia", Nascimento começa a procurar um substituto. Inicialmente vê o aspirante Neto Gouveia (interpretado por Caio Junqueira) como um forte candidato, mas o temperamento irascível do oficial logo põe em dúvida a escolha. O capitão do BOPE decide seguir o conselho da esposa de manter Neto no comando da equipe Alfa, mesmo desconfiando que a decisão poderia ser um erro. Neto acaba sofrendo uma emboscada de traficantes que inicialmente havia sido encomendada para André Mathias (interpretado por André Ramiro). Após a morte de Neto, Nascimento adota Mathias como efetivo sucessor.[9]

Tropa de Elite 2

O plano para salvar a familia não da certo e o casamento acaba. Nascimento retorna ao comando do BOPE onde permanece durante muitos anos chegando a patente de Tenente Coronel. Mantém-se como chefe dos caveiras até uma operação malsucedida em Bangu I. Servindo como bode expiatório é afastado do comando, mas graças a popularidade alcançada pela ação fracassada, Nascimento "cai para cima" e é convidado a integrar o serviço de inteligência da Policia do Rio de Janeiro, o que lhe dá poderes inéditos. O caveira passa a investir pesado contra o tráfico de drogas. Nascimento amplia o poder do BOPE, transformado-o em "Uma máquina de guerra".

O novo cargo também dá uma visão inédita à Nascimento que passa a compreender as relações entre o crime organizado e os políticos. Segundo o ator Wagner Moura, em entrevista a revista Rolling Stone 94, o ex-caveira começa a perceber que "talvez tenha se dedicado a vida inteira a uma causa diferente da qual ele achava que defendia. O cara acha que está servindo ao povo, mas está servindo ao Estado, o que são coisas bem diferentes"..[10]

Enquanto suas forças são totalmente concentradas no trabalho da Secretaria de Segurança Pública, Nascimento tenta se aproximar do filho, com quem manteve pouco contato após o fim do casamento.

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Controvérsias

Roberto Nascimento foi originalmente criado para criticar ações violentas da polícia, como explicou José Padilha a Revista Alfa: "Em Tropa de Elite, por exemplo, a exposição do Capitão Nascimento é claramente crítica. O personagem serve para mostrar os defeitos de uma polícia que tortura e mata. O filme mostra também a inviabilidade da vida de Nascimento. Ele nem sequer consegue manter sua família coesa".[8]

Entretanto o personagem acabou se tornando o "maior fenomeno pop do cinema nacional dos nossos tempos",[10] sendo apontado por parte da imprensa como "herói".[11] A acunha foi mais de uma vez refutada pelo diretor do filme: "É importante distinguir a diferença entre herói e ícone pop. E o Nascimento não é um herói. Por exemplo: o Dom Corleone. É um personagem carismático, de apelo popular, embora seja um mafioso assassino. Em outras culturas há milhões de ícones pops violentos e com a moral torta. É um fenômeno esporádico que acontece no cinema".[12]"Ele (Nascimento) tortura inocentes e mata pessoas que deveria prender. Não tem as virtudes morais que o senso comum exige de um herói".[11]

Bráulio Mantovani, roteirista dos dois longas corrobora a opinião de Padilha: "No primeiro Tropa, o que mais me surpreendeu nisso foi que uma parcela tão grande da população tenha visto o Nascimento como um herói. Para mim, nunca foi. Ele é um anti-herói, um personagem interessantíssimo."[13] "Fomos muito criticados no Tropa 1, como se nosso pensamento fosse idêntico ao do Capitão Nascimento. E, ora, não se pode confundir autor e personagem. Eu acho que a tortura não é a maneira mais eficiente de fazer investigação policial, mas o Nascimento sim. Há obras em que personagens têm mais características de vilão do que de um herói, e nem por isso deixam de ser interessantes. Macbeth e Ricardo III são dois exemplos disso".[14]

Wagner Moura expressa a mesma opinião quanto a acunha de herói: "Os brasileiros começaram a ter o Capitão Nascimento como um herói nacional e isso é chocante para mim, porque ele não é, de maneira nenhuma, um herói. Ele mata, tortura".[15]

A Revista Bravo, Padilha afirmou que o Capitão Nascimento do imaginário popular - o cara destemido, que enfrenta qualquer operação sem resquício de dúvida - não corresponde ao personagem. Ele é um homem em conflito que sobe a favela com "síndrome do pânico".[8] Para Moura, Nascimento é um "típico personagem de tragédia grega",[16] "alguém que anda muito rápido e de uma forma trágica"[17] e "que caminha inexoravelmente para um destino trágico".[18]

Sobre o sucesso do filme e do personagem, Padilha afirmou estranhar a reação positiva do público as ações "olho por olho, dente por dente". Wagner Moura também declarou-se surpreso com a popularidade do personagem, uma vez que este representa valores considerados negativos por seu intérprete. "Impossível que pessoas na Finlândia ou na Suécia vissem policiais como heróis, policiais que torturam e matam"..[19]

Influência cultural

A popularidade do personagem é comprovada por sua menção em diversas mídias:

Referências

  1. "Verdadeiro" capitão Nascimento diz que é mais feliz longe do Bope
  2. Castro, Daniel. «Criador do capitão Nascimento será comentarista da Globo». R7. Consultado em 10 de outubro de 2010 
  3. a b c d e f g h i j k REVISTA BRAVO 158: O Nascimento do Capitão, Outubro de 2010
  4. a b c d e - EGO Notícias: Rodrigo Pimentel, roteirista de 'Tropa de Elite', revela bastidores do filme - acessado em 02 de março de 2011
  5. a b c «"Descontrola, descontrola!" Cineastas contratam Fátima Toledo para arrancar do elenco, não importa como, as emoções necessárias». Revista Veja 2035. Veja. Consultado em 4 de fevereiro de 2011 
  6. a b c d «Site de Paulo Storani». Paulostorani.com.br. Consultado em 18 de fevereiro de 2011 
  7. a b c «Wagner Moura quebra nariz de capitão da PM». Ego.globo.com. Consultado em 2 de março de 2011 
  8. a b c d REVISTA ALFA 02: "O chefe da tropa", outubro de 2010"
  9. a b Tropa de Elite. José Padilha. Local: Rio de Janeiro(BR). Zazen Produções. Universal Pictures. 2007 DVD
  10. a b Rolling Stone 94: "Coragem sob fogo", outubro de 2010
  11. a b Revista Veja 2190: "Enfim, um herói do lado certo", 10 de novembro de 2010
  12. «Diretor de "Tropa de Elite 2" compara Capitão Nascimento a 007 e Dom Corleone». Gazetamaringa.com.br. Consultado em 20 de dezembro de 2010 
  13. «"Capitão Nascimento nunca foi herói", diz roteirista». R7.com. Consultado em 21 de dezembro de 2010 
  14. «ESTADÃO: O homem que deu voz ao capitão nascimento». Estadão.com.br. Consultado em 20 de dezembro de 2010 
  15. «Equipe de Tropa de Elite 2 chega a Berlim com status de grandes estrelas». Cinepop.com.br. Consultado em 11 de fevereiro de 2011 
  16. «"Nascimento é personagem típico de tragédia grega", define Wagner Moura». MSN Entretenimento. Consultado em 14 de fevereiro de 2011 
  17. «Novo filme tem mais esperança». Correio da Manhã. Consultado em 14 de fevereiro de 2011 
  18. «Palavras de coronel - Wagner Moura está de volta na pele do policial Nascimento». Clic RBS. Consultado em 14 de fevereiro de 2011 
  19. «O NYTimes vê Tropa de Elite». Folha.com 
  20. «Luciano Huck tem Rolex roubado em sinal no Itaim». O Globo 
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