Sônia Oiticica
Sônia Oiticica | |
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Paulo Porto e Sônia Oiticica na peça Romeu e Julieta. | |
Nascimento | 19 de dezembro de 1918 Rio Largo, AL |
Morte | 26 de fevereiro de 2007 (88 anos) São Paulo, SP |
IMDb: (inglês) |
Sônia Oiticica (Rio Largo, 19 de dezembro de 1918 — São Paulo, 26 de fevereiro de 2007) foi uma atriz brasileira.
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Primeiros anos[editar | editar código-fonte]
Sônia era filha de um anarquista convicto, o professor José Oiticica que, mesmo sendo à época um grande intelectual, foi preso várias vezes por esse motivo. Numa delas, ele e a família saíram do Rio de Janeiro para ficarem detidos no Engenho Riachão, em Alagoas; foi aí que nasceu Sônia, numa família de oito irmãos, sendo sete mulheres e um rapaz.
Alguns meses depois a família voltou para o Rio de Janeiro, onde Sônia passou a sua infância e adolescência. A casa de seus pais era frequentada por nomes como Coelho Neto, Viriato Correia e Monteiro Lobato. Seu pai dava aulas de grego e, entre os seus alunos, estavam Antônio Houaiss e Antônio de Pádua. Este último apresentou Sônia ao embaixador Paschoal Carlos Magno, que acabara de criar um núcleo de teatro estudantil para encenar Shakespeare. Assim, ela e Paulo Porto seriam Romeu e Julieta, sob direção de Itália Fausta.
Carreira[editar | editar código-fonte]
Sônia foi a primeira atriz brasileira a interpretar Julieta, de William Shakespeare. Em Romeu e Julieta causou escândalo, ao tomar a decisão ousada para a época (1938), de beijar de verdade em cena.
Apesar de ser a primeira a interpretar o texto do dramaturgo inglês, foi interpretando os textos de um brasileiro famoso que Oiticica ficou conhecida. A atriz atuou em pelo menos oito grandes montagens de textos de Nelson Rodrigues.
Em 1940 ingressou no teatro profissional, quando foi trabalhar na companhia de Luís Iglezias, no Teatro Rival, na Cinelândia. Nesse mesmo ano faz Pureza, o seu primeiro filme.
Casamento e interregno[editar | editar código-fonte]
Em 1944 deixou tudo para casar com Charles Edward. Parecia um casamento impossível, ele filho de um capitalista e ela de um anarquista. Pior que as diferenças ideológicas foi o fato de o marido a proibir de atuar, chegando Sônia a fazer figuração escondida só para matar saudades. Seis anos depois do casamento, e grávida, pediu a separação.
Reinício de carreira[editar | editar código-fonte]
Voltou então ao rádio e, em 1952, aos palcos. Em 1953 embarcou no sonho de formar uma companhia de teatro oficial subsidiada, com Sérgio Cardoso, Leonardo Villar e Nydia Licia, a Cia. Dramática Nacional. Foi nessa companhia que faz A Falecida, a primeira peça de Nelson Rodrigues que representou.
Em 1958 mudou-se para São Paulo. Aí atuou novamente com Sérgio Cardoso em O Soldado Tanaka e, logo depois, integrou-se ao Teatro Popular do Sesi, dirigido por Osmar Rodrigues Cruz.
No entanto, o diretor que mais admirou foi Eduardo Tolentino, do Grupo Tapa, com quem atuou muito mais tarde, na década de 1990.
Doença e morte[editar | editar código-fonte]
Sônia Oiticica morreu aos 88 anos, no Hospital Regional Sul, em Santo Amaro, onde estava internada desde o dia 16 de fevereiro devido a uma fratura do colo do fémur, provocada por uma queda na casa de sua filha Eleonora, aonde estava morando. Uma infecção generalizada por causa de má internação veio a causar falência múltipla dos órgãos. Foi cremada em Vila Alpina no dia 27 de fevereiro de 2007.
A artista plástica Ana Cláudia Oiticica, filha da atriz, acusou publicamente o hospital de incúria, acusação que a direção do mesmo refutou.
Trabalhos[editar | editar código-fonte]
Telenovelas[editar | editar código-fonte]
- 1966 - As Minas de Prata - Luiza de Paiva (TV Excelsior)
- 1966 - Redenção (TV Excelsior)
- 1968 - As Professorinhas - Leonor (Rede Record)
- 1968 - Legião dos Esquecidos - Maria (TV Excelsior)
- 1973 - Cavalo de Aço - Catarina
- 1975 - Gabriela - Sílvia Bastos
- 1977 - Nina - Angélica
- 1979 - Gaivotas - Elisa (TV Tupi)
- 1980 - Dulcinéa Vai à Guerra - Lucrécia (Rede Bandeirantes)
- 1981 - Os Adolescentes - Conceição (Rede Bandeirantes)
- 1982 - Campeão - Sônia (Rede Bandeirantes)
- 1982 - Ninho da Serpente - Júlia (Rede Bandeirantes)
- 1985 - Jogo do Amor (SBT)
Filmes[editar | editar código-fonte]
Ano | Título | Papel | Direção |
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1982 | Dora Doralina | Perry Salles | |
Eis os Amantes | Rita Buzzar | ||
1981 | Bonitinha, mas Ordinária ou Otto Lara Resende | Braz Chediak [1] | |
1979 | Le agguato sul fondo | enfermeira | Anthony M. Dawson |
O Caso Cláudia | mãe de Flávia | Miguel Borges | |
Os Noivos | Dona Ana | Afrânio Vital | |
1977 | O Desconhecido | Elisa | Ruy Santos |
1971 | Uma Verdadeira História de Amor | esposa do industrial | Fauzi Mansur |
1970 | A Moreninha | Donana | Glauco Laurelli [2] |
1940 | Pureza | Maria Paula[3] | Chianca de Garcia |
Principais peças[editar | editar código-fonte]
Trabalhou num total de 29 peças teatrais, entre elas:
- O Telescópio (2001)
- Rasto Atrás (1996)
- Vestido de Noiva (1994)
- Anti-Nelson Rodrigues (1974)
- Manhãs de Sol (1966)
- O Soldado Tanaka (1959)
- Perdoa-me por me Traíres (1957)
- Senhora dos Afogados (1954)
- A Falecida (1953)
- Romeu e Julieta (1938)
Referências
- ↑ Cinemateca Brasileira Bonitinha mas Ordinária ou Otto Lara Resende [em linha]
- ↑ Cinemateca Brasileira, A Moreninha [em linha]
- ↑ «Pureza». Cinemateca Brasileira. Consultado em 1 de março de 2017