Sampaulo

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Sampaulo
Sampaulo
Nascimento Paulo Brasil Gomes de Sampaio
3 de maio de 1931 (92 anos)
Uruguaiana (Brasil)
Morte 7 de fevereiro de 1999
Porto Alegre (Brasil)
Cidadania Brasil
Progenitores
Irmão(ã)(s) Sampaio
Alma mater
Ocupação cartunista, cartunista editorial, desenhista
Empregador(a) Zero Hora, Diário de Notícias, Correio do Povo, Folha da Tarde (Porto Alegre), TV Piratini
Obras destacadas Como eu ia dizendo…, Os pecados da língua: pequeno repertório de grandes erros de linguagem, H,U,M,O,R do 1º ao 5º
Assinatura

Paulo Brasil Gomes de Sampaio (Uruguaiana, 3 de maio de 1931Porto Alegre, 7 de fevereiro de 1999) foi um cartunista e caricaturista brasileiro que ficou conhecido como SamPaulo, nome com o qual assinava seus trabalhos. Criou o personagem Sofrenildo[1] e a ilustração do livro "Anedotário da Rua da Praia 3", de Renato Maciel de Sá Junior.[2][3]

Biografia[editar | editar código-fonte]

SamPaulo foi pioneiro em impor a sua atividade como profissão e viveu exclusivamente de sua arte.[4]

Era filho do desembargador João Pereira de Sampaio (1893-1963) e Dulce Gomes de Sampaio (1905-1998), irmão de João Raimundo Pereira de Sampaio, Maria Iolanda Pereira de Sampaio Pagetti, Theresa Brasília De Sampaio e José Miguel Pereira de Sampaio, conhecido no mundo do cartum como Sampaio.[5] A família toda era muito afeita às artes plásticas, notadamente o pai João Sampaio, Iolanda, Theresa Sampaio (que além de pintora é professora de artes) e Sampaio, um dos precursores do cartum no Rio Grande do Sul e que desde o final da década de 1940 publicava na antiga Revista do Globo.[6]

SamPaulo teve três filhos: Paulo Augusto de Sampaio e Luiz Otávio de Sampaio, fruto do casamento com Hebe Terezinha Berquó, e Marco Aurélio de Sampaio, do casamento com Eneida Leal de Sampaio.[5]

Carreira[editar | editar código-fonte]

Iniciou a carreira em 1954, como chargista de O Clarim, jornal que então fazia a campanha de Leonel Brizola para a prefeitura de Porto Alegre pelo PTB. Chegou a ingressar na Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, mas não concluiu o curso para se dedicar a carreira de cartunista.[7] A uma charge sua foi atribuída a derrota de Euclides Triches para Leonel Brizola.

Trabalhou nos jornais A Hora, Diário de Notícias, Folha da Tarde, Folha Esportiva e Correio do Povo, de Porto Alegre. Foi o responsável pela charge editorial do jornal Zero Hora. Na emissora TV Piratini, canal 5, dos Diários Associados em Porto Alegre, apresentou ao vivo o programa Sampaulo e seus bichões.

Foi o criador do personagem "Sofrenildo", baseado nas aventuras e desventuras de cidadãos comuns.[8]

Charge de SamPaulo publicada no jornal A Hora, em 1957.

Autor dos livros Humor do 1º ao 5º e Como eu ia dizendo…, também participou de várias antologias de humor no Brasil e exterior.

Junto com Paulo Flávio Ledur publicou em 1993 o livro Os pecados da língua: pequeno repertório de grandes erros de linguagem que teve vários volumes e foi reeditado diversas vezes.[9]

Durante muitos anos, realizou os cartuns do caderno rural do jornal Zero Hora e visitava a Expointer anualmente, elaborando críticas bem humoradas sobre os momentos econômicos e políticos ligados ao setor rural e agrícola do Rio Grande do Sul.[10]

Outra faceta do cartunista era a composição de canções, crônicas e historietas. Ao lado do violonista Darcy Alves, ele compôs a canção "Amor à toa", que em 1999 foi gravada por Maria Lucia Sampaio.[11]

Ao longo de sua vida, ajudou a divulgar o trabalho de outros artistas, autores e jornalistas. Por exemplo, em 1967 publicou em sua coluna "Estamos aí", na Folha da Tarde, a charge do jornalista Pedro Chaves, na qual se vê o próprio SamPaulo com a camiseta do seu clube de futebol Sport Club Internacional.[12]

Futebol[editar | editar código-fonte]

O futebol era um tema frequente de suas charges, em especial os clubes gaúchos como Grêmio e Internacional, do qual era torcedor fanático.

A paixão pelo Internacional rendeu-lhe a inserção de charges suas na Enciclopédia do Internacional.[carece de fontes?]

Acervo[editar | editar código-fonte]

Em maio de 2012, iniciou-se um processo de digitalização do acervo e publicação do material no blog[nota 1] organizado por sua sobrinha, Maria Lucia Sampaio.[13]

Em maio de 2017, o acervo material contendo desenhos publicados ao longo da carreira, livros de referências visuais, fotos e documentos pessoais foi doado para o Delfos - Espaço de Documentação e Memória Cultural da PUCRS.[14] O material doado para o acervo ficou anos guardado por familiares como a viúva Eneida de Sampaio, a sobrinha Maria Lucia Sampaio e irmã Theresa Sampaio, e contou com o auxílio da arquivista Maria Osmari.[13]

Prêmios[editar | editar código-fonte]

Atenção.: Esta secção sobre prêmios recebidos está incompleta.

Entre os prêmios acumulados em nível internacional destaca-se o do Salão Internacional do Cartum, realizado no Canadá, que conquistou por duas vezes consecutivas. Além disso, foi o único sul-americano a participar, em 1970, do I Congresso Mundial de Cartunistas, em Londres.[4]

No Brasil, recebeu diversos prêmios da Associação Riograndense de Imprensa.[15]

Premiações da Associação Riograndense de Imprensa[editar | editar código-fonte]

Sampaulo recebeu 27 prêmios da Associação Riograndense de Imprensa, sempre na categoria Charge.[15]

Ano Trabalho de Destaque Colocação
1962 Antes e depois (Diário de Notícias) 1º lugar
1963 Bibi 63 (Diário de Notícias) 1º lugar
1964 Kruschev no listão (Diário de Noticias) 1º lugar
1965 Ato das 10 (Diário de Noticias) Prêmio único
1966 Caça e pesca (Folha da Tarde) Prêmio único
1967 Estamos aí (Folha da Tarde) Prêmio único
1968 Estamos aí (Folha da Tarde) Prêmio único
1969 Santos cassados (Folha da Tarde) Prêmio único
1970 Terreno à venda (Folha da Tarde) Prêmio único
1971 ...E cadê o leite, mamãe? (Folha da Tarde) Prêmio único
1972 Olimpíadas (Folha da Tarde) Prêmio único
1973 Na Free-Way (Folha da Tarde) Prêmio único
1974 Claro que não dava para ganhar! Eles vieram com letra de Erico Verissimo e música de Chico Buarque (Folha da Tarde) Prêmio único
1977 Ecologia porto-alegrense (Folha da Tarde) 1º Lugar
1979 Leilão de gado (Folha da Tarde) 2º Lugar
1980 Inflação (Folha da Tarde) 2º Lugar
1982 Paolo Rossi (Folha da Tarde) 2º Lugar
1983 Oscar (Folha da Tarde) 2º Lugar
1984 O grito do campo (Krônika) 2º Lugar
1986 Agrotóxicos (Zero Hora) 1º Lugar
1990 A velhinha do colchão (Zero Hora) 1º Lugar
1991 Tirando o corpo 1º Lugar
1992 História que vem de longe (Zero Hora) 1º Lugar
1993 Patetice federal (Zero Hora) 1º Lugar
1994 Diverticulite(Zero Hora) 1º Lugar
1997 O Dia dos Pais (Zero Hora) 1º Lugar
1998 Vida chata (Zero Hora) 1º Lugar

Títulos e homenagens[editar | editar código-fonte]

Em 1970, foi homenageado por Pedro Chaves, que fez uma charge utilizando o seu personagem Sofrenildo, que ficaria temporariamente órfão por causa da viagem de SamPaulo à Londres para receber um prêmio pelo seu trabalho.[16]

Em 1991, recebe o título de Cidadão Emérito de Porto Alegre, com base na Resolução n° 1103 de 02.07.1991. (Proc. 198/91 - Vereador Valdir Fraga)[17]

Em 2009, foi homenageado na 55ª Feira do Livro de Porto Alegre com exposição de alguns de seus trabalhos; depoimentos de Edgar Vasques, Santiago, Fraga e outros; e show "Memória Musical de SamPaulo", com o músico Silfarney Alves e o cantor Zé Carlos.[nota 2]

Na Enciclopédia dos Quadrinhos, publicada por Goida (Hiron Goidanich) e André Kleinert,[18] SamPaulo aparece como um verbete.[19]

A partir de 2001, a premiação de charge da Associação Riograndense de Imprensa, foi denominada de "Prêmio Sampaulo".[15]

Exposições[editar | editar código-fonte]

Em 2012, a Secretaria de Estado da Cultura do Rio Grande do Sul realizou a exposição "O Pago impagável - O humor gaudério de SamPaulo" durante a Expointer, no Parque Estadual de Exposições Assis Brasil, na cidade de Esteio, Rio Grande do Sul. A exposição, que ocorreu entre os dias 25 de agosto e 2 de setembro de 2012, contou com a parceria do Gabinete do Governador, a organização do Instituto Estadual de Artes Visuais e a curadoria do cartunista Edgar Vasques.[10]

Livros publicados[editar | editar código-fonte]

Individuais[editar | editar código-fonte]

Co-autoria[editar | editar código-fonte]

Participações[editar | editar código-fonte]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Notas

  1. Blog Cartunista SamPaulo, hospedado em www.sampaulocartunista.blogspot.com.br.
  2. Blog da Grafar. Agenda: Feira do Livro homenageia SamPaulo. 13 de novembro de 2009. Disponível em: www.grafar.blogspot.com.br/2009/11/agenda-feira-do-livro-homenageia.html

Referências

  1. Roger Lerina (12 de maio de 2017). «Sofrenildo ganha casa nova: PUCRS recebe acervo do cartunista SamPaulo». Colunistas ZH - Roger Lerina. Consultado em 5 de setembro de 2017 
  2. MACIEL DE SÁ JUNIOR, Renato (1983). Anedotário de Rua da Praia 3. Rio de Janeiro: Globo. 227 páginas. Consultado em 19 de fevereiro de 2018 
  3. Quinto, Cláudia (2011). Entre memória e humor: Porto Alegre nas crônicas de Renato Maciel de Sá Jr. (Tese de Doutorado). Programa de Pós-Graduação em História, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. p. 72. Consultado em 19 de fevereiro de 2018 
  4. a b Santiago (26 de agosto de 2004). «Tem café no bule - Cartum: O Brasil dos Gaúchos». Secretaria de Estado da Cultura - Rio Grande do Sul. Consultado em 31 de agosto de 2017 
  5. a b «Paulo Brasil Gomes De Sampaio (1931 - 1999)». Wikitree. Consultado em 10 de outubro de 2019 
  6. Ricardo Chaves (7 de fevereiro de 2014). «Sampaio e Sampaulo, os irmãos cartunistas». Almanaque Gaúcho. Zero Hora. Consultado em 5 de setembro de 2017 
  7. Carlos Roberto Saraiva da Costa Leite (26 de outubro de 2015). «A charge na Imprensa gaúcha: uma história de combate e resistência». Bem Blogado!. Consultado em 26 de setembro de 2017 
  8. Jornal do Almoço (1986). Chargista Sampaulo fala do Sofrenildo. Vídeo publicado pelo jornalista Emilio Pacheco. Apresentação do Jornal de Maria do Carmo Bueno. Porto Alegre: RBS TV. Consultado em 26 de setembro de 2017 
  9. Ledur, Paulo Flávio; Sampaio, Paulo (2000) [1993]. Os pecados da língua: pequeno repertório de grandes erros de linguagem. 1 8 ed. Porto Alegre: AGE. ISBN 9788585627140 
  10. a b Asscom Sedac (23 de agosto de 2012). «O humor gaudério em imagens na Expointer». Secretaria da Cultura do Rio Grande do Sul. Consultado em 5 de setembro de 2017 
  11. Sampaio, Maria Lucia (1999). «Maria Lucia canta: Amor à toa». SoundCloud. Consultado em 12 de setembro de 2017 
  12. Chaves, Pedro (7 de setembro de 2014). «O dia que o Sampaulo me deu força». Cidadão Chaves: quatro décadas de jornalismo. Consultado em 12 de setembro de 2017 
  13. a b Milton Ribeiro (12 de maio de 2017). «Família doa acervo de SamPaulo para a PUC/ RS». Guia 21. Consultado em 5 de setembro de 2017 
  14. «Delfos recebe acervo do cartunista SamPaulo». Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. 11 de maio de 2017. Consultado em 5 de setembro de 2017 
  15. a b c Associação Riograndense de Imprensa. «História dos Prêmios». Consultado em 30 de agosto de 2017 
  16. Pedro Chaves (25 de junho de 2014). «As charges do Chaves». Cidadão Chaves: quatro décadas de jornalismo. Consultado em 5 de setembro de 2017 
  17. «Cidadãos Eméritos IV». Webpoa: um novo olhar sobre Porto Alegre. 28 de julho de 2013. Consultado em 5 de setembro de 2017 
  18. Goida; Kleinert, André (2011). Enciclopédia dos Quadrinhos. Porto Alegre: L&PM. 536 páginas. ISBN 9788525424518. Consultado em 12 de setembro de 2017 
  19. «Verbete de hoje: SamPaulo». Enciclopédia dos Quadrinhos. L&PM. 28 de julho de 2013. Consultado em 12 de setembro de 2017 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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