Túnel do Rossio

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Túnel do Rossio
Túnel do Rossio
Túnel do Rossio, visto a partir da Estação do Rossio
Arquitetura e construção
Mantida por Rede Ferroviária Nacional
Início da construção 1887
Término da construção Maio de 1889
Data de abertura Junho de 1891
Dimensões
Comprimento total 2613 metros
Largura 8 metros
Altura 6 metros
Geografia
Via Linha de Sintra
Localização Lisboa
Portugal Portugal
Coordenadas 38° 42' 55.45" N 9° 8' 35.67" O

O túnel do Rossio é uma infra-estrutura ferroviária, que permite o acesso das composições à Estação do Rossio, no centro de Lisboa, em Portugal, a partir da estação de Campolide, perfazendo o segmento inicial da Linha de Sintra.

Caracterização

O túnel tem via dupla com 2613 m de comprimento (o mesmo comprimento da Ponte 25 de Abril) e com um perfil abobadado de 8 m de largura por 6 m de altura até ao fecho da abóbada. O túnel tem um declive de aproximadamente 1%, descendo 24,26 m desde a boca do túnel em Campolide.

Este túnel é a única forma de establecer uma ligação ferroviária à Baixa de Lisboa, desde a periferia da cidade, visto que permite cortar a direito pelos arruamentos urbanos que o mesmo atravessa. A distância na vertical entre a soleira da abobada do túnel e, a superfície não é toda igual. Eis as distâncias para as vias mais importantes que o mesmo atravessa (sentido Campolide-Rossio).

História

Antecedentes

Desde meados do Século XIX que se planeava a construção de uma ligação ferroviária, que unisse Lisboa à fronteira com Espanha; o primeiro troço do Caminho de Ferro do Leste, entre Lisboa e o Carregado, foi inaugurada em 28 de Setembro de 1856,[1] tendo a linha chegado até à fronteira, em Badajoz, em 24 de Setembro de 1863.[2] Em 31 de Janeiro de 1882, a Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses apresentou, no Parlamento, um projecto para outra ligação ferroviária, entre Alcântara, em Lisboa, e Figueira da Foz, com ramais para Alfarelos, na Linha do Norte, e para Sintra; o troço até ao Cacém e o ramal até Sintra abriram à circulação em 2 de Abril de 1887, e a linha entre o Cacém e Torres Vedras foi inaugurada no dia 21 de Maio do mesmo ano.[3] A Companhia Real procurou, então, construir uma linha que unisse o Caminho de Ferro de Leste e a Linha do Oeste; um alvará, publicado em 23 de Julho do ano seguinte, autorizou que, neste ramal, fossem construídos dois ramais, que ligariam à futura Estação Central de Lisboa (futura Estação do Rossio), a ser edificada no Terreiro do Duque.[3] A linha entre Benfica, na Linha do Oeste, e Santa Apolónia, na Linha do Leste, entrou ao serviço em 20 de Maio de 1888.[3]

Construção e inauguração

Os estudos geológicos para o túnel foram efectuados pelo professor Paul Choffat, e, no mês de Abril de 1889, o túnel já se encontrava completamente perfurado, e a Estação Central já estava construída; a primeira composição atravessou o túnel em Maio de 1889.[3] A cerimónia de inauguração teve lugar em Maio de 1891, e, em Junho seguinte, este troço entrou ao serviço.[3]

Século XX

No orçamento da Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses para 1902, encontravam-se incluídas obras de instalação de iluminação eléctrica no interior do túnel; previa-se que a energia eléctrica fosse fornecida pelos geradores da Estação do Rossio, que teriam de ser, provavelmente, aumentados para poder assegurar este serviço.[4] Calculava-se, igualmente, que este fosse o primeiro passo para a implementação de mais equipamentos eléctricos nesta interface, como os aparelhos de mudança de via, gruas, elevadores, e transportadores de bagagens.[4] O túnel em si deveria ser adaptado a tracção eléctrica, provavelmente através da instalação de uma terceira via electrificada; isto permitiria substituir as locomotivas a vapor, cujas emissões poluentes incomodavam os passageiros nas gares e no interior das carruagens.[4]

Remodelação

O túnel esteve encerrado ao tráfego entre 22 de Outubro de 2004 e 15 de Fevereiro de 2008, para obras de reabilitação.

Durante as obras de reabilitação e beneficiação realizadas entre 2005 e 2007 (período durante o qual o túnel esteve encerrado ao tráfego e a estação do Rossio desactivada), houve necessidade de proceder a uma intervenção nas paredes do túnel, com um novo revestimento estrutural em betão armado nos troços críticos. O túnel foi dotado em todo o comprimento de uma plataforma de via em betão com carris embebebidos, permitindo, se necessário, o fácil acesso de veículos de serviço ou de socorro. Em consequência destas mesmas obras, o Elevador da Glória esteve parado entre Abril de 2006 e Fevereiro de 2007, pois temia-se o perigo de derrocada nos terrenos entre a Calçada da Glória e a Rua de Artilharia 1.

O túnel foi ainda dotado de um poço de escapatória para a superfície sensivelmente a meio do percurso, junto ao cruzamento com a Rua Alexandre Herculano.

Ver também

Referências

  1. Martins et al, 1996:11
  2. Martins et al, 1996:19
  3. a b c d e TORRES, Carlos Manitto (16 de Janeiro de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário». Lisboa. Gazeta dos Caminhos de Ferro. 70 (1682): 61, 62 
  4. a b c «Orçamento da Companhia Real». Gazeta dos Caminhos de Ferro. 15 (340). 51 páginas. 16 de Fevereiro de 1902 

Ligações externas

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  • MARTINS, João Paulo, BRION, Madalena, SOUSA, Miguel de, LEVY, Maurício, AMORIM, Óscar (1996). O Caminho de Ferro Revisitado. O Caminho de Ferro em Portugal de 1856 a 1996. [S.l.]: Caminhos de Ferro Portugueses. 446 páginas