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São alimentos produzidos a partir de organismos cujo [[embrião]] foi modificado em laboratório, pela [[inserção (genética)|inserção]] de pelo menos um gene de outra [[espécie]]. Alguns dos motivos de modificação desses alimentos são para que as plantas possam resistir às pragas ([[inseto]]s, [[fungo]]s, [[vírus]], bactérias e outros) e a [[herbicida]]s.
São alimentos produzidos a partir de organismos cujo [[embrião]] foi modificado em laboratório, pela [[inserção (genética)|inserção]] de pelo menos um gene de outra [[espécie]]. Alguns dos motivos de modificação desses alimentos são para que as plantas possam resistir às pragas ([[inseto]]s, [[fungo]]s, [[vírus]], bactérias e outros) e a [[herbicida]]s.
O mau uso de [[pesticida]]s pode causar riscos ambientais, tais como o aparecimento de plantas resistentes a herbicidas e a [[poluição]] dos terrenos e lençóis de água. O uso de herbicidas, [[inseticida]]s e outros [[agrotóxico]]s pode diminuir com o uso dos transgênicos, já que eles tornam possível o uso de produtos químicos corretos para o problema. Uma lavoura convencional de soja pode utilizar até cinco aplicações de herbicida, enquanto que uma lavoura transgênica ''Roundup Ready'' (resistência ao herbicida glifosato) utiliza apenas uma aplicação.<ref>[http://www.agronline.com.br/artigos/artigo.php?id=248 Soja transgênica no Brasil: anotações sobre a legislação de plantio, comercialização e direitos da propriedade intelectual]</ref>
O mau uso de [[pesticida]]s pode causar riscos ambientais, tais como o aparecimento de plantas resistentes a herbicidas e a [[poluição]] dos terrenos e lençóis de água. O uso de herbicidas, [[inseticida]]s e outros [[agrotóxico]]s pode diminuir com o uso dos transgênicos, já que eles tornam possível o uso de produtos químicos corretos para o problema. Uma lavoura convencional de soja pode utilizar até cinco aplicações de herbicida, enquanto que uma lavoura transgênica ''Roundup Ready'' (resistência ao herbicida glifosato) utiliza apenas uma aplicação.<ref>[http://www.agronline.com.br/artigos/artigo.php?id=248 Soja transgênica no Brasil: anotações sobre a legislação de plantio, comercialização e direitos da propriedade intelectual]</ref>




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===Prevalência de culturas geneticamente modificadas===
===Prevalência de culturas geneticamente modificadas===

Revisão das 18h10min de 9 de agosto de 2013

Transgênicos (português brasileiro) ou transgénicos (português europeu) são organismos que, mediante técnicas de engenharia genética, contêm materiais genéticos de outros organismos. A geração de transgênicos visa organismos com características novas ou melhoradas relativamente ao organismo original. Resultados na área de transgenia já são alcançados desde a década de 1970, na qual foi desenvolvida a técnica do DNA recombinante. A manipulação genética combina características de um ou mais organismos de uma forma que provavelmente não aconteceria na natureza. Por exemplo, podem ser combinados os DNAs de organismos que não se cruzariam por métodos naturais.

Aplicações

A aplicação mais imediata dos organismos transgênicos e dos organismos geneticamente modificados em geral é a sua utilização em investigação científica. A expressão de um determinado gene de um organismo num outro pode facilitar a compreensão da função desse mesmo gene.

No caso das plantas, por exemplo, espécies com um reduzido ciclo de vida podem ser utilizadas como "hospedeiras" para a inserção de um gene de uma planta com um ciclo de vida mais longo. Estas plantas transgênicas poderão depois ser utilizadas para estudar a função do gene de interesse mas num espaço de tempo muito mais curto. Este tipo de abordagem é também usado no caso de animais, sendo a Drosophila melanogaster (mosca da fruta) um dos principais organismos modelos.

Em outros casos, a utilização de transgênicos é uma abordagem para a produção de determinados compostos de interesse comércio, medicina ou agronómico, por exemplo. O primeiro caso público foi a utilização da bactéria Escherichia coli, que foi modificada de modo a produzir insulina humana no final da década de 1970.

Alimentos transgénicos

São alimentos produzidos a partir de organismos cujo embrião foi modificado em laboratório, pela inserção de pelo menos um gene de outra espécie. Alguns dos motivos de modificação desses alimentos são para que as plantas possam resistir às pragas (insetos, fungos, vírus, bactérias e outros) e a herbicidas. O mau uso de pesticidas pode causar riscos ambientais, tais como o aparecimento de plantas resistentes a herbicidas e a poluição dos terrenos e lençóis de água. O uso de herbicidas, inseticidas e outros agrotóxicos pode diminuir com o uso dos transgênicos, já que eles tornam possível o uso de produtos químicos corretos para o problema. Uma lavoura convencional de soja pode utilizar até cinco aplicações de herbicida, enquanto que uma lavoura transgênica Roundup Ready (resistência ao herbicida glifosato) utiliza apenas uma aplicação.[1]



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Prevalência de culturas geneticamente modificadas

É estimado que a área de cultivo deste tipo de variedades esteja com uma taxa de crescimento de 13% ao ano. A área total plantada é já superior a 100 milhões de hectares, sendo os principais produtores os Estados Unidos, o Canadá, o Brasil, a Argentina, a China e a Índia. Vários países europeus, entre os milhões de hectares de culturas transgênicas. As culturas prevalentes são as de milho, soja e algodão, baseadas principalmente na tecnologia Bt.[2]

É necessário também diferenciar alimentos transgénicos de alimentos geneticamente selecionados, pois este segundo não foi parte de uma troca de genes com outra espécie, mas sim, a seleção de indivíduos com características favoráveis e sua reprodução em um meio artificialmente isolado.[3]

Polêmica

Atualmente existe um debate bastante intenso relacionado à inserção de alimentos geneticamente modificados (AGM) no mercado. Alguns mercados mundiais, como o Japão, rejeitam fortemente a entrada de alimentos com estas características, enquanto que outros, como os norte e sul-americanos e o asiático têm aceito estas variedades agronómicas.

Desde 2004, após seis anos de proibição, a União Europeia autorizou a importação de produtos transgênicos. No dia 2 de março de 2010, a União Europeia aprovou o plantio de batata e milho transgênicos no continente, após solicitações dos Estados Unidos. A batata transgênica será destinada para a fabricação de papel, adesivos e têxteis. O milho atenderá a indústria alimentícia. Cada país da União Europeia poderá ser responsável pelo cultivo transgênico em suas fronteiras em votação marcada para o meio do ano [4].

Polinização cruzada

Uma das preocupações manifestadas para fazer em relação à utilização de plantas transgénicas prende-se com a possível polinização cruzada entre estas espécies com as existentes na natureza ou com culturas não modificadas. Vários estudos têm demonstrado que a existência de polinização cruzada é real, mas que diminui drasticamente com a distância à cultura transgénica. Abud et al. (2007) [5], num estudo realizado no Brasil, demonstraram que após 10 metros de distanciamento entre plantas de soja transgénica e soja convencional, a polinização cruzada é negligenciável. No caso do milho, Ma et al. (2004) [6] referem que essa distância é de aproximadamente 30 metros. Tais dados levam a que, para a plantação de uma cultura transgénica, tenha que ser respeitada uma determinada distância de segurança em relação às culturas vizinhas. Os investigadores defendem que esta distância deve ser avaliada caso a caso devido às diferenças no tamanho, peso e meio de transporte dos diferentes grãos de pólen.

Uma outra controvérsia relacionada com a polinização cruzada foi a utilização da chamada tecnologia Terminator (em português Exterminador). Esta tecnologia baseia-se na adição, à planta em causa, de um gene que não permite a produção de pólen viável. A utilização desta ferramenta permitiria a não propagação do pólen transgénico, evitando quaisquer cruzamentos com outras plantas. Esta ação das empresas de produção de transgénicos foi largamente condenada por ser vista como uma tentativa de evitar que os agricultores pudessem propagar as plantas por mais que um ano, obrigando-os a comprar novas sementes todas as temporadas [7].

Impacto na saúde humana/animal

Várias informações contraditórias têm sido lançadas de diversos setores quanto aos potenciais danos que os organismos transgénicos possam provocar nos seus consumidores.

Em 1998, o investigador Árpád Pusztai e a sua equipe lançaram o pânico na Europa, ao afirmar que tinham obtido resultados que demonstravam o efeito nefasto de batata transgénica, quando presente na alimentação de ratos. Quando estes resultados foram publicados verificou-se que o referido efeito tinha sido devido ao transgene inserido nessas batatas ser de uma lectina, que por si só tem um efeito tóxico no desenvolvimento dos mamíferos [8]. Estes investigadores sofreram pesadas críticas da classe política e da comunidade científica em geral. No entanto, ainda há alguma controvérsia quanto à interpretação dos resultados destes autores, opondo organizações não governamentais a alguns cientistas.

Outro caso de um estudo acerca do potencial efeito de transgénicos na saúde pública foi o de Séralini et al. (2007) [9]. Estes investigadores reavaliaram estatisticamente dados publicados anteriormente pela multinacional Monsanto, e declararam que a alimentação de ratos com milho transgénico MON863 provocou toxicidade hepática e renal, bem como alterações no crescimento. A European Food Safety Authority (Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar) aprovou o MON863 para consumo humano na União Europeia[10], baseando-se nas conclusões dos estudos entregues pela Monsanto. A Autoridade concluiu que as diferenças encontradas no estudo de Séralini não eram biologicamente relevantes e que os métodos estatísticos utilizados neste estudo eram incorrectos [11][12], pelo que não procedeu à reavaliação da aprovação. No entanto, até à data nenhum estudo científico foi publicado que tenha colocado em causa o estudo da equipa de Seraliny.

Esta discussão acentuou a polêmica sobre quem deve ser responsável pela avaliação do impacto deste tipo de produtos. O facto de algumas avaliações serem feitas pelas próprias empresas que os produzem tem levantado grande indignação por parte de organizações ambientalistas. O Painel OGM responsável pela avaliação dos transgénicos da European Food Safety Authority foi também criticado por vários estados-membros, casos da Itália e a Áustria, que acusam este painel de cientistas de parcialidade.

Alergenicidade

Algumas das críticas que os transgénicos têm recebido têm a ver com a potencial reação alérgica dos animais/humanos a estes alimentos. O caso mais conhecido foi a utilização de um gene de uma noz brasileira com vista ao melhoramento nutricional da soja para alimentação animal. A noz em causa era já conhecida como causadora de alergia em determinados indivíduos. O gene utilizado para modificação da soja tinha como função aumentar os níveis de metionina, um aminoácido essencial. Estudos realizados verificaram que a capacidade alergênica da noz tinha sido transmitida à soja [13], o que levou a que a empresa responsável terminasse o desenvolvimento desta variedade.

Mais recentemente, investigadores portugueses do Instituto de Tecnologia Química e Biológica, do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, e do Instituto Superior de Agronomia, entre outros, testaram a resposta alérgica de diversos pacientes à alimentação com milho e soja transgênica. Este estudo não detetou qualquer diferença na reação às plantas transgénicas, quando comparada com as plantas originais [14][15].

Fatores socioeconômicos

Grande parte das polêmicas originadas com a questão dos transgênicos está diretamente relacionada a seu efeito na economia mundial. Países atualmente bem estabelecidos economicamente e que tiveram sua economia baseada nos avanços da chamada genética clássica são contra as inovações tecnológicas dos transgênicos. A Europa, por exemplo, possui uma agricultura familiar baseada em cultivares desenvolvidos durante séculos e que não tem condições de competir com países que além de possuir grandes extensões de terra, poderiam agora cultivar os transgênicos. Para além disso, localizam-se em espaço europeu muitas das empresas produtoras de herbicidas e pesticidas, que são peças importantes na aceitação ou não de variedades agrícolas que possam comprometer os seus negócios.

É também utilizado o argumento de que o cultivo de transgênicos poderia reduzir o problema da fome, visto que aumentaria a produtividade de variadas culturas, nomeadamente cereais. Porém, muitos estudos, inclusive o do ganhador do Prémio de Ciências Económicas em Memória de Alfred Nobel, Amartya Sen, revelam que o problema da fome no mundo hoje não é ligado à escassez de alimentos ou à baixa produção, mas à injusta distribuição de alimentos em função da baixa renda das populações pobres. Dessa forma questiona-se a alegação de que a biotecnologia poderia provocar uma redução no problema da fome no mundo.

Utilização de compostos químicos

Argumentos a favor dos transgênicos incluem a redução do uso de compostos como herbicidas, pesticidas, fungicidas, micro-fertilizantes (que por sua pequena estrutura, causam grande degradação do DNA Mitocondrial) e certos adubos, cuja acumulação pode causar sérios danos aos ecossistemas a eles expostos. As organizações ambientalistas questionam se os benefícios da utilização destas plantas poderia compensar os possíveis potenciais malefícios por elas causados, como foi atrás referido.

Um exemplo são as culturas baseadas na tecnologia Bt, resultante de um melhoramento por transgenia (incorporando genes da bactéria Bacillus thuringiensis) que confere à planta uma proteção natural a larvas de certos insetos, tornando praticamente desnecessário o controle destes por meio de pesticidas normalmente neurotóxicos, de alta agressividade ambiental, que em culturas não transgênicas são utilizados em larga escala. Tem sido posta em causa recentemente se esta tecnologia afetaria também insetos não-alvo, como abelhas e borboletas. No entanto, têm sido publicados alguns artigos científicos demonstrando que os insetos não-alvo são mais abundantes nos campos de plantas transgênicas do que nos campos convencionais sujeitos a pesticidas [16]. Mas recentemente, um estudo de uma equipe de investigadores da Universidade de Indiana[17] descobriu que o pólen e outras partes da planta de milho transgênico Bt são lixiviadas para os cursos de água perto de campos de milho até distâncias de 2 km, apresentando efeitos de toxicidade na mosca-da-água, que é um alimento importante para organismos superiores dos ecossistemas aquáticos, tais como os peixes e anfíbios.

Alternativas ao uso de transgênicos

Referências

  1. Soja transgênica no Brasil: anotações sobre a legislação de plantio, comercialização e direitos da propriedade intelectual
  2. C. James. 2006. BRIEF 35: Situação Global das Lavouras GM: 2006. International Service for the Acquisition of Agri-biotech Applications.
  3. http://senepolsantaluzia.com.br/genetica/selecao-genetica/
  4. Após 12 anos, Europa aprova batata e milho transgênicos - O Estado de S.Paulo, 3 de março de 2010 (visitado em 3-3-2010)
  5. [1] S. Amore diabobud, P.I.M. de Souza, G.R. Vianna, E. Leonardecz, C.T. Moreira, F.G. Faleiro, J.N. Júnior, P.M.F.O. Monteiro, E.L. Rech and F.J.L. Aragão. 2007. Gene flow from transgenic to nontransgenic soybean plants in the Cerrado region of Brazil. Genet. Mol. Res. 6 (2): 445-452
  6. [2] B. L. Ma, K. D. Subedi and L. M. Reid. 2004. Extent of Cross-Fertilization in Maize by Pollen from Neighboring Transgenic Hybrids. Crop Sci. 44:1273-1282
  7. [3] Terminator gene halt a 'major U-turn'
  8. Stanley WB Ewen and Arpad Pusztai: "Effect of diets containing genetically modified potatoes expressing Galanthus nivalis lectin on rat small intestine", The Lancet, Volume 354, Issue 9187, October 16, 1999, Pages 1353-1354 Link
  9. [4] Séralini, G.E., Cellier, D., de Vendomois, J.,S., 2007. New analysis of a rat feeding study with a genetically modified maize reveals signs of hepatorenal toxicity. Arch. Environ. Contam. Toxicol., 52, 596-602.
  10. Opinion of the Scientific Panel on Genetically Modified Organisms on a request from the Commission related to the Notification (Reference C/DE/02/9) for the placing on the market of insect-protected genetically modified maize MON 863 and MON 863 x MON 810, for import and processing, under Part C of Directive 2001/18/EC from Monsanto, The EFSA Journal (2004) 49, 1-25 [5]
  11. Rat study, European Food Safety Authority.
  12. EFSA review of statistical analyses conducted for the assessment of the MON 863 90-day rat feeding study [6]
  13. [7] Identification of a Brazil-Nut Allergen in Transgenic Soybeans Julie A. Nordlee, M.S., Steve L. Taylor, Ph.D., Jeffrey A. Townsend, B.S., Laurie A. Thomas, B.S., and Robert K. Bush, M.D. NEJM 334:688-692
  14. [8]. Rita Batista, Baltazar Nunes, Manuela Carmo, Carlos Cardoso, Helena São José, António Bugalho de Almeida, Alda Manique, Leonor Bento, Cândido Pinto Ricardo and Maria Margarida Oliveira. 2005. Lack of detectable allergenicity of transgenic maize and soya samples. Journal of Allergy and Clinical Immunology 116(2):403-410
  15. [9] Rita Batista, Isabel Martins, Paul Jenö, Cândido Pinto Ricardo, Maria Margarida Oliveira. 2007. A Proteomic Study to Identify Soya Allergens - The Human Response to Transgenic versus Non-Transgenic Soya Samples. International Archives of Allergy and Immunology .144(1): 29-38
  16. [10] M. Marvier, C. McCreedy, J. Regetz, P. Kareiva. 2007. A Meta-Analysis of Effects of Bt Cotton and Maize on Nontarget Invertebrates. Science 316(5830):1475-1477
  17. [11] Royer et al. (2007). Toxins in transgenic crop byproducts may affect headwater stream ecosystems. Proceedings of the National Academy of Sciences.

Ver também

Ligações externas