USS Kentucky (BB-6)

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USS Kentucky
 Estados Unidos
Operador Marinha dos Estados Unidos
Fabricante Newport News Shipbuilding
Homônimo Kentucky
Batimento de quilha 30 de junho de 1896
Lançamento 24 de março de 1898
Comissionamento 15 de maio de 1900
Descomissionamento 29 de maio de 1920
Número de registro BB-6
Destino Desmontado
Características gerais (como construído)
Tipo de navio Couraçado pré-dreadnought
Classe Kearsarge
Deslocamento 13 060 t (carregado)
Maquinário 2 motores de tripla-expansão
5 caldeiras
Comprimento 114,4 m
Boca 22 m
Calado 7,16 m
Propulsão 2 hélices
- 10 000 cv (7 360 kW)
Velocidade 16 nós (30 km/h)
Autonomia 5 070 milhas náuticas a 10 nós
(9 390 km a 19 km/h)
Armamento 4 canhões de 330 mm
4 canhões de 203 mm
14 canhões de 127 mm
20 canhões de 57 mm
8 canhões de 37 mm
4 tubos de torpedo de 457 mm
Blindagem Cinturão: 102 a 419 mm
Convés: 70 a 127 mm
Torres de artilharia: 381 a 432 mm
Torre de comando: 254 mm
Tripulação 38 oficiais
549 marinheiros

O USS Kentucky (BB-6) foi o segundo e último encouraçado pré-dreadnought da classe Kearsarge construído para a Marinha dos Estados Unidos na década de 1890. Projetado para defesa costeira, os encouraçados da classe Kearsarge tinham uma borda livre baixa e blindagem pesada. Os navios carregavam um armamento de quatro canhões de 330 milímetros e quatro de 203 milímetros em um arranjo incomum de torre de dois andares. A Newport News Shipbuilding Company em Virginia bateu sua quilha em 30 de junho de 1896. Ele foi lançado em 24 de março de 1898 e comissionado em 15 de maio de 1900.

Ao longo dos seus vinte anos de serviço, Kentucky não participou de nenhum combate. Entre 1901 e 1904, ele serviu no leste da Ásia e, de 1904 a 1907, cruzou o Atlântico. Em 1907, ele se juntou à Great White Fleet em sua turnê mundial, retornando aos Estados Unidos em 1909. Ele foi modernizado entre 1909 e 1911, mas não voltou a operar até 1915, quando navegou até a costa mexicana para participar da intervenção americana na Revolução Mexicana, onde permaneceu até 1916. De 1917 até seu descomissionamento em 29 de maio de 1920, ele serviu como navio de treinamento. Ele foi sucateado em 24 de março de 1923.

Projeto[editar | editar código-fonte]

A smaller turret on top of a bigger turret.
Torres em dois andares de Kentucky, por volta de 1900–1901

Os encouraçados da classe Kearsarge foram projetados para serem usados na defesa costeira.[1] Eles tinham um deslocamento de 10 470 toneladas, um comprimento total de 114 40 metros, uma boca de 22 metros e um calado de sete metros.[2] Os dois motores a vapor verticais de tripla expansão de 3 cilindros e cinco caldeiras escocesas, conectados a dois eixos de hélice, produziam um total de 12 179 cavalos de força, e lhe proporcionavam uma velocidade máxima de dezesseis nós (31 quilômetros por hora).[3] O Kentucky era tripulado por quarenta oficiais e 514 homens alistados, um total de 554 tripulantes.[4]

O Kentucky, assim como o USS Kearsarge, tinha duas torres duplas, com dois canhões de 330 milímetros calibre 35 e dois canhões de 203 milímetros calibre 40 cada, empilhadas em dois andares.[5] Os canhões e a blindagem da torre foram projetados pelo Bureau of Ordnance, enquanto a própria torre foi projetada pelo Bureau of Construction and Repair. A configuração fazia com que os canhões fossem montados bem atrás dentro da torre, tornando as aberturas dos canhões muito grandes. O almirante William Sims afirmou que, como resultado da montagem do canhão, um projétil disparado contra as aberturas poderia atingir os paióis abaixo, desativando os canhões.[6] Além dessas armas, Kentucky carregava quatorze canhões de 127 milímetros calibre quarenta, vinte canhões de 57 milímetros, oito canhões de 37 milímetros, quatro metralhadoras de sete milímetros, e quatro tubos de torpedos de 457 milímetros.[2] O Kentucky tinha uma borda livre muito baixa, muitas vezes tornando suas armas inutilizáveis durante o mau tempo.[7]

O cinturão de blindagem na linha d'água do navio ia de 127 a 419 milímetros de espessura. Suas torres principais eram protegidas por chapas de aço que variavam de 381 a 432 milímetros de blindagem, enquanto as torres secundárias tinham 152 a 279 milímetros de blindagem. As barbetas tinham 318 a 381 milímetros de espessura, e a torre de comando tinha 254 milímetros de armadura.[2] A blindagem do navio era feita de aço Harvey.[3]

Construção[editar | editar código-fonte]

O Kentucky foi autorizado em 2 de março de 1895.[8] O contrato para sua construção foi concedido em 2 de janeiro de 1896,[9] e sua quilha foi batida em 30 de junho de 1896 pela Newport News Shipbuilding & Dry Dock Company na Virgínia.[2][10] O custo total do navio foi de 4 998 119,43 dólares.[3] Em preparação para o batismo do Kentucky, a Marinha pediu ao então governador de Kentucky, William O'Connell Bradley, que selecionasse um membro de sua família para realizar a cerimônia. Bradley escolheu sua filha, Christine, que frequentava a escola em Washington, DC[10] Os Bradleys eram uma família de abstêmios,[11] então o governador Bradley enviou uma garrafa de água de Lincoln Spring em Hodgenville, Kentucky, para Christine usar durante a cerimónia.[10] O Kentucky foi batizado em 24 de março de 1898, no mesmo dia que seu navio irmão, Kearsarge.[10] Logo depois que a senhora Bradley quebrou a garrafa de água na proa do Kentucky, uma delegação da Women's Christian Temperance Union, liderada por Frances Beauchamp, presenteou a filha do governador com uma bandeja de prata, um jarro de água e duas taças. A inscrição dizia: "da Kentucky Christian Temperance Union para Miss Christine Bradley, como um tributo à sua lealdade à convicção no batismo do Encouraçado Kentucky com água. 10 de março de 1898."[11] O Kentucky foi comissionado em 15 de maio de 1900, sob o comando do capitão Colby Mitchell Chester.[12]

Histórico de serviço[editar | editar código-fonte]

Durante o verão de 1900, o Kentucky foi equipado no New York Navy Yard.[13] Em 26 de outubro, durante a Rebelião dos Boxers, ele deixou Tompkinsville, Staten Island com destino à China,[14] passando por Gibraltar[15] e pelo Canal de Suez.[16] Em 5 de fevereiro de 1901 ele chegou a Manila,[17] e em 23 de março ela substituiu o cruzador protegido Newark como a nau capitânia do contra-almirante Louis Kempff.[18] Entre 1901 e 1904, o Kentucky visitou vários portos na China e no Japão, incluindo Chefoo,[19] Wusong,[19][20][21] Nanquim,[20] Taku Forts,[22] Hong Kong,[23] Xiamen,[21] Nagasaki,[24] Kobe,[13] e Yokohama.[25] Em 1902, o encouraçado tornou-se a nau capitânia do contra-almirante Frank Wildes, embora ele tenha movido sua bandeira para o navio de destilação Rainbow em 12 de abril de 1902.[25] Em novembro de 1902, ele se tornou a nau capitânia do contra-almirante Robley D. Evans.[26]

Em 13 de março de 1904, ele partiu de Manila, passando pelo Canal de Suez e pelo Estreito de Gibraltar, e chegando à cidade de Nova York em 21 de maio.[27] Depois de receber atualizações no New York Naval Yard, incluindo a adição de ejetores de fumaça,[28] o Kentucky se juntou ao Esquadrão do Atlântico Norte.[29] O encouraçado participou das boas-vindas do Esquadrão Britânico do Atlântico Norte em Annapolis, Maryland, em outubro de 1905.[29] Durante a Insurreição cubana de 1906, ele carregou fuzileiros navais para Cuba, embarcando-os em Provincetown em 23 de setembro e desembarcando-os em Havana, Cuba, em 1 de outubro.[30] Ele permaneceu lá até 9 de outubro e depois voltou para a Nova Inglaterra.[31] O Kentucky participou da Exposição de Jamestown em Norfolk, Virgínia, em 15 de abril de 1907,[4] e depois participou de exercícios na costa da Nova Inglaterra.[13]

Great White Fleet[editar | editar código-fonte]

Kentucky painted white
O Kentucky em Sydney, como parte da Grande Frota Branca, no final de agosto de 1908. O casco branco que deu nome à frota pode ser visto.[32]

Em 13 de março de 1904, ele partiu de Manila, passando pelo Canal de Suez e pelo Estreito de Gibraltar, e chegando à cidade de Nova York em 21 de maio.[27] Após receber atualizações no New York Naval Yard, incluindo a adição de ejetores de fumaça,[33] o Kentucky se juntou ao Esquadrão do Atlântico Norte.[29] O encouraçado participou das boas-vindas do Esquadrão Britânico do Atlântico Norte em Annapolis, Maryland, em outubro de 1905.[29] Durante a Insurreição cubana de 1906, ele carregou fuzileiros navais para Cuba, embarcando-os em Provincetown em 23 de setembro e desembarcando-os em Havana, em 1º de outubro.[30] Ele permaneceu lá até 9 de outubro e depois voltou para a Nova Inglaterra.[31] O Kentucky participou da Exposição de Jamestown em Norfolk, Virgínia, em 15 de abril de 1907,[4] e depois participou de exercícios na costa da Nova Inglaterra.[13]

Em 1907, a Great White Fleet recebeu ordens do presidente dos Estados Unidos, Theodore Roosevelt, para dar a volta ao mundo, como uma demonstração do poder da Marinha dos Estados Unidos.[34] O Kentucky foi anexado à Quarta Divisão do Segundo Esquadrão,[35] e era comandado pelo capitão Walter C. Cowles,[36] enquanto a frota como um todo era comandada pelo contra-almirante Evans, ex-oficial de bandeira do Kentucky.[32] Em 16 de dezembro de 1907, a frota saudou o iate presidencial Mayflower,[37] e partiu de Hampton Roads.[38] A frota então navegou para o sul, passando por Trinidad e Rio de Janeiro,[39] e passando pelo Estreito de Magalhães.[40] De lá ela passou pela costa oeste da América do Sul, visitando Punta Arenas[41] e Valparaíso, Chile,[42] Callao, Peru,[43] e Baía Magdalena, México.[44] A frota chegou a San Diego em 14 de abril de 1908[45] e continuou para San Francisco em 6 de maio.[46] Dois meses depois chegou a Honolulu,[47] e de lá partiu para Auckland, Nova Zelândia, chegando em 9 de agosto.[48] Em 20 de agosto, a frota chegou a Sydney, na Austrália, e uma semana depois partiu para Melbourne.[49]

O Kentucky partiu de Albany, Austrália Ocidental, em 18 de setembro, passando por portos nas Ilhas Filipinas, Japão, China e Ceilão antes de viajar pelo Canal de Suez.[50] A frota se separou em Port Said em 8 de janeiro de 1909, com o Kentucky visitando Trípoli e Argel[51] antes de se juntar aos outros navios em Gibraltar.[52] Ele voltou para Hampton Roads em 22 de fevereiro e foi inspecionado pelo presidente Roosevelt.[53]

Serviço posterior[editar | editar código-fonte]

Kentucky, pintura de Alexander Kircher, c. 1908

Tal como aconteceu com a maioria dos navios da Grande Frota Branca, o Kentucky foi modernizado em seu retorno.[54] Ele foi desativado no Philadelphia Naval Shipyard[13] em 28 de agosto de 1909,[55] e sua modernização foi concluída em 1911, a um custo de 675 mil dólares americanos.[56] O navio recebeu mastros treliçados, novas caldeiras aquatubulares e quatro canhões de 127 milímetros. As armas de 1 libra foram removidas, assim como dezesseis das de 6 libras.[7] Em 4 de junho de 1912, ele foi recomissionado na Segunda Reserva, e em 31 de maio de 1913 ele foi transferido para a Frota de Reserva do Atlântico na Filadélfia.[13]

Ele foi recomissionado novamente na Filadélfia em 23 de junho de 1915.[13] Em 11 de setembro daquele ano, após a ocupação de Veracruz pelos Estados Unidos, ele navegou para o México, chegando a Veracruz em 28 de setembro. Ele permaneceu lá durante a Revolução Mexicana, permanecendo até 2 de junho de 1916, exceto por uma visita a Nova Orleans para o festival Mardi Gras em março de 1916.[57] O encouraçado parou na Base Naval da Baía de Guantánamo[58] e Santo Domingo em seu caminho de volta à Filadélfia, chegando lá em 18 de junho de 1916.[13] De julho a setembro, ele treinou milicianos perto de Block Island e Boston.[59][60][61] Em 2 de outubro, o Kentucky retornou a Nova York,[13] e entrou no Estaleiro Naval de Nova York em 2 de janeiro de 1917,[62] permanecendo lá até os Estados Unidos entrarem na Primeira Guerra Mundial.[13] Ele chegou a Yorktown, Virgínia, em 2 de maio, e treinou recrutas ao longo da costa atlântica, da Baía de Chesapeake a Long Island Sound.[13] Durante a guerra, ele treinou milhares de homens, em 15 grupos de recrutas.[13]

O Kentucky foi reformado no Boston Navy Yard, começando em 20 de dezembro de 1918.[13] Em 18 de março de 1919, ele partiu para exercícios na Baía de Guantánamo, Norfolk, e ao longo da costa da Nova Inglaterra.[13] Entre 29 de maio e 30 de agosto de 1919, Kentucky treinou aspirantes da Academia Naval dos Estados Unidos.[13] Após a Primeira Guerra Mundial, os Estados Unidos concordaram com o Tratado Naval de Washington, que visava impedir uma corrida armamentista naval, limitando o tamanho das frotas dos signatários.[63] Como resultado, muitos navios antigos e obsoletos foram descartados, incluindo o Kentucky.[64] O encouraçado foi desativado em 29 de maio de 1920.[64] Seu nome foi retirado do Registro Naval em 27 de maio de 1922 e ele foi vendido como sucata para a Dravo Corporation em 24 de março de 1923.[9]

Notas

  • Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «USS Kentucky (BB-6)».

    Referências

  1. Crawford 2008, p. 12.
  2. a b c d Chesneau, Koleśnik & Campbell 1979, p. 141.
  3. a b c Reilly & Scheina 1980, p. 94.
  4. a b c Newhart 1995, p. 22.
  5. Friedman 1985, pp. 30–32.
  6. Friedman 1985, p. 17.
  7. a b Reilly & Scheina 1980, p. 92.
  8. Reilly & Scheina 1980, p. 83.
  9. a b NVR Kentucky (BB 6).
  10. a b c d Houston Daily Post 25 de março de 1898.
  11. a b Clark & Lane 2002, p. 65–66.
  12. Alexandria Gazette 15 de maio de 1900.
  13. a b c d e f g h i j k l m n o DANFS Kentucky (BB-6).
  14. The Honolulu Republican 8 de novembro de 1900.
  15. The Weekly Messenger 17 de novembro de 1900.
  16. The San Francisco Call 22 de dezembro de 1900.
  17. The Bee 7 de fevereiro de 1901.
  18. Evening Star 23 de março de 1901.
  19. a b The Saint Paul Globe 15 de outubro de 1901.
  20. a b The San Francisco Call 29 de outubro de 1901.
  21. a b Evening Star 3 de junho de 1901.
  22. The Washington Times 24 de julho de 1902.
  23. Evening Star 14 de novembro de 1901.
  24. The Washington Times 29 de junho de 1902.
  25. a b The Washington Times 13 de abril de 1902.
  26. Evening Bulletin 8 de novembro de 1902.
  27. a b Daily Public Ledger 26 de maio de 1904.
  28. Palestine Daily Herald 26 de outubro de 1904.
  29. a b c d The Salt Lake Tribune 31 de outubro de 1905.
  30. a b The Sun 26 de setembro de 1906.
  31. a b The Bemidji Daily Pioneer 9 de outubro de 1906.
  32. a b Yarsinske 1999, p. 107.
  33. Palestine Daily Herald 26 de outuro de 1904.
  34. Albertson 2008, p. 26.
  35. Albertson 2008, p. 46.
  36. Albertson 2008, p. 177.
  37. Albertson 2007, p. 39.
  38. Albertson 2008, p. 181.
  39. Albertson 2008, p. 54.
  40. Albertson 2008, p. 66.
  41. Albertson 2008, p. 64.
  42. Albertson 2008, p. 67.
  43. Albertson 2008, p. 69.
  44. Albertson 2008, p. 73.
  45. Albertson 2008, p. 184.
  46. Albertson 2008, p. 185.
  47. Albertson 2008, pp. 90–95.
  48. Albertson 2008, p. 95.
  49. Albertson 2008, p. 188.
  50. Albertson 2008, p. 188–190.
  51. Albertson 2008, p. 191.
  52. Yarsinske 1999, p. 109.
  53. Albertson 2008, pp. 191–192.
  54. Friedman 1985, p. 82.
  55. Harris 1992, p. 489.
  56. Friedman 1985, pp. 82–83.
  57. Bogart 2010.
  58. The Sun 6 de junho de 1916.
  59. The Ogden Standard 25 de julho de 1916.
  60. The Ogden Standard 19 de agosto de 1916.
  61. Kentucky Irish American 2 de setembro de 1916.
  62. The Sun 3 de janeiro de 1917.
  63. Breyer 1973, p. 70.
  64. a b New York Tribune 15 de janeiro de 1922.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Livros[editar | editar código-fonte]

Jornais[editar | editar código-fonte]

Outros[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]