Usuário(a):ResendeMath/Testes/Divisões do mundo no Islã

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Na concepção islâmica do mundo[1] podemos dividi-lo em duas casas: a Casa do Islã (Dar al-Islam) que seriam países muçulmanos governados pela sharia[2], e a Casa da Guerra (Dar al-Harb) que compreenderia os infiéis (kafir). Existe também um status intermediário, a Casa da Trégua (Dar al- Sulh) ou Casa da Aliança (Dar al-´Ahd) que são países que compactuam algum tipo de acordo com os países muçulmanos através do pagamento de uma taxa chamada jizya[3].

Principais divisões religiosas[editar | editar código-fonte]

Dar al-Islam[editar | editar código-fonte]

A Casa do Islã ideal seria aquela governada por um Estado muçulmano regida pela sharia. Um dos deveres do bom fiel, é lutar para que esse fim se realize[4]. Após a crise petrolífera de 1974 aumentaram o número de contingentes de muçulmanos que chegaram à Europa[5], entretanto tinha-se dúvida se eles poderiam praticar suas obrigações religiosas num país não-muçulmano. Outros viam nisso uma maneira de islamizar o Ocidente, segundo críticos começariam então com uma espécie de “sociedade alternativa” islâmica, ou seja tentado implementar as regras religiosas em espaços delimitados para depois se expandirem como um todo[6].

Países de maioria muçulmana classificados pelo aspecto constitucional da religião.

Os dhimmis (cidadãos não muçulmanos) de um Estado em que a sharia está em vigor, teriam uma certa autonomia social, entretanto deveriam pagar o imposto por pessoa (jizya), e estariam proibidos de possuírem armas[7]. No Império Otomano, os dhimmis (usualmente cristãos ou judeus) eram um meio da propagação da influência estrangeira nesses territórios, deve-se ao fato de terem o entendimento de línguas europeias e também convergências religiosas com o velho continente[8]. Essa minoria acabou adquirindo tal proeminência que em 1839 os otomanos acabaram com a dhimma, e em 1854 aboliram com a jizya[9].

A intolerância com o diferente é ainda grande em países muçulmanos. As minorias judaicas e cristãs que em certos períodos conviveram harmoniosamente, como na Espanha islâmica[10], hoje são muitas das vezes perseguidas, como é o caso dos cristãos coptas[11] no Egito. Os seguidores dessa fé, não veem a etnia ou a nacionalidade como caraterísticas tão relevantes, até porque muitos dos atuais Estados do Norte da África e do Oriente Médio são concepções modernas[12] do início do século XX.

Dar al-Harb[editar | editar código-fonte]

Protesto anti-islã na Polônia (2015)

Em certos períodos poderia haver um cessar de hostilidades com a Casa da Guerra, podendo ser renovado essa medida quantas vezes forem necessárias[13].

Islamitas conservadores consideram que a liberdade sexual, as altas taxas de divórcio, o alcoolismo, entre outros são sinal da decadência que compreende a relação entre os sexos no Ocidente[14].

Dar al-Sulh ou Dar al-'Ahd[editar | editar código-fonte]

Essas casas eram constituídas por Estados não-muçulmanos. Os soberanos islâmicos ao receberem a jizya poderiam aumentar o alcance do pacto (‘Ahd), e então poderiam fazer acordos políticos, militares e comercias com esses países que se submeteram[15].

Um infiel até poderia visitar a Casa da Islã, e receberia o salvo-conduto denominado amãn . O amãn era uma tipo de fórmula para o contato pacífico[16].

O Islã e o mundo ocidental[editar | editar código-fonte]

Muçulmanos exigindo publicamente a aplicação da Sharia na Grã-Bretanha.

A recente onda de imigração na Europa que é a maior desde a Segunda Guerra Mundial [17], tem preocupado muitos países desse continente, principalmente os do Leste Europeu[18]. Diversas manifestações têm sido realizadas pedindo a deportação desses refugiados[19], e que são acusadas de islamofobia[20] pela grande imprensa.

Cartaz contra a burca na Austrália.

A expectativa do aumento da porcentagem[21] de muçulmanos na região trará novos desafios a essas sociedades, como a busca pela inserção dessas comunidades na cultura local, o que nem sempre tem obtido sucesso[22]. Um seguidor dessa crença não pode renunciar a um território que tenha sido islamizado[23], e por isso conflitos entre os valores ocidentais e orientais serão mais frequentes.

As correntes políticas de esquerda e direita realizam atualmente um debate polarizado sobre a integração desses imigrantes no mundo desenvolvido, a primeira optando por uma visão mais multiculturalista e a segunda por uma visão de conflito, ou melhor dizendo de Choque de civilizações.







Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. LEWIS, Bernard (2004). A crise do Islã: guerra santa e terror profano. Rio de Janeiro: Zahar. pp. p. 47 
  2. QUIRING-ZOCHE, Rosemarie (1997). «Luta religiosa ou luta política? O levante dos malês da Bahia segundo uma fonte islâmica.». Afro-Ásia. Consultado em 25 de junho de 2017 
  3. LEWIS, Bernard (2004). A crise do Islã: guerra santa e terror profano. Rio de Janeiro: Zahar. pp. p. 54 
  4. LEWIS, Bernard (2010). A descoberta da Europa pelo Islã. São Paulo: Perspectiva. pp. p. 57 
  5. DEMANT, Peter (2004). O mundo muçulmano. São Paulo: Contexto. pp. p. 174 
  6. DEMANT, Peter (2004). O mundo muçulmano. São Paulo: Contexto. pp. p. 176 
  7. DEMANT, Peter (2004). O mundo muçulmano. São Paulo: Contexto. pp. p. 163 
  8. DEMANT, Peter (2004). O mundo muçulmano. São Paulo: Contexto. pp. p. 165 
  9. DEMANT, Peter (2004). O mundo muçulmano. São Paulo: Contexto. pp. p. 165 
  10. DEMANT, Peter (2004). O mundo muçulmano. São Paulo: Contexto. pp. p. 162 
  11. Azevedo, Guilherme (13 de abril de 2017). «Perseguidos pelo EI no Egito, coptas no Brasil rezam por terroristas: "São pessoas vazias".». UOL. Consultado em 26 de junho de 2017 
  12. LEWIS, Bernard (2004). A crise do Islã: guerra santa e terror profano. Rio de Janeiro: Zahar. pp. p. 15 
  13. LEWIS, Bernard (2010). A descoberta da Europa pelo Islã. São Paulo: Perspectiva. pp. p. 59 
  14. DEMANT, Peter (2004). O mundo muçulmano. São Paulo: Contexto. pp. p. 162 
  15. LEWIS, Bernard (2010). A descoberta da Europa pelo Islã. São Paulo: Perspectiva. pp. p. 59 
  16. LEWIS, Bernard (2010). A descoberta da Europa pelo Isã. São Paulo: Perspectiva. pp. p. 59 
  17. Calixto, Bruno; Yonaha, Liuca; Vergotti, Marco; Schimidt, Pedro (23 de setembro de 2015). «Número de refugiados é o maior desde a Segunda Guerra Mundial.». Época. Consultado em 25 de junho de 2017 
  18. «Leste Europeu relaciona atentados a refugiados». terra. 24 de março de 2016. Consultado em 25 de junho de 2017 
  19. «Protestos contra imigrantes levam milhares a ruas da Europa». G1. 6 de fevereiro de 2016. Consultado em 25 de junho de 2017 
  20. Magalhães-Ruether, Graça; Oswald, Vivian (11 de janeiro de 2015). «Fantasma da islamofobia assombra muçulmanos na Europa». O GLOBO. Consultado em 25 de junho de 2017 
  21. «Em 40 anos, a percentagem de muçulmanos na Europa aumentará 63%». OBSERVADOR. 19 de fevereiro de 2016. Consultado em 26 de junho de 2017 
  22. «Integração de muçulmanos na Europa é quase impossível, diz presidente tcheco». O GLOBO/COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS. 18 de janeiro de 2016. Consultado em 26 de junho de 2017 
  23. LEWIS, Bernard (2004). A crise do Islã: guerra santa e terror profano. Rio de Janeiro: Zahar. pp. p. 21 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Demant, Peter (2004). O mundo muçulmano. São Paulo: Contexto. ISBN 8572442553
  • Lewis, Barnard (2004). A crise do Islã: guerra santa e terror profano. Rio de Janeiro: Zahar. ISBN 85-7110-804-8
  • Lewis, Bernard (2010). A descoberta da Europa pelo Islã. São Paulo: Perspectiva. ISBN 9788527308762