Parasitismo: diferenças entre revisões

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'''Parasitismo''' (do [[Língua grega|grego]] παράσιτος, parásîtos: de pará, ao lado, junto de + sîtos, alimento), podendo significar “aquele que come ao lado de outro”. O parasitismo é uma relação de dependência entre duas espécies diferentes, onde um tem dependência metabólica do outro. O fato de ocorrer dano ou não é muito variável, de acordo individualmente com cada [[hospedeiro]] e espécie de [[parasita]], em cada ambiente em que se encontram.<ref>Ferreira et al. Parasitismo não é doença parasitária. Norte Ciência, vol. 3, n. 1, p. 200-221, 2012.</ref> É importante salientar que a sobrevivência do hospedeiro interessa o parasita, o qual depende metabolicamente dele. Logo, a morte do hospedeiro representaria a morte do parasita também.
'''Parasitismo''' é uma relação de alto grau de proximidade entre dois seres vivos, na qual um organismo vive dentro de ou sobre outro, com o parasita tendo um metabolismo dependente de e podendo causar dano no hospedeiro.<ref>{{Citar livro|url=https://princetonup.degruyter.com/view/title/507175|título=Evolutionary Ecology of Parasites: Second Edition|ultimo=Poulin|primeiro=Robert|data=2007-01-01|editora=Princeton University Press}}</ref> No entanto, o grau de prejuízo ao hospedeiro é muito variável, de acordo com o ambiente em que os dois organismos interagentes se encontram e quais são as espécies em questão.<ref>Ferreira et al. Parasitismo não é doença parasitária. Norte Ciência, vol. 3, n. 1, p. 200-221, 2012.</ref> É importante salientar que a sobrevivência do hospedeiro interessa o parasita, o qual depende dele de alguma forma. Logo, a morte do hospedeiro representaria a morte do parasita também. Porém, é possível que dependendo da fase de vida em que se encontra o organismo parasita, este consiga se reproduzir antes da morte de seu hospedeiro e, assim, perpetuar a espécie, como ocorre com ''[[Plasmodium]]''.<ref>{{Citar periódico |url=http://www.nature.com/articles/nature01107 |título=A proteomic view of the Plasmodium falciparum life cycle |data=2002-10 |acessodata=2023-03-12 |periódico=Nature |número=6906 |ultimo=Florens |primeiro=Laurence |ultimo2=Washburn |primeiro2=Michael P. |paginas=520–526 |lingua=en |doi=10.1038/nature01107 |issn=0028-0836 |ultimo3=Raine |primeiro3=J. Dale |ultimo4=Anthony |primeiro4=Robert M. |ultimo5=Grainger |primeiro5=Munira |ultimo6=Haynes |primeiro6=J. David |ultimo7=Moch |primeiro7=J. Kathleen |ultimo8=Muster |primeiro8=Nemone |ultimo9=Sacci |primeiro9=John B.}}</ref>


Quando os [[Doença parasitária|parasitos]] colonizam um hospedeiro, diz-se que este abriga uma [[infecção]]. Somente se a infecção ocasiona sintomas claramente prejudiciais ao hospedeiro pode-se dizer que este tem uma [[doença]]. Para muitos parasitas, existe a suposição de que o hospedeiro possa sofrer algum dano, mas, como ainda não foi identificado qualquer sintoma específico, não há doença. [[Patologia|Patógeno]] é o termo que pode ser aplicado a qualquer parasito que provoca uma doença (ou seja ele é [[Agente patogénico|patogênico]]).
Existem diferentes estratégias de parasitismo, de acordo com o grau de proximidade entre as duas espécies e a interação entre elas. A princípio, uma distinção pode ser realizada entre endo- e ectoparasitas, respectivamente correspondentes àqueles que vivem dentro do corpo do hospedeiro ou somente em sua superfície<ref name=":0">{{Citar periódico |url=https://www.journals.uchicago.edu/doi/10.1086/392949 |título=Parasitism, Host Immune Function, and Sexual Selection |data=1999-03 |acessodata=2023-03-12 |periódico=The Quarterly Review of Biology |número=1 |ultimo=Moller |primeiro=A. P. |ultimo2=Christe |primeiro2=P. |paginas=3–20 |lingua=en |doi=10.1086/392949 |issn=0033-5770 |ultimo3=Lux |primeiro3=E.}}</ref>. Quando os [[Doença parasitária|parasitos]] colonizam um hospedeiro, diz-se que este abriga uma [[infecção]]. Somente se a infecção ocasiona sintomas claramente prejudiciais ao hospedeiro pode-se dizer que este tem uma [[doença]]. [[Patologia|Patógeno]] é o termo que pode ser aplicado a qualquer parasito que provoca uma doença (ou seja, ele é [[Agente patogénico|patogênico]]).<ref>{{Citar periódico |url=http://dx.doi.org/10.1201/9780203833445 |título=Molecular Biology of the Cell |data=2007-12-31 |acessodata=2023-03-12 |ultimo=Alberts |primeiro=Bruce |ultimo2=Johnson |primeiro2=Alexander |doi=10.1201/9780203833445 |ultimo3=Lewis |primeiro3=Julian |ultimo4=Raff |primeiro4=Martin |ultimo5=Roberts |primeiro5=Keith |ultimo6=Walter |primeiro6=Peter}}</ref>


De um ponto de vista ecológico, o parasitismo, assim como a [[predação]], é uma relação na qual um organismo é beneficiado às custas de outro, que passa a ser tratado como um recurso. Desta forma, o parasita aumenta sua própria aptidão enquanto reduz a deu hospedeiro, seja por roubo de recursos, seja pelo uso de um organismo como hospedeiro intermediário/secundário até que atinjam o outro hospedeiro definitivo/primário. No entanto, as principais diferenças entre esta relação ecológica e a predação incluem o fato dos parasitas tenderem a ser muito menores que seus hospedeiros, além de não os matarem e viverem dentro de ou sobre outro organismo por períodos de tempo estendidos.<ref name=":1">{{Citar periódico |url=https://www.cell.com/trends/ecology-evolution/abstract/S0169-5347(08)00274-7 |título=Parasites as predators: unifying natural enemy ecology |data=2008-11-01 |acessodata=2023-03-12 |periódico=Trends in Ecology & Evolution |número=11 |ultimo=Raffel |primeiro=Thomas R. |ultimo2=Martin |primeiro2=Lynn B. |paginas=610–618 |lingua=English |doi=10.1016/j.tree.2008.06.015 |issn=0169-5347 |pmid=18823679 |ultimo3=Rohr |primeiro3=Jason R.}}</ref> No geral, é comum que parasitas sejam altamente especializados e, especialmente em animais, reproduzem em taxas maiores que seus hospedeiros. Exemplos disso incluem pulgas e tênias que parasitam vertebrados. Vale ressaltar que esta interação ecológica, presente nos mais diversos filos e grandes grupos de seres vivos, pode ser interpretada com saprofítica ou até mesmo tornar-se mutualística, de acordo com os seres em questão, o ambiente em que habitam e o contexto em que ocorre tal relação.
== Exemplos ==

É muito comum que o ser humano seja hospedeiro de parasitas, sejam eles vírus, bactérias, protozoários (como ''[[Plasmodium]]'') até invertebrados diversos (tênias, lombrigas, carrapatos, etc.). Como parasitas podem interagir com muitas espécies, é comum que sejam vetores de patógenos, por exemplo ''[[Aedes aegypti]]'', transmissor de diversos vírus causadores de doenças em humanos. Em termos científicos, apesar da medicina já tratar destes seres, a parasitologia como área propriamente dita surgiu e se desenvolveu ao longo do século XIX.<ref>{{Citar periódico |url=https://journals.asm.org/doi/10.1128/CMR.15.4.595-612.2002 |título=History of Human Parasitology |data=2002-10 |acessodata=2023-03-12 |periódico=Clinical Microbiology Reviews |número=4 |ultimo=Cox |primeiro=F. E. G. |paginas=595–612 |lingua=en |doi=10.1128/CMR.15.4.595-612.2002 |issn=0893-8512 |pmc=PMC126866 |pmid=12364371}}</ref> Culturalmente, o termo "parasita" é tratado como tendo conotações negativas.

== Etimologia ==
O termo "parasita" originou-se do grego παράσιτος, parásîtos: de pará, ao lado, junto de + sîtos, alimento ("aquele que come na mesa de outro").<ref>{{citar web|ultimo=George, Scott|primeiro=Henry,Robert|url=http://www.perseus.tufts.edu/hopper/text?doc=Perseus%3Atext%3A1999.04.0057%3Aentry%3Dpara%2F|titulo=A Greek-English Lexicon|data=|acessodata=|publicado=}}</ref> Foi posteriormente latinizado em "parasitus", que por sua foi utilizado no francês medieval e, então, usado pela primeira vez em inglês em 1539. Na definição original da língua grega, o termo não era de natureza estritamente pejorativa. Ser um parasito era um modo de vida aceito, no qual uma pessoa podia viver da hospitalidade dos outros e, em troca, fornecer "lisonja, serviços simples e uma vontade de suportar Humilhação ".<ref>{{citar web|url=|titulo=Food and Drink in Antiquity: A Sourcebook: Readings from the Graeco-Roman World|data=2014|acessodata=|publicado=Bloomsbury|ultimo=Donahue|primeiro=J.F}}</ref>

== Estratégias evolutivas ==

=== Conceitos básicos ===
Parasitismo é um tipo de '''simbiose''', uma interação biológica de longa duração com alto grau de proximidade entre um parasita e seu hospedeiro. Diferentemente de saprófitas, parasitas se alimentam de seus hospedeiros enquanto vivos. Trata-se de uma relação na qual o hospedeiro é prejudicado, tendo nutrientes capturados pelo parasita de forma direta ou indireta (como é o caso de parasitas intestinais que meramente se alimentam da comida já digerida). No geral, uma das principais distinções quanto à predação é o fato desta interação no geral ser breve e, deste modo, não podendo ser classificada como uma simbiose.<ref name=":1" />

Dentre as diferentes estratégias possíveis, a classificação ocorre sobretudo de acordo com a interação ocorrendo e a fase do ciclo de vida dos organismos em questão. Um '''parasita obrigatório''' depende completamente de seu hospedeiro para completar seu ciclo de vida, o que não ocorre com um '''parasita facultativo'''.<ref>{{Citar periódico |url=https://www.annualreviews.org/doi/10.1146/annurev.pp.07.060156.000555 |título=Obligate Parasitism |data=1956-06 |acessodata=2023-03-12 |periódico=Annual Review of Plant Physiology |número=1 |ultimo=Yarwood |primeiro=C E |paginas=115–142 |lingua=en |doi=10.1146/annurev.pp.07.060156.000555 |issn=0066-4294}}</ref> Ciclos de vida de parasitas que envolvem somente um único hospedeiro são chamados de "'''diretos'''", enquanto que ciclos de vida de parasitas que possuem dois ou mais hospedeiros são chamados de "'''indiretos'''". Neste caso, há um '''hospedeiro definitivo/primário''' (no qual ocorre a reprodução sexual do parasita) e um '''hospedeiro intermediário/secundário''', que é habitado somente em determinados momentos do ciclo de vida do parasita.<ref>{{Citar periódico |url=http://dx.doi.org/10.2307/3278513 |título=Animal Parasites: Their Life Cycles and Ecology |data=1974-12 |acessodata=2023-03-12 |periódico=The Journal of Parasitology |número=6 |ultimo=Mueller |primeiro=Justus F. |ultimo2=Olsen |primeiro2=O. Wilford |paginas=924 |doi=10.2307/3278513 |issn=0022-3395}}</ref> Um '''endoparasita''' vive dentro do corpo de seu hospedeiro, enquanto que um '''ectoparasita''' habita a superfície do hospedeiro.<ref name=":0" /> '''Mesoparasitas''', como é o caso de alguns [[copépodes]], entram em alguma abertura no corpo de seus hospedeiros, como a boca, e permanecem parcialmente inseridos no local.<ref>{{Citar periódico |url=http://dx.doi.org/10.1016/j.dsr.2010.01.002 |título=Meso- and bathy-pelagic fish parasites at the Mid-Atlantic Ridge (MAR): Low host specificity and restricted parasite diversity |data=2010-04 |acessodata=2023-03-12 |periódico=Deep Sea Research Part I: Oceanographic Research Papers |número=4 |ultimo=Klimpel |primeiro=Sven |ultimo2=Busch |primeiro2=Markus Wilhelm |paginas=596–603 |doi=10.1016/j.dsr.2010.01.002 |issn=0967-0637 |ultimo3=Sutton |primeiro3=Tracey |ultimo4=Palm |primeiro4=Harry Wilhelm}}</ref> Alguns parasitas podem ser '''generalistas''', podendo atingir várias espécies diferentes de hospedeiros, como é o caso da planta ''[[Cuscuta]].''<ref>{{Citar periódico |url=http://dx.doi.org/10.1016/j.pbi.2015.05.012 |título=Macromolecule exchange in Cuscuta–host plant interactions |data=2015-08 |acessodata=2023-03-12 |periódico=Current Opinion in Plant Biology |ultimo=Kim |primeiro=Gunjune |ultimo2=Westwood |primeiro2=James H |paginas=20–25 |doi=10.1016/j.pbi.2015.05.012 |issn=1369-5266}}</ref> No entanto, a grande maioria dos parasitas, especialmente protozoários e helmintos, são '''especialistas''', ou seja, atacam somente uma ou poucas espécies de determinado hospedeiro, possuindo algo grau de especialização. Uma outra distinção entre tipos de parasitas é referente ao tamanho dos mesmo, sendo também utilizada de acordo com o ciclo de vida dos mesmo: '''microparasitas''' correspondem a microrganismos e vírus que reproduzem e completam seus ciclos de vida inteiramente dentro dos hospedeiros, enquanto '''macroparasitas''' são seres multicelulares que reproduzem e concluem seus ciclos de vida fora ou sobre o corpo de seus hospedeiros.<ref>{{Citar periódico |url=http://dx.doi.org/10.1525/can.1987.2.1.02a00120 |título=Microparasites and Macroparasites |data=1987-02 |acessodata=2023-03-12 |periódico=Cultural Anthropology |número=1 |ultimo=Brown |primeiro=Peter J. |paginas=155–171 |doi=10.1525/can.1987.2.1.02a00120 |issn=0886-7356}}</ref>

Apesar destas distinções terem sido criadas com foco em parasitas de animais terrestres, elas podem ser utilizadas em outros ambientes e para outros filos. Um exemplo é o gênero da maior flor do mundo, ''[[Raflésia|Rafflesia]]'': seu estado vegetativo encontra-se inteiramente dentro da madeira de sua hospedeira (ou seja, é um endoparasita), somente emergindo à superfície durante a fase reprodutiva.<ref>{{Citar periódico |url=https://academic.oup.com/aob/article-lookup/doi/10.1093/aob/mcu114 |título=Holoparasitic Rafflesiaceae possess the most reduced endophytes and yet give rise to the world's largest flowers |data=2014-08 |acessodata=2023-03-12 |periódico=Annals of Botany |número=2 |ultimo=Nikolov |primeiro=Lachezar A. |ultimo2=Tomlinson |primeiro2=P. B. |paginas=233–242 |lingua=en |doi=10.1093/aob/mcu114 |issn=1095-8290 |pmc=PMC4111398 |pmid=24942001 |ultimo3=Manickam |primeiro3=Sugumaran |ultimo4=Endress |primeiro4=Peter K. |ultimo5=Kramer |primeiro5=Elena M. |ultimo6=Davis |primeiro6=Charles C.}}</ref> Muitos insetos herbívoros, como lagartas, podem ser interpretados como ectoparasitas, além de serem vetores de bactérias, fungos e vírus que causam doenças nas plantas.

A forma na qual um parasita detecta seu hospedeiro pode ocorrer na forma de sinais sensoriais, sejam eles vibrações, odores, temperatura, umidade, etc. Plantas parasitas, por exemplo, podem germinar sobre diversas superfícies além de seus próprios hospedeiros de acordo com a luminosidade, como é o caso de ''[[Phoradendron]]''<ref>{{Citar livro|url=http://worldcat.org/oclc/749381699|título=Monograph of Phoradendron (Viscaceae)|ultimo=Job.|primeiro=Kuijt,|data=2003|editora=Univ. of Michigan Herbarium|oclc=749381699}}</ref>.

=== '''Principais estratégias''' ===
Existem 6 estratégias principais de parasitismo: castração parasítica, parasitismo diretamente transmitido, parasitismo de transmissão trófica, parasitismo de transmissão por vetor, parasitoidismo e micropredação. Apesar de existirem estratégias intermediárias, a vasta maioria dos organismos parasitas nos mais diversos grupos convergiram em alguma destas 6 estratégias, demonstrando a estabilidade evolutiva das mesmas.<ref>{{Citar livro|url=https://princetonup.degruyter.com/view/title/507175|título=Evolutionary Ecology of Parasites: Second Edition|ultimo=Poulin|primeiro=Robert|data=2007-01-01|editora=Princeton University Press}}</ref>

Uma maneira de determinar as possibilidades evolutivas quanto às diferentes estratégias se dá por meio da análise de 4 questões principais: o efeito sobre o fitness do hospedeiro, o número de hospedeiros por etapa do ciclo de vida, a prevenção ou não de reprodução do hospedeiro e se o efeito sobre o hospedeiro depende da intensidade do parasitismo (= número de parasitas por hospedeiro). A partir desta análise, as principais estratégias de parasitismo, junto com predação, são evidenciadas.<ref name=":2">{{Citar periódico |url=https://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0169534702026150 |título=Trophic strategies, animal diversity and body size |data=2002-11 |acessodata=2023-03-12 |periódico=Trends in Ecology & Evolution |número=11 |ultimo=Lafferty |primeiro=Kevin D. |ultimo2=Kuris |primeiro2=Armand M. |paginas=507–513 |lingua=en |doi=10.1016/S0169-5347(02)02615-0}}</ref>
{| class="wikitable"
|+'''Estratégias evolutivas em parasitismo e predação;'''
'''Depende de intensidade: {{font color|green|verde}};'''
'''Independe de intensidade: {{font color|purple|roxo}}, em ''itálico'''''<ref name=":2" />
!Aptidão do hospedeiro
!Hospedeiro único, permanece vivo
!Hospedeiro único, morre
!Múltiplos hospedeiros
|-
|'''Capaz de reproduzir (aptidão > 0)'''
|{{font color|green|Parasitismo convencional}}
''{{font color|purple|Patógeno}}''
|{{font color|green|Parasitismo de transmissão trófica}}
''{{font color|purple|Patógeno de transmissão trófica}}''
|{{font color|green|Micropredador}}
''{{font color|purple|Micropredador}}''
|-
|'''Incapaz de reproduzir (aptidão = 0)'''
|{{font color|green|-}}
''{{font color|purple|Castração parasítica}}''
|{{font color|green|Castração parasítica de transmissão trófica}}
''{{font color|purple|Parasitoide}}''
|{{font color|green|Predador social}}
''{{font color|purple|Predador solitário}}''
|}

== Exemplo ==
'''Exemplos em plantas:'''
'''Exemplos em plantas:'''


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'''[[Ascaridíase]]''': é provocada pelo&nbsp;''Ascaris lumbricoides'', popularmente chamado de lombriga. Vive no intestino do ser humano, e sua instalação ocorre por meio da ingestão de água e alimentos contaminados por seus ovos. Ao serem ingeridos, os ovos liberam as larvas que passam pelo intestino, pulmões,&nbsp;traqueia&nbsp;e intestino novamente, no qual se instalam definitivamente e se desenvolvem até se tornarem lombrigas adultas. Estas lombrigas se reproduzem&nbsp;sexuadamente, formando novos ovos que, junto às fezes, podem retornar ao ambiente e iniciarem um novo ciclo.<ref name="Não_nomeado-yAHU-1"/>
'''[[Ascaridíase]]''': é provocada pelo&nbsp;''Ascaris lumbricoides'', popularmente chamado de lombriga. Vive no intestino do ser humano, e sua instalação ocorre por meio da ingestão de água e alimentos contaminados por seus ovos. Ao serem ingeridos, os ovos liberam as larvas que passam pelo intestino, pulmões,&nbsp;traqueia&nbsp;e intestino novamente, no qual se instalam definitivamente e se desenvolvem até se tornarem lombrigas adultas. Estas lombrigas se reproduzem&nbsp;sexuadamente, formando novos ovos que, junto às fezes, podem retornar ao ambiente e iniciarem um novo ciclo.<ref name="Não_nomeado-yAHU-1"/>

== Etimologia ==
O termo foi usado pela primeira vez em inglês em 1539,a expressão parasita vem do parasita francês medieval, do latino parasitus, da latinização do grego παράσιτος (parasitos), "aquele que come na mesa de outro".<ref>{{citar web|url=http://www.perseus.tufts.edu/hopper/text?doc=Perseus%3Atext%3A1999.04.0057%3Aentry%3Dpara%2F|titulo=A Greek-English Lexicon|data=|acessodata=|publicado=|ultimo=George, Scott|primeiro=Henry,Robert}}</ref> Em sua definição original, não era de natureza estritamente pejorativa.Ser um parasito era um modo de vida aceito, pelo qual uma pessoa podia viver da hospitalidade dos outros e, em troca, fornecer "lisonja, serviços simples e uma vontade de suportar Humilhação ".<ref>{{citar web|url=|titulo=Food and Drink in Antiquity: A Sourcebook: Readings from the Graeco-Roman World|data=2014|acessodata=|publicado=Bloomsbury|ultimo=Donahue|primeiro=J.F}}</ref>


== Doenças causadas por parasitas ==
== Doenças causadas por parasitas ==

Revisão das 01h58min de 12 de março de 2023

Opilião parasitado por ácaros

Parasitismo é uma relação de alto grau de proximidade entre dois seres vivos, na qual um organismo vive dentro de ou sobre outro, com o parasita tendo um metabolismo dependente de e podendo causar dano no hospedeiro.[1] No entanto, o grau de prejuízo ao hospedeiro é muito variável, de acordo com o ambiente em que os dois organismos interagentes se encontram e quais são as espécies em questão.[2] É importante salientar que a sobrevivência do hospedeiro interessa o parasita, o qual depende dele de alguma forma. Logo, a morte do hospedeiro representaria a morte do parasita também. Porém, é possível que dependendo da fase de vida em que se encontra o organismo parasita, este consiga se reproduzir antes da morte de seu hospedeiro e, assim, perpetuar a espécie, como ocorre com Plasmodium.[3]

Existem diferentes estratégias de parasitismo, de acordo com o grau de proximidade entre as duas espécies e a interação entre elas. A princípio, uma distinção pode ser realizada entre endo- e ectoparasitas, respectivamente correspondentes àqueles que vivem dentro do corpo do hospedeiro ou somente em sua superfície[4]. Quando os parasitos colonizam um hospedeiro, diz-se que este abriga uma infecção. Somente se a infecção ocasiona sintomas claramente prejudiciais ao hospedeiro pode-se dizer que este tem uma doença. Patógeno é o termo que pode ser aplicado a qualquer parasito que provoca uma doença (ou seja, ele é patogênico).[5]

De um ponto de vista ecológico, o parasitismo, assim como a predação, é uma relação na qual um organismo é beneficiado às custas de outro, que passa a ser tratado como um recurso. Desta forma, o parasita aumenta sua própria aptidão enquanto reduz a deu hospedeiro, seja por roubo de recursos, seja pelo uso de um organismo como hospedeiro intermediário/secundário até que atinjam o outro hospedeiro definitivo/primário. No entanto, as principais diferenças entre esta relação ecológica e a predação incluem o fato dos parasitas tenderem a ser muito menores que seus hospedeiros, além de não os matarem e viverem dentro de ou sobre outro organismo por períodos de tempo estendidos.[6] No geral, é comum que parasitas sejam altamente especializados e, especialmente em animais, reproduzem em taxas maiores que seus hospedeiros. Exemplos disso incluem pulgas e tênias que parasitam vertebrados. Vale ressaltar que esta interação ecológica, presente nos mais diversos filos e grandes grupos de seres vivos, pode ser interpretada com saprofítica ou até mesmo tornar-se mutualística, de acordo com os seres em questão, o ambiente em que habitam e o contexto em que ocorre tal relação.

É muito comum que o ser humano seja hospedeiro de parasitas, sejam eles vírus, bactérias, protozoários (como Plasmodium) até invertebrados diversos (tênias, lombrigas, carrapatos, etc.). Como parasitas podem interagir com muitas espécies, é comum que sejam vetores de patógenos, por exemplo Aedes aegypti, transmissor de diversos vírus causadores de doenças em humanos. Em termos científicos, apesar da medicina já tratar destes seres, a parasitologia como área propriamente dita surgiu e se desenvolveu ao longo do século XIX.[7] Culturalmente, o termo "parasita" é tratado como tendo conotações negativas.

Etimologia

O termo "parasita" originou-se do grego παράσιτος, parásîtos: de pará, ao lado, junto de + sîtos, alimento ("aquele que come na mesa de outro").[8] Foi posteriormente latinizado em "parasitus", que por sua foi utilizado no francês medieval e, então, usado pela primeira vez em inglês em 1539. Na definição original da língua grega, o termo não era de natureza estritamente pejorativa. Ser um parasito era um modo de vida aceito, no qual uma pessoa podia viver da hospitalidade dos outros e, em troca, fornecer "lisonja, serviços simples e uma vontade de suportar Humilhação ".[9]

Estratégias evolutivas

Conceitos básicos

Parasitismo é um tipo de simbiose, uma interação biológica de longa duração com alto grau de proximidade entre um parasita e seu hospedeiro. Diferentemente de saprófitas, parasitas se alimentam de seus hospedeiros enquanto vivos. Trata-se de uma relação na qual o hospedeiro é prejudicado, tendo nutrientes capturados pelo parasita de forma direta ou indireta (como é o caso de parasitas intestinais que meramente se alimentam da comida já digerida). No geral, uma das principais distinções quanto à predação é o fato desta interação no geral ser breve e, deste modo, não podendo ser classificada como uma simbiose.[6]

Dentre as diferentes estratégias possíveis, a classificação ocorre sobretudo de acordo com a interação ocorrendo e a fase do ciclo de vida dos organismos em questão. Um parasita obrigatório depende completamente de seu hospedeiro para completar seu ciclo de vida, o que não ocorre com um parasita facultativo.[10] Ciclos de vida de parasitas que envolvem somente um único hospedeiro são chamados de "diretos", enquanto que ciclos de vida de parasitas que possuem dois ou mais hospedeiros são chamados de "indiretos". Neste caso, há um hospedeiro definitivo/primário (no qual ocorre a reprodução sexual do parasita) e um hospedeiro intermediário/secundário, que é habitado somente em determinados momentos do ciclo de vida do parasita.[11] Um endoparasita vive dentro do corpo de seu hospedeiro, enquanto que um ectoparasita habita a superfície do hospedeiro.[4] Mesoparasitas, como é o caso de alguns copépodes, entram em alguma abertura no corpo de seus hospedeiros, como a boca, e permanecem parcialmente inseridos no local.[12] Alguns parasitas podem ser generalistas, podendo atingir várias espécies diferentes de hospedeiros, como é o caso da planta Cuscuta.[13] No entanto, a grande maioria dos parasitas, especialmente protozoários e helmintos, são especialistas, ou seja, atacam somente uma ou poucas espécies de determinado hospedeiro, possuindo algo grau de especialização. Uma outra distinção entre tipos de parasitas é referente ao tamanho dos mesmo, sendo também utilizada de acordo com o ciclo de vida dos mesmo: microparasitas correspondem a microrganismos e vírus que reproduzem e completam seus ciclos de vida inteiramente dentro dos hospedeiros, enquanto macroparasitas são seres multicelulares que reproduzem e concluem seus ciclos de vida fora ou sobre o corpo de seus hospedeiros.[14]

Apesar destas distinções terem sido criadas com foco em parasitas de animais terrestres, elas podem ser utilizadas em outros ambientes e para outros filos. Um exemplo é o gênero da maior flor do mundo, Rafflesia: seu estado vegetativo encontra-se inteiramente dentro da madeira de sua hospedeira (ou seja, é um endoparasita), somente emergindo à superfície durante a fase reprodutiva.[15] Muitos insetos herbívoros, como lagartas, podem ser interpretados como ectoparasitas, além de serem vetores de bactérias, fungos e vírus que causam doenças nas plantas.

A forma na qual um parasita detecta seu hospedeiro pode ocorrer na forma de sinais sensoriais, sejam eles vibrações, odores, temperatura, umidade, etc. Plantas parasitas, por exemplo, podem germinar sobre diversas superfícies além de seus próprios hospedeiros de acordo com a luminosidade, como é o caso de Phoradendron[16].

Principais estratégias

Existem 6 estratégias principais de parasitismo: castração parasítica, parasitismo diretamente transmitido, parasitismo de transmissão trófica, parasitismo de transmissão por vetor, parasitoidismo e micropredação. Apesar de existirem estratégias intermediárias, a vasta maioria dos organismos parasitas nos mais diversos grupos convergiram em alguma destas 6 estratégias, demonstrando a estabilidade evolutiva das mesmas.[17]

Uma maneira de determinar as possibilidades evolutivas quanto às diferentes estratégias se dá por meio da análise de 4 questões principais: o efeito sobre o fitness do hospedeiro, o número de hospedeiros por etapa do ciclo de vida, a prevenção ou não de reprodução do hospedeiro e se o efeito sobre o hospedeiro depende da intensidade do parasitismo (= número de parasitas por hospedeiro). A partir desta análise, as principais estratégias de parasitismo, junto com predação, são evidenciadas.[18]

Estratégias evolutivas em parasitismo e predação; Depende de intensidade: verde; Independe de intensidade: roxo, em itálico[18]
Aptidão do hospedeiro Hospedeiro único, permanece vivo Hospedeiro único, morre Múltiplos hospedeiros
Capaz de reproduzir (aptidão > 0) Parasitismo convencional

Patógeno

Parasitismo de transmissão trófica

Patógeno de transmissão trófica

Micropredador

Micropredador

Incapaz de reproduzir (aptidão = 0) -

Castração parasítica

Castração parasítica de transmissão trófica

Parasitoide

Predador social

Predador solitário

Exemplo

Exemplos em plantas:

Cipó-chumbo: o cipó-chumbo (Cuscuta racemosa) é uma planta parasita que não possui clorofila, o que lhe caracteriza uma cor amarelada. Por não realizar fotossíntese, cresce sobre outras plantas, sugando delas a seiva orgânica. Para extrair a seiva, o cipó-chumbo possui raízes especializadas chamadas de haustórios, ou simplesmente raízes sugadoras, que são capazes de penetrar até os vasos liberianos da planta hospedeira. Plantas como o cipó-chumbo, que retiram da planta hospedeira todos os seus nutrientes, são denominadas como holoparasitas.

Erva-de-passarinho: Erva-de-passarinho é o nome popular dado às representantes de algumas famílias de plantas hemiparasitas. Diferentemente das plantas holoparasitas, elas não extraem das plantas hospedeiras os nutrientes produzidos na fotossíntese. Também realizam fotossíntese, pois possuem clorofila, e retiram das outras plantas, através de suas raízes especializadas, apenas a seiva mineral (água e sais minerais).[19]

Exemplos em animais:

Teníase: é causada pelo verme do gênero Taenia, popularmente chamado de solitária, por geralmente ser encontrado sozinho no intestino de seu hospedeiro. É adquirida através da ingestão da carne de boi ou porco malcozidas, contendo as larvas (cisticercos) da tênia. A espécie de tênia que parasita o boi é a Taenia saginata e a que parasita o porco é a Taenia solium.

Ascaridíase: é provocada pelo Ascaris lumbricoides, popularmente chamado de lombriga. Vive no intestino do ser humano, e sua instalação ocorre por meio da ingestão de água e alimentos contaminados por seus ovos. Ao serem ingeridos, os ovos liberam as larvas que passam pelo intestino, pulmões, traqueia e intestino novamente, no qual se instalam definitivamente e se desenvolvem até se tornarem lombrigas adultas. Estas lombrigas se reproduzem sexuadamente, formando novos ovos que, junto às fezes, podem retornar ao ambiente e iniciarem um novo ciclo.[19]

Doenças causadas por parasitas

Os exemplos mais comuns são o de verminoses (causadas por vermes), o que muita das vezes pode levar o hospedeiro à morte, porém sem essa intenção, pois se o hospedeiro morrer o parasita também morrerá. Há ainda, a questão do papel desenvolvido pelo parasito na dinâmica das populações dos hospedeiros; pois, tais parasitos podem afetar as características demográficas dessas populações, como a taxa de natalidade e mortalidade dos hospedeiros. A exemplo do impacto na taxa de natalidade há casos como a brucelose — doença infecciosa transmitida pela Brucella melitensis, que se aloja no útero das fêmeas de animais domésticos, levando ao abortamento, e nos testículos dos machos, causando infertilidade.

Além disso, vê-se também o impacto na taxa de mortalidade das populações, tendo em vista que, muitas vezes o parasito leva seu hospedeiro à morte, mesmo sem intenção, já que com a morte do hospedeiro, o parasito poderá morrer por falta de nutrientes e do ambiente adequado para sua sobrevivência. Exemplo disso é a enfermidade produzida por protozoários intracelulares do gênero Babesia e transmitida principalmente por carrapatos da família Ixodidae, que pode ser fatal.[20]

Os seres que vivem à custa do hospedeiro podem ser de dois tipos: ectoparasitas (fora do corpo do hospedeiro) e endoparasitas (dentro do corpo do hospedeiro).

Um ectoparasita bastante conhecido é o piolho-do-couro-cabeludo, que se caracteriza por se alimentar do sangue humano e provocar bastante coceira. Esse parasita é comum em crianças em idade escolar e pode ser tratado com o uso de medicamentos específicos. Além dos piolhos, os carrapatos também são exemplos de ectoparasitas.

 Valor

Apesar dos parasitas serem geralmente considerados prejudiciais, a erradicação de todos não seria necessariamente benéfica. Parasitas contam para grande parte ou mais da metade da diversidade da vida; eles possuem um papel ecológico importante (enfraquecendo a presa) que ecossistemas normalmente levariam certo tempo para se adaptar a tais; e sem parasitas, organismos poderiam eventualmente tender a reprodução assexual, diminuindo a diversidade de características dismórficas sexuais.[21] Parasitas provem uma oportunidade para transferir material genético entre espécies. Em raras, porém significantes ocasiões isso pode facilitar mudanças evolutivas que não ocorreriam de outro modo, ou que levariam muito mais tempo.[22]

Defesa dos hospedeiros

Em vertebrados

Esquilo cinzento oriental sofrendo de Berne.

A primeira linha de defesa contra invasores parasitas é a pele. A pele é feita de camadas de células mortas e agem como uma barreira física contra invasão de organismos. Essas células mortas contém a proteína queratina, que faz a pele resistente e a resistente à água. A maior parte dos micro-organismos precisam de um ambiente úmido para sobreviver. Mantendo a pele seca, prevem a colonização de organismos invasores. Além do mais, a pele humana secreta através das glândulas sebáceas uma substância que é tóxica para a maior parte dos micro-organismos.[23]

Se o parasita entrar no corpo, o sistema imunológico é a maior defesa dos vertebrados contra invasão parasitária. O sistema imunológico é feito de diferentes famílias de moléculas. Essas incluem proteínas séricas e padrões moleculares associados a patógenos (PMAPs). PMAPs são receptores celulares que ativam células dendríticas, que ativam os linfócitos. Os linfócitos tal como as células T e os anticorpos produzem células B com uma variedade de receptores que conhecem os parasitas.[24]

Tipos

Os parasitas são classificados de acordo com suas interações com seus hospedeiros e seus ciclos de vida. Um parasita obrigatório é totalmente dependente do hospedeiro para completar seu ciclo de vida, enquanto um parasita facultativo não é. Um parasita direto possui apenas um hospedeiro, enquanto um parasita indireto possui múltiplos hospedeiros. Para parasitas indiretos, sempre haverá um hospedeiro definitivo e um hospedeiro intermediário.[25][26]

Existem seis estratégias evolutivas importantes no parasitismo, nomeadamente castradores parasitas, parasitas transmitidos diretamente, parasitas troficamente transmitidos, parasitas transmitidos por vetores, parasitóide (que eventualmente mata o hospedeiro) e micropredador. Estas estratégias para parasitismo de sucesso são picos adaptativos; Muitas estratégias intermediárias são possíveis, mas organismos em muitos grupos diferentes convergiram consistentemente nesses seis, que são evolutivamente estáveis.[27]

Parasitas que vivem no exterior do hospedeiro, seja na pele ou nas porções da pele, são chamados ectoparasitas (por exemplo, piolhos, pulgas e alguns ácaros).

Aqueles que vivem dentro do hospedeiro são chamados de endoparasitas (incluindo todos os parasitas). Os endoparasitas podem existir em uma das duas formas: parasitas intercelulares (habitando espaços no corpo do hospedeiro) ou parasitas intracelulares (habitando células no corpo do hospedeiro).

Os parasitas intracelulares, como protozoários, bactérias ou vírus, tendem a confiar em um terceiro organismo, geralmente conhecido como portador ou vetor. O vetor faz o trabalho de transmiti-los ao hospedeiro. Um exemplo desta interação é a transmissão da malária, causada por um protozoário do gênero Plasmodium, aos humanos pela mordida de um mosquito anofelino.

Os parasitas que vivem em posição intermediária, sendo meio ectoparasitas e meio endoparásitas, são chamados mesoparásitos.O Schistosoma mansoni é um endoparásito obrigatório dos vasos sanguíneos humanos.

Um epiparasite é aquele que se alimenta de outro parasita. Esse relacionamento também é chamado de hiperparasitismo, exemplificado por um protozoário (o hiperparasito) que vive no trato digestivo de uma pulga que vive em um cachorro.

Os parasitas sociais aproveitam as interações entre membros de organismos sociais, como formigas, termitas e zangões. Exemplos incluem Phengaris arion, uma borboleta cujas larvas empregam mimetismo para parasitar certas espécies de formigas[28] Bombus bohemicus, um zangão que invade as colmeias de outras espécies de abelhas e retoma a reprodução, seus jovens criados por trabalhadores de acolhimento e Melipona scutellaris, uma abelha eusocial onde rainhas virgens escapam de assassinos e invadem outra colônia sem uma rainha[29] Um exemplo extremo de parasitismo social é a formiga de Tetramorium inquilinum dos Alpes, que passou toda a vida nas costas das formigas hospedeiras de Tetramorium. Com corpos minúsculos e obsoletos evoluíram para uma única tarefa: segurando seu host. Se eles caírem, provavelmente não teriam a força para subir de uma outra formiga e, eventualmente, eles vão morrer.No kleptoparasitismo (do grego κλέπτης (kleptes), ladrão), parasitas alimentos apropriados recolhidos pelo hospedeiro. Um exemplo é o parasitismo das crias praticado por cowbirds, whydahs, cuckoos e patos de cabeça negra que não criam ninhos próprios e deixam seus ovos em ninhos de outras espécies. O anfitrião se comporta como uma "babá", pois eles criam os jovens como seus próprios. Se o hospedeiro remover os ovos do cuco, alguns cucos voltarão e atacarão o ninho para obrigar as aves hospedeiras a permanecerem sujeitas a este parasitismo.

O parasitismo social intraespecífico também pode ocorrer. Um exemplo disso é a enfermagem parasitária, onde alguns indivíduos tomam leite de fêmeas não relacionadas. Em capuchinhos com cunha, as fêmeas de maior classificação às vezes tomam leite de fêmeas de baixa classificação sem qualquer reciprocidade. As mulheres de alto escalão se beneficiam às custas das fêmeas de baixa classificação.[30] O parasitismo pode assumir a forma de trapaça ou exploração isolada entre as interações mutualistas mais generalizadas. Por exemplo, grandes classes de plantas e fungos trocam carbono e nutrientes nas relações micorrizas mutualistas comuns; No entanto, algumas espécies de plantas conhecidas como mico-heterótrofos "enganam" tirando carbono de um fungo ao invés de doá-lo.

Um adelpho-parasita (do grego αδελφός (adelphos), irmão) é um parasita em que a espécie hospedeira está intimamente relacionada ao parasita, muitas vezes sendo um membro da mesma família ou gênero. Um exemplo disto é o parasitóide de mosquito de citrino, Encarsia perplexa, fêmeas sem juntas que podem colocar ovos haplóides nas larvas totalmente desenvolvidas de suas próprias espécies. Isso resulta na produção de descendentes masculinos.A autoinfecção é a infecção de um hospedeiro primário com um parasita, particularmente um helminto, de tal forma que o ciclo de vida completo do parasita ocorre em um único organismo, sem o envolvimento de outro hospedeiro. Portanto, o hospedeiro principal é ao mesmo tempo o hospedeiro secundário do parasita. Alguns dos organismos onde a auto-infecção ocorre são Strongyloides stercoralis, Enterobius vermicularis,

Taenia solium e Hymenolepis nana. A solidioclíase, por exemplo, envolve a transformação prematura de larvas não infecciosas em larvas infecciosas, que podem então penetrar na mucosa intestinal (autoinfecção interna) ou na pele da área perineal (autoinfecção externa). A infecção pode ser mantida por ciclos migratórios repetidos pelo restante da vida da pessoa.

[31]

Referências

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