Adelomyia melanogenys

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Adelomyia melanogenys
Espécime na Reserva Ecologica Rio Blanco em Caldas
Vocalizações de A. melanogenys
Classificação científica
Reino:
Filo:
Classe:
Ordem:
Família:
Subfamília:
Tribo:
Gênero:
Adelomyia

Espécies:
A. melanogenys
Nome binomial
Adelomyia melanogenys
Distribuição geográfica

O beija-flor-mosqueado,[4] também conhecido como colibri-pintalgado (nome científico: Adelomyia melanogenys) é uma espécie de ave apodiforme pertencente à família dos troquilídeos, que inclui os beija-flores. É o único representante do gênero Adelomyia, que é monotípico. Por sua vez, também é, consequentemente, a espécie-tipo deste gênero. Pode ser encontrada em altitudes entre 1500 e 2500 metros, desde ao nordeste da Venezuela ao extremo-norte da Argentina.[1][5]

Etimologia[editar | editar código-fonte]

O nome do gênero deriva dos termos gregos antigos ἄδηλος, ádēlos, significando "desconhecido"; e μυῖα, myía, literalmente "voo", "voar". O epíteto específico melanogenys também é composto por palavras que derivam do grego: μέλανος, mélanos, que significa "preto" e γένυς, génys, literalmente "bochecha".[6]

As palavras que especificam a subespeciação são, respectivamente: inornata deriva do termo inornatus para "simples"; maculata, do neolatim maculatus, significando "manchado"; também latina, a palavra cervina descende de cervinus, literalmente "cervídeo", em referência à sua coloração; derivado do grego, chlorospila caracteriza uma amálgama dos termos χλωρός, chlōrós, significando "verde", junto à σπῖλος, spílos, literalmente "marcado"; aeneosticta é uma combinação dos termos aeneus, "bronze" e do grego antigo στικτός, stiktós, "manchado"; as duas últimas são: connectens, que significa "conectado" e, por último, debellardiana, dedicatória ao espeleólogo venezuelano Eugenio de Bellard Pietri.[6]

Descrição[editar | editar código-fonte]

Espécime na Reserva Biológica Bellavista Cloud Forest, Tandayapa, no Equador

De modo geral, os Espécimes representantes deste gênero são aves de tamanho médio, possuindo entre 8 a 8,4 centímetros de comprimento, incluindo o bico, que mede 1,3 centímetros. Estas aves apresentam monomorfismo, ou seja, tornando machos e fêmeas indistinguíveis e, subsequentemente, não mostrando dimorfismo sexual. Embora não apresentem a cauda bifurcada, presente em parte significativa das tribos Lesbiini e Heliantheini, apresentam uma plumagem da cauda volumosa, semelhante aos helianjos. Estes beija-flores apresentam plumagem majoritariamente esverdeada à amarronzada. A cabeça tem plumagem verde-brilhante, com manchas em sépia, distribuídas por todo seu corpo. Possuem uma mancha marrom abaixo de ambos os olhos, que são delimitadas por uma faixa esbranquiçada, conectada ao abdômen. A região inferior do abdômen é colorida por um branco sujo, com um tom Bronzeado. A garganta é branca e apresenta manchas esverdeadas e amarronzadas, quase imperceptíveis. Sua cauda é marrom-escura e tem pontas em branco.[7]

Sistemática e taxonomia[editar | editar código-fonte]

Esta espécie foi descrita primeiramente em 1840, por Louis Fraser, colecionador e naturalista britânico, ao que o nome gênero foi descrito alguns anos depois, dessa vez pelo ornitólogo francês Charles Lucien Laurent Bonaparte.[2] A descrição original da espécie foi possível através de um espécime coletado pelo próprio Fraser, um colecionador de aves, Santa Fé de Bogotá, então capital da então República de Nova Granada, atualmente localizada na Colômbia, se encontrando a cerca 2000 metros acima do nível do mar.[3] Em 1854, alguns anos após a descrição da espécie, Charles Bonaparte, francês, a partir de uma espécie conhecido por Trochilus sabine (Bourcier & Mulsant, 1846), descreveu o gênero.[8]

Embora o beija-flor-mosqueado seja a única espécie de seu gênero, evidências sugerem que populações em ambos os lados da Cordilheira dos Andes são geneticamente distintas, especialmente devido à sua ampla distribuição geográfica e ecológica.[9] Suas relações com outros beija-flores são incertas e ainda carecem de mais estudos.

Através da coloração da plumagem e a biogeografia, oito subespécies foram descritas e conhecidas.[10] Um estudo recente deste gênero, baseado em dados moleculares, morfológicos e ecológicos, recuperou seis Clados monofiléticos que apresentam limites de distribuição em barreiras geográficas bem definidas, não correspondendo aos limites de subespécies atualmente reconhecidos.[10] A divergência de sequência variou entre 5,8% e 8,2% entre filogrupos separados por distâncias >4000 km e <50 km respectivamente, o que dá suporte à ideia de que o isolamento geográfico pode ser influente em escalas muito diferentes. Os traços morfológicos estão majoritariamente relacionados à heterogeneidade ambiental do que às barreiras geográficas e ao isolamento.[10]

Subespécies[11][editar | editar código-fonte]

  • Adelomyia melanogenys cervina (Gould, 1872) – pode ser encontrada na Colômbia ocidental e central
  • Adelomyia melanogenys connectens (Meyer de Schauensee, 1945) – pode ser encontrada no sul da Colômbia.
  • Adelomyia melanogenys melanogenys (Fraser, 1840)  – raça nominal, pode ser encontrada no leste da Colômbia e oeste da Venezuela até o centro-sul do Peru
  • Adelomyia melanogenys debellardiana (Aveledo & Perez, 1994)  – pode ser encontrada na Sierra de Perijá, nas montanhas do oeste da Venezuela.
  • Adelomyia melanogenys aeneosticta (Simon, 1889)  – pode ser encontrada no centro e norte da Venezuela.
  • Adelomyia melanogenys maculata (Gould, 1861)  – pode ser encontrada no Equador e norte do Peru.
  • Adelomyia melanogenys chlorospila (Gould, 1872) – pode ser encontrada no sudeste do Peru.
  • Adelomyia melanogenys inornata (Gould, 1846)  – pode ser encontrada na Bolívia e noroeste da Argentina.

Distribuição e habitat[editar | editar código-fonte]

Habita florestas nubladas Montanhas neotropicais em altitudes de 1.000 a 2.500 metros acima do nível do mar, confinada aos Andes da Argentina, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia e Venezuela; bem como para algumas florestas montanhosas isoladas no oeste do Equador e Venezuela. No Equador, abrange as encostas leste e oeste dos Andes e ocupa uma ampla faixa altitudinal de florestas subtropicais (1400 m) a florestas nubladas (3000 m). Além disso, uma população isolada habita a cordilheira de Chongón Colonche na floresta montanhosa costeira perene (600 m) localizada em cerca de 130 km dos Andes.[7]

Comportamento[editar | editar código-fonte]

O beija-flor-mosqueado é uma espécie solitária. Eles não vivem nem migram em bandos e não há vínculo de pares para esta espécie, tornando-os uma espécie principalmente sedentária. No entanto, os indivíduos podem se dispersar para altitudes mais baixas à medida que os períodos de reprodução terminam.[12]

Reprodução[editar | editar código-fonte]

Os machos não participam de nenhuma parte da construção do ninho ou da ninhada dos Filhotes, e se desvinculam das parceiras após a cópula. Entretanto, tanto machos ou fêmeas podem ser promíscuos, tendo vários parceiros.

As fêmeas incubam e alimentam seus filhotes. Uma embreagem consiste em dois Ovos brancos; as medidas consistem em 12,4 mm × 8,7 mm e 12,6 mm × 8,6 mm. O período de incubação dura aproximadamente 17–20 dias.[13] A espécie choca por períodos mais curtos do que a maioria dos beija-flores durante a incubação. Essas aves costumam viajar vários quilômetros para evitar a competição, tornando as visitas ao ninho menos frequentes. Após a eclosão, o adulto continua a chocar os filhotes por 7 a 8 dias.[13] Após a ninhada e até que os filhotes tenham saído, o adulto não entrará mais no ninho e se empoleirará nas proximidades, potencialmente observando predadores.[13] Esse comportamento é curioso, pois empoleirar-se do lado de fora de um ninho pode alertar os predadores sobre sua localização. Os ninhos podem ser encontrados durante todo o ano e consistem em uma taça volumosa formada de musgo e teia de aranha, forrada com fibra vegetal. A construção de ninhos tem sido observada em troncos cobertos de musgo ou em cristas rochosas, na entrada de Cavernas, a uma altura de 1 a 3 m.[12]

Dieta e alimentação[editar | editar código-fonte]

A espécie não se reúne com outras para se alimentar, mesmo em árvores floridas. Esses beija-flores se alimentam do néctar das flores, muitas vezes perto do solo, de flores de tubos curtos ou buracos na base de flores de tubos longos.[14] Como outras espécies de beija-flores, é provável que o beija-flor-mosqueado também se alimente de insetos, para obter nutrientes adicionais.[15] Esta espécie também se alimenta de pequenos insetos que são capturados no ninho.[13]

Referências

  1. a b BirdLife International (2016). «Speckled Hummingbird». The IUCN Red List of Threatened Species. 2016: e.T22727923A94965841. doi:10.2305/IUCN.UK.2016-3.RLTS.T22687696A93164370.enAcessível livremente. e.T22687696A93164370. Consultado em 1 de outubro de 2022 
  2. a b Bonaparte, Charles L. (1854). «Travaux inédits». Paris: Bureau de la Revue et Magasin de Zoologie. Revue et magasin de zoologie pure et appliquée (em francês). 2 (6): 253. LCCN sn87018033. OCLC 1764157 
  3. a b Fraser, Louis (janeiro de 1840). «Trochilus melanogenys». Londres: Academic Press. Proceedings of the Zoological Society of London. 8 (86): 18. LCCN 86640225. OCLC 1779524 
  4. Paixão, Paulo (Verão de 2021). «Os Nomes Portugueses das Aves de Todo o Mundo» (PDF) 2.ª ed. A Folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias. p. 113. ISSN 1830-7809. Consultado em 25 de agosto de 2022 
  5. Gill, Frank; Donsker, David; Rasmussen, Pamela, eds. (11 de agosto de 2022). «Hummingbirds». IOC World Bird List (em inglês) 12.1 ed. Consultado em 2 de outubro de 2022 
  6. a b Jobling, James A. (1991). A Dictionary of Scientific Bird Names. Oxford: Oxford University Press. ISBN 0-19-854634-3. OCLC 45733860 
  7. a b Hilty, Steven L. (2003). Birds of Venezuela. Princeton: Princeton University Press (publicado em 1 de janeiro de 2003). 776 páginas. ISBN 0-691-09250-8 
  8. Bourcier, Jules; Mulsant, Étienne (1846). «Description de vingt espèces nouvellles d'oiseaux-mouches». Société impériale d'agriculture, etc. de Lyon. Annales des Sciences Physiques et Naturelles, d'Agriculture et d'Industrie. 9: 323. Consultado em 3 de outubro de 2022 
  9. Chaves, Jaime A.; Pollinger, John P.; Smith, Thomas B.; LeBuhn, Gretchen (1 de junho de 2007). «The role of geography and ecology in shaping the phylogeography of the speckled hummingbird (Adelomyia melanogenys) in Ecuador». Molecular Phylogenetics and Evolution (em inglês) (3): 795–807. ISSN 1055-7903. PMID 17208464. doi:10.1016/j.ympev.2006.11.006. Consultado em 3 de outubro de 2022 
  10. a b c Chaves, Jaime A.; Smith, Thomas B. (1 de agosto de 2011). «Evolutionary patterns of diversification in the Andean hummingbird genus Adelomyia». Molecular Phylogenetics and Evolution (em inglês) (2): 207–218. ISSN 1055-7903. doi:10.1016/j.ympev.2011.04.007. Consultado em 3 de outubro de 2022 
  11. Gill, Frank; Donsker, David; Rasmussen, Pamela, eds. (11 de agosto de 2022). «Hummingbirds». IOC World Bird List (em inglês) 12.1 ed. Consultado em 2 de outubro de 2022 
  12. a b Schuchmann, Karl-Ludwig; Boesman, Peter F. D. (2020). «Speckled Hummingbird (Adelomyia melanogenys), version 1.0». Birds of the World (em inglês). doi:10.2173/bow.spehum1.01. Consultado em 3 de outubro de 2022 
  13. a b c d Wetherell, E.; Port, J.; Greeney, H.F. (2015). «Breeding biology of Speckled Hummingbird Adelomyia melanogenys in eastern Ecuador» (PDF). Cotinga. 37: 43–46. Consultado em 2 de outubro de 2022 
  14. Ridgely, Robert S.; Greenfield, Paul J.; Gill, Frank (26 de junho de 2001). The Birds of Ecuador: Field Guide. Paul J. Greenfield 1ª ed. Ithaca: Comstock Pub. ISBN 9780801487217. OCLC 45313482 
  15. Ornelas, Juan Francisco (setembro de 2010). «Nests, Eggs, and Young of the Azure-crowned Hummingbird (Amazilia cyanocephala. The Wilson Journal of Ornithology. 122 (3): 592–597. ISSN 1559-4491. doi:10.1676/09-155.1. Consultado em 3 de outubro de 2022 

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