Antônio Bartolomeu

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Antônio Bartolomeu
Antônio Bartolomeu
Antônio Bartolomeu em 2021
23.º Prefeito de Ponte Nova
Período 21 de janeiro de 1977
a 15 de março de 1983
Antecessor(a) Miguel Valentim Lanna
Sucessor(a) José Sette de Barros
25.º Prefeito de Ponte Nova
Período 1º de janeiro de 1989
a 29 de dezembro de 1992
Antecessor(a) José Sette de Barros
Sucessor(a) Ademir Ragazzi
4.º Vice-prefeito de Ponte Nova
Período 31 de janeiro de 1973
a 21 de janeiro de 1977
Antecessor(a) Pio Gonçalves Pena
Sucessor(a) João Batista Viggiano
Dados pessoais
Nome completo Antônio Bartolomeu Barbosa
Alcunha(s) Seu Antônio
Nascimento 23 de fevereiro de 1927
Amparo do Serra
Morte 5 de julho de 2023 (96 anos)
Ponte Nova
Nacionalidade brasileiro
Prêmio(s) Medalha da Inconfidência
Medalha do Mérito Santos-Dumont
Cônjuge Maria José Raimundi Bartolomeu (c. 1950
Partido ARENA (1972-1980)
PDS (1980-1985)
PFL (1985-2007)
DEM (2007-2012)
PTB (2012–2023)
Religião Católico

Antônio Bartolomeu Barbosa (Amparo do Serra, 23 de fevereiro de 1927Ponte Nova, 5 de julho de 2023) foi um empresário, filantropo e político brasileiro. Foi o 23º e 25º prefeito municipal e 4º vice-prefeito de Ponte Nova.[1] É conhecido por ser sócio fundador do Grupo Bartofil,[2] por sua participação nas construções do SENAI de Ponte Nova e do Anel Rodoviário, pela atuação no combate às Enchentes de 1979 e por suas inúmeras contribuições sociais à comunidade pontenovense. Recebeu a Medalha da Ordem do Mérito Legislativo pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais em 1987, a Medalha do Mérito Santos-Dumont em 1990[3] e a Medalha da Inconfidência, a mais alta condecoração de Minas Gerais, em 2010.[4] Em virtude de seus serviços filantrópicos, recebeu o título "Companheiro Paul Harris"[5] da Rotary International em 1997.

Sua biografia foi publicada em novembro de 2016, escrita por Osias Ribeiro Neves e editada pelo Escritório de Histórias.[6] Parte da renda arrecadada com as vendas foi doada para instituições sem fins lucrativos, como a Fundação Menino Jesus.[7]

Origens familiares[editar | editar código-fonte]

A história de sua família se inicia no sul da Itália. Em 1860, seus bisavós, Miguel Bartolomeo e Angiola Pataro, se casaram, na cidade de Latronico. Dessa união, nasceu Antonio Vicenzo Bartolomeo. Antonio Vicenzo, por sua vez, casou-se com Leonilda Conti em 1890, italiana de família rica. Em meio ao incômodo causado pela diferença social entre as famílias, o casal decide se mudar para o Brasil. Na época, o governo brasileiro adotava políticas para incentivar a imigração, algo que os incentivou a escolher o país como sua futura morada.[8]

A família teve sete filhos, incluindo Francisco Bartolomeu, pai de Antônio Bartolomeu, e Miguel Bartolomeu, fundador da Tambasa Atacadistas.[9] Outro descendente notável da família Bartolomeu é Eduardo Bartolomeo, atual CEO da Vale S.A.[10]

Infância[editar | editar código-fonte]

Antônio teve infância sem luxos. Ele relata: “nossa obrigação era ajudar mamãe em suas árduas tarefas. Levávamos comida e café para os trabalhadores na roça, tratávamos dos porcos e ajudávamos o Horácio a descascar milho para o moinho de fubá. Nossa infância pobre ia sendo amadurecida no trabalho, entretanto, nos divertíamos também, fabricando os nossos próprios brinquedos”.[11]

Antônio e seus irmãos dividiam diversas obrigações: “todos nós fazíamos rapadura, e nosso pai também fabricava tijolos. Nós tínhamos que ajudá-lo a enformar o barro nas formas de duas e de quatro peças, enchendo-as de barro e passando a régua.”[11]

A fazenda Buracada poderia ser considerada uma pequena unidade produtiva. Além do café, do feijão, do milho, do fubá, da rapadura e dos tijolos, ela também produzia queijo e, retirada a parte dos produtos que era consumida na casa pela família e pelos biongueiros, o excedente era vendido no comércio para gerar renda para a família.[12]

A casa da família era simples, sem luz elétrica, sem conforto sequer. A iluminação, feita com lamparinas a querosene, além de deixar o ar mais pesado e poluído, enchia a casa e as narinas das crianças de fuligem escura.[13] Não havia boas roupas, e sua família só podia usar sapatos era para ir a festas ou à missa. As vestimentas eram feitas pela mãe, que comprava os tecidos com as economias que faziam.[14]

Início da Bartofil[editar | editar código-fonte]

Raimundo Belico Sobrinho e Francisco Bartolomeu, pai de Antônio, decidiram abrir um comércio em Ponte Nova, em 1946. A empresa contava com capital de 100 mil cruzeiro, dos quais 20 mil foram investidos por Antônio, fruto de suas economias. Outro acionista foi Francisco, irmão de Belico.

Belico, o mais experiente dos sócios, liderou o comércio no início. Entretanto, ele precisou retomar seus negócios na fazenda porque o seu administrador havia ido embora. Em seu lugar deixou seu irmão Francisco, um excelente contador, mas sem nenhuma visão comercial e nem mesmo sensibilidade para negociar. Com a ausência de Belico, os negócios começaram a declinar e, a cada dia, a situação ia se complicando.[15]

Antônio relata: “A firma não ia muito bem e a insegurança da economia nacional durante o governo Dutra afetou também a nossa empresa resultando em quedas significativas nas vendas. Aliado a isso, a ausência de Belico à frente do negócio, acabou por comprometer a empresa que a permanecer naquela mesma trajetória, certamente chegaria rapidamente à insolvência. Eu e meu irmão Darcy trabalhávamos muito, éramos bons vendedores, entretanto ainda não tínhamos a experiência necessária e condições de administrar uma empresa, especialmente na situação difícil em que ela se encontrava.”

Francisco Bartolomeu procurou Belico disposto a entregar-lhe a sua participação e até mesmo a perder os 50 contos de réis investidos para sair do negócio enquanto era tempo e não perder mais dinheiro. Belico, ocupado com os afazeres de sua fazenda, devolveu a proposta, oferecendo condições idênticas ao sócio. “Foi então que meu pai procurou seu irmão mais velho, o tio Miguel, e lhe propôs tocarem juntos o negócio, considerando a mesma proposta que fizera ao sócio e que ele devolvera. Miguel assumiria os 50 contos do Belico, o passivo e o ativo da empresa. Tio Miguel, que já era também comerciante na localidade de Santa Cruz do Escalvado, não se empolgou com a proposta, mas diante da insistência de seu filho, o bom comerciante Gerson Bartolomeu, Miguel decidiu aceitar a proposta do irmão e, imediatamente, injetou recursos no negócio e a nova razão social da empresa passou a ser Miguel Bartolomeu e irmão.[16]

Gerson assumiu a liderança e, por sua habilidade comercial, tornou-se responsável pelas compras da empresa. Depois Gerson descobriu que poderia comprar dos próprios fornecedores dos atacadistas e começou a ir a São Paulo. “Aos poucos papai sentiu que o negócio estava muito preso à forte liderança do sobrinho Gerson e ele tinha receio de acabar se tornando sócio minoritário e sem voz ativa. Na época, o tio Miguel tinha lojas de varejo em Santa Cruz do Escalvado, Urucânia e duas em Palmeiras. Então, propusemos a separação amigável da empresa. Gerson ficou com o atacado e as outras filiais, e nós ficamos com uma loja: o Bazar Popular.[17]

A decisão de separar a sociedade com o irmão Miguel era uma maneira de dar oportunidade ao filho Antônio para que tivesse mais autonomia e crescesse como bom comerciante que era. E foi exatamente o que aconteceu. Gerson desenvolveu-se no atacado e Antônio passou a dedicar-se fortemente ao varejo, passando a fazer as compras de mercadorias nos atacadistas e de alguns fabricantes. A empresa foi rebatizada como Bartolomeu Cordeiro e Filhos, mas devido à falta de empenho do contador contratado para cuidar dos papéis, o registro da nova empresa só ocorreu cerca de um ano e meio depois, em 10 de janeiro de 1951.

“Com muito trabalho, dedicação e apoio de nosso pai, em menos de 6 anos abrimos 8 filiais, sendo 4 em Palmeiras e as outras em Piedade, Urucânia, Oratórios e Amparo do Serra e nesse processo, meu irmão Darcy foi o grande parceiro que tive. Anos mais tarde as filiais foram vendidas aos respectivos gerentes para que a empresa se concentrasse apenas nas vendas por atacado. A loja do Serra que estava sob a gerência de meu irmão Tãozinho, foi entregue ao nosso pai como pagamento dos recursos que ele havia injetado em nosso negócio.”[18]

A empresa fundada em 1946, “Miguel Bartolomeu e irmão”, foi dividida entre “Bartolomeu Cordeiro e Filhos” e “Casas Miguel Bartolomeu”. A primeira se tornou “Bartofil Distribuidora”,[19] enquanto a segunda se tornou “Tambasa Atacadistas”.[9]

Início do Primeiro Mandato (1977 e 1978)[editar | editar código-fonte]

Antônio Bartolomeu foi eleito prefeito no dia 15 de novembro de 1976. Venceu com 6.740 votos, equivalente a 38% dos votos válidos, com vantagem de 2.860 em relação ao segundo colocado. Derrotou Hasenclever Tavares André, Carlos Jardim de Resende e Afrânio Felício da Cunha.

Logo em janeiro de 1977, foram iniciados projetos de infraestrutura urbana. Como descrito pela Folha de Ponte Nova[20], "quase todos os corredores centrais já se encontraram caçados com bloquetes, estes, confeccionados pela fábrica da Prefeitura Municipal de Ponte Nova, numa deferência toda especial do Chefe Executivo Sr. Antônio Bartolomeu Barbosa".

No bairro Palmeiras, foi realizada uma obra emergencial de saneamento básico. Segundo matéria publicada na Folha Jornal Integração,[21] no dia 4 de abril, "Todos os moradores da Rua Caraíbas e adjacências do grande bairro Palmeiras, em Ponte Nova, estão aplaudindo a ação rápida do prefeito Antônio Bartolomeu que começou a resolver um dos maiores problemas daquela região densamente habitada. Trata-se da construção de um bueiro de mais de 20 metros de comprimento, nas medidas 1,20 por 1,50 metros, em substituição aos antigos manilhões de 1 metro de diâmetro que foram levados pelas últimas chuvas, bem como toda a parte da rua que os cobriam. De fato, a situação no local era bastante intranquila, pois, temiam-se novos desmoronamentos já que a ação destruidora das águas foi fortemente comprovada com o completo esfacelamento desta parte da Rua Caraíbas. Temeroso que novas chuvas de igual força viessem a trazer maiores aborrecimentos aos habitantes, o prefeito Antônio Bartolomeu Barbosa agiu com rapidez, e acertadamente, ordenando que se intensificasse o ritmo das obras, apesar de seu custo estar calculado em aproximadamente 100 mil cruzeiros, fazendo-se um cálculo por baixo".

Construção da rede de água pluvial do bairro Triângulo.

Em 1978, foi contratado para o departamento de obras da prefeitura o engenheiro José Maurício Pereira. Com seu auxílio, foi possível que Antônio concluísse projetos focados em pessoal de baixa renda. Foram construídas redes de água pluvial, de água potável, de esgoto, pavimentação em áreas periféricas e no então distrito de Oratórios. Com a cooperação do deputado estadual Domingos Lanna, diversos projetos foram planejados, executados ou iniciados, como o grande plano de arborização da cidade e a ponte que liga os bairros Palmeiras e Triângulo. Esta foi possibilitada à medida que ambos os políticos articularam o apoio do governo estadual ao projeto, de modo que o então governador Aureliano Chaves se fez presente em evento popular na cidade para assinar a autorização da construção da ponte.

Enchente de 1979[editar | editar código-fonte]

Deslizamento na Rua Vigário João Paulo.

O ano foi caracterizado por um excesso de chuvas. Nos primeiros dias do ano, a agua derrubou casas, desfez estradas e causou tragédia na comunidade. O Rio Piranga, que atravessa a cidade, transbordou, causando ainda mais danos àqueles que possuíam propriedades perto do leito. Logo, a cidade inteira foi afetada. Mais de dois mil desabrigados e 23 mortos foram reportados pelo Jornal Estado de Minas em janeiro desse ano.[22] Antônio narra o acontecimento com detalhe:

Tombamento do muro da Rua Arthur Bernardes.
Construção das 127 casas para habitar as famílias desabrigadas.

"A cidade estava debaixo d'água, deslizamento de terra descendo como avalanche em todos os cantos, derrubando casas e as levando para dentro do rio. Certa noite, quase em desespero, telefonei para o Ozanan Coelho, que havia assumido o governo do Estado e narrei os acontecimentos. Ele então me disse: Prefeito, como está seu estado de espírito?' Informei a ele que o meu estava pesado, ao que ele, de maneira otimista e firme respondeu-me: 'Sei que a situação é muito difícil, mas não bambeia, não. Se você fraquejar, a comunidade não vai aguentar. Na época, eu já estava completamente aturdido e por mais que fizesse, a situação continuava triste. Era enchente por todo o município, a cidade no caos, o rio tomando conta dela. Ruas sumiram, casas caíram e outras ficaram penduradas nos barrancos, estradas rurais não permitiam o tráfego de veículos, a estrada para Belo Horizonte estava comprometida e, tudo isso, passou a ser um peso difícil de carregar. Senti na pele a pressão da comunidade à beira de sair das exigências para a revolta. Naquele momento, a fala do governador reafirmou a minha fé em Deus e, isso, me ajudou muito naquela fase tão difícil em que precisei ter muita fé e disposição para trabalhar. O governo do Estado disponibilizou verba, mas não o tanto que precisávamos, afinal ele precisava socorrer outras regiões do Estado de Minas atingidas pelas águas. Os recursos eram mais limitados. Durante a enchente não paramos de trabalhar para minimizar o sofrimento da comunidade pontenovense da maneira que era possível. Com a diminuição das chuvas, as águas começaram a baixar e o nosso trabalho passou a ser dia e noite para reconstruir a cidade. A área urbana ficou ressentida porque quando ainda se pode passar mesmo que fosse na 'pinguela', tudo bem. Mas quando precisava atravessar e nem 'pinguela' tinha, aí fica difícil. No início improvisávamos, porque não era possível erguer tudo que havia sido destruído de uma vez só, precisávamos estabelecer critérios, planejar, atender as prioridades. Por mais de quatro meses, sofri muito para estabelecer critérios. Sem prioridade, você não vai a lugar nenhum. Reuni o secretariado, algumas pessoas da comunidade para estabelecer rumos e começamos a trabalhar. Os recursos começaram a chegar. O Governo Ozanan Coelho enviou cinco milhões na época. Havia em torno de 150 famílias desabrigadas que foram instaladas provisoriamente no Parque de Exposições. Já tínhamos adquirido uma área para a Cohab fazer um Conjunto Habitacional. Mas, como a situação era de emergência, arranjamos cinco milhões, tratores e, rapidamente fizemos uma urbanização e levamos essas famílias para as 127 casas que construímos em tempo recorde”.

À medida que Antônio necessitava do estabelecimento de prioridades na reconstrução da cidade, geralmente voltadas à população mais carente, outras áreas que julgava ser de menor urgência receberam menor verba pública, o que gerou diversas críticas por parte de opositores. Determinado radialista da cidade, por diversas transmissões, reclamou da condição de sua rua, que estava esburacada e não recebia atenção do prefeito. Cansado de ouvir tal reclamação, Márcio Bartholomeu, filho de Antônio, ligou para a rádio e disse ao radialista: "Você está preocupado com o buraco em sua rua? Não percebe que existem muitas pessoas sem ter onde morar?"[23]

Continuação do Primeiro Mandato (1979-1983)[editar | editar código-fonte]

Após amenizados os danos causados pela enchente, o prefeito retoma seus projetos. Foi ampliado o Terminal Rodoviário e novos postos de saúde foram construídos.

Antônio fora eleito para mandato de 4 anos, entre 1977 e 1980. Porém, a Emenda Constitucional n° 14, de 1980,[24] estendeu os mandatos dos então Prefeitos, Vice-Prefeitos, Vereadores e Suplentes até 1983. Foi uma manobra política dos militares, que então comandavam o país a partir de uma ditadura.

Alargamento da ponte Arthur Bernardes.

Desse modo, com 2 anos a mais de mandato à frente da prefeitura, foi capaz de entregar mais obras. Entre elas, a canalização do Vau-Açu, a ampliação do asilo municipal, a arborização do Parque Passa Cinco, o abastecimento de agua tratada nos bairros de Fátima, São Pedro, Novo Horizonte, Alto Palmeirense e Cidade Nova, arborização da cidade em geral e, em específico, da Avenida Beira-Rio, onde palmeiras imperiais se fazem presentes na atualidade e se tornaram parte da identidade visual da cidade. Houve obras de saneamento, abertura e ampliação de escolas, calçamento de diversas ruas e a criação do Distrito Industrial de Ponte Nova.

Em Oratórios, foram feitas diversas obras de infraestrutura. Drenagem de água pluvial, rede de esgoto, melhor qualidade de água, pavimentação, e uma grande praça para a igreja, contando com um canteiro central, bancos, gramados e área arborizada.

Antônio tinha alta taxa de sucesso em conseguir verbas extras de esferas superiores devido ao seu preparo. Sempre que pedia recurso, já havia preparado o projeto, e apresentava-o com convicção.[25]

Segundo Mandato (1989-1992)[editar | editar código-fonte]

Antônio contrariou sua família ao se candidatar em 1988. Apesar de admitir as dificuldades do cargo e os problemas que decorrem deste, como críticas injustas e acusações infundadas, afirma que "sentiu um chamado do qual não podia se esquivar".[26]

Como filiado do Partido da Frente Liberal, derrotou Ademir Ragazzi e João de Carvalho para reassumir o cargo. A vitória foi anunciada pelo jornal O Município de Ponte Nova: "A política de Ponte Nova deu mais uma guinada com a volta de Antônio Bartolomeu ao poder. Acabou a era do polêmico Sette de Barros para iniciar a temporada do parcimonioso Bartolomeu. As grandes disputas e as violentas brigas cediam lugar às negociações e às conciliações".[27]

Pavimentação do Distrito do Pontal.

Em dezembro de 1988, antes mesmo de assumir, ele reduziu seu salário, ato inédito no país. O ato, inclusive, passou a constar na Encyclopedia Britânnica do Brasil, Eventos 1989, página 75. "Ponte Nova: prefeito pede a redução de seu salário. Uma atitude pouco comum foi tomada pelo prefeito de Ponte Nova, na Zona da Mata, Antônio Bartolomeu Barbosa, 62 anos, eleito pela coligação PFL/PTB e PL, com mais de dois mil votos à frente de seu adversário, padre Ademir Ragazzi; ele pediu à Câmara a redução de seu salário de Cz$4 mil para Cz$1,2 mil, não só para adaptá-lo à realidade local, como também para aliviar o caos financeiros em que está mer-gulhada a prefeitura. A Câmara aprovou o pedido do prefeito por unanimidade. (...) Como um bem sucedido empresário do ramo de armarinhos, o prefeito tira cerca de Cz$10 mil mensais em seu negócio e acha que não precisa de mais".

Implementação de semáforo em Ponte Nova.

Ao assumir, encontrou uma prefeitura sem recursos, que havia recentemente adquirido diversos veículos desnecessários. Assim, Antônio decidiu leiloá-los, ficando apenas com um carro. Máquinas e veículos importantes para a realização de obras foram encontrados em situação inoperável, sem peças e sucateados. Mediante esse problema, a comunidade de empresários de Ponte Nova doou o equivalente a NCz$4,5 milhões, correspondente a R$89.101,51 em abril de 2023. Assim, foi possível recuperar boa parte dos veículos.

Outro problema herdado da gestão anterior foi o aumento salarial concedido ao funcionalismo público, variando de 50% a 150%.

A economia do país estava destruída em meio ao Plano Collor, e o relacionamento da cidade com o governo estadual foi mais difícil, uma vez que Newton Cardoso, então governador, era rival de Domingos Lanna.

Mesmo com tantas adversidades, foram realizados projetos na cidade, nas áreas ambientais, educacionais, na saúde e na infraestrutura. Assim, energia elétrica foi levada para áreas rurais que ainda não a possuíam, com mais de 60 postes de iluminação implementados na área rural e outros 26 em área urbana. A educação foi prioritária, recebendo acima dos 25% exigidos em lei. A área da cultura também foi valorizada, e Bartolomeu retomou a realização de festivais de MPB com grandes nomes da música brasileira, como Milton Nascimento, João Bosco e outros 20 artistas de renome nacional. Do mesmo modo, preservou a história municipal ao tombar importantes marcos de Ponte Nova, entre eles, o Hotel Glória.

Sequestro e o falso sequestro[editar | editar código-fonte]

Em 1972, ao chegar de Belo Horizonte, Antônio foi abordado por dois bandidos, que anunciaram o assalto e exigiram seu dinheiro. Após entregar os Cr$1.200,00 que tinha no bolso, mandaram que ele entrasse no banco de trás de seu carro. Assim que entraram, Antônio ofereceu doces aos assaltantes, que prontamente aceitaram. Ao passarem pelo bairro Pacheco, ainda em Ponte Nova, mandaram Antônio descer e não avisar ninguém, prometendo devolver o carro em Ouro Preto no dia seguinte, caso mantivesse o acordo.

Chegando em casa, informou o ocorrido ao seu irmão Zezé, e não acreditando na palavra dos assaltantes, foram até a delegacia de polícia. Imediatamente, a polícia foi atrás dos assaltantes no carro de Zezé. Antônio conta que os três policiais estavam fortemente armados com metralhadoras.

Ao chegar em Cachoeira do Campo, acreditando que não encontrariam os bandidos, decidiram voltar. Na volta, no trevo de Acaiaca, avistaram muitos policiais militares. Os policiais, então, informaram Zezé, equivocadamente, que Antônio ainda estava com os assaltantes. Durante a perseguição promovida por Antônio, Zezé e os policiais, os criminosos foram, na verdade, roubar um bar em Acaiaca. Eles, então, foram perseguidos pelo delegado, e, em decorrência do tempo chuvoso e da subsequente pista escorregadia, perderam o controle do carro e fugiram pelo matagal. Zezé, então, informou aos policiais que Antônio não estava na posse dos criminosos, mas em segurança no seu carro.[28]

Morte[editar | editar código-fonte]

Antônio Bartolomeu faleceu no dia 5 de julho de 2023, às 08:10, em Ponte Nova. Estava internado no Hospital Nossa Senhora das Dores, hospital do qual foi vice-provedor, benfeitor e integrante da Irmandade gestora.[3]

O então presidente honorário do Conselho de Administração da Bartofil faleceu em decorrência de insuficiência cardíaca, insuficiência respiratória e pneumonia.

Homenagens[editar | editar código-fonte]

Seu corpo foi velado na Câmara Municipal de Ponte Nova, e estima-se que o número de pessoas que compareceram se aproxime de mil. Após o velório, houve longo cortejo com destino ao Cemitério Municipal, durante o qual seu caixão foi transportado acima de um caminhão do Corpo de Bombeiros. Longos aplausos foram ouvidos ao passar em frente ao escritório da Bartofil. Por onde passava, era saudado com flores e palmas.[29]

Antônio homenageado em frente à Bartofil.

Os Poderes Executivo e Legislativo de Ponte Nova decretaram luto oficial de três dias, em homenagem.[30]

No dia posterior ao falecimento, durante a 48ª reunião ordinária da 1ª sessão legislativa ordinária da 20ª legislatura da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, a pedido do deputado estadual Adriano Alvarenga, foi deferido 1 minuto de silêncio em homenagem à Bartolomeu.[31]

Seu projeto de arborização das margens do Rio Piranga na Beira-rio, em 1980, responsável por plantar diversas árvores que atualmente são parte da identidade municipal, se tornou, segundo a Lei Municipal nº 4.733,[32] de 06 de outubro de 2023, o Bosque Antônio Bartolomeu. Esta lei é de autoria da vereadora Aninha da Fizica.[33]

Outro de seus projetos, o Anel Rodoviário de Ponte Nova, também tende a ser denominado em sua homenagem. O deputado estadual Thiago Cota propôs o PL 1.374/2023,[34] que visa denominar tal Alça do Anel Rodoviário como Anel Rodoviário Prefeito Antônio Bartolomeu.

Referências

  1. «Nota de Pesar – Antônio Bartolomeu Barbosa». Câmara Municipal de Ponte Nova - MG. Consultado em 18 de agosto de 2023 
  2. NEVES, Osias Ribeiro (2016). Antônio Bartolomeu- Uma biografia. Ponte Nova, MG: Escritório de Histórias. p. 40 
  3. a b «A morte de Antônio Bartolomeu, benfeitor e ex-prefeito de Ponte Nova». Folha de Ponte Nova. 5 de julho de 2023. Consultado em 17 de novembro de 2023 
  4. «Entrega da Medalha da Inconfidência à Carlos Bartolomeu». Bartofil. 8 de setembro de 2021. Consultado em 1 de junho de 2023 
  5. «The origins of Paul Harris Fellow recognition». Rotary.org. Consultado em 1 de junho de 2023 
  6. «Antônio Bartolomeu- Uma biografia». Escritório de Histórias. Consultado em 1 de junho de 2023 
  7. «Antônio Bartolomeu doa novo valor arrecadado com a venda de sua biografia». Bartofil. 8 de dezembro de 2016. Consultado em 17 de novembro de 2023 
  8. «Revista Institucional - 75 anos da Bartofil». Ponte Nova: Bartofil Distribuidora S/A. 2021: 11 
  9. a b «História da Tambasa». Tambasa Atacadista. Consultado em 15 de março de 2024 
  10. «Vale informa sobre eleição de seu diretor-presidente». Vale. 29 de abril de 2019. Consultado em 15 de março de 2024 
  11. a b NEVES, Osias Ribeiro (2016). Antônio Bartolomeu- Uma biografia. Ponte Nova, MG: Escritório de Histórias. p. 19 
  12. NEVES, Osias Ribeiro (2016). Antônio Bartolomeu- Uma biografia. Ponte Nova, MG: Escritório de Histórias. p. 20 
  13. NEVES, Osias Ribeiro (2016). Antônio Bartolomeu- Uma biografia. Ponte Nova, MG: Escritório de Histórias. p. 21 
  14. NEVES, Osias Ribeiro (2016). Antônio Bartolomeu- Uma biografia. Ponte Nova, MG: Escritório de Histórias. p. 22 
  15. NEVES, Osias Ribeiro (2016). Antônio Bartolomeu- Uma biografia. Ponte Nova, MG: Escritório de Histórias. p. 36 
  16. NEVES, Osias Ribeiro (2016). Antônio Bartolomeu- Uma biografia. Ponte Nova, MG: Escritório de Histórias. p. 38 
  17. NEVES, Osias Ribeiro (2016). Antônio Bartolomeu- Uma biografia. Ponte Nova, MG: Escritório de Histórias. p. 40 
  18. NEVES, Osias Ribeiro (2016). Antônio Bartolomeu- Uma biografia. Ponte Nova, MG: Escritório de Histórias. p. 41 
  19. «Sobre a Bartofil». Bartofil. Consultado em 17 de março de 2024 
  20. «Folha de Ponte Nova (MG), 1 de Março de 1977, Ponte Nova (MG)». Folha de Ponte Nova, 1 de Março de 1977 
  21. «Folha Jornal Integração, nº 396, 3 de abril de 1977, Ponte Nova (MG)». Folha Jornal Integração (396) 
  22. «Jornal Estado de Minas, 26/01/1979» 
  23. NEVES, Osias Ribeiro (2016). Antônio Bartolomeu- Uma biografia. Ponte Nova, MG: Escritório de Histórias. p. 117 
  24. «Emenda Constitucional n° 14, 1980» 
  25. NEVES, Osias Ribeiro (2016). Antônio Bartolomeu- Uma biografia. Ponte Nova, MG: Escritório de Histórias. p. 124 
  26. NEVES, Osias Ribeiro (2016). Antônio Bartolomeu- Uma biografia. Ponte Nova, MG: Escritório de Histórias. p. 129 
  27. NEVES, Osias Ribeiro (2016). Antônio Bartolomeu- Uma biografia. Ponte Nova, MG: Escritório de Histórias. p. 130 
  28. NEVES, Osias Ribeiro (2016). Antônio Bartolomeu- Uma biografia. Ponte Nova, MG: Escritório de Histórias. p. 191
  29. «Ponte Nova dá adeus a Antônio Bartolomeu: prefeito audacioso, homem humilde!». Líder Notícias. 7 de julho de 2023. Consultado em 17 de novembro de 2023 
  30. «O sepultamento de Antônio Bartolomeu, ex-prefeito de Ponte Nova». Folha de Ponte Nova. 6 de julho de 2023. Consultado em 17 de novembro de 2023 
  31. «Pesar pelo falecimento do Sr. Antônio Bartolomeu, ex-prefeito de Ponte Nova.». Assembleia Legislativa de Minas Gerais. 6 de julho de 2023. Consultado em 17 de novembro de 2023 
  32. «Lei nº 4.733, de 06 de outubro de 2023». Câmara Municipal de Ponte Nova. 6 de outubro de 2023. Consultado em 17 de novembro de 2023 
  33. «Projeto denomina a arborização da beira-rio de Bosque Antônio Bartolomeu». Câmara de Ponte Nova. 2 de outubro de 2023. Consultado em 17 de novembro de 2023 
  34. «Projeto de Lei nº 1.374/2023». Assembleia Legislativa de Minas Gerais. 6 de julho de 2023. Consultado em 17 de novembro de 2023