Apolinário de Laodiceia

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Apolinário de Laodiceia
Nascimento 310
Lataquia
Morte 390 (79–80 anos)
Constantinopla
Cidadania Roma Antiga
Progenitores
Ocupação sacerdote, poeta, teólogo
Obras destacadas Old Testament paraphrase, History of the Hebrews
Religião Apolinarianismo

Apolinário de Laodiceia, dito o Jovem (Laodiceia, ca. 310 - Constantinopla, ca. 390) foi um bispo de Laodiceia, na Síria. Colaborou com seu pai, Apolinário, o Velho, numa reprodução do Antigo Testamento em formato de poesia homérica e pindárica, e do Novo Testamento num formato de diálogo platônico, quando o imperador Juliano, o Apóstata proibiu os cristãos de ensinarem os clássicos.

É importante distinguir Apolinário do seu homônimo, Apolinário Cláudio, bispo de Hierápolis, autor da obra Apologias, bem no início do cristianismo (ca. 170 d.C.).

História[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Apolinarismo

Segundo Sozomeno,[1] Apolinário conheceu Atanásio de Alexandria quando ele estava retornando ao Egito após o banimento ordenado por Constantino II e teve que passar por Laodiceia, e eles se tornaram amigos. Porém, os arianos, liderados por Jorge de Laodiceia, bispo da cidade, expulsaram Apolinário e o excomungaram, apesar dos insistentes pedidos de perdão. Apolinário então decidiu iniciar sua própria doutrina, anti-ariana, e provar que Jorge havia expulsado alguém com um profundo conhecimento das Escrituras.[1]

Porém, em sua ânsia em enfatizar a divindade de Jesus e a unidade de sua pessoa o levou a negar a existência de uma alma humana racional (νους, nous) na natureza humana de Cristo, sendo esta substituída nele pelo Logos, de forma que seu corpo seria então uma forma espiritualizada e glorificada de humanidade. Sobre (e contra) isto, a visão ortodoxa (ou católica) mantinha que Cristo assumira a natureza humana integralmente, incluindo alma (νους), pois somente assim Ele poderia ser um exemplo e redentor. Na época, alegou-se que o sistema de Apolinário seria, na verdade, docetismo, que se o divino afastasse a humanidade desta forma, não haveria real possibilidade de provação ou avanço na humanidade de Cristo. A posição foi, assim, condenada por diversos sínodos, principalmente pelo Segundo Concílio Ecumênico em Constantinopla, em 381 d.C..

A condenação não evitou que ele tivesse um considerável número de seguidores que, logo após a morte de Apolinário, se dividiram em duas seitas, uma mais conservadora que tomou emprestado seu nome ("vitalianos") de Vitálio II de Antioquia, o candidato apolinarianista para a sé de Antioquia. A segunda ("Ptolomeanos") acrescentando ao credo apolinarista a afirmação de que as duas naturezas estavam tão misturadas que até mesmo o corpo de Cristo era um objeto apropriado para adoração.

Obras[editar | editar código-fonte]

Embora Apolinário tenha sido um escritor prolífico, quase nada sobreviveu assinado por ele. Algumas de suas obras estão escondidas sob o nome de alguns dos padres (como ἡ κατα μερος πιστις), há muito tempo atribuídos a Gregório Taumaturgo. Estes textos foram reunidos e editados por Hans Lietzmann.

Duas cartas de sua correspondência com Basílio de Cesareia também sobreviveram, embora haja um debate entre os estudiosos sobre a sua autenticidade, pois elas relatam o teólogo ortodoxo Basílio solicitando conselhos teológicos a Apolinário sobre o termo também ortodoxo homoousios (consubstancialidade). Alguns alegam que o motivo desta discrepância é que antes que Apolinário se tornasse um herético, ele era um bispo muito respeitado e amigo pessoal de Atanásio de Alexandria e de Basílio.

Referências

  1. a b «25». História Eclesiástica. Concerning Apolinarius: Father and Son of that Name. Vitalianus, the Presbyter. On being dislodged from One Kind of Heresy, they incline to Others. (em inglês). VI. [S.l.: s.n.]  |nome1= sem |sobrenome1= em Authors list (ajuda)

Bibliografia[editar | editar código-fonte]