Apolo Heringer Lisboa

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Apolo Heringer Lisboa
Apolo Heringer Lisboa
Lisboa, anos 2000.
Nascimento 16 de fevereiro de 1943 (81 anos)
Rio de Janeiro
Residência Belo Horizonte
Nacionalidade Brasil brasileira
Progenitores Mãe: Iraci Heringer
Pai: Abdênago Lisboa
Ocupação Médico, professor, ambientalista
Principais trabalhos Projeto Manuelzão
Prémios Personalidade Ambiental do ano no Brasil (2013)
Página oficial
www.apoloheringerlisboa.com

Apolo Heringer Lisboa (Rio de Janeiro, 16 de fevereiro de 1943) é um médico sanitarista, ambientalista, escritor e professor universitário brasileiro. É reconhecido pela criação do Projeto Manuelzão, de despoluição do Rio das Velhas.[1]

Biografia[editar | editar código-fonte]

De origem étnica diversa e plural,[2] Apolo nasceu no Rio de Janeiro, mas se sente mineiro, pois voltou com a família para Minas Gerais ainda pequeno, crescendo nas cidades de Salinas e Belo Horizonte.[1] É o mais velho de doze filhos do casal Abdênago Lisboa e Iraci Heringer; seu pai descende de famílias caetiteenses (José Antônio Gomes Neto), sendo seu avô Octacílio Lisboa primo do médico Antônio Rodrigues Lima e seu irmão também médico que governou a Bahia, Joaquim Manoel.[3]

Enquanto estudava no curso de Medicina na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), instaurou-se no Brasil a ditadura militar. Naqueles anos, participou inicialmente da resistência armada ao regime, de forma espontânea, como povo. Mais tarde integrou a direção da Organização Revolucionária Marxista Política Operária (POLOP), onde tinha a missão de mobilizar jovens estudantes. Tinha 21 anos de idade quando conheceu a futura presidenta Dilma Rousseff, que era então uma secundarista de 16 anos. Segundo Dilma, Apolo foi seu "guru". Embora a revista IstoÉ diga que ele havia se enamorado pela doutrinanda, nunca manifestou esse interesse a ela que, segundo declarou "...era muito dedicada, organizada e discreta." (...) "Tinha consciência do momento histórico e não trocava suas tarefas por nenhuma festinha."[4]

Durante a ditadura, sendo um dos expoentes à resistência em Belo Horizonte, foi preso algumas vezes. Mais tarde, após longa clandestinidade no Rio de Janeiro, foi exilado,[4] tendo vivido vários anos no Chile, na Argentina, Argélia e na Europa.[1] Na Argélia, como bolsista do ministério da saúde daquele país, realizou sua residência médica em pneumotisiologia no Centre Hospitalier Universitaire d'Algerie (1974-1979). Ainda no período de exílio, fez aperfeiçoamento em pneumologia, no Hospital Pitié-Salpêtriére (1976), e especialização em estatística e epidemiologia pela Universidade Livre de Bruxelas (1978-1979). De volta ao Brasil, Lisboa obteve seu mestrado em Medicina Veterinária na UFMG, tendo apresentado monografia sobre o diagnóstico de pacientes com cólera (1993) . Posteriormente, obteve o doutorado (2012) em Educação, também pela UFMG, com a tese "Projeto Manuelzão: uma estratégia socioambiental de transformação da mentalidade social".[5]

Apolo tornou-se conhecido pelo Projeto Manuelzão, de despoluição do Rio das Velhas (Minas Gerais).[1] O Projeto refere-se à mobilização da sociedade para a recuperação hidro-ambiental do Rio das Velhas. Embora seu objetivo específico e operacional seja o de promover a volta dos peixes ao rio, o objetivo geral é transformar a mentalidade da população da bacia hidrográfica, com respeito à recuperação ambiental.

Foi um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores (PT), mas deixou o partido em 1988 por divergências ideológicas.[4]

Desde 1980 é professor da disciplina Internato em Saúde Coletiva da faculdade em que se formou. Ali idealizou o Projeto Manuelzão (nome alusivo ao vaqueiro, personagem de Guimarães Rosa), para a despoluição do Rio das Velhas, implementado a partir de 1997.[1]

No ao de 2013, Apolo Lisboa foi escolhido a Personalidade Ambiental do ano no Brasil, pela comissão que concede o Prêmio Hugo Werneck de Sustentabilidade e Amor à Natureza, promovido pela sucursal brasileira da AES Corporation.[6]

Em 2014, integrando o Partido Socialista Brasileiro (PSB), Apolo chegou a ser pré-candidato ao governo de Minas.[7] No ano de 2022, filiado ao Partido Verde (PV) candidata-se a Deputado Federal por Minas Gerais.[8]

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Dentre as obras publicadas pelo professor Apolo Lisboa, destacam-se:

  • Verás que um filho teu não foge à luta (com GARCIA, J. C. B), Posenato Arte e Cultura, 1964
  • O Sonho Exilado (com PAIVA, M.), Edições Achiamé Ltda, 1986
  • Escândalo no Arraial das Formigas, 1991
  • Octacilíada - uma Odisseia do Norte de Minas (com Abdênago Lisboa), 1992
  • Projeto Manuelzão (com Eugênio M. Andrade Goulart), 2008
  • A vida quer é coragem - a trajetória de Dilma Rousselff, a primeira presidenta do Brasil (com AMARAL, R. B.), Rio de Janeiro, Sextante, 2011.

Referências

  1. a b c d e Wilson Renato Pereira (17 de dezembro de 2008). «"Águas"». Revista Brasileiros. Consultado em 6 de fevereiro de 2014. Arquivado do original em 24 de abril de 2013 
  2. Melo, Cíntia (12 de setembro de 2009). «Apolo Heringer, médico, ambientalista e criador do projeto Manuelzão». Revista Ecológico. Consultado em 9 de janeiro de 2023 
  3. Abdênago Lisboa; Apolo H. Lisboa (1992). Octacilíada, uma odisseia do Norte de Minas. Belo Horizonte: Editora Canaã. 308 páginas 
  4. a b c Solange Azevedo (1 de novembro de 2010). «O homem que fez a cabeça de Dilma». ISTOÉ - Especial: Dilma Presidente. Consultado em 6 de fevereiro de 2014. Cópia arquivada em 29 de dezembro de 2018 
  5. Informações baseadas no Currículo Lattes do biografado.
  6. Institucional (11 de dezembro de 2013). «"Oscar da Ecologia" divulga vencedores». AES Brasil. Consultado em 6 de fevereiro de 2014 
  7. Carlos Eduardo Cherem (9 de abril de 2014). «PSB quebra acordo com Aécio e lança candidato ao governo de Minas». Uol Notícias. Consultado em 27 de fevereiro de 2016 
  8. «Médicos e ambientalistas, Apolo Heringer e Marcus Polignano lançam pré-candidaturas em defesa do meio ambiente». Partido Verde. Consultado em 18 de setembro de 2022 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]