Castelo de Freixo de Espada à Cinta

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Castelo de Freixo de Espada à Cinta
Apresentação
Tipo
Estilo
Estatuto patrimonial
Monumento Nacional (d)Visualizar e editar dados no Wikidata
Localização
Localização
Coordenadas
Mapa
Castelo de Freixo de Espada à Cinta
Castelo de Freixo de Espada à Cinta: Torre do Relógio.
Construção ()
Estilo
Conservação
Homologação
(IGESPAR)
MN
Aberto ao público
Site IHRU, SIPA2116
Site IGESPAR70453

O Castelo de Freixo de Espada à Cinta localiza-se na freguesia de Freixo de Espada à Cinta e Mazouco, no município de Freixo de Espada à Cinta, no distrito de Bragança, em Portugal.[1]

Encontra-se classificado como Monumento Nacional por Decreto publicado em 23 de Junho de 1910.[2]

História[editar | editar código-fonte]

Antecedentes[editar | editar código-fonte]

A origem da povoação bem como o seu topónimo são muito antigos, mergulhando no terreno da lenda. De acordo com o erudito quinhentista João de Barros (homónimo do cronista), na sua Geografia de Entre Douro e Minho e Trás-os-Montes, a fundação é atribuída a um fidalgo espanhol, de apelido Feijão, que teria vivido no século X, e em cujas armas constaria um freixo e uma espada. Uma tradição local atribui o topónimo a um guerreiro Visigodo de apelido Espadacinta, que, ali se deitou à sombra de um freixo para descansar, o que passou a identificar o lugar.

Uma versão ligeiramente diferente é contada por Xavier Fernandes no segundo volume de Topónimos e Gentílicos:

"Um cavaleiro cristão [...], perseguido por um grupo de aventureiros, viu-se em perigo de morte. Então, conseguiu esconder-se entre os ramos de um freixo, aos ramos do qual pendurou a própria espada. Assim se salvou, porque os inimigos vendo um freixo com uma espada, encheram-se de pavor e fugiram. E aí mesmo se lançaram os fundamentos da povoação, a que o seu fundador deu o nome de Espada de Freixo à Cinta".

O castelo medieval[editar | editar código-fonte]

A povoação de Freixo existia nos primeiros tempos da Independência de Portugal, marcando a fronteira a oeste do rio Douro. Por essa razão, visando fomentar o seu povoamento e defesa, D. Afonso Henriques (1112-1185), outorgou-lhe foral desde 1152 (ou 1155-1157), confirmado em 1246. Acredita-se que remonta a esse período tanto a construção do castelo quanto o privilégio de couto e homízio (exceto para os crimes de aleive e traição), que seria limitado por D. João I (1385-1433), em 1406, a apenas três vilas no reino, entre as quais esta de Freixo. As primeiras referências documentais ao castelo, entretanto, referem-se a obras em progresso em 1258.

Foi esta primitiva defesa que foi conquistada, sob o reinado de Afonso II de Portugal (1211-1223), pelas forças invasoras de Afonso IX de Leão, entre os anos de 1212 e 1213.

O rei D. Afonso III (1248-1279) outorgou novo foral à vila (1273), quando se iniciou uma nova etapa construtiva em suas defesas, reforçadas e ampliadas. Outra importante fase se sucedeu sob D. Dinis (1279-1325), a ponto de o cronista Rui de Pina ter reportado que este soberano povoou de novo e fez o castelo. É deste período o início da ereção da torre heptagonal que o caracteriza, encontrando-se ainda em progresso, em 1342, os trabalhos na cerca da vila. À época do reinado de Fernando I de Portugal (1367-1383), são citadas novas obras no castelo (1376).

Durante o século XV, são registadas obras no castelo entre 1412 e 1423, e entre 1435 e 1459, eventualmente visando adaptar o castelo à função de Paço para a habitação dos seus alcaides.

A povoação e seu castelo encontram-se figurados por Duarte de Armas no seu Livro das Fortalezas (c. 1509), destacando-se a cerca da vila reforçada por diversas torres, de planta hexagonal e pentagonal, dispostas a intervalos regulares, a maioria ostentando balcões de Mata-cães, e o castelo cercado pela barbacã. As obras, neste período, estavam sob a responsabilidade do mestre biscaínho Pero Lopes.

Do século XIX aos nossos dias[editar | editar código-fonte]

Embora sejam escassas as notícias sobre este monumento, ele esteve em atividade até ao século XIX, quando, estando perdida a sua função militar, o seu recinto foi utilizado como Cemitério municipal (1836), com a demolição de alguns troços da muralha.

Destacam-se, atualmente bem conservados, os restos das antigas muralhas e a torre que o caracteriza.

Características[editar | editar código-fonte]

A tipologia deste castelo medieval, em estilo gótico, apresenta semelhanças com a dos de Alva, Mós e Urrós.

A antiga Torre de Menagem, figurada por Duarte de Armas (c. 1509) juntamente com a torre heptagonal, não chegou aos nossos dias.

Os remanescentes do castelo são dominados pela uma torre de planta heptagonal irregular, em "opus vittatum", que alguns autores sustentam (indevidamente) tratar-se da Torre de Menagem atribuindo-a uns ao reinado de D. Dinis, outros ao de D. Fernando. Os moradores denominam-na simplesmente como Torre do Galo ou Torre do Relógio. Elevando-se a 25 metros de altura, é acedida por uma porta em arco quebrado. O seu interior é dividido em três pavimentos, com abóbadas em arcaria, acedidos por escada, iluminados por pequenas frestas nos muros. No alto, destaca-se um balcão corrido sustentado por cachorrada. O conjunto culmina com uma torre sineira quadrangular, com cobertura em forma de agulha, tendo nos cunhais pequenas pirâmides boleadas.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • ALVES, Francisco Manuel. Memórias arqueológico-históricas do distrito de Bragança: repositório amplo de notícias corográficas, hidro-orográficas, geológicas, mineralógicas, hidrológicas, biobibliográficas, heráldicas (...) (2ª ed.). Bragança: 2000.
  • BARROCA, Mário Jorge. "Castelo de Freixo de Espada à Cinta". in: Do Douro Internacional ao Côa: as raízes de uma fronteira (CD-ROM). Porto: 2000.
  • BARROCA, Mário Jorge. "D. Dinis e a arquitectura militar portuguesa". in: Revista da Faculdade de Letras. História, II série, tomo XV, pp. 801–822. Porto: 1998.
  • BARROCA, Mário Jorge. "Da Reconquista a D. Dinis". in: Nova História Militar de Portugal (v. I), pp. 21–161. Lisboa: 2003.
  • BARROCA, Mário Jorge. Epigrafia medieval portuguesa (862-1422). Lisboa: 2000.
  • GIL, Júlio; CABRITA, Augusto. Os mais belos castelos e fortalezas de Portugal (4ª ed.). Lisboa; São Paulo: Editorial Verbo, 1996. 309p. fotos, mapas. ISBN 9722211358
  • LEMOS, Francisco Sande. "Povoamento Romano de Trás-os-Montes Oriental (6 vols.)". Dissertação de Doutoramento apresentada à Universidade do Minho. Braga: 1993.
  • MARQUES, Gentil. Lendas dos Nomes das Terras (3ª ed.). Lisboa: Âncora Editora, 1999. ISBN 9727800181
  • NETO, Joaquim Maria. O Leste do Território Bracarense. Torres Vedras: 1975.
  • PAULO, Amílcar. "Freixo de Espada à Cinta e as suas Antiguidades". in: Amigos de Bragança, 3ª série, nº 8, pp. 49-73. Bragança: 1967.
  • PERES, Damião. A gloriosa história dos mais belos castelos de Portugal. Barcelos: 1969.
  • PINTADO, Francisco António. De Freixo a Freixo de Espada à Cinta: notas de monografia (2 vols.). Freixo de Espada à Cinta: 1996.
  • PINTADO, Francisco António. O castelo de Freixo de Espada à Cinta: notas para a sua história. Freixo de Espada à Cinta: 1992.
  • TEIXEIRA, António José. "Freixo de Espada à Cinta: notas históricas - sua evolução através do tempo". in: Brigantia, v. 1, nº 1, pp.127-132. Bragança: 1981.
  • VERDELHO, Pedro. Roteiro dos castelos de Trás-os-Montes. Chaves: 2000.
  • VITERBO, Francisco M. de Sousa. Dicionário histórico e documental dos Arquitectos, Engenheiros e Construtores Portugueses. Lisboa: 1988.

Referências

O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Castelo de Freixo de Espada à Cinta

Ligações externas[editar | editar código-fonte]