Hemidictyaceae

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A família Hemdictyaceae foi reconhecida pelo PPG (Pteridophyte Phylogeny Group) em 2016.[1] Junto de outras 25 famílias, faz parte da ordem Polypodiales,[2] a maior ordem de samambaias, que contém cerca de 80% da diversidade do grupo.

Como ler uma infocaixa de taxonomiaHemidictyaceae
Taxocaixa sem imagem
Classificação científica
Reino: Plantae
Divisão: Pteridophyta
Clado: Eupolypods II
Classe: Polypodiopsida
Ordem: Polypodiales
Família: Hemidictyaceae
Género: Hemidyctium (Tipo)

Diversidade Taxonômica[editar | editar código-fonte]

Essa família de samambaias é constituída por apenas um gênero, Hemidictyum, inicialmente descrito por Karel Bořivoj Presl em 1836.[3]

Atualmente, o único gênero da família também é considerado monotípico, apresentando apenas sua espécie tipo, Hemidictyum marginatum (L.) C. Presl, retratada na fotografia[4] .

São plantas terrícolas e herbáceas de grande porte, podendo ultrapassar dois metros de altura.[5]

Morfologia[editar | editar código-fonte]

Essa samambaia é caracterizada por frondes bipinatifitas com pecíolos verticais, em média de 0,5 a 1,5m, com pares de pinas opostas, verde brilhante e glabras (sem pelos ou tricomas), de forma oblonga, subitamente pontiaguda na extremidade. Outra característica marcante das pinas para a taxonomia são suas veias: apresentam-se livres próximas do pecíolo, tornando-se anastomosadas nas extremidades. O rizoma apresenta escamas acastanhadas e lanceoladas por toda a borda e, às vezes, no início dos pecíolos também.

Na superfície abaxial das pinas, especialmente onde as veias são livres, estão posicionados os soros. Estes são conspícuos por suas formas lineares e de comprimento variável, possuindo indúsio membranoso e bastante fino, cuja abertura é distal.[6]

Fotografias de observações e exsicatas que ilustram detalhadamente a morfologia da espécie foram reunidas e podem ser observadas em uma página própria do GBIF (Global Biodiversity Information Facility)[7].

Relações Filogenéticas[editar | editar código-fonte]

Antes de ser reconhecida pelo PPG (Pteridophyte Phylogeny Group) em 2016,[1] a família Hemidictyaceae era vista como um gênero e inserida dentro de famílias maiores, por exemplo, Woodsiaceae ou Diplaziopsidaceae, na visão de Smith et  al., 2006,[8] e  Christenhusz et  al.,  2011,[2] respectivamente. O gênero Hemidictyum inicialmente englobava mais espécies,[3] e já houve confusões com outros táxons, especialmente plantas do gênero Diplazium, graças à sua semelhança morfológica.[9]

Atualmente, é possível inferir que a família Aspleniaceae é seu grupo irmão. Evidências da relação entre essas famílias foram apontadas no trabalho de Rothfels,[10] indicando que sua separação ocorreu por volta do final do Cretáceo. Ambas podem ser agrupadas com outras famílias próximas num clado informal denominado Aspleniineae ou Eupolypods II,[11] estipulando suas possíveis relações filogenéticas, como proposto no cladograma abaixo:

 eupolypods II  

Cystopteridaceae

Rhachidosoraceae

Diplaziopsidaceae

Aspleniaceae

Hemidictyaceae

Thelypteridaceae

Woodsiaceae

Onocleaceae

Blechnaceae

Athyriaceae

Sinônimos[editar | editar código-fonte]

Inicialmente, essa espécie foi descrita dentro de outro gênero existente, então denominada Asplenium marginatum, L.,1753. Também é encontrada na literatura como[12][13]:

  • Allantodia marginata Racib. (1905)
  • Asplenium limbatum Willd. (1810)
  • Asplenium mikanii C.Presl (1822)
  • Athyrium marginatum Milde (1870)
  • Diplazium giganteum Karst (1850)
  • Diplazium limbatum (Willd.) Proctor (1966)
  • Diplazium marginatum Diels (1899)
  • Hemidictyum limbatum (Willd.) C.Presl (1851)
  • Hemidictyum peruvianum C.Presl (1851)

Distribuição Geográfica[editar | editar código-fonte]

Essas plantas são nativas das Américas, com ocorrência confirmada na América do Sul, Caribe, América Central e no sul da América do Norte, tendo como domínios morfoclimáticos florestas ombrófilas e zonas de várzea da floresta amazônica. Mais especificamente, foi relatada nos seguintes países[12]: Bolívia, Brasil, Colômbia, Costa Rica, Dominica, Equador, Estados Unidos (em Porto Rico), Guatemala, Guadalupe, Guiana Francesa, Honduras, Jamaica, Martinica, México (na região sul: Chiapas, Oaxaca, Tabasco e Veracruz[9]), Montserrat, Nicarágua, Panamá, Peru, Santa Lúcia, São Vicente e Granadinas, São Cristóvão e Névis, Suriname, Trinidad e Tobago e, por fim, na Venezuela.

No Brasil, sua ocorrência frequentemente relaciona-se com a presença da Mata Atlântica, mas pode ser encontrada em outros domínios. Hemidictyum marginatum foi documentada[13][14] no Acre, Alagoas, Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina.

Referências

  1. a b PPG I - Schuettpelz, E. et al. A community-derived classification for extant lycophytes and ferns. Journal of Systematics and Evolution, vol.54, ed. 6, p. 561-705, nov/2016.
  2. a b Christenhusz, M. J. M.; Zhang, X. C.; Schneider, H. A linear sequence of extant families and genera of lycophytes and ferns. Phytotaxa, 2011.
  3. a b Presl, C. B. Tentamen Pteridographiae: seu genera filicacearum praesertim juxta venarum decursum et distributionem exposita. Typis Filiorum Theophili Haase, Praga, 1836.
  4. Hernández, O. R. Hemidictyum marginatum (L.) C. Presl observado em Porto Rico por Octavio Rivera Hernández. iNaturalist, 2022. (Licenciado sob <http://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0/>).
  5. Croat, T. B. Flora of Barro Colorado Island. Stanford University Press, 1978. DSpace Repository, Smithsonian Research Online.
  6. Della, A.P.; VASQUES, D.T. Hemidictyaceae in Flora e Funga do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
  7. GBIF Secretariat. Hemidictyum marginatum (L.) C. Presl. GBIF Backbone Taxonomy, 2022. Disponível em: <https://www.gbif.org/pt/species/2650883>.
  8. Smith, A. R. et al. A classification for extant ferns. TAXON, vol. 55, n. 3, pg. 705-731, ago/2006.
  9. a b Palacios-Rios, M., Arana, M. D. Hemidictyum marginatum (L.) C. Presl (Hemidictyaceae), novo registro para Veracruz, México. Polibotânica, n.45, p.7-13, jan/2018.
  10. Rothfels, C. J. et al. Overcoming Deep Roots, Fast Rates, and Short Internodes to Resolve the Ancient Rapid Radiation of Eupolypod II Ferns, Systematic Biology, Volume 61, Issue 3, May 2012, Page 490
  11. Lehtonen, S. Towards Resolving the Complete Fern Tree of Life. PLoS ONE, vol. 6, ed. 10, 2011.
  12. a b Royal Botanic Gardens, Kew. Hemidictyum marginatum (L.) C. Presl. Plants of the World Online.
  13. a b Sitema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SiBBr). Catálogo Taxonômico da Fauna do Brasil e Lista da Flora do Brasil 2020.
  14. U.S. Department of Agriculture, Agricultural Research Service, National Plant Germplasm System). Germplasm Resources Information Network (GRIN Taxonomy). National Germplasm Resources Laboratory, Beltsville, Maryland, 2023.