Isabel Rilvas

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Isabel Rilvas
Isabel Rilvas
Nascimento 8 de janeiro de 1935 (89 anos)
Lisboa
Cidadania Portugal
Cônjuge Leonardo Mathias
Ocupação enfermeira, piloto, paraquedista
Prêmios

Isabel Manuela Teixeira Bandeira de Melo, também conhecida por Isabel Rilvas GOIH • MPMAGCSI (Lisboa, 8 de janeiro de 1935), é uma ex-piloto­‑acrobata portuguesa, notória por ter sido a primeira mulher paraquedista portuguesa e impulsionadora para a criação das Enfermeiras Paraquedistas.[1]

Foi a primeira piloto­‑acrobata da Península Ibérica, bateu o recorde português de voo sem motor e foi a primeira pessoa portuguesa a obter o brevet de balão de ar quente.[2][3][4]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Isabel Manuela Teixeira Bandeira de Melo nasceu no dia 8 de Janeiro de 1935, em Lisboa. Era filha dos condes de Rilvas, daí o nome pelo qual ficou conhecida Isabel Rilvas. [5]

Percurso[editar | editar código-fonte]

Começou a aprender a pilotar aviões na Escola de Aviação Civil do Aero Club de Portugal (Sintra),em 1953, apadrinhada pelo director das Oficinas Gerais de Material Aeronáutico, Pedro Avilez. Para fazer o curso teve sempre a companhia de Chica uma empregada da familia que fez o papel de dama de companhia dela. [5][6][7]

Conseguiu o brevet de piloto particular de aeroplanos em 1954, posteriormente obteve as licenças equivalentes na África do Sul, Espanha, Itália e Estados Unidos da América, países onde viveu enquanto mulher do embaixador Leonardo Mathias. Torna-se na primeira piloto­‑acrobata da Península Ibérica. [5][6]

Em 1955, é segunda mulher portuguesa a obter o brevet C que permite pilotar planadores. Vai para França e frequenta o curso de Instrutor Paraquedista no Solo no Centro de Paraquedismo de Biscarrosse onde é aluna da socorrista do ar Jacqueline Domerge. Lá obtém, em 1956, brevê de 1.ºgrau de paraquedismo civil e no ano seguinte o de 2.º grau. [5][8][9][10]

Para poder manter as suas licenças de paraquedista, Isabel tinha de completar um número especifico de saltos, mas foi confrontada com a inexistência de locais onde fosse possível fazê-lo em Portugal. Por isso, pediu à Força Aérea que a autorizasse a saltar na base militar de Tancos, local de treino dos soldados paraquedistas e conseguiu. Foi a primeira pessoa civil a saltar em Tancos no dia 16 de Janeiro de 1957. E também o foi em Luanda (Angola) e em Lourenço Marques no aeroporto de Mavalane, em 1959. [6][11][9]

Isabel efectuou saltos de para-quedas de diversos tipos de aviões, entre eles: Stampe, Junkers JU52, Dakota, Tiger Moth, Dragon Rapid e Noratlas. [5]

Enquanto piloto, bate o recorde português de permanência no ar sem motor, ao ficar no ar durante 11horas e 15 minutos, em Alverca, no dia 2 de Julho de 1960. [5]

Isabel Rilvas é também pioneira no balonismo, ao tornar-se na primeira portuguesa a conseguir o brevet de Balão de Ar Quente, em 1981 nos Estados Unidos. [6][12]

Enfermeiras Paraquedistas

Em 1955, ao ir com o pai ver um festival aéreo no aeroporto Le Bourget, entrou em contacto com as Enfermeiras Paraquedistas Socorristas do Ar, da Cruz Vermelha francesa e tem a ideia de criar um grupo de enfermeiras semelhante em Portugal. [6][13][14][2][15]

Só consegue fazê-lo em 1961, quando Kaúlza de Arriaga perante o inicio da guerra colonial, apresenta a ideia a Salazar que autoriza a criação do grupo de enfermeiras. Em Junho desse ano, é dada formação a 11 enfermeiras na base de Tancos, das quais apenas 6 obtêm o brevet, ficando conhecidas como as "Seis Marias".[5][16][12][3]

Do inicio da guerra até ao fim em 1974, o corpo de enfermeiras paraquedistas fez evacuações de soldados e civis nas antigas colónias portuguesas; assistiram feridos em zonas de combate; trabalharam em vários hospitais quer no continente quer nas colónias, nomeadamente em Luanda, Lourenço Marques, Nampula, Ilha Terceira e Lisboa. [5][6][16]

Competições[editar | editar código-fonte]

Foi a primeira mulher a fazer acrobacias aéreas da Península Ibérica, tendo entrado em várias competições de festivais da modalidade, pilotando vários tipos de aviões, nomeadamente: o Cessna, o Tiger Moth, o Piper Super Cruiser ou o Colt. Entre as competições encontram-se: [5][6][2]

1955 - Fica em 3º lugar na prova de acrobacia aérea no Festival Aeronáutico da Figueira da Foz

1956 - Participou na primeira Volta Aérea a Portugal, foi desclassificada devido a uma avaria mecânica

1957 - Regressa ao Festival Aeronáutico da Figueira da Foz, onde ganha uma taça na prova livre de acrobacia aérea em segundo lugar na prova de lançamento da mensagem

1958 - Fica em primeiro lugar na prova de aterragem de precisão e o segundo lugar na classificação geral no Festival Aéreo do Outono, em Sintra

1959 - É a única mulher a competir no I Campeonato Nacional de Acrobacia Aérea (Sintra) e fica em segundo lugar

1960 - Volta a ficar em primeiro lugar, no Festival Aéreo do Fim do Ano de Sintra, nas provas de Avaliação de Distâncias e Lançamento de Mensagens

Reconhecimento[editar | editar código-fonte]

O seu pioneirismo na aeronáutica obteve reconhecimento nacional e internacional:

Nacional

1994 - Torna-se Dama da Ordem de Malta [5]

1999 - Foi condecorada com a Cruz Pró­‑Mérito Melitense da Ordem de Malta [5]

2002 - Dama Grã­‑Cruz da Real Ordem de Santa Isabel [5]

2014 - Foi condecorada pela Força Aérea Portuguesa com a Medalha de Mérito Aeronáutico de 1.ªclasse, entregue pelo chefe do Estado-Maior da Força Aérea [17][3]

2015 - A Força Aérea voltou a homenageá-la ao convidá-la para voar a bordo de um avião Chipmunk [7]

2017 - Foi agraciada com o grau de Grande Oficial da Ordem Infante Dom Henrique do Estado Português [18]

Internacional

1999 - Tem o nome e a frase "for exceptional contributions to aviation", gravados numa pedra de granito na Memory Lane da International Forest of Frendship, no Kansas (EUA) ao pé da árvore dedicada a Portugal [19]

2000 - Foi colocada uma placa com o seu nome no Wall of Wings do 99s Museum of Women Pilots, em Oklahoma City (EUA) [5][20]

2005 - É primeira e única portuguesa a receber o Diploma Paul Tissander atribuído pela Federação Aeronáutica Internacional, da qual é membro desde 1958 [21][5]

Referências

  1. «Museu do Ar». www.museudoar.pt. Consultado em 19 de fevereiro de 2021 
  2. a b c «Isabel Rilvas - A impulsionadora da criação das Enfermeiras Pára-quedistas :: Boinas Verdes e Pára-quedistas». boinas-verdes-e-para-quedistas.webnode.pt. Consultado em 17 de janeiro de 2021 
  3. a b c @NatGeoPortugal (3 de julho de 2020). «Conhece Estas Mulheres Portuguesas? Rostos que Mudaram o País». National Geographic. Consultado em 17 de janeiro de 2021 
  4. «Mulheres conquistam boinas verdes - DN». www.dn.pt. Consultado em 17 de janeiro de 2021 
  5. a b c d e f g h i j k l m n Mota, Ana Rosa de Sousa; Monteiro, Natividade (2015). «Isabel Rilvas». Faces de Eva. Estudos sobre a Mulher (33): 147–154. ISSN 0874-6885. Consultado em 16 de janeiro de 2021 
  6. a b c d e f g «RECORDANDO - Depois dos desafios». CAVOK.pt. 20 de dezembro de 2016. Consultado em 16 de janeiro de 2021 
  7. a b «Quando o céu é o limite - Atualidade - UALMedia». www.ualmedia.pt. Consultado em 17 de janeiro de 2021 
  8. Stehno, Rose (1960). «MISSOURI VALLEY CHAPTER». Ninety-Nines-Magazine. Ninety-Nines-Magazine: 11 
  9. a b Stone, Esther (1957). «EASTERN IDAHO UNIT». Ninety-Nines-Magazine. Ninety-Nines-Magazine: 7 
  10. Torrão, Susana (28 de fevereiro de 2012). Anjos na Guerra. [S.l.]: Leya 
  11. «PIONEIROS DO PÁRA-QUEDISMO CIVIL PORTUGUÊS | Operacional». Consultado em 17 de janeiro de 2021 
  12. a b «'Avozinha' nos ares». www.cmjornal.pt. Consultado em 17 de janeiro de 2021 
  13. «O encontro de Marcelo e Maria no bazar das vendas solidárias». Jornal Expresso. Consultado em 16 de janeiro de 2021 
  14. «Câmara Municipal Fafe - "Terra Justa em Fafe" recorda papel das enfermeiras paraquedistas portuguesas». Câmara Municipal Fafe (em inglês). Consultado em 16 de janeiro de 2021 
  15. «Museu do Ar». www.museudoar.pt. Consultado em 17 de janeiro de 2021 
  16. a b «ENFERMEIRAS PÁRA-QUEDISTAS LOUVADAS PELO CEMGFA | Operacional». Consultado em 17 de janeiro de 2021 
  17. «Caras | Isabel Rilvas condecorada pela Força Aérea Portuguesa». Caras. 11 de março de 2014. Consultado em 16 de janeiro de 2021 
  18. «ENTIDADES NACIONAIS AGRACIADAS COM ORDENS PORTUGUESAS - Página Oficial das Ordens Honoríficas Portuguesas». www.ordens.presidencia.pt. Consultado em 16 de janeiro de 2021 
  19. Taylor, Chris (17 de junho de 1999). «[Clipping: Forrest of Friendship, Saluting the International 99s]». The Portal to Texas History (em English). Consultado em 16 de janeiro de 2021 
  20. SAPO. «6 mulheres menos conhecidas que mudaram a história de Portugal». MAGG. Consultado em 17 de janeiro de 2021 
  21. «Search results | World Air Sports Federation». www.fai.org. Consultado em 16 de janeiro de 2021 

Ligações Externas[editar | editar código-fonte]