Manolo Florentino

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Manolo Garcia Florentino
Manolo Florentino
Nascimento 1958
Baixo Guandu, Brasil
Morte 12 de março de 2021 (63 anos)
Rio de Janeiro, Brasil
Nacionalidade brasileiro
Ocupação Historiador
Professor
Prêmios Prêmio Arquivo Nacional de Pesquisa (1993)
Magnum opus
  • Em costas negras: uma história do tráfico de escravos entre a África e o Rio de Janeiro (séculos XVIII e XIX) (1995)
Instituições

Manolo Garcia Florentino (Baixo Guandu, 1958Rio de Janeiro, 12 de março de 2021) foi um historiador, colunista, escritor e professor brasileiro especialista em história da escravidão nas Américas. Foi professor do Instituto de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Foi casado com a também professora da UFRJ, Cacilda Machado com quem teve a filha Maria.[1]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Formação profissional[editar | editar código-fonte]

Florentino graduou-se no curso de História na Universidade Federal Fluminense (UFF) no ano de 1981.[1] No ano de 1985, concluiu seu mestrado, em estudos africanos, no Colégio de México (COLMEX) com o título de La Trata Atlántica y las Sociedades Agrárias del Africa Occidental (Ensayo Sobre las Consecuéncias del Tráfico Negrero en la Agricultura del Oeste Africano, c. 1450-c.1800).[2]

Retornou à UFF para realizar o doutorado, que completou em 1991 sob orientação de Ciro Flamarion Cardoso.[1] Seu trabalho no doutorado foi Em Costas Negras: Um Estudo Sobre o Tráfico de Escravos Africanos para o Porto do Rio de Janeiro. c. 1790-c. 1835, em que Florentino faz uma grande análise dos africanos escravizados chegados no Rio de Janeiro, então capital federal do país.[3][4]

Carreira profissional[editar | editar código-fonte]

Em 1988, tornou-se professor do Instituto de História, na época ainda chamado de Departamento de História, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) através de concurso público.[5] Aposentou-se pela mesma instituição em 2019.[6]

Entre os anos 2013 e 2015 foi presidente da Fundação Casa de Rui Barbosa.[7][8] Também atuou como colunista da Folha de S. Paulo no caderno Mais!.[9]

Vida pessoal[editar | editar código-fonte]

Foi casado com a professora Cacilda Machado, que também atuou como professora da UFRJ.[1][10] O casal teve uma filha, Maria.[1]

Morte[editar | editar código-fonte]

Manolo morreu no Rio de Janeiro, em março de 2021, vítima de uma parada cardiorrespiratória.[11][12]

Legado[editar | editar código-fonte]

Manolo é considerado um dos maiores historiadores do Brasil no assunto da escravidão.[13][14] Na nota de pesar escrita pelo Instituto de História da UFRJ, disse que o professor deixou "marcas indeléveis nas instituições em que trabalhou" e que "Manolo marcou definitivamente a historiografia brasileira.[5]

A historiadora Lília Moritz Schwarcz disse que "Manolo era um pesquisador muito importante no que se refere à história da escravidão no Brasil mas também pelas Américas.[9] Nos últimos 30 anos revolucionou a concepção do que é escravidão, mostrando sim como os escravizados eram vítimas, mas também como tinham ação, como tinham relevância."[9]

Livros publicados[editar | editar código-fonte]

  • 1995 - Em costas negras: uma história do tráfico de escravos entre a África e o Rio de Janeiro (séculos XVIII e XIX) - Ed. Companhia das Letras.[15]
  • 1996 - O Arcaísmo como projeto (em parceria com João Fragoso) - Ed. Diadorim.[16]
  • 1997 - A paz das senzalas (em parceria com José Roberto Góes Neves) - Ed. da Unesp.[17]
  • 2005 - Tráfico, cativeiro e liberdade: Rio de Janeiro, séculos XVII-XIX - Ed. Record.[18]
  • 2008 - Trabalho compulsório e trabalho livre na história do Brasil - Ed. da Unesp.[19]
  • 2010 - Impérios ibéricos em comarcas americanas: estudos regionais de história colonial brasileira e neogranadina - Ed. 7Letras.[19]

Prêmios[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c d e Queiroz, Christina (16 de março de 2021). «Intérprete da escravidão». Revista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. Consultado em 27 de abril de 2021 
  2. Florentino, Manolo (1985). «La trata atlántica de esclavos y las sociedades agrarias del África Occidental: ensayo sobre las consecuencias del tráfico negro en la agricultura del oeste africano, c.1450-c.1800». El Colegio de México. Consultado em 26 de abril de 2021 
  3. Marquese, Rafael de Bivar (2006). «A dinâmica da escravidão no Brasil: resistência, tráfico negreiro e alforrias, séculos XVII a XIX». Novos estudos CEBRAP (74): 107–123. ISSN 0101-3300. doi:10.1590/S0101-33002006000100007. Consultado em 27 de abril de 2021 
  4. CASTRO, Ruy (2019). Metrópole à beira-mar: O Rio moderno dos anos 20. Rio de Janeiro: Companhia das Letras. 536 páginas 
  5. a b Sedrez, Lise. «Nota de pesar». Universidade Federal do Rio de Janeiro. Consultado em 27 de abril de 2021 
  6. Grellet, Fábio (12 de março de 2021). «Historiador Manolo Garcia Florentino morre aos 63 anos no Rio - Brasil». Estadão. Consultado em 27 de abril de 2021 
  7. «Marta Suplicy se reúne com o presidente da FCRB». Fundação Casa de Rui Barbosa. Consultado em 27 de abril de 2021 
  8. Altschuller, Claudia. «Vocabulário do Português Medieval». Fundação Casa de Rui Barbosa. Consultado em 27 de abril de 2021 
  9. a b c Moura, Eduardo (12 de março de 2021). «Morre Manolo Florentino, historiador que lançou novos olhares sobre a escravidão». Folha de S. Paulo. Consultado em 27 de abril de 2021 
  10. «Cacilda da Silva Machado». PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA SOCIAL. Consultado em 28 de abril de 2021 
  11. Leal, Bruno (12 de março de 2021). «Morre o historiador Manolo Florentino, referência em estudos da escravidão». Café com História. Consultado em 27 de abril de 2021 
  12. «Morre aos 63 anos o historiador Manolo Florentino». IstoÉ Independente. 12 de março de 2021. Consultado em 27 de abril de 2021 
  13. a b Alves, Altair (13 de março de 2021). «Morre aos 63 anos o historiador Manolo Florentino». Diário do Rio de Janeiro. Consultado em 27 de abril de 2021 
  14. «Editora Unesp homenageia historiador Manolo Florentino». Editora da Unesp. 15 de março de 2021. Consultado em 27 de abril de 2021 
  15. Florentino, Manolo (1997). Em costas negras: uma história do tráfico atlântico de escravos entre a Africa e o Rio de Janeiro, séculos XVIII e XIX. [S.l.]: Companhia das Letras 
  16. Fragoso, João Luís Ribeiro; Florentino, Manolo (1993). O arcaísmo como projeto: mercado atlântico, sociedade agrária e elite mercantil no Rio de Janeiro, c. 1790-c. 1840. [S.l.]: Diadorim 
  17. Florentino, Manolo (18 de agosto de 2017). A paz das senzalas. [S.l.]: SciELO - Editora UNESP 
  18. Florentino, Manolo (2005). Tráfico, cativeiro e liberdade: Rio de Janeiro, séculos XVII-XIX. [S.l.]: Civilização Brasileira 
  19. a b Lewkowics, Ida; Gutiérrez, Horacio; Florentino, Manolo (2008). Trabalho compulsório e trabalho livre na história do Brasil. [S.l.]: UNESP 
  20. Grellet, Fábio (12 de março de 2021). «Morre aos 63 anos o historiador Manolo Florentino». Zero Hora. Consultado em 27 de abril de 2021 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]