Partido Social-Democrata da Alemanha
Partido Social-Democrata da Alemanha Sozialdemokratische Partei Deutschlands
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---|---|
Presidente | Sigmar Gabriel |
Secretária-geral | Yasmin Fahimi |
Fundação | 27 de maio de 1875 | (unificação)
Sede | Willy-Brandt-Haus, Wilhelmstraße 141, 10963 Berlim |
Ideologia | Social-democracia Terceira Via |
Espectro político | Centro-esquerda |
Think tank | Fundação Friedrich Ebert |
Ala de juventude | Jusos |
Membros (2014) | 467 047 |
Afiliação internacional | Aliança Progressista, Internacional Socialista |
Afiliação europeia | Partido Socialista Europeu |
Grupo no Parlamento Europeu | Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas |
Bundestag | 193 / 631 |
Parlamento Europeu | 27 / 96 |
Parlamentos Regionais | 602 / 1 857 |
Cores | Vermelho |
Página oficial | |
http://www.spd.de/ | |
O Partido Social-Democrata da Alemanha (em alemão Sozialdemokratische Partei Deutschlands, cuja sigla é SPD) é um partido politico alemão. O SPD é um dos partidos dominadores da cena política alemã, tem uma história centenária. É o partido alemão mais antigo ainda em funcionamento, tendo completado em 2005 cento e trinta anos de existência. Foi impiedosamente perseguido durante o Terceiro Reich (1933-1945) e na antiga Alemanha Oriental foi obrigado pelas forças de ocupação soviéticas a se fundir com os comunistas. É filiado à Internacional Socialista. Eleitoralmente forte junto à população alemã de confissão luterana e nas regiões norte e leste da Alemanha. Seu maior rival é a CDU, o partido democrata cristão alemão.
Historia
Inícios
Oficialmente, nasceu no ano de 1875; contudo, devido ao facto de resultar da fusão de duas organizações, a sua história pode recuar alguns anos. Em 1863 emergia na Alemanha a social-democracia. A 7 de agosto de 1869, August Bebel e Wilhelm Liebknecht fundaram o SDAP com a meta de abolir o Estado de classes e implantar um "Estado livre popular". Em 1890, o partido transformou-se para Partido Social Democrata da Alemanha (SPD). Era um partido de orientação marxista, revolucionário, anticlerical e pacifista.[1]
Nesse ano, Ferdinand Lassalle (1825-1864)[2] fundava o Allgemeiner Deutscher Arbeiterverein (ADAV) em Leipzig que, em 1875, viria a juntar-se ao Sozialdemokratische Arbeiterpartei, organização surgida em 1869 e dirigida por August Bebel.[3] Nos primeiros anos da sua existência a sua ideologia era socialista; o partido viria a manter uma orientação marxista até final dos anos 50 do Século XX.
O ano de 1878 marca o início de uma fase atribulada na vida desta organização política. Otto von Bismarck, Chanceler da Alemanha, conservador, aproveita duas tentativas de assassinato contra o Guilherme II da Alemanha para eliminar adversários; na sequência destes atentados, faz aprovar diversas leis "anti-socialistas", apesar de nunca se ter provado qualquer ligação destes com os acontecimentos. Até 1890 a clandestinidade é o campo onde se movem os activistas partidários de esquerda.
Por essa altura, o SPD conseguira atrair a simpatia de um vasto número de apoiantes; nas eleições desse ano é o partido mais votado, com 19,7% dos votos; em 1912 esses números aumentam para os 34,8%. Entre esta data e os anos 30 o SPD estará ligado a importantes mudanças sócio-políticas no país. A 12 de novembro de 1918, o Governo revolucionário social democrata aprovou o direito de voto das mulheres; em Novembro desse mesmo ano um militante do partido, Friedrich Ebert, é eleito primeiro presidente da República de Weimar.
A ascensão dos nazis na Alemanha trouxe grandes perturbações; o SPD foi das únicas vozes que se levantou contra o totalitarismo hitleriano e sofreu as consequências dessa atitude. Muitos dos seus membros foram presos, torturados e mortos. Nos cerca de 12 anos compreendidos entre 1933 e 1945, a história do partido e da social democracia caracterizou-se pela emigração, clandestinidade e resistência. Depois da guerra, o SPD surgiu com um papel de primeira grandeza na reconstrução do país e a sua linha de actuação, claramente oposta à dos comunistas, começa a esboçar o seu posicionamento futuro. À sua frente estão líderes de grande capacidade, marcantes na sua História; entre eles, destacam-se homens como Kurt Schumacher (o secretário-geral),[4] Egon Franke, Erich Ollenhauer, Fritz Heine.
Pos-guerra
Em 1946, a ruptura com o Leste foi inevitável após os comunistas, no Poder, terem ordenado a prisão de cerca de cinco mil membros do SPD. Outros militantes do partido acabaram por se juntar aos seus camaradas do Ocidente, onde participaram activamente no processo de criação e desenvolvimento da República Federal da Alemanha. Nas primeiras eleições para o Bundestag (o novo Parlamento da República) o SPD consegue 29,2 % dos votos; é o maior partido da oposição, exercendo essa função de forma construtiva.
A partir de 1959, depois de alguns anos em que a Alemanha vive um período de grave agitação social (registando-se um importante levantamento operário em 1953), ao adoptar o chamado Programa Godesberg,[5] o partido "abre-se ao povo", dirigindo-se a uma camada mais vasta do eleitorado, incluindo grupos cristãos; a orientação socialista e socializante era posta de parte e a social-democracia era agora a palavra de ordem. O partido aceitou a economia de mercado, embora defendesse uma intervenção do Estado para manter a ordem e o bem-estar geral.
Em 1969 a política conservadora cristalizara. Pela primeira vez na história da República Federal, o SPD ganhou as eleições; Willy Brandt é nomeado chanceler, cargo que ocupará até 1974, altura em que é substituído pelo também social-democrata Helmut Schmidt. As políticas seguidas por estes dois chanceleres, num compromisso entre a economia de mercado e o Estado-providência, dinamizaram o país; a Alemanha modernizou-se e tornou-se um modelo seguido por outras nações.
De 1982 em diante a Alemanha virou à direita. O SPD voltou à oposição e conheceu uma fase de relativo apagamento, emergindo algumas disputas e sucedendo-se os líderes. A unificação da Alemanha com a queda do muro de Berlim em 1989 levou à fundação, a 7 de outubro (logo, ainda na ilegalidade), do Partido Social Democrata na moribunda República Democrática Alemã. A união dos partidos dos dois lados da Alemanha será entusiasticamente saudada por Willy Brandt e conduzida pelo novo líder Björn Engholm. Depois de vários anos em combate político contra os governos da CDU de Helmut Kohl, o SPD, com Gerhard Schröder chegou ao Governo.
Ficou no poder de 1918 a 1920, de 1928 a 1930, de 1969 a 1982 e de 1998 a 2005. O actual presidente é Sigmar Gabriel.[6]
Elegeu três presidentes da Alemanha: Friedrich Ebert (1919-1925), Gustav Heinemann (1969-1974) e Johannes Rau (1999-2004).[7]
Resultados Eleitorais
Eleições legislativas da Alemanha
Data | Votos | % | Deputados | +/- | Status |
---|---|---|---|---|---|
1871 | 124 000 | 3,2 (#8) | 2 / 382 |
Oposição | |
1874 | 352 000 | 6,8 (#6) | 9 / 397 |
7 | Oposição |
1877 | 493 300 | 9,1 (#4) | 12 / 397 |
3 | Oposição |
1878 | 437 100 | 7,6 (#5) | 9 / 397 |
3 | Oposição |
1881 | 312 000 | 6,1 (#7) | 12 / 397 |
3 | Oposição |
1884 | 550 000 | 9,7 (#5) | 24 / 397 |
12 | Oposição |
1887 | 763 100 | 10,1 (#5) | 11 / 397 |
13 | Oposição |
1890 | 1 427 300 | 19,7 (#1) | 35 / 397 |
24 | Oposição |
1893 | 1 786 700 | 23,3 (#1) | 44 / 397 |
9 | Oposição |
1898 | 2 107 100 | 27,2 (#1) | 56 / 397 |
12 | Oposição |
1903 | 3 010 800 | 31,7 (#1) | 81 / 397 |
25 | Oposição |
1907 | 3 259 000 | 29,0 (#1) | 43 / 397 |
38 | Oposição |
1912 | 4 250 400 | 34,8 (#1) | 110 / 397 |
67 | Governo |
1919 | 11 509 048 | 37,9 (#1) | 163 / 423 |
53 | Governo |
1920 | 6 104 398 | 21,7 (#1) | 102 / 459 |
61 | Governo |
05/1924 | 6 008 905 | 20,5 (#1) | 100 / 472 |
2 | Governo |
12/1924 | 7 881 041 | 26,0 (#1) | 131 / 493 |
31 | Governo |
1928 | 9 152 979 | 29,8 (#1) | 153 / 491 |
22 | Governo |
1930 | 8 575 244 | 24,5 (#1) | 143 / 577 |
10 | Oposição |
07/1932 | 7 959 712 | 21,6 (#2) | 133 / 608 |
10 | Oposição |
11/1932 | 7 247 901 | 20,4 (#2) | 121 / 584 |
12 | Oposição |
03/1933 | 7 181 629 | 18,3 (#2) | 120 / 647 |
1 | Oposição |
Banido de 1933 a 1945 | |||||
1949 | 6 934 975 | 29,2 (#1) | 131 / 402 |
Oposição | |
1953 | 7 944 943 | 28,8 (#2) | 162 / 509 |
31 | Oposição |
1957 | 11 875 339 | 31,8 (#2) | 181 / 519 |
19 | Oposição |
1961 | 11 427 355 | 36,2 (#1) | 203 / 521 |
22 | Oposição |
1965 | 12 813 186 | 39,3 (#1) | 217 / 518 |
14 | Governo |
1969 | 14 065 716 | 42,7 (#1) | 237 / 518 |
20 | Governo |
1972 | 17 175 169 | 45,8 (#1) | 242 / 518 |
5 | Governo |
1976 | 16 099 019 | 42,6 (#1) | 224 / 518 |
18 | Governo |
1980 | 16 260 677 | 42,9 (#1) | 228 / 519 |
4 | Governo |
1983 | 14 865 807 | 38,2 (#1) | 202 / 520 |
26 | Oposição |
1987 | 14 025 763 | 37,0 (#1) | 193 / 519 |
9 | Oposição |
1990 | 15 545 366 | 36,7 (#2) | 239 / 662 |
46 | Oposição |
1994 | 17 140 354 | 36,4 (#1) | 252 / 672 |
13 | Oposição |
1998 | 20 181 269 | 40,9 (#1) | 298 / 669 |
43 | Governo |
2002 | 18 484 560 | 38,5 (#1) | 251 / 603 |
47 | Governo |
2005 | 16 194 665 | 34,2 (#1) | 222 / 614 |
29 | Governo |
2009 | 9 988 843 | 23,0 (#2) | 146 / 622 |
76 | Oposição |
2013 | 11 247 283 | 25,7 (#2) | 193 / 631 |
47 | Governo |
Eleições europeias
Data | Votos | % | Deputados | +/- |
---|---|---|---|---|
1979 | 11 370 045 | 40,8 (#1) | 33 / 81 |
|
1984 | 9 296 417 | 37,4 (#2) | 32 / 81 |
1 |
1989 | 10 525 728 | 37,3 (#1) | 30 / 81 |
2 |
1994 | 11 389 697 | 32,2 (#1) | 40 / 99 |
10 |
1999 | 8 307 085 | 30,7 (#2) | 33 / 99 |
7 |
2004 | 5 547 971 | 21,5 (#2) | 23 / 99 |
10 |
2009 | 5 472 566 | 20,8 (#2) | 23 / 99 |
= |
2014 | 7 999 955 | 27,2 (#2) | 27 / 96 |
4 |
Candidatos do SPD
- Candidatos à Chancelaria Federal da Alemanha
- 1949 - Kurt Schumacher
- 1953 - Erich Ollenhauer
- 1957 - Erich Ollenhauer
- 1961 - Willy Brandt
- 1965 - Willy Brandt
- 1969 - Willy Brandt
- 1972 - Willy Brandt
- 1976 - Helmut Schmidt
- 1980 - Helmut Schmidt
- 1983 - Hans-Jochen Vogel
- 1987 - Johannes Rau
- 1990 - Oskar Lafontaine
- 1994 - Rudolf Scharping
- 1998 - Gerhard Schröder
- 2002 - Gerhard Schröder
- 2005 - Gerhard Schröder
- 2009 - Frank-Walter Steinmeier
- 2013 - Peer Steinbrück
Presidentes do SPD
- Desde 1946
- 1946-1952 - Kurt Schumacher
- 1952-1963 - Erich Ollenhauer
- 1963-1987 - Willy Brandt
- 1987-1991 - Hans-Jochen Vogel
- 1991-1993 - Björn Engholm
- 1993-1993 - Johannes Rau
- 1993-1995 - Rudolf Scharping
- 1995-1999 - Oskar Lafontaine
- 1999-2004 - Gerhard Schröder
- 2004-2005 - Franz Müntefering
- 2005-2006 - Mathias Platzeck
- 2006-2008 - Kurt Beck
- 2009-2009 - Franz Müntefering
- 2009-atualidade Sigmar Gabriel
Referências
- ↑ http://www.dw.de/1869-funda%C3%A7%C3%A3o-do-partido-social-democrata-dos-trabalhadores/a-604941
- ↑ http://www.spd.de/partei/grundsatzprogramm/
- ↑ http://www.spd.de/partei/grundsatzprogramm/
- ↑ http://historiaupf.blogspot.pt/2011/10/1895-nasce-o-lider-social-democrata.html
- ↑ http://www.spd.de/partei/grundsatzprogramm/
- ↑ http://www.spd.de/partei/Personen/968/sigmar_gabriel.html
- ↑ http://www.spd.de/partei/Personen/Groessen_der_Sozialdemokratie/
Ligações externas
- Sítio oficial (em alemão)
- ANTONIO INÁCIO ANDRIOLI: Da esquerda para o "centro"?