Primeiro Concílio de Dúbio

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Primeiro Concílio de Dúbio
Primeiro Concílio de Dúbio
Parte central da cidade de Dúbio. A catedral em primeiro plano, a Igreja Basílica (século VI) ao fundo, à direita, e o Palácio dos Católico (século V), à esquerda.
Data 506
Aceite por cristãos armênios
Convocado por Papeceno de Otmus
Tópicos de discussão Henótico
Todos os Concílios Ecuménicos Católicos
Portal do Cristianismo

O Primeiro Concílio de Dúbio (em armênio: Դվինի առաջին ժողով / Դվինի Ա ժողով; romaniz.:Dvini ařaĵin žoğov / Dvini A žoğov) foi um concílio eclesiástico realizado em 506 na cidade de Dúbio (então na Armênia Sassânida).[1] Convocou-se para discutir o Henótico, um documento cristológico emitido pelo imperador bizantino Zenão numa tentativa de resolver as disputas teológicas que surgiram no Concílio de Calcedônia.

O concílio foi convocado pelo católico da Igreja Apostólica Armênia Papeceno de Otmus.[2] Além dos armênios, estiveram presentes delegados das Igrejas da Ibéria e da Albânia.[3] De acordo com o Livro das Epístolas, 20 bispos, 14 leigos e muitos nacarares (príncipes) participaram do concílio.[4]

A Igreja Armênia não aceitou as conclusões do Concílio de Calcedônia, que havia definido que Cristo é 'reconhecido em duas naturezas', e condenou o uso exclusivo da fórmula "de duas naturezas". Este último insistiu na unificação das naturezas humana e divina em uma natureza composta de Cristo e rejeitou qualquer separação das naturezas na realidade após a união. Esta fórmula foi professada pelos Santos Cirilo de Alexandria e Dióscoro de Alexandria.[5][6] O miafisismo era a doutrina da Igreja Armênia, entre outras. O Henótico, a tentativa de conciliação do Imperador Zenão, foi publicado em 482. Ele lembrou os bispos da condenação da doutrina nestoriana, que enfatizava a natureza humana de Cristo e não mencionava o credo diofisista de Calcedônia. O Primeiro Concílio de Dúbio pôde, assim, aceitar o Henótico e manter aberta uma possibilidade de conciliação com o Patriarcado de Constantinopla, mantendo-se firme em sua doutrina cristológica.[7]

O concílio não chegou a rejeitar formalmente a Definição de Calcedônia da natureza dual de Cristo. Tal passo, que formalizou a ruptura armênia da Igreja romana, não ocorreria até o Segundo Concílio de Dúbio, em 554/555.[7] De acordo com Gareguim I, no Primeiro Concílio de Dúbio há "a primeira rejeição oficial e formal do Concílio de Calcedônia pela Igreja Armênia ".[8]

Os atos do concílio foram descobertos por Karapet Ter Mkrtchian e publicados por ele em 1901.[2]

Notas e referências[editar | editar código-fonte]

  • Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «First Council of Dvin».
  1. Foundation, Encyclopaedia Iranica. «Welcome to Encyclopaedia Iranica». iranicaonline.org (em inglês). Consultado em 29 de maio de 2023 
  2. a b Casiday, Augustine (21 de agosto de 2012). The Orthodox Christian World (em inglês). [S.l.]: Routledge 
  3. McGuckin, John Anthony (15 de dezembro de 2010). The Encyclopedia of Eastern Orthodox Christianity (em inglês). [S.l.]: John Wiley & Sons 
  4. «The Armenian Church - Mother See of Holy Etchmiadzin». www.armenianchurch.org. Consultado em 29 de maio de 2023 
  5. «Carta 28 - "O Tomo"». www.newadvent.org. Consultado em 29 de maio de 2023 
  6. Price, Richard; Gaddis, Michael (2005). The acts of the Council of Chalcedon. Col: Translated texts for historians. Concile de Chalcédoine. Liverpool: Liverpool university press 
  7. a b Adalian, Rouben Paul (13 de maio de 2010). Historical Dictionary of Armenia (em inglês). [S.l.]: Scarecrow Press 
  8. Karekin Sarkissian. The Council of Chalcedon and the Armenian Church (em inglês). [S.l.: s.n.]