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Paróquia Nossa Senhora Achiropita
Cardu7/Testes
Vista frontal da Paróquia
Estilo dominante românico
Construção 4 de março de 1926
Diocese Arquidiocese de São Paulo

A Paróquia Nossa Senhora Achiropita localiza-se no bairro do Bixiga, região central da cidade de São Paulo. Foi fundada por imigrantes italianos em 4 de março de 1926. Pertence ao setor Sé da Arquidiocese de São Paulo.

História[editar | editar código-fonte]

Em Rossano ,a região da Calábria, na Itália, há muitos devotos de Nossa Senhora Achiropita por conta da lenda Cristã de que no século VII d.C. a pintura de nossa Senhora tenha sido feita sem auxílio de mãos humanas. "Achiropita" significa "não feito por mãos". A tradição de cultuar a imagem da Santa fincou raízes nessa região da Calábria.[1] Segundo o “Atlas da filiação religiosa e indicadores sociais no Brasil”, dos 68% dos católicos da cidade de São Paulo, a grande maioria concentra-se na região central .[2]

Grande parte dos imigrantes, que veio e se instalou na região do Bexiga e em outras da cidade de São Paulo para trabalhar nas fábricas, conservou esta tradição. Em 1908 uma réplica da imagem de Nossa Senhora foi trazida. Ficava na casa de José Falcone, onde várias pessoas se reuniam para fazer novenas à Santa, e saía somente durante os festejos de agosto. Era colocada em um altar de madeira erguido na rua Treze de Maio, no qual as missas dos dias 13, 14 e 15 de agosto costumavam ser celebradas, e depois voltava ao seu lugar de origem. Essas primeiras manifestações de rua em louvor à Madonna Achiropita começaram em 1910, quando uma primeira comissão de festas foi formada.[3]

Os comerciantes donos de armazéns ofertaram as grandes prendas, que foram levadas das casas numa carroça. Para arrecadar fundos para a construção da igreja, por exemplo, a comissão organizadora angariou dinheiro, objetos de ouro e mesmo utensílios de uso doméstico (como panelas) oferecidos à Santa por seus devotos. Ainda hoje as doações e prendas provêm, na maior parte, de moradores do bairro e comerciantes.[4]

Os calabreses haviam decidido comprar um terreno para construir uma capela para Nossa Senhora e precisavam angariar os recursos necessários.Dessa forma, deu-se início às quermesses de rua e à procissão de N. Sra. Achiropita. Eles faziam a imagem da santa percorrer as ruas com fitas nas mãos e os muitas pessoas colocavam sua contribuição, pregando as cédulas de dinheiro com alfinetes.

Em 1918, com o dinheiro arrecadado nas comemorações de agosto foi erguida uma capelinha de construção simples, sem qualquer imagem. Nesses congregações, quase não havia lugar para sentar; por isso, quando se realizavam novenas, geralmente as mulheres levavam seus banquinhos de dois pés. Posteriormente, os que participavam das festas compraram uma casa ao lado da pequena capela e puderam ampliar o espaço. Faltava à construção grande parte do telhado, somente a nave central estava coberta. Não havia vidros na maioria das janelas. Durante alguns anos, a comissão encarregada das obras não deu continuidade aos trabalhos.[5]

Já na década de 1920, uma senhora do bairro doou para a comissão mais de 500 réis. Isto unido a um laudo precatório, que rendeu mais 500 réis, reiniciaram-se as obras e o telhado foi concluído. A imagem de N. Sra. Achiropita, que antes ficava nas casas dos fiéis, foi então instalada no pequeno altar e missas começaram a ser celebradas no lugar. Um decreto de 4 de março de 1926 elevou a Igreja à condição de paróquia. Assim, obteve o direito de ter sacrário, batistério, pia batismal, livro do tombo e livro de registros de batizados, casamentos e óbitos. O lucro resultante dos festejos daquele ano serviu para saldar as dívidas anteriores. Um grupo de calabreses fez a doação do altar-mór de mármore. Dois anos mais tarde, comprou-se a casa atrás da igreja, que também seria usada nas funções paroquiais. Em junho de 1929, foi colocada a pedra fundamental da fachada da igreja e o sino. Aos poucos, foram sendo doadas diversas imagens de santos.[5]

São José era oficialmente o padroeiro por decisão do Arcebispo responsável pela paróquia na época, mas o altar principal continuava a ser ocupado por N. Sra. Achiropita. A Santa da devoção dos imigrantes cerignolanos, que ajudaram também na construção, é N. Sra. da Ripalta, a qual ganhou o altar lateral. Em 1931, foram fundados a Congregação Mariana de rapazes e, mais tarde, a de moças, a Pia União das Filhas de Maria e a Obras das Vocações Sacerdotais, que vieram juntar-se ao Apostolado da Oração. A Sociedade de São Vicente de Paulo, que existia desde 1916 no bairro, teve inaugurada sua nova sede do Conselho Particular na paróquia no final de 1948. Dom Orione, fundador da congregação responsável pela paróquia, esteve no Bixiga pela segunda vez em 1937 e impulsionou o trabalho desenvolvido pelos padres orionitas desde o começo da década de 20.[6]

A Festa Tradicional[editar | editar código-fonte]

A festa de Nossa Senhora Achiropita acontece em meados de agosto e conta com mais de 950 voluntários. E é uma homenagem à padroeira do bairro do Bixiga e busca reavivar a cultura italiana tão inerente em nosso país. Mais de trinta barracas são instaladas nas ruas 13 de Maio, São Vicente e Doutor Luís Barreto divididas entre culinária, com pratos que vão do tradicional espaguete aos antepastos. Para as crianças há diversas atrações como o pula-pula, pescaria, tiro ao alvo e muito mais. Ao lado da Igreja - montada especialmente no mês de agosto - há a Cantina Madonna Achiropita em ambiente fechado, que sempre oferece shows ao vivo, além de um mesão de antepastos e a pasta della Mamma. Durante o período da festa, a Igreja, aos finais de semana, promove missas. Também ocorre a procissão em que os fiéis e clérigos carregam a imagem da santa. Neste rito, acontecem as chamadas de "bênçãos" de hora em hora: pequenas paradas nas casas de moradores do bairro.[7]

Para a festa são instaladas, na rua 13 de Maio, no quarteirão da igreja,quinze barracas que funcionam das 18 às 24 horas, oferecendo pratos italianos típicos, como pastas, fogaças e pizzas, além de bebidas, doces, espetos de churrasco. São gerenciadas por pessoas do bairro, que prestam contas à Associação de fiéis da santa, no final da noite.[4]

Lotada de fiéis, a igreja recebe intensa visitação à Santa, paralelamente às orações e bênçãos. A procissão em louvor à Nossa Senhora Achiropita pelas ruas do bairro (com uma homenagem dos alunos da Escola Maria José, que confeccionam o tapete de flores da rua Manoel Dutra) é minuciosamente preparada, do mesmo modo que a Festa da Apoteose, no encerramento, com atrações especiais na rua e na cantina da Madonna.

É muito frequente a presença de pequenos altares cuidadosamente decorados sobre a calçada, em frente à casa de um devoto. É uma procissão, portanto, para reafirmar também laços comunitários, sendo Nossa Senhora Achiropita o elo nucleador do processo.[8]

O dinheiro arrecadado na Festa de N Sra. Achiropita é revertido pela comunidade nos projetos sociais: A Casa Dom Orione, o Espaço Social no cuidado com os homens e mulheres em situação de rua, a Casa São José na assistência à melhor idade, a Casa de Acolhida Rainha da Paz, na recuperação de dependentes químicos e o Movimento de alfabetização de adultos.[4]

Como uma das festas italianas mais tradicionais, o envolvimento de marcas que, hoje em dia patrocinam o evento cresceu muito, além do próprio apoio da Prefeitura de São Paulo. Dessa forma, não somente ritos religiosos têm feito parte das festas, como também elementos da cultura secular. Isso divide opiniões sobre ser, essa mistura, um atrativo para a festa ou uma descaracterização das finalidades iniciais.[4]

Projetos Sociais[editar | editar código-fonte]

A paróquia apoia e proporciona vários projetos sociais. Aqui estão os principais deles:

Casa Rainha da Paz

Criada no início 2013 a Casa Rainha da Paz e um espaço que abriga e auxilia homens em situação de dependência química. Situada em Campos do Jordão e filiada à comunidade Nossa Senhora Achiropita-São Paulo, abriga em media 30 pessoas em um complexo de 12 casas além de área social, capela, refeitório, espaço de artesanato, horta comunitária e muito espaço verde.

O objetivo do projeto é integrar o dependente químico e seus familiares em um novo contexto social, educacional e familiar, visando sua reintegração através de acompanhamento e orientação psicológica, lazer, esporte, oficinas e espiritualidade. A adesão ao acolhimento se dá de forma voluntária.[5]

Casa Dom Orione

A Casa Dom Orione surgiu em 1994, com objetivo de prover diversas ações sociais às pessoas em situação de vulnerabilidade. Todos os dias são atendidos cerca de 200 pessoas em situação de rua. Elas ganham acesso a banho, lavagem de roupas, aulas de computação, curso para garçom, oficinas artesanais e de marchetaria, atendimento psicológico, passeios culturais, encaminhamento para emprego, além de momentos de lazer.[3]

C.E.D.O - Centro Educacional Dom Orione

O Centro Educacional Dom Orione - CEDO, núcleo das Obras Sociais Nossa Senhora Achiropita, atende a 360 crianças e adolescentes no contra turno escolar, com idade entre 6 e 18 anos. São crianças que vêm de famílias de baixa renda e necessitam de um respaldo enquanto os pais trabalham, pois durante o dia ficariam sozinhas em casa ou em situação de vulnerabilidade nas ruas.

O projeto desenvolve várias atividades que visam proporcionar um crescimento, pessoal, social, cultural, espiritual e profissional, encaminhando e incluindo adolescentes a partir de 15 anos de idade no mercado de trabalho, com o programa Menor Aprendiz.

Os jovens, que participam do projeto, têm a oportunidade de obter conhecimento e prática com instrumentos de orquestra, coral, iniciação e teoria musical; esportes em geral; orientação nas atividades escolares; literatura; raciocínio lógico; artes e artesanato, entre outras atividades. Além disso, recebem também 2 refeições por período.[9]

Casa São José

O Núcleo de Convivência para idosos Dom Orione, sob a orientação do Plano Municipal de Assistência Social - parceria com a Prefeitura de São Paulo - atende cerca de 180 idosos mensais em situação de vulnerabilidade social, física e financeira. Através de atividades que visam a inclusão, a proteção social, o fortalecimento dos vínculos pessoais e familiares e a autonomia, todas as tardes, idosos se reúnem para realizar:

- atividades sócio-educativas: Biodança, Musicoterapia, Envelhecimento e Cidadania, Lazer e Leitura;

- atividades corporais: Ginástica, Dança de Salão e Ioga;

- atividades recreativas: tarde de convivência, bailes temáticos, passeios, Projeto Co-Gerações; cinema, participação na Festa de Nossa Senhora Achiropita, participação na Rede de Proteção e Defesa da Pessoa Idosa – RPDI;

- atividades artesanais; e ainda:

- Acolhida: escuta individual e de grupo;

- Atendimento jurídico, Psicológico e Social e Espiritualidade.

Casa Mãe Achiropita

O Centro de Educação Infantil Mãe Achiropita acolhe a necessidade dos pais que precisam de um lugar para deixar seus bebês enquanto trabalham e buscam sustento à família. Atende diariamente 194 crianças, de 01 à 04 anos de idade, das 07h às 17h. Na Creche Mãe Achiropita as crianças recebem cinco refeições diárias, aprendem hábitos saudáveis de higiene e saúde, linguagem oral e escrita, noções de matemática, conhecimentos sobre natureza e sociedade, iniciação musical, artes visuais, festas comemorativas, passeios temáticos, contos infantis, questões de espiritualidade. Tudo isso de forma lúdica.

A cada dois meses a coordenação se reúne às famílias para reunião de pais e acompanhamento do desenvolvimento da criança. A família possui disponível o grupo terapêutico com psicólogo, se necessário.

Além disso, formam parceria do Hospital Menino Jesus, Ambulatório de Pediatria Social do Hospital Sírio Libanês e Posto de Saúde Nossa Senhora do Brasil para facilitar o atendimento das crianças.

Pastorais[editar | editar código-fonte]

A paróquia também desenvolve trabalhos com pastorais. Algumas delas são:

Pastoral Afro:

A Pastoral Afro da Paróquia N.Sra. Achiropita originou-se de um grupo que se reunia na Paróquia, sob o nome de “Grupo da Amizade”. Por ocasião das comemorações pelos 100 anos da libertação dos escravos, em 1988, o grupo realizou a primeira celebração: liturgia romana com elementos da cultura negra. A partir do documento 85 da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), que acolheu a Pastoral Afro-brasileira em sua estrutura de serviço à Igreja do Brasil e reconheceu sua importância.

A “missa afro”, como era popularmente conhecida. Adquiriu também novas feições, dando surgimento às cerimônias de batismo e casamento afro.

Completando neste ano 30 anos de existência, a Pastoral conta com dezoito membros efetivos, que atuam em atividades religiosas e sócio-culturais diversas, com o objetivo de resgatar as raízes e dignidade do povo afro-brasileiro e valorizar sua cultura através de celebrações religiosas, atividades sócio-culturais e educacionais.[10]

A escola samba Vai-Vai, participa das atividades da paróquia de Nossa Senhora Achiropita, uma vez que a festa sempre teve a participação ativa dos negros, que formam boa parte da população local. A igreja possui um grupo Pastoral Afro ou APNs (Agentes de Pastoral Negros), grupos católicos surgidos na década de 1980 com o objetivo de resgatar a identidade negra no quadro da(s) igreja(s). A APN da Achiropita foi fundada com a participação de muitos integrantes da Vai-Vai, que ajudam na realização de missas afro, com batizados, casamentos e, na Bela Vista, a Missa da Mãe Negra, nos meses de maio, em comemoração à Abolição da Escravatura.[11]

Pastoral da Comunicação Achiropita - PASCOM ACHIRO

A Pastoral da Comunicação Achiropita, "PASCOM ACHIRO", é a pastoral que tem como objetivo de integrar, a Igreja com a comunidade e vice-versa. Ela atua na divulgação das notícias relacionadas aos trabalhos da comunidade, levando ao conhecimento público, pelos meios de comunicação e divulgação, o que a paróquia vem realizando: evangelização e obras sociais. É a pastoral das inter-relações humanas, da organização e planejamento dos recursos de comunicação. Entre as tarefas designada para essa pastoral, está: cuidar das redes sociais da Paróquia, elaboração de uma revista da comunidade e cobertura de eventos.[12]

Centro Jurídico

Trata-se de um projeto para atender parte da população residente na região central da capital não possui condições de contratar advogado, ter acesso à assistência psicológica e assistência social

A Paróquia celebrara convênio primeiramente com a Procuradoria Geral do Estado e posteriormente com a Defensoria Pública do Estado, através da qual é mantido na Casa Dom Orione o Centro de Atendimento Jurídico Dom Orione, um serviço de atendimento jurídico, psicológico e também serviço social, à população em situação de vulnerabilidade da região central da cidade de São Paulo.

O Centro de Atendimento Jurídico Dom Orione, mantido pelas Obras Sociais Nossa Senhora Achiropita, existe há onze anos com atuação e atendimento ininterrupto, possibilitando acesso rápido e gratuito à Justiça, orientando, prevenindo e mediando conflitos, de modo a assegurar a defesa dos direitos e garantias individuais dos cidadãos.

Em apoio ao trabalho dos profissionais do setor jurídico, atuam também os da área de psicologia, tendo por atribuição primária dar suporte ao atendimento jurídico prestado pela equipe multidisciplinar. A atuação ocorre na intermediação de conflitos, acolhimento, escuta, e a necessária orientação psicológica, principalmente em casos que envolvem questões de família e menores.

Foram atendidas 28.838 pessoas, às quais foi disponibilizada plena assistência, com atuação de todo o quadro de profissionais do Centro: advogados, psicólogos e assistente social. A média mensal de atendimentos é de 2.500 pessoas por mês.[13]

Horários das Missas[editar | editar código-fonte]

  • Segunda a Sexta: 19:30h
  • Sábados: 18:00h
  • Domingos: 08:00h, 10:00h, 19h

Todos os dias há rezas do Terço antes das Missas, às 18:45h.[7]

Referências

  1. «POR QUE ACHIROPITA?» 
  2. «NOTAS ETNOGRÁFICAS SOBRE O ENVELHECIMENTO NA REGIÃO CENTRAL DA CIDADE DE SÃO PAULO» 
  3. a b «Paróquia Nossa Senhora Achiropita». www.achiropita.org.br (em inglês). Consultado em 28 de novembro de 2018 
  4. a b c d Amaral, Rita (2003). «Festas católicas brasileiras e os milagres do povo». Revistas Científicas de América Latina y el Caribe 
  5. a b c «Paróquia Nossa Senhora Achiropita». www.achiropita.org.br (em inglês). Consultado em 28 de novembro de 2018 
  6. «Paróquia Nossa Senhora Achiropita». www.achiropita.org.br (em inglês). Consultado em 29 de novembro de 2018 
  7. a b «Paróquia Nossa Senhora Achiropita». www.achiropita.org.br (em inglês). Consultado em 28 de novembro de 2018 
  8. Benazzi, João. «A Construção da Identidade Italiana à Paulistana: Um Estudo da Festa de Nossa Senhora Achiropita (SP) a Partir de sua Procissão. 1» (PDF) 
  9. «Paróquia Nossa Senhora Achiropita». www.achiropita.org.br (em inglês). Consultado em 28 de novembro de 2018 
  10. «Paróquia Nossa Senhora Achiropita». www.achiropita.org.br (em inglês). Consultado em 28 de novembro de 2018 
  11. «Religiões afro-brasileiras e organizações carnavalescas de São Paulo: santos e orixás na Vai-Vai e a tradição no bairro da Bela Vista» 
  12. «Paróquia Nossa Senhora Achiropita». www.achiropita.org.br (em inglês). Consultado em 28 de novembro de 2018 
  13. «Paróquia Nossa Senhora Achiropita». www.achiropita.org.br (em inglês). Consultado em 29 de novembro de 2018 

Ver também[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]


Nossa Senhora Achiropita Nossa Senhora Achiropita