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Gambá-de-orelha-preta[editar | editar código-fonte]

O gambá-de-orelha-preta (Didelphis aurita), também conhecido como saruê, sariguê, micurê e mucura, é uma espécie de gambá que habita o Brasil, Argentina e Paraguai. Esta espécie, que por algum tempo foi considerada uma população de gambá-comum (D. marsupialis), foi originalmente descrita como D. azarae por Coenraad Jacob Temminck em 1824, mas esse nome foi dado incorretamente ao gambá-de-orelha-branca (D. albiventris) por mais de 160 anos. Como tal, o nome azarae foi abandonado.

O Didelphis aurita é representante da família Didelphidae ( Marsupialia, Didelphimorphia). A qual é rica dentro da ordem, sendo a terceira mais rica dentre os mamíferos neotropicais (após roedores e morcegos). O gênero Didelphis é composto por seis espécies, sendo uma na América do Norte, D. Virginiana (Gambá da Virgínia ou opossusum), e cinco na América do Sul, divididas em dois grandes grupos: O grupo marsupialis (Gambá de orelha preta), que inclui D. aurita e D. marsupialis e o grupo albuventris (Gambá da orelha branca). A distribuição atual tem extensão mais ao norte e sul do Canadá, e mais ao sul e norte da Argentina. Na América do Sul, onde as três primeiras espécies se encontram, D. aurita e D. marsupialissão são espécies exclusivamente florestais, já D. albiventris é a espécie de áreas abertas. [1]

O gambá de orelha preta D. aurita é também conhecido por outros nomes populares brasileiros como: Sarigué, saruê, sariguê ou sarigueia (Bahia); timbú ou cassaco (Pernambuco ao Ceará), ou micurê (Paraguai e Mato Grosso). São animais terrestres, mas escalam bem e até nadam de forma significativa. São seres oportunistas, alimentando-se de plantas, frutas ou até mesmo outros animais (invertebrados e pequenos vertebrados). Seu habitat se dá pelo seu hábito sensorial. São animais solitários, noturnos e florestais, comumente associados a curso de água, apesar de não ser difícil encontrá-los nas cidades. Os machos dessa espécie não respondem à precipitações, e acredita-se essa ausência de correlação à diferença entre os sexos quanto à agilidade. Os machos se movem muitos mais do que fêmeas, e, portanto, devem ser mais influenciados por eventos ambientais estocásticos (como variação diária na obtenção de recursos, predação e doenças) .[1]

Etimologia[editar | editar código-fonte]

O nome gambá possui origem na língua tupi-guarani podendo advir de gã'bá (seio oco) ou gua (seio, ventre) + ambá/embá (vazio, oco). As designações sariguê (e seu feminino sarigueia) e saruê advém do tupi sari'gwe, enquanto micurê também tem origem indígena, mas sua etimologia é desconhecida. Outro de seus nomes, mucura, originou-se no tupi mu'kura, que significa gambá.

Habitat[editar | editar código-fonte]

O gamba de orelha preta é um mamífero da fauna Silvestre que tem hábitos noctívagos, é nômade e tem proles numerosas. Habitam em todo o Brasil e alguns países sul-americanos. No  hábitat Silvestre, essa espécie é encontrada com frequência no solo, sendo considerada semiterrestre. Quando jovem, escala cipós e outros suportes como estratégia de fuga para sub bosques e florestas. Seus Ninhos são feitos, em geral, em buraco no solo, em emaranhado de cipós as Copas das árvores e em ocos de troncos. Quando adultos, animais são ocasionalmente arborícolas, solitários, um hábito noturno e bastante nômades, Sendo que os machos recorre caminhos maiores quando comparado às fêmeas. [2]

Descrição[editar | editar código-fonte]

O gambá-de-orelha-preta, em média, possui 37 centímetros de comprimento no corpo, e 33 centímetros em sua cauda, a cauda prêensil atua como se fosse um membro, ajudando o animal a se agarrar nos galhos. Ela funciona como uma corda de segurança, caso o animal precise usar as patas dianteiras, a cauda o deixa bem preso ao galho sem riscos de queda.[3] Por esse motivo, é uma das maiores espécies de marsupais no Brasil. Pesam entre 670g e 1,9 quilo, com as fêmeas sendo ligeiramente mais leves e menores. Apresenta duas camadas de pelo, uma interna como uma espécie de lanugem de coloração ferrugínea e outra externa de pelos longos de cor cinza ou preta. Barriga e cabeça cor de ferrugem e com marcas distintas de cor preta e ferrugíneas sobre a fronte, com orelha de cor preta e desnuda, inspirando seu nome popular. Possui uma glândula que exala odor que não chega a ser desagradável na região posterior do corpo que é liberado quando o animal se sente ameaçado e no caso das fêmeas quando está no cio.[3]

Muitos autores descrevem os Didelphis aurita como mamíferos de pequeno porte com peso médio de 1kg, possuindo focinho longo e mais escuro do que o de gambá-de-orelha-branca. Os olhos são grandes, orelhas enegrecidas, pelos do corpo compridos de extremidades mais claras e longa cauda. Distribui-se no Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina. Esses animais são seres noturnos, não se privam a bandos, bem como se locomovem bem nas copas das árvores igualmente no chão. [4]

Características dos componentes neuroendócrino do estômago do gambá Didelphis aurita[editar | editar código-fonte]

O estômago do gambá D. aurita, bem como dos outros mamíferos, é um órgão que possui funções exócrinas e endócrinos, digerindo o alimento e excretando os hormônios. A maioria dos gambás apresenta peso médio de 1048,17 kg, com o comprimento médio de 64,93 cm. A capacidade volumétrica média do estômago é de 0, 201, apresentando uma leve cavidade cranial assumindo a formação de um C. Histologicamente, a parede do estômago do gambá D. aurita é constituída por túnicas mucosas, submucosas, musculares e serosas. Diferente tipo de glândulas possibilita a diferenciação das regiões cardíacas, fúndicas e pilóricas. Células argirofilas e argentafins possuem capacidade de reter e reduzir sais de prata, característica presente em células endócrinas. Neurônios do sistema nervoso autôssomo, organizados dentro dos gânglios submucosos e miontéricos forma o sistema nervoso e entérico, ao qual é possível identificar pela técnica de HE. Os gânglios submucosos são menos numerosos que os gânglios miontéricos, os gânglios miontéricos apresentam-se mais numerosos numa distribuição crescente ao longo da região cárdica, fúndica, e pilórica. As células argirofilas são distribuídas em grande quantidade em toda as regiões do estômago. [2]

A divisão anatômica deste animal propõe que a mucosa gástrica pode ser dividida em regiões com diferentes tipos celulares: cárdica, fúndica e pilórica. Sendo a região cárdica localizada ao redor da abertura gástrica do esôfago, acreditando-se que ela seja responsável pela produção de bicarbonato e muco protetor. A região fúndica que ocupa a parte dorsal do estômago é constituída em sua maior de mucosa glandular, apresentando glândulas tubulares ramificadas. A região pilórica, que se estende da região fúndica até o piloro (esfíncter presente entre o estômago e o intestino delgado), possui células secretoras de muco que agem como uma barreira alcalina, tamponando o pH ácido do suco gástrico. [2]

A túnica submucosa, composta por tecido conjuntivo, é rica em vasos sanguíneos e linfáticos. Bem como, é formada por uma camada circular interna e uma longitudinal externa. A serosa é a camada de tecido conjuntivo frouxo, revestida por um epitélio simples pavimentoso denominado mesotélio. [2]

As células endócrinas distribuídas ao longo do tubo digestivo podem ser classificadas em argirófilas e argentafins pela sua capacidade de reter e reduzir sais de prata, de acordo com o hormônio produzido ( insulina, secretina, somatostatina) ou ainda com base nas características e conteúdo de seus grãnulos secretores.  [2]

As células endócrinas liberam peptídeos que atuam regulando a secreção, absorção, motilidade e proliferação das células epiteliais intestinas.

O controle neural das funções gastrointestinais é exercido por células nervosas presentes na parede do tubo digestivo, pâncreas e sistema biliar, constituindo o sistema nervoso entérico. Esses dois sistemas contêm dois plexos ganglionares que se estendem por todo o tubo digestivo, os plexos mioentérico e submucoso. [2]

O sistema nervoso e endócrino exerce o controle de forma integrada sobre movimentos intestinais e secreção de suas glândulas, e participam dos processos de digestão e absorção de nutrientes. [2]


Reprodução do gambá[editar | editar código-fonte]

A sua reprodução é razoavelmente bem conhecida. Didelphis é um gênero poliestral, sendo que o ciclo estral dura de 25 a 32 dias. Como todos os marsupiais o período de gestação é bastante curto quando comparado a um plancentário e no caso dos gambás dura em torno de 13 dias, sendo a gestação mais curta de todos os mamíferos. Cada fêmea pode ter de quatro a sete filhotes por ninhada e consegue reproduzir até duas vezes por anos, o tamanho da ninhada é determinado pelo número de tetas na mãe.[1]

Os gambás são mamíferos do grupo dos marsupiais. Isso significa que eles possuem uma espécie de bolsa, denominada marsúpio, na qual os filhotes terminam seu desenvolvimento. [1]

Após o período de 2 semanas no útero, o filhote segue em direção ao marsúpio, no qual se fixará ao mamilo e receberá o alimento necessário para continuar seu desenvolvimento. Para alcançar as glândulas mamárias no marsúpio, os filhotes escalam a pelagem da mãe. Quando estão mais desenvolvidos, saem da bolsa e ficam agarrados ao dorso da mãe até sua total independência. [1]

Alimentação e comportamento[editar | editar código-fonte]

O gambá-de-orelha-preta é onívoro e se alimenta de artrópodes (sobretudo Hymenoptera, Isoptera e Coleoptera), pequenos vertebrados (roedores, aves e lagartos) e frutos. Sua área de vida varia entre 1,3 e 9,5 hectares, mas num dia varia entre 0,5 e 2,7 hectares. As fêmeas costumam movimentar-se menos, sobretudo em busca de recursos, e possuem território mais estável. Os machos, por sua vez, alteram seu padrão de deslocamento durante o período de acasalamento. Sua locomoção, grosso modo, é terrestre, utilizando o solo. O gambá-de-orelha-preta é solitário e notívago. Em cativeiro, vivem até quatro anos. Alimentação semelhante à do gambá-de-orelha-branca. [4]

Curiosidades[editar | editar código-fonte]

Os gambás Didelphis têm sido considerados hospedeiros naturais de parasitas Leishmania no Novo Mundo, sugerindo um importante papel na epidemiologia da Leishmaniose Visceral (LV). Das seis espécies existentes pertencentes ao gênero Didelphis , apenas duas (D. marsupialis e D. albiventris ) foram mencionadas como hospedeiras naturais de Leishmania infantum no Brasil e na Colômbia. [5]

Os gambás-de-orelhas-preta podem ser polinizadores de diversas plantas, visto que são generalistas podem consumir até mesmo néctar. É a única espécie de gambá presente na ilha de Florianópolis[4]  

Em Treviso, município de Santa Catarina, esses animais possuem vários registros (N=2), sendo considerada uma espécie rara. No mundo a população é tida como estáveis e, assim como no Brasil, seu nível de ameaça é “Pouco preocupante” e em Santa Catarina não consta na lista de espécies ameaçadas. [4]

Referências[editar | editar código-fonte]

 Astúa, D.; de la Sancha, N.; Costa, L. (2021). «Brazilian Common Opossum - Didelphis aurita». Lista Vermelha da IUCN. União Internacional para Conservação da Natureza (UICN). p. e.T40500A197310366. doi:10.2305/IUCN.UK.2021-1.RLTS.T40500A197310366.en. Consultado em 17 de julho de 2021
Ir para:a b Houaiss, verbete sariguê e saruêIr para:a b Houaiss, verbete micurêIr para:a b Houaiss, verbete mucura
 Gardner, A.L. (2005). «Didelphis aurita». In: Wilson, D.E.; Reeder, D.M. Mammal Species of the World: A Taxonomic and Geographic Reference 3.ª ed. Baltimore, Marilândia: Imprensa da Universidade Johns Hopkins. p. 12. ISBN 978-0-8018-8221-0. OCLC 62265494

 Houaiss, verbete gambá
↑ Ir para:a b c 
 Carvalho, Rui (2019). «Conheça melhor Saruê, o gambá brasileiro». Mais Notícias
[6] 
  1. a b c d e Shirai, Leila Teruko (12 de dezembro de 2008). «Filogeografia e biogeografia da Floresta Atlântica: um estudo de caso com Didelphis aurita» (PDF). Biologia (Genética). São Paulo: Universidade de São Paulo. Dissertação de Mestrado- (USP): 186 
  2. a b c d e f g SANTOS, Rodrigo Ataíde (14 de agosto de 2012). «ANATOMIA, HISTOLOGIA E MORFOMETRIA DO ESTÔMAGO DO GAMBÁ Didelphis aurita (WIED-NEUWIED, 1826)» (PDF). Ciências Biológicas. Universidade Federal de Viçosa. Tese de Pós Graduação em Biologia Celular: 52 
  3. a b Santos, Nicolas Nathan dos (19 de abril de 2021). «O que é um gambá?». potencialbiotico. Consultado em 1 de dezembro de 2022 
  4. a b c d CARVALHO, Fernado; BÔLLA, Daniela; REIZER, Beatriz; Francisco, Ándre; LENHANI, Vicente; BIZ, Luana; SUPI, Karolaine; LUCIANO, Beatriz; CADALLÓRA, Paulo (2020). «os-mamíferos-do-entorno-da-reserva-estadual-do-aguaí» (PDF). Ciências Biológicas. Treviso/SC: Universidade do Extremo Sul Catarinense-(UNESC). Instituto Alouatta: 48 
  5. JANSEN, Ana Maria (2002). «Marsupiais Didelfídeos: gambás e cuícas» (PDF). FIOCRUZ. Scielo Books: 8 
  6. «Gambá (Didelphis aurita)». FAUNA DIGITAL DO RIO GRANDE DO SUL. Consultado em 17 de novembro de 2022