Venceslau de Morais

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Venceslau de Morais
Venceslau de Morais
Nascimento 30 de maio de 1854
Lisboa, Portugal
Morte 1 de julho de 1929 (75 anos)
Tokushima, Japão
Nacionalidade Português
Cidadania Portugal, Reino de Portugal
Ocupação Escritor e militar da Marinha Portuguesa
Obras destacadas A vida japonesa: terceira série de cartas do Japão (1905)
Movimento estético Orientalismo
Assinatura
O azulejo colocado sobre a casa natal de Venceslau Morais em Lisboa, Portugal.

Venceslau José de Sousa de Morais[1] (Lisboa, 30 de Maio de 1854 - Tokushima, 1 de Julho de 1929) foi um escritor e militar da Marinha Portuguesa.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Era filho de Venceslau José de Sousa de Morais, neto materno dum francês, e de sua mulher Maria Amélia de Figueiredo. Oficial da Marinha, completou o curso Escola Naval em 1875, tendo prestado serviço em Moçambique, Macau, Timor Português e no Japão.

Após ter frequentado a Escola Naval, serviu a bordo de diversos navios da Marinha de Guerra Portuguesa. Em 1885 viaja pela primeira vez até Macau, onde se estabelece. Foi imediato da capitania do Porto de Macau e professor do Liceu de Macau desde a sua fundação em 1894. Durante a sua estadia em Macau casou com Vong-Io-Chan (Atchan), mulher chinesa, de quem teve dois filhos, e estabeleceu laços de amizade com Camilo Pessanha.

Entretanto, em 1889, viajara até ao Japão, país que o encanta, e onde regressará várias vezes nos anos que se seguem no exercício das suas funções. Em 1897 visita o Japão, na companhia do Governador de Macau, José Maria de Sousa Horta e Costa, sendo recebido pelo Imperador Meiji. No ano seguinte abandona Atchan e os seus dois filhos, e muda-se definitivamente para o Japão, como cônsul em Kobe.

Aí a sua vida é marcada pela sua actividade literária e jornalística, pelas suas relações amorosas com duas japonesas (Ó-Yoné Fukumoto e Ko-Haru) e pela sua crescente "japonização".

Durante os trinta anos que se seguiram, Venceslau de Morais tornou-se a grande fonte de informação portuguesa sobre o Oriente, partilhando as suas experiências íntimas do quotidiano japonês com os seus leitores portugueses, numa actividade paralela à de Lafcádio Hearn, o grande divulgador da cultura nipónica no mundo anglo-saxão, de quem foi contemporâneo.

Amargurado com a morte, por doença, de Ó-Yoné, Venceslau de Morais renunciou ao seu cargo consular em 1913 quando já era graduado em Tenente-coronel/Capitão de fragata, mudou-se para Tokushima, terra natal daquela. Aí viveu com Ko-Haru, sobrinha de Ó-Yoné, que viria também a falecer por doença.

Aí o seu quotidiano tornou-se crescentemente idêntico ao dos japoneses, embora tendo como pano de fundo uma crescente hostilidade destes. Cada vez mais solitário, e com a saúde minada, Venceslau de Morais viria a falecer em Tokushima em 1 de Julho de 1929.

Venceslau de Morais foi autor de vários livros sobre assuntos ligados ao Oriente, em especial o Japão. Também se encontra colaboração literária da sua autoria no semanário Branco e Negro [2] (1896-1898) e nas revistas Brasil-Portugal[3] (1899-1914), Serões [4] (1901-1911) e Tiro e Sport [5] (1904-1913).

Foi impressa uma nota de 500 patacas de Macau com a sua imagem.

A TAP Portugal homenageou-o ao atribuir o seu nome a uma das suas aeronaves.

Primo-irmão de Sebastião Teles.

Obras[editar | editar código-fonte]

Monumento de Venceslau de Morais em Kobe, Japão.
  • 1895 - Traços do Extremo Oriente
  • 1897 - Dai-Nippon
  • 1904 - Cartas do Japão (com várias séries e volumes publicados após esta data)
  • 1905 - O culto do chá (eBook)
  • 1906 - Paisagens da China e do Japão (eBook) (reeditado em 2014 pela editora portuguesa Livros de Bordo)
  • 1907 - Cartas do Japão, A vida japonesa : 3.ª Série (1905-1906) Lulu.com
  • 1916 - O "Bon-Odori" em Tokushima
  • 1917 - Ko-Haru
  • 1920 - Fernão Mendes Pinto no Japão
  • 1923 - Ó-Yoné e Ko-Haru
  • 1924 - Relance da história do Japão
  • 1926 - Os serões no Japão
  • 1928 - Relance da alma japonesa
  • 1933 - Osoroshi
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Ver também[editar | editar código-fonte]

Pesquisa bibliográfica[editar | editar código-fonte]

Fontes[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Na grafia original, Wenceslau Joze de Souza de Moraes.
  2. Rita Correia (1 de fevereiro de 2012). «Ficha histórica: Branco e Negro : semanario illustrado (1896-1898)» (pdf). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 21 de Janeiro de 2015 
  3. Rita Correia (29 de abril de 2009). «Ficha histórica: Brasil-Portugal : revista quinzenal illustrada (1899-1914).» (pdf). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 26 de Junho de 2014 
  4. Rita Correia (24 de Abril de 2012). «Ficha histórica: Serões, Revista Mensal Ilustrada (1901-1911).» (pdf). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 23 de Setembro de 2014 
  5. Rita Correia (22 de abril de 2014). «Ficha histórica:Tiro e sport : revista de educação physica e actualidades (1904-1913)» (pdf). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 18 de dezembro de 2015 
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