Aracy de Carvalho
Aracy de Carvalho | |
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Nome completo | Aracy Moebius de Carvalho Guimarães Rosa |
Conhecido(a) por | "Anjo de Hamburgo", por ter salvado da morte vários judeus durante a Segunda Guerra Mundial |
Nascimento | 20 de abril de 1908 Rio Negro, Paraná, Brasil |
Morte | 28 de fevereiro de 2011 (102 anos) São Paulo, Brasil |
Nacionalidade | brasileira |
Aracy de Carvalho Guimarães Rosa (Rio Negro, 20 de abril de 1908 – São Paulo, 28 de fevereiro de 2011) foi uma poliglota brasileira que prestou serviços ao Ministério das Relações Exteriores.[1][2] Chefiou a Seção de Passaportes no consulado do Brasil na Alemanha.[3]
Foi agraciada pelo governo de Israel com o título de Justa entre as Nações pela ajuda que prestou a muitos judeus a entrarem ilegalmente no Brasil durante o período da Segunda Guerra Mundial (holocausto) e[3] o governo brasilieiro de Getúlio Vargas.[4] Apenas um outro brasileiro, Souza Dantas, foi distinguido com este reconhecimento.[5]
A homenagem de inclusão do nome de Aracy no Jardim dos Justos entre as Nações do Yad Vashem (Museu do Holocausto), em Israel, foi prestada em 8 de julho de 1982, ocasião em que também foi homenageado o embaixador Souza Dantas. Ela é uma das pessoas homenageadas também no Museu do Holocausto de Washington (Estados Unidos). É conhecida pela alcunha de O Anjo de Hamburgo.[6]
Foi casada com o escritor João Guimarães Rosa.[7]
Biografia
[editar | editar código-fonte]Justos entre as nações |
Artigo principal O Holocausto As sete leis de Noé O Museu Yad Vashem |
Pessoas notórias |
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O Arcebispo Damaskinós |
Nações e grupos |
Aracy nasceu em Rio Negro, no Paraná, em 1908. Era filha de Sidonie Möbius (Moebius), natural da Alta Saxônia, na Alemanha e de Amadeu Anselmo de Carvalho, um comerciante luso-brasileiro que, mais tarde, seria dono do Grande Hotel de Guarujá, cidade onde a família foi morar quando Aracy ainda era criança.[8]
Em 1930, Aracy casou-se com o alemão Johann Eduard Ludwig Tess com quem teve o filho Eduardo Carvalho Tess, mas cinco anos depois se separou, indo morar com sua tia, Lucy Luttmer, na Alemanha. Um ano depois ela retornou ao Brasil para formalizar o desquite.[9] Por falar quatro línguas (português, inglês, francês e alemão), conseguiu uma nomeação no consulado brasileiro em Hamburgo, onde passou a ser chefe da Seção de Passaportes.[10]
Em 1938, entrou em vigor, no Brasil, a circular secreta 1.127, que restringia a entrada de judeus no país. Aracy ignorou a circular e continuou preparando vistos para judeus, permitindo sua entrada no Brasil. Como despachava com o cônsul-geral, ela colocava os vistos entre a papelada para as assinaturas. Para obter a aprovação dos vistos, Aracy simplesmente deixava de pôr neles a letra "J", que identificava quem era judeu.[11]
Desse modo, Aracy livrou muitos judeus da prisão e do Holocausto.[11]
Ainda na Alemanha, Aracy casou-se com João Guimarães Rosa, à época cônsul-adjunto. Os dois permaneceram na Alemanha até 1942, quando o governo brasileiro rompeu relações diplomáticas com aquele país e passou a apoiar os Aliados da Segunda Guerra Mundial. Seu retorno ao Brasil, porém, não foi tranquilo. Ela e Guimarães Rosa ficaram quatro meses sob custódia do governo alemão, até serem trocados por diplomatas alemães. Aracy e Guimarães Rosa casaram-se, então, no México, por não haver ainda, no Brasil, o divórcio. O livro de Guimarães Rosa "Grande Sertão: Veredas", de 1956, foi dedicado a Aracy.[11]
Sua biografia inclui também ajuda a compositores e intelectuais durante o regime militar implantado no Brasil em 1964, entre eles Geraldo Vandré, de cuja tia Aracy era amiga.[12]
Últimos anos e morte
[editar | editar código-fonte]Aracy enviuvou no ano de 1967 e não se casou novamente. Sofria de mal de Alzheimer e morreu no dia 28 de fevereiro de 2011 em São Paulo, de causas naturais, aos cento e dois anos. Foi sepultada no Mausoléu da Academia Brasileira de Letras, ao lado de seu marido, no Cemitério de São João Batista, no Rio de Janeiro.[7][13]
Legado
[editar | editar código-fonte]Sua vida é tema da minessérie "Passaporte para Liberdade" produzida pela TV Globo em parceira com a Sony Pictures Television.[14]
Ver também
[editar | editar código-fonte]- Aristides de Sousa Mendes
- Chiune Sugihara
- Críticas ao negacionismo do Holocausto
- Dia Internacional da Lembrança do Holocausto
- Guetos judeus na Europa
- Irena Sendler
- John Rabe
- Lista de judeus sobreviventes do Holocausto
- Luiz Martins de Sousa Dantas
- Oskar Schindler
- Passaporte para Liberdade
Referências
- ↑ Carvalho, Marcelle. «Aracy de Carvalho, a heroína brasileira que salvou judeus na Segunda Guerra». UOL. Consultado em 14 de Dezembro de 2021. Cópia arquivada em 13 de dezembro de 2021
- ↑ Marasciulo, Marilia. «Quem foi Aracy Guimarães Rosa, brasileira conhecida como 'Anjo de Hamburgo'». Revista Galileu. Consultado em 14 de Dezembro de 2021. Cópia arquivada em 14 de dezembro de 2021
- ↑ a b Veiga, Edison (11 de dezembro de 2019). «A brasileira que salvou judeus do Holocausto». Deutsche Welle. Consultado em 5 de março de 2024. Cópia arquivada em 16 de agosto de 2022
- ↑ Aracy de Carvalho Guimarães Rosa em Yad Vashem (em inglês)
- ↑ «Os justos entre as Nações». Jornal da Orla. Consultado em 14 de Dezembro de 2021. Cópia arquivada em 14 de dezembro de 2021
- ↑ Carlos Haag (ed.). «The war of the Rosas». Revista Pesquisa FAPESP. Consultado em 5 de outubro de 2021. Cópia arquivada em 6 de agosto de 2017
- ↑ a b «Morre Aracy de Carvalho, viúva do escritor Guimarães Rosa, aos 102 anos». Veja. 3 de março de 2011. Consultado em 5 de outubro de 2021. Cópia arquivada em 5 de outubro de 2021
- ↑ Luiz Antônio Araujo, ed. (11 de agosto de 2020). «Anjo de Hamburgo: a brasileira que salvou judeus do nazismo ao conceder vistos para o Brasil e inspira série de TV». BBC. Consultado em 5 de outubro de 2021. Cópia arquivada em 5 de outubro de 2021
- ↑ Pollianna Milan, ed. (9 de outubro de 2010). «A heroína que o Paraná não conhece». Gazeta do Povo. Consultado em 5 de outubro de 2021. Cópia arquivada em 5 de outubro de 2021
- ↑ «ROSA, Aracy Moebius de Carvalho Guimaraes». Consultado em 25 de maio de 2013. Arquivado do original em 3 de março de 2016
- ↑ a b c ARAÚJO, Luiz Antônio (11 de agosto de 2020). «'Anjo de Hamburgo': a brasileira que salvou judeus do nazismo ao conceder vistos para o Brasil e inspira série de TV. Primeira série em inglês da Globo, sem data prevista para exibição, reviverá histórias de Aracy Moebius de Carvalho». Folha de S.Paulo. Consultado em 11 de agosto de 2020. Cópia arquivada em 23 de setembro de 2020
- ↑ LEAHY, Anthony. Instituto da Memória. In: Gazeta do Povo, 9/10/2010
- ↑ «Morre aos 102 anos viúva de Guimarães Rosa». Folha de S.Paulo. 3 de março de 2011. Cópia arquivada em 5 de março de 2011
- ↑ «'Passaporte para Liberdade' vai mostrar a história de Aracy de Carvalho». Globo.com. Consultado em 14 de Dezembro de 2021. Cópia arquivada em 14 de dezembro de 2021
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Schpun, Mônica Raisa (2011). Justa. Aracy de Carvalho e o resgate de judeus: trocando a Alemanha nazista pelo Brasil. Rio de Janeiro, Brasil: Civilização Brasileira. 526 páginas. ISBN 978-8-52000-991-8
- Nascidos em 1908
- Mortos em 2011
- Mulheres
- Centenários do Paraná
- Holocausto
- Justos entre as nações
- Naturais de Rio Negro (município do Paraná)
- Brasileiros de ascendência portuguesa
- Brasileiros de ascendência alemã
- Mortes por doença de Alzheimer
- Sepultados no Cemitério de São João Batista (Rio de Janeiro)
- Mulheres do século XX
- Mulheres do século XXI
- Brasileiros do século XX
- Brasileiros do século XXI