Carlos Nelson Coutinho

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Carlos Nelson Coutinho
Nascimento 28 de junho de 1943
Itabuna, BA
Morte 20 de setembro de 2012 (69 anos)
Rio de Janeiro, RJ
Nacionalidade brasileiro
Alma mater Universidade Federal da Bahia
Ocupação Professor, filósofo, cientista político
Principais trabalhos Gramsci, um Estudo sobre seu Pensamento Político (1999)
A Democracia como Valor Universal (1984)
Escola/tradição Marxismo

Carlos Nelson Coutinho (Itabuna, 28 de junho de 1943 - Rio de Janeiro, 20 de setembro de 2012) foi um filósofo político, ensaísta e tradutor brasileiro.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Foi um de nossos principais intelectuais marxistas brasileiros, sempre articulando sua reflexão teórica com a prática militante. Dedicou-se à crítica cultural nos anos 1960 e 1970 e teve papel destacado na divulgação das obras de Lukács e Gramsci no Brasil.[1] Também editou as obras de Antonio Gramsci, publicadas pela editora Civilização Brasileira. Seu clássico ensaio A Democracia como valor universal foi marcante no debate sobre a teoria política no Brasil.[2]

Nasceu na cidade de Itabuna, na Bahia, graduou-se em Filosofia na Universidade Federal da Bahia (1961 - 1965). Desde jovem militou no Partido Comunista Brasileiro (PCB).[3]

Lançou diversos livros de caráter crítico-literário e humanista nos anos 1960 pela Editora Civilização Brasileira.

Nos anos 1970, exilou-se em Bolonha (Itália), onde recebeu forte influência político-teórica do antigo Partido Comunista Italiano, e posteriormente em Paris.[3].

Dentro do PCB, fez parte do "grupo de Armênio Guedes", que buscava a renovação no comunismo brasileiro, a partir da questão democrática. Notabilizou-se pelo artigo "Democracia como valor Universal", fortemente inspirado pelo PCI, especialmente por Enrico Berlinguer e Pietro Ingrao.[3]

Foi organizador e tradutor de inúmeros livros para o português, dentre eles o mais famoso, O Capital, de Karl Marx.[4]

Além de Antonio Gramsci e G Lukács, Carlos Nelson Coutinho era admirador da obra de Theodor W. Adorno e Walter Benjamin, através desses autores definia as características fundamentais de seu pensamento

Nos anos 1980, com a crise do PCB e seu afastamento do eurocomunismo, Coutinho aproxima-se por um momento Partido Socialista Brasileiro (que já não era mais o histórico (PSB) pós-1945 de Hermes Lima e João Mangabeira). Porém firmou-se no então recém criado Partido dos Trabalhadores (PT), até o racha e a criação do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), onde permaneceu militando até seus últimos dias, sem contudo nunca esquecer sua raiz comunista e sua ligação com o PCB.[5][6]

Em agosto de 1986, passou a lecionar na UFRJ. Em 1988, defendeu tese de Livre-docência na Universidade Federal do Rio de Janeiro.[7] Aposentou-se em abril de 2012.[8]

Em 29 de junho de 2012 recebeu o título de professor emérito da Escola de Serviço Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).[9][3] Faleceu meses depois, aos 69 anos, em sua casa, no bairro de Cosme Velho, no Rio de Janeiro, em consequência de um câncer de pulmão, diagnosticado em fevereiro do mesmo ano.[10][11][12]

Obras[editar | editar código-fonte]

Livros[editar | editar código-fonte]

  • De Rousseau a Gramsci - Ensaios de Teoria Política, Boitempo, 2011
  • Contra a Corrente, Cortez, 2008
  • Intervenções - O Marxismo na Batalha das Ideias, Cortez, 2006.
  • Cultura e Sociedade no Brasil, Expressão Popular, 2011; 1ª ed.: DP&A Editora, 2005.
  • Lukács, Proust e Kafka, Civilização Brasileira, 2005
  • Ler Gramsci - Entender a Realidade, Civilizaçao Brasileira, 2003; 2ª ed.: 2011.
  • Gramsci - Um Estudo Sobre o Seu Pensamento Político, 1999
  • Gramsci e América Latina, Paz e Terra, 1998
  • Marxismo e Política, Cortez, 1994.
  • Democracia e Socialismo, Cortez, 1992.
  • Introducción a Gramsci, México, Ediciones Era, 1986.
  • Literatura e Ideología en Brasil, Havana, Casa de Las Américas, 1986.
  • A Dualidade de Poderes. Brasiliense, 1985.
  • A Democracia como Valor Universal, ed. Ciências Humanas, 1984.
  • Gramsci. Editora P&PM, 1981.
  • O Estruturalismo e a Miséria da Razão, Expressão Popular, 2010; 1ª ed.:Ed. Paz e Terra, 1972.[13]
  • Georg Lukács. Marxismo e Teoria da Literatura, Civilização Brasileira, 1968.
  • Literatura e Humanismo, Editora Paz e Terra, 1967.

Artigos[editar | editar código-fonte]

Bibliografia sobre Carlos Nelson Coutinho[editar | editar código-fonte]

  • ARAUJO, Paulo Henrique Furtado de. Capitalismo, Estado e política: notas a partir de Chasin e do Gramsci de Carlos Nelson Coutinho. Revista Katálysis, Florianópolis, v. 16, n. 1, p. 26-36, Jun. 2013.
  • BRAZ, Marcelo (org.). Carlos Nelson Coutinho e a renovação do marxismo no Brasil. São Paulo: Expressão Popular, 2012.
  • DEL ROIO, Marcos. Carlos Nelson Coutinho e a questão democrática (1977-1981). AMMENTU - Bollettino Storico e Archivistico del Mediterraneo e delle Americhe, Cagliari, Numero speciale 2, gennaio–giugno, 2020.
  • GONÇALVES, Danyelle Nilin; MACHADO, Eduardo Gomes; ALBUQUERQUE, José Lindomar Coelho. A interpretação da teoria de Gramsci por Carlos Nelson Coutinho: uma leitura crítica. Revista de Ciências Sociais, Fortaleza, v. 35, n. 2, 2004, p. 84-99.
  • MENESES, Jaldes Reis de. Carlos Nelson Coutinho: a hegemonia como contrato. Serviço Social e Sociedade, São Paulo, n. 116, p. 675-699, Dec. 2013.
  • NEVES, Victor. Carlos Nelson Coutinho, filósofo democrático. Rio de Janeiro: Fundação Dinarco Reis, 2013.
  • NEVES, Victor. Democracia e revolução: um estudo do pensamento político de Carlos. Nelson Coutinho. Tese de doutorado em Serviço Social, UFRJ, 2016, Prémio CAPES de Tese 2016.
  • NEVES, Victor. Democracia e socialismo: Carlos Nelson Coutinho em seu tempo. Apresentação por José Paulo Netto, prefácio de Mauro Iasi, Comentários de Michäel Lowy, Lutas Anticapital, 2019 (segunda edição), 707 p.
  • NOGUEIRA, Marco Aurélio. Socialismo e democracia no marxismo de Carlos Nelson Coutinho (1943-2012). Lua Nova: Revista de Cultura e Política, São Paulo, n. 88, p. 11-21, 2013.
  • SILVA, Jones Manoel da. Em busca da revolução brasileira: um estudo crítico sobre a estratégia socialista na obra de Carlos Nelson Coutinho. Dissertação (Mestrado em Serviço Social) - Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2018.
  • SILVA, Vladmir Luis da. “Via prussiana” e “revolução passiva” no pensamento de Carlos Nelson Coutinho: transposição ajustada ou decalque?. Revista Projeto História, São Paulo, v. 41, 2010.


Referências

  1. Homenagem de vida - Carlos Nelson Coutinho. Por José Paulo Netto. Em Pauta - Teoria social e realidade contemporânea, nº 29, p.181-184
  2. Memória. USP. Departamento de Filosofia.
  3. a b c d Carlos Nelson Coutinho (1943 – 2012). Carta Maior, 20 de setembro de 2012.
  4. Morre Carlos Nelson Coutinho, cientista político e professor da UFRJ. Carta Capital, 20 de setembro de 2012.
  5. Carlos Nelson Coutinho, pioneiro do estudo de Gramsci no Brasil. 21 de setembro de 2012
  6. Entrevista: Carlos Nelson Coutinho: "Sem democracia não há socialismo, e sem socialismo não há democracia". Caros Amigos, 2 de fevereiro de 2010.
  7. Currículo Lattes
  8. Sigma UFRJ. Carlos Nelson Coutinho. 15/10/2012
  9. Cerimônia de emerência do Prof. Carlos Nelson Coutinho. UFRJ. Escola de Serviço Social. 12 de Junho de 2012.
  10. Morre cientista político Carlos Nelson Coutinho. Estadão, 20 de setembro de 2012.
  11. Boletim FAPERJ/ UFRJ. Morre o cientista político Carlos Nelson Coutinho
  12. Carlos Nelson Coutinho morre no Rio de Janeiro. Caros Amigos, 20 setembro 2012.
  13. O Estruturalismo e a Miséria da Razão (resenha de Paulo Marçaioli).
  14. O conceito de vontade coletiva em Gramsci. Revista Katálysis, vol.12 n°1. Florianópolis jan./jun. 2009. ISSN 1414-4980
  15. Crítica e utopia em Rousseau. Lua Nova: Revista de Cultura e Política, n°38. São Paulo dez. 1996. ISSN 0102-6445
  16. A dimensão objetiva da vontade geral em Hegel. Lua Nova: Revista de Cultura e Política n°43. São Paulo, 1998. ISSN 0102-6445
  17. A Democracia como Valor Universal in Ênio Silveira (ed.). Encontros com a Civilização Brasileira 1979, pp 33-47.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]