Conus gloriamaris

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C. gloriamaris, em vista inferior (à esquerda, onde é possível avistar seu diminuto opérculo), visto a partir de sua espiral (centro) e em vista superior (à direita).
C. gloriamaris, em vista inferior (à esquerda, onde é possível avistar seu diminuto opérculo), visto a partir de sua espiral (centro) e em vista superior (à direita).
Ilustração, em vista lateral (acima) e inferior (abaixo), de C. gloriamaris; retirada de Conchological drawings and watercolours, miscellaneous, ca 1804 to 1850 (William John Swainson).
Ilustração, em vista lateral (acima) e inferior (abaixo), de C. gloriamaris; retirada de Conchological drawings and watercolours, miscellaneous, ca 1804 to 1850 (William John Swainson).
Estado de conservação
Espécie pouco preocupante
Pouco preocupante
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Mollusca
Classe: Gastropoda
Subclasse: Caenogastropoda
Ordem: clade Hypsogastropoda
clade Neogastropoda
Superfamília: Conoidea
Família: Conidae
Género: Conus
Linnaeus, 1758[1]
Subgénero: Cylinder[2]
Montfort, 1810[2]
Espécie: C. gloriamaris
Nome binomial
Conus gloriamaris
Chemnitz, 1777[1]
C. gloriamaris; espécime da coleção do Smithsonian Institution.
C. gloriamaris; espécime da coleção do Sea Shell Museum, Phuket, Tailândia.
Distribuição geográfica
A região do Sudeste Asiático até Nova Guiné, ilhas Salomão, Fiji e Samoa, é o habitat da espécie C. gloriamaris; na zona nerítica.
Sinónimos
Conus (Cylinder) gloriamaris Chemnitz, 1777
Cylinder gloriamaris (Chemnitz, 1777)
Cylindrus gloriamaris (Chemnitz, 1777)
Conus gloria Bosc, 1801
(WoRMS)[1]

Conus gloriamaris (nomeada, em inglês, Glory of the Sea Cone; na tradução para o português, "Conus glória do mar")[3][4] é uma espécie de molusco gastrópode marinho predador do gênero Conus, pertencente à família Conidae. Foi classificada por Johann Hieronymus Chemnitz em 1777.[1] É nativa do oeste do oceano Pacífico[3] e já esteve entre as mais famosas, raras e cobiçadas conchas do mundo, com poucos espécimes avistados, e colecionados, nos séculos XVIII e XIX.[4][5]

Descrição da concha[editar | editar código-fonte]

Esta concha tem um elegante e alongado corpo cônico,[4] com no máximo 16.2 centímetros,[6] com espiral moderadamente alta e arredondada em sua porção mais larga; e com sua volta final excedendo duas vezes o tamanho da espiral. Sua coloração é de um marrom oliváceo sobre o branco, com três faixas amplas e escurecidas, muitas vezes mal definidas, apresentando-se sob minúsculas marcações, mais ou menos triangulares ou losangulares, por toda a superfície, e linhas em zigue-zague, mais escuras. Alguns exemplares podem se apresentar mais pálidos ou amarelados.[6][7][8] Abertura dotada de lábio externo fino e interior branco, se alargando levemente em direção à base (onde fica seu canal sifonal). Seu opérculo é diminuto, comparado com a extensão de sua abertura.[4][7]

Holótipo e descrição original[editar | editar código-fonte]

Conus gloriamaris é a única concha que leva o nome do clérigo dinamarquês Johann Hieronymus Chemnitz; pois Chemnitz não havia usado a nomenclatura binominal em sua obra Neues Systematisches Conchylien-Cabinet e, de fato, ela não teria sido anexada se ele não a tivesse descrito, desta maneira, em uma publicação separada: Von einer ausserordentlich seltenen Art walzenförmiger Tuten oder Kegelschnekken, welche den Namen Gloria maris führt. Beschäftigungen der Berlinischen Gesellschaft Naturforschender Freunde. Ela pertencia a um gabinete de curiosidades holandês, de um homem chamado Schluyter, e é mencionada em um catálogo de vendas de 1757 (sua primeira aparição em leilão), onde fora listada como Gloria maris ("glória do mar"); adquirida pelo conde Adam Gottlob Moltke que, vinte anos depois, a emprestara a Chemnitz juntamente com uma gravura do artista e naturalista Franz Michael Regenfuss. Posteriormente depositada no Museu Zoológico da Universidade de Copenhague, essa concha, bastante modesta (9.2 centímetros) e danificada, foi o holótipo da espécie.[1][9][10][11]

Habitat, distribuição geográfica e raridade[editar | editar código-fonte]

Esta espécie é encontrada espalhada no Pacífico ocidental, ocorrendo das Filipinas até Samoa, incluindo Sabá, o leste (Kalimantan, Celebes, pequenas ilhas da Sonda) e oeste (ilhas Molucas, Papua) da Indonésia, Papua-Nova Guiné, ilhas Salomão e Fiji, a profundidades de cerca de 5 a 300 m e em fundos arenosos e lodosos. É espécie carnívora, que se alimenta de outros moluscos.[12][13]

Embora não seja considerada particularmente bela, em comparação com outros exemplares de seu gênero,[4] Conus gloriamaris foi considerada, no passado, uma das mais raras e procuradas conchas do mundo; conhecida apenas por 20 a 24 espécimes durante os cem anos posteriores à sua descoberta e classificação, em 1777, durando tal raridade até o ano de 1957 e com preços de leilão bem acima dos mil dólares cada. Em 1856 se publicou que um colecionador fervoroso de espécies de Conus, Chris Hwass, da Dinamarca, havia comprado um gloriamaris no ano de 1792, apenas para destruí-lo, imediatamente, em um esforço para reduzir a população conhecida de espécimes e fazendo, assim, seu outro espécime mais valioso. Outro relato foi publicado em conexão com a descoberta de dois ou três espécimes perto de Bohol, nas Filipinas, por Hugh Cuming, em 1837; afirmando que um terremoto havia destruído o habitat desta espécie, provocando sua extinção. Em 1951, durante uma exibição do Museu Americano de História Natural, em Nova Iorque, um Conus gloriamaris fora roubado. Em 1964, 48 espécimes haviam sido descobertos na Nova Guiné e, em setembro de 1969, dois mergulhadores australianos recolheram de quase 100 a mais de 120 espécimes na costa norte da ilha de Guadalcanal,[9][14][15][16] rebaixando esta concha de rara para incomum e tornando-a bem mais acessível;[4] atualmente considerada uma espécie pouco preocupante pela União Internacional para a Conservação da Natureza.[12]

Conotoxinas[editar | editar código-fonte]

Mais de 100 sequências de conotoxinas foram identificadas nesta espécie, representando um recurso valioso para futuros esforços de descoberta de drogas.[17]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c d e «Conus gloriamaris» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 24 de maio de 2017 
  2. a b «Conus (Cylinder)» (em inglês). World Register of Marine Species. 1 páginas. Consultado em 24 de maio de 2017 
  3. a b ABBOTT, R. Tucker; DANCE, S. Peter (1982). Compendium of Seashells. A color Guide to More than 4.200 of the World's Marine Shells (em inglês). New York: E. P. Dutton. p. 246. 412 páginas. ISBN 0-525-93269-0 
  4. a b c d e f WYE, Kenneth R. (1989). The Mitchell Beazley Pocket Guide to Shells of the World (em inglês). London: Mitchell Beazley Publishers. p. 135. 192 páginas. ISBN 0-85533-738-9 
  5. FRÉDÉRICK, Robert (1965). Naturama. Curiosidades do Mundo Animal. Rio de Janeiro: Editorial Codex S. A. p. 84. 248 páginas 
  6. a b «Conus (Cylinder) gloriamaris (Chemnitz, 1777)» (em inglês). Hardy's Internet Guide to Marine Gastropods. 1 páginas. Consultado em 24 de maio de 2017. Arquivado do original em 11 de agosto de 2021 
  7. a b DANCE, S. Peter (2002). Smithsonian Handbooks: Shells. The Photographic Recognition Guide to Seashells of the World (em inglês) 2ª ed. London, England: Dorling Kindersley. p. 187. 256 páginas. ISBN 0-7894-8987-2 
  8. Tonyshells (29 de janeiro de 2009). «Conus gloriamaris "Glory of the Sea"» (em inglês). Flickr. 1 páginas. Consultado em 24 de maio de 2017 
  9. a b CATTANEO-VIETTI, Riccardo; DONEDDU, Mauro; TRAINITO, Egidio (2016). MAN and SHELLS. Molluscs in the History (em inglês). Xarja, Emirados Árabes Unidos: Bentham Science Publishers - Google Books. p. 180-181. 340 páginas. ISBN 978-1-68108-226-4. Consultado em 17 de abril de 2020 
  10. López, Carmen Martínez (27 de setembro de 2019). «El caracol más codiciado de la historia» (em espanhol). Museo Nacional de Ciencias Naturales. 1 páginas. Consultado em 12 de abril de 2021 
  11. «Conchylomania» (em inglês). Encyclopaedia Romana. 1 páginas. Consultado em 17 de abril de 2020 
  12. a b «Conus gloriamaris» (em inglês). IUCN. 1 páginas. Consultado em 17 de abril de 2020 
  13. National Science Foundation. «Conus gloriamaris Chemnitz, 1777» (em inglês). Conus Biodiversity Website. 1 páginas. Consultado em 24 de maio de 2017 
  14. Colla, Phillip. «Glory Of The Seas Cone Photos, Conus gloriamaris» (em inglês). Oceanlight.com. 1 páginas. Consultado em 24 de maio de 2017 
  15. «Conus gloriamaris Chemnitz, 1777; The Glory-of-the-Seas Cone» (em inglês). Jacksonville Shells. 1 páginas. Consultado em 24 de maio de 2017 
  16. SAUL, Mary (1974). Shells. An Illustrated Guide to a Timeless and Fascinating World (em inglês). London: Country Life. p. 43. 192 páginas. ISBN 0-600-38048-3 
  17. Robinson, Samuel D.; Li, Qing; Lu, Aiping; Bandyopadhyay, Pradip K.; Yandell, Mark; Olivera, Baldomero M.; Safavi-Hemami, Helena (20 de maio de 2017). «The Venom Repertoire of Conus gloriamaris (Chemnitz, 1777), the Glory of the Sea» (em inglês). Marine Drugs, 15(5). (NCBI). 145 páginas. Consultado em 16 de julho de 2019 
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