Elevador de serviço
Elevador de serviço é uma categoria de elevador geralmente destinado para trabalhadores do prédio - como empregadas domésticas, porteiros, entregadores - que frequentam o prédio, numa segregação social em relação aos moradores e visitantes de um prédio.[1][2]
Características
[editar | editar código-fonte]O elevador de serviço é uma categoria de elevadores de um prédio, distinguindo-se do elevador social.[3] Normalmente, estatutos de prédios e condomínios asseguram em seu estatuto a diferenciação entre os elevadores, cabendo aos moradores e suas visitas o uso do elevador social, enquanto o elevador de serviço é destinado aos funcionários do prédio como porteiros, faxineiras, entregadores, carteiros, dentre outros profissionais que interagem com o prédio.[4][5][6]
Leis
[editar | editar código-fonte]No munícipio de São Paulo, pela Lei 11.995, de 16 de janeiro de 1996, proposta por Aldaíza Sposati (PT) e sancionada pelo prefeito Paulo Maluf (PP) proibiu a diferenciação das categorias de elevador.[7][8][9]
Na época da aprovação da lei, a atriz Carolina Ferraz posicionou-se de maneira contrária a lei dizendo: "as coisas estão tão misturadas, confusas, na sociedade moderna. Algumas coisas, da tradição, devem ser preservadas. É importante haver hierarquia".[10] E acrescentou que a lei era 'idiota' e que os vereadores possuíam 'coisas mais importantes para fazer'.[10] A atriz Mariana Lima posicionou-se de maneira favorável à lei.[10]
No estado de São Paulo, na Assembleia Legislativa de São Paulo (ALESP), o deputado estadual Djalma Bom (PT) propôs que a lei municipal se estende-se para o estado como um todo.[11] A lei foi sancionada no ano de 1999, pelo governador Mário Covas (PSDB).[11]
Apesar do esforço estatal, há um descumprimento da lei no estado e na cidade ainda fazendo a diferenciação de categoria do elevador.[12][13][14]
No ano de 2023, na cidade do Rio de Janeiro, foi proposta uma lei na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, pelo vereador Waldir Brazão (Avante) proibindo o uso das denominações "elevador social" e "elevador de serviço" na cidade.[15] A lei foi sancionada pelo prefeito Eduardo Paes (PSD), multando quem descumprisse a lei no município.[16] Uma outra lei de 2003 já proibia qualquer tipo de discriminação nos elevadores.[15]
Críticos
[editar | editar código-fonte]Algumas personalidades já posicionaram-se de maneira contrária a esta separação. O ator José de Abreu foi um deles.[17] Abreu atribui essa separação ao passado escravocrata do Brasil.[18]
O escritor Walcyr Carrasco em sua coluna na revista Época, atribui que "o elevador de serviço e o banheiro de empregada são uma das características que demonstram que o Brasil é um país preconceituoso."[19]
Pesquisadores das mais diferente áreas - em sua maioria das ciências humanas - também acreditam que estas divisões na sociedade brasileira demarcam o quanto país possui dificuldade em enfrentar as desigualdades sociais que acometem o país.[20][21][22]
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ «Elevador Social e Elevador de Serviço - qual a diferença?». Portal BRCondos. 16 de setembro de 2016. Consultado em 28 de abril de 2021
- ↑ «Que pessoas são obrigadas a usar o elevador de serviço?». SindicoNet. Consultado em 28 de abril de 2021
- ↑ «10 Regras essenciais no uso do elevador em condomínio. Veja agora!». MeuElevador.com. 26 de abril de 2019. Consultado em 28 de abril de 2021
- ↑ «Lei de acessibilidade e as reformas em condomínios e prédios antigos». Fibersals impermeabilização definitiva. 1 de fevereiro de 2017. Consultado em 28 de abril de 2021
- ↑ «REGIMENTO INTERNO DO CONDOMÍNIO VIA BARRA» (PDF). Condomínio Via Barra. 29 de julho de 2015. Consultado em 28 de abril de 2021
- ↑ «MPF faz recomendação a condomínio para não discriminar funcionários em elevador social». Rondônia Agora. 29 de Setembro de 2020. Consultado em 28 de abril de 2021
- ↑ «LEI Nº 11.995 DE 16 DE JANEIRO DE 1996». Prefeitura Municipal de São Paulo. Consultado em 28 de abril de 2021
- ↑ «PL 492 03/11/1994». Prefeitura Municipal de São Paulo. Consultado em 28 de abril de 2021
- ↑ Coelho, Marcelo (5 de julho de 1995). «Discriminação é confessável no elevador». Folha de S. Paulo. Consultado em 28 de abril de 2021
- ↑ a b c Stycer, Maurício (2 de julho de 1995). «`É importante haver hierarquia', diz atriz». Folha de S. Paulo. Consultado em 28 de abril de 2021
- ↑ a b «LEI Nº 10.313, DE 20 DE MAIO DE 1999». Assembleia Legislativa de São Paulo. 20 de maio de 1999. Consultado em 28 de abril de 2021
- ↑ Steil, Juliana (1 de janeiro de 2020). «Imagem mostra elevador destruído após acidente que matou quatro em SP». G1. Consultado em 28 de abril de 2021
- ↑ Moreira, Matheus (5 de fevereiro de 2020). «Edifício comercial em SP exigiu que chineses usassem apenas elevador de serviço». Folha de S. Paulo. Consultado em 28 de abril de 2021
- ↑ Gonzalez, Mariana (27 de abril de 2021). «Dia da Doméstica: "Não queremos ser da família", diz líder do sindicato». UOL. Consultado em 28 de abril de 2021
- ↑ a b Ribeiro, Geraldo (4 de julho de 2023). «Prédios do Rio não poderão mais usar os termos 'elevador social' e 'elevador de serviço', para evitar discriminação». O Globo. Consultado em 4 de julho de 2023. Cópia arquivada em 4 de julho de 2023
- ↑ Tiara, Tiago (4 de julho de 2023). «Prefeitura do Rio sanciona lei que proíbe uso das denominações de 'elevador social' e 'elevador de serviço' na cidade». G1. Consultado em 4 de julho de 2023. Cópia arquivada em 4 de julho de 2023
- ↑ Paulo Pimenta e Wadih Damous: Zé de Abreu já sabia quem era Bolsonaro !!!!, consultado em 28 de abril de 2021
- ↑ Dezan, Anderson (13 de março de 2016). «José de Abreu critica protestos pelo Brasil: 'Marcha dos alienados'». Ego. Consultado em 28 de abril de 2021
- ↑ Carrasco, Walcyr (22 de agosto de 2014). «Elevador de serviço e banheiro de empregada». Época. Consultado em 28 de abril de 2021
- ↑ Gomes, Paula (2016). «Emprego doméstico e a arquitetura da desigualdade». Ciência e Cultura (2): 64–65. ISSN 0009-6725. doi:10.21800/2317-66602016000200020. Consultado em 28 de abril de 2021
- ↑ Fernandes, Rafael (4 de dezembro de 2013). «Da entrada de serviço ao elevador social: racismo e sofrimento» (PDF). Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Consultado em 28 de abril de 2021
- ↑ Yannoulas, Silvia Cristina; Assis, Samuel Gabriel; Ferreira, Kaline Monteiro (2012). «Education and poverty: thresholds of a field in (re)definition». Revista Brasileira de Educação (em inglês) (50): 329–351. ISSN 1413-2478. doi:10.1590/S1413-24782012000200005. Consultado em 28 de abril de 2021