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Revisão das 02h00min de 5 de maio de 2018

Como ler uma infocaixa de taxonomiaOrmosia arborea
O. arborea do CB Unicamp, Campinas - SP, Brasil.
O. arborea do CB Unicamp, Campinas - SP, Brasil.
Estado de conservação
Espécie não avaliada
Espécie não avaliada
Não avaliada
[1]
Classificação científica
Domínio: Eukariota
Reino: Plantae
Sub-reino: Viridiplantae
Infrarreino: Streptophyta
Superdivisão: Embryophyta
Divisão: Tracheophyta
Subdivisão: Spermatophytina
Classe: Magnoliopsida
Superordem: Rosanae
Ordem: Fabales
Família: Fabaceae
Gênero: Ormosia[2]
Espécie: O. arborea[3]
Nome binomial
Ormosia arborea
(Vell.) Harms
Distribuição geográfica
Mapa mostrando ocorrência confirmada de O. arborea na América do Sul.
Mapa mostrando ocorrência confirmada de O. arborea na América do Sul.
Sinónimos

Ormosia arborea é uma árvore de copa frondosa e densifoliada endêmica do Brasil. O nome do gênero "Ormosia" vem do grego, ὅρμος/όrmos, e significa colar, fazendo referência a um dos usos de suas sementes coloridas, já o epíteto "arborea" é por se tratar da espécie de maior porte do gênero.[5][6] Ela é conhecida por suas sementes bicolores, chamativas e ornamentais que se assemelham aos olhos de caprinos e por isso a árvore é conhecida popularmente como olho-de-cabra.[7] A aparência chamativa da semente também é responsável pela dispersão das sementes por zoocoria, embora a árvore não ofereça nenhum nutriente a seus dispersores, ela atrai animais que são induzidos a acreditar que se trata de um fruto carnoso e ao serem enganados, ingerem-na e acabam regurgitando ou defecando a semente muitas vezes quando já estão distantes da árvore.

As sementes apresentam dificuldade de germinação devido a sua casca impermeabilizante e para melhorar sua taxa de germinação, costuma-se utilizar de processos de escarificação mecânica ou química, quando semeada artificialmente.

Outros nomes populares mais comuns da árvore são tento e pau-ripa e além desses nomes, também são usados outros de acordo com a região do país.

Morfologia

A O. arborea é muito similar morfologicamente à O. fastigiata Tul., o que gera dificuldade na sua identificação em campo e em material herborizado.[8] As sementes de O. arborea são mais pesadas e são criptocotiledonares; seus folíolos apresentam parênquima paliçádico de células mais curtas, com base mais larga.[8]

A O. arborea é monoica, atinge altura de quinze a vinte metros; sua raiz possui nodulações; sua copa é frondosa; suas flores são zigomorfas, nectaríferas, levemente odoríferas, apresentam coloração rosa e roxa, são dispostas em panículas amplas e terminais; seu fruto é uma vagem bivalvar, com cerca de seis centímetros (considerada curta), apresenta pericarpo lenhoso, com normalmente de uma a raramente três sementes.[9][10][11]

Muda

Possui germinação hipógea;[8] sua raiz principal surge em cerca de nove a doze dias após a germinação.[11] Após 26 dias a planta atinge altura de doze centímetros, apresenta sistema radicular pouco desenvolvido com algumas raízes secundárias e eófilos; esses eófilo possuem forma elíptica, filotaxia oposta, nervuras bem aparentes e bordos ondulados.[11] Aos cinquenta dias a plántula apresenta um terceiro eófilo, sistema radicular mais desenvolvido, os cotilédones ainda são presentes embora diminuídos e o cotilédone murcha completamente aos setenta dias.[11]

Sementes de O. arborea

Semente

Suas sementes são chamativa, possuem cores vermelha e preta em alto contraste, testa bicolor, tegumento de textura lisa, formato de elíptico a oblongo, massa entre 0,827 e 0,776 g, comprimento médio foi de 1,15 centímetros, diâmetro e espessura médios de 9,2 e 7,5 milímetros respectivamente, massa média de 685mg; seu hilo é semicircundante, elíptico, heterócromo (cor esbranquiçada quando o funículo é removido) próximo à base da semente e possui fenda hilar pouco perceptível; seu embrião é de cor creme, invaginado, globoso, seus cotilédones são crassos, plano-convexos, dispostos perpendicularmente ao eixo hipocótilo-radícula, que é reto e curto de tamanho diminuto em relação ao restante da semente.[6][8][9][10][12] Sua germinação é criptocotiledonar ou fanerocotiledonar; seu cotilédone é verde e crasso; seu epicótilo é cilíndrico de cor verde clara, possui superfície pilosa e apresenta rápido crescimento.[11]

Folhas compostas e, nas extremidades da copa, frutos de O. arborea.

Folhas

Suas folhas são compostas, imparipinadas, apresentam em média dez folíolos; seus folíolos são glabros, coriáceos, apresentam dimensões de dezessete por oito centímetros de comprimento e largura respectivamente, apresentam pigmentos vacuolares, espaços intercelulares conspícuos no parênquima esponjoso, tricomas tectores restritos à nervura principal e células epidérmicas da face adaxial maiores que as da face abaxial.[6][8][9][10]

Tronco de O. arborea.

Tronco

Seu tronco possui formato de reto a levemente tortuso, atinge de cinquenta a setenta centímetros de DAP (diâmetro à altura do peito, a 1,30 metros do chão); seu fuste chega a ter até sete metros de comprimento; apresenta casca com ritidoma lenticelado; seu caule apresenta tricomas tectores esparsos e grande quantidade de lenticelas.[6][8][9][10]

Ecologia

Ecologicamente a O. arborea possui habito semidecíduo ou perenifólio, é heliófita, climácica, prefere solos mais drenados, propicia associação do tipo micorriza, aparenta ser adaptada a alagamentos sazonais.[7][13][14] A dispersão de suas sementes ocorre de forma autocórica e/ou por zoocoria, devido a aparência chamativa de suas sementes, que "imita" um fruto carnoso e acaba atraindo aves, e a polinização é feita por abelhas e outros insetos.[15][16] A espécie apresenta dificuldade de germinação devido a dureza do tegumento impermeabilizante da semente e também apresenta dificuldade de dispersão.[17]

Suas principais características fenologicas são: floresce de outubro a novembro e a seus frutos amadurecem entre os meses de setembro e outubro e permanecem na árvore ainda maduros por alguns meses.[7]

Distribuição geográfica

A O. arborea é endêmica do Brasil e tem ocorrência confirmada na região: Sudeste em todos os estados e também encontra-se na Bahia e em Goiás; nos biomas: Cerrado e Mata Atlântica; nas vegetações do tipo Floresta Ombrófila.[1][18] É encontrada em altitudes de 5 até 1100 metros.[6][16]

Utilização

Sua madeira é utilizada na confecção de móveis, lâminas faqueadas, painéis e lambris.[7] Sua lenha é de boa qualidade.[6] Suas sementes são ornamentais e usadas em artesanatos.[16] Propicia ótimo sombreamento e é ornamental, portanto é uma espécie interessante para arborização de avenidas e ruas.[6] É considerada planta medicinal e é usada na medicina alternativa popular em tratamentos do sistema nervoso.[19]

Semeadura e manejo de mudas

Para haver melhor taxa de germinação é recomendado escarificação das sementes que podem ser semeadas em qualquer época do ano e levam de quarenta a cinquenta dias para germinar.[7][17][20] A salinidade prejudica sua germinação.[21] As mudas jovens desenvolvem-se melhor sob condição de sombreamento e toleram sombreamento de 70%.[22]

Nomes populares

A espécie também é conhecida por alguns nomes vernaculares como: olho de boi, angelim-ripa e outros.[7][6] Esses nomes variam de acordo com a região como mostra a tabela a seguir:

Nomes populares por estado[7][6]
Nomes vernaculares
angelim arvoeiro assacu-mirim coroa-de-frade coronheira corunheira macanaíba olho-de-cabra pau-de-santo-inácio pau-ripa tento tento-grande tento-macanaíba
Estados Bahia
Espírito Santo
Mato Grosso
Mato Grosso do Sul
Minas Gerais
Paraná
Rio de Janeiro
Santa Catarina
São Paulo

Outras características

Suas sementes possuem alcaloides e teor de água entre 13,05% e 11,64%.[12][19]

Madeira

Sua madeira possui densidade de 700 kg/m³, que é considerada moderadamente alta; é resistente, medianamente resistente ao ataque de organismos xilófagos; possui textura média e aparência decorativa.[7]

Referências

  1. a b «Fabaceae» (em inglês, espanhol, e português). Flora do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Consultado em 22 de setembro de 2017 
  2. «Ormosia» (em inglês). Integrated Taxonomic Information System (ITIS) (http://www.itis.gov). Consultado em 22 de setembro de 2017 
  3. Compilado de fontes de bases de dados sobre espécies vegetais:
  4. a b Compilado de fontes de bases de dados para os sinônimos:
    • Roskov Y., Abucay L., Orrell T., Nicolson D., Bailly N., Kirk P.M., Bourgoin T., DeWalt R.E., Decock W., De Wever A., Nieukerken E. van, Zarucchi J., Penev L. (2017). «Ormosia arborea (Vell.) Harms» (em alemão, inglês, espanhol, francês, lituano, neerlandês, polaco, português, russo, tailandês, vietnamita, e chinês). Species 2000 & ITIS Catalogue of Life, 2017 Annual Checklist. Digital resource at www.catalogueoflife.org/annual-checklist/2017. Species 2000: Naturalis, Leiden, the Netherlands. ISSN 2405-884X. Consultado em 22 de setembro de 2017 
  5. «Ormosia» (em italiano). Etimologia dei nomi botanici e micologici e corretta accentazione publicado em: http://www.actaplantarum.org. Consultado em 10 de outubro de 2017 
  6. a b c d e f g h i Paulo Ernani Ramalho Carvalho. «Coronheira (Ormosia arborea. Agência Embrapa de Informação Tecnológica disponível em: http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/. Consultado em 10 de outubro de 2017 
  7. a b c d e f g h Lorenzi, H. (1992). Árvores brasileiras. Manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa, SP: Ed. Plantarum. p. 221 
  8. a b c d e f GURSKI, Cristina; DIAS, Edna Scremin and MATTOS, Eduardo Arcoverde de (2012). «Caracteres das sementes, plântulas e plantas jovens de Ormosia arborea (Vell.) Harms E Ormosia fastigiata Tul. (Leg-papilionoideae).». http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-67622012000100005&lng=en&nrm=iso. Revista Árvore - Brazilian Journal of Forest Science [online]. 36 (1): 37-48. ISSN 1806-9088. Consultado em 23 de setembro de 2017 
  9. a b c d «Ormosia arborea (Vell.) Harms». Instituto Brasileiro de Florestas (IBF), disponível em: http://www.ibflorestas.org.br/. Consultado em 22 de setembro de 2017 
  10. a b c d «Ormosia arborea (Vell.) Harms». http://www.arvores.brasil.nom.br/. Consultado em 22 de setembro de 2017 
  11. a b c d e Isabele Pagels Gonçalves, Michele da Costa Gama, Maria Célia Rodrigues Correia e Heloísa Alves de Lima. Caracterização dos frutos, sementes e germinação de quatro espécies de leguminosas da restinga de Maricá, Rio de Janeiro (Tese). Consultado em 10 de outubro de 2017 
  12. a b Aparecida Leonir da SILVA; Glaucia Almeida de MORAIS. ANÁLISES MORFOMÉTRICAS DAS SEMENTES DE Ormosia arborea (Vell.) Harms (Fabaceae) DE DIFERENTES MATRIZES EM DUAS ÉPOCAS DISTINTAS DE COLETA (PDF) (Tese). Consultado em 10 de outubro de 2017 
  13. Fontes, R.P.M.; Cassiolato, A.M.R.; Bettiol, A.C.T.; Angelini, G.A.R.; Scabora, M.H.;Maltoni, K.L. AVALIAÇÃO DE MICORRIZAÇÃO EM Ormosia arborea (Vell.) Harms. EM SOLOS DE ÁREAS DEGRADADAS E SOBRE PASTAGEM (PDF) (Tese). Campus de Ilha Solteira – Faculdade de Engenharia – Ciências Biológicas – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP). 4 páginas. Consultado em 10 de outubro de 2017 
  14. FERNANDA SOARES JUNGLOS; MÁRIO SOARES JUNGLOS; DAIANE MUGNOL DRESCH; LARISSA FATARELLI BENTO; JULIELEN ZANETTI BRANDANI; ETENALDO FELIPE SANTIAGO; SILVANA DE PAULA QUINTÃO SCALON (maio de 2017). INFLUÊNCIA DO ALAGAMENTO E PÓS - ALAGAMENTO NA FLUORESCÊNCIA DA CLOROFILA EM MUDAS DE Ormosia arborea (Vell.) Harms (FABACEAE) (PDF) (Tese). Dourados - MS: 1º Simpósio Científico sobre Recursos Naturais - SCRN. Consultado em 10 de outubro de 2017 
  15. ANA MARIA FIORI (março 2001). «Sem bichos, a floresta morre - O desaparecimento de animais que dispersam sementes põe em risco a sobrevivência de remanescentes da Mata Atlântica». FAPESP. Pesquisa FAPESP (62): 38-42. Consultado em 10 de outubro de 2017 
  16. a b c «Ormosia arborea (Vell.) Harms». http://www.refloresta-bahia.org/. Consultado em 22 de setembro de 2017 
  17. a b Agência Ambiental PICK-UPAU (agosto de 2012). «Avaliação da germinação e superação de dormência de sementes de Olho-de-cabra (Ormosia arborea (Vell.) Harms) em condições de viveiro aliado à cultura indígena Guarani.» (PDF). São Paulo - SP - Brasil: Agência Ambiental Pick-upau, disponível em: http://www.pick-upau.org.br. Magazine Darwin Society - Ciência para todos. 2 (2). 27 páginas. ISSN 2316-106X. Consultado em 10 de outubro de 2017 
  18. «Ormosia arborea (Vell.) Harms» (em inglês). Global Biodiversity Information Facility disponível em: https://www.gbif.org/. Consultado em 22 de setembro de 2017 
  19. a b DALGALLO, M.R.; VALADÃO, D.A.; FRANCISQUINI E.; ONOHARA, M.T. (outubro de 2011). ESTUDO FITOQUÍMICO DO EXTRATO E PRECIPITADOS DA SEMENTE DA "Ormosia arborea" (Tese). São Luís - Maranhão: 51º Congresso Brasileiro de Química. Consultado em 10 de outubro de 2017 
  20. Compilado de referências sobre eficácia da escarificação das sementes na germinação:
  21. Grazielle Miranda de Matos; Tiago Reis Dutra; Marília Dutra Massad; Kayke Fernandes Santos Lima; Rosineide Alves dos Reis (março de 2016). EFEITO DA SALINIDADE NA GERMINAÇÃO DE ESPÉCIES ARBÓREAS (PDF) (Tese). Teatro Glauber Rocha - UESB/ Vitória da Conquista - BA: IV Semana de Engenharia Florestal da Bahia (IV SEEFLOR-BA) e I Mostra da Pós-Graduação em Ciências Florestais da UESB. Consultado em 10 de outubro de 2017 
  22. Alan Seity Ferraz Koga; Silvana de Paula Quintão Scalon. Diferentes níveis de sombreamento no desenvolvimento de mudas de Ormosia arborea (Vell.) Harms (PDF) (Tese). Encontro de Ensino Pesquisa e Extensão (ENEPEX) - 9º ENEPE UFGD, 6º EPEX UEMS. Consultado em 10 de outubro de 2017