Georges Bernanos

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Georges Bernanos
Georges Bernanos
Nome completo Louis Émile Clément Georges Bernanos
Nascimento 20 de fevereiro de 1888
Paris, França
Morte 5 de julho de 1948 (60 anos)
Neuilly-sur-Seine, França
Nacionalidade França Francês
Ocupação Escritor e jornalista
Prémios Prémio Femina (1929)

Grande prémio de romance da Academia francesa (1936)

Magnum opus La Joie

Georges Bernanos (Paris, 20 de fevereiro de 1888Neuilly-sur-Seine, 5 de julho de 1948) foi um escritor e jornalista francês. Era um católico romano com inclinações monarquistas, um grande crítico da "burguesia" de sua época, que identificou como tendo um forte sentimento do que ele chamou de derrotismo. Ele acreditava que isso levou a França a ser ocupada pela Alemanha em 1940 durante a Segunda Guerra Mundial.

Bernanos participou intensamente da vida política francesa: foi soldado de trincheira na Primeira Guerra Mundial e repórter na Guerra Civil Espanhola. Após a derrota da França para os alemães, em 1940, já exilado no Brasil, decide apoiar a ação da França Livre por meio de uma série de artigos de jornal, onde se coloca contra o regime de Vichy e ao serviço da Resistência francesa.

Pensamento e obra[editar | editar código-fonte]

Católico, Bernanos está vinculado a uma visão do Cristianismo semelhante à de François Mauriac e Graham Greene, que é uma resposta de ao tema central da relação entre o ser humano e o mundo na literatura contemporânea.

Obteve sucesso literário principalmente por seus romances Sob o sol de Satã, de 1926, e Diário de um pároco de aldeia, de 1938. Em suas obras, Georges Bernanos explora a batalha espiritual do bem contra o mal, especialmente por meio da personagem de um padre católico que luta para a salvação das almas de seus paroquianos.

Vida pessoal[editar | editar código-fonte]

Bernanos passou a infância em Fressin (Passo de Calais). Em 1917, casou-se com Jeanne Talbert d’Arc, descendente em linha direta de um irmão de Joana d'Arc. Georges e Jeanne tiveram seis filhos entre 1918 e 1933: Chantal, Yves, Claude, Michel, Dominique e Jean-Loup.

Em parte por razões financeiras, Bernanos se estabeleceu em Maiorca, quando a Guerra Civil Espanhola eclodiu. Inicialmente apoiou Franco, mas logo em seguida ficou chocado com a selvajaria dos combates e, indignado com a cumplicidade do clero espanhol, mudou de posição.

Durante o período de 1938 a 1945, revoltado com o armistício franco-germânico, exilou-se no Brasil.

Mesmo após a Liberação de Paris, continuou sua vida nômade (mudou-se trinta vezes em sua vida). O general de Gaulle o convidou para retornar à França, propondo-lhe uma posição no governo. Apesar de uma profunda admiração por ele, o romancista recusa essa oferta. Recusou também, por três vezes, a Legião de Honra e um cadeira na Academia Francesa.

Exílio no Brasil[editar | editar código-fonte]

Em julho de 1938, dois meses antes do acordo de Munique, a vergonha que sentiu diante da fraqueza dos políticos franceses contra a Alemanha de Hitler levou Bernanos a decidir-se por um exílio na América do Sul. Inicialmente tencionava estabelecer-se no Paraguai, mas acabou ficando no Brasil, onde chegou acompanhado da mulher, dos filhos e de um sobrinho. Primeiro foi para Itaipava, no estado do Rio de Janeiro; depois residiu em Juiz de Fora, Vassouras, Pirapora e Barbacena.[1] Em sua casa em Barbacena, recebeu, entre outros, o escritor alemão Stefan Zweig, pouco antes deste se suicidar. Tal casa foi depois transformada no "Museu George Bernanos".

No Brasil, Bernanos escreveu Les enfants humiliés, Lettre aux Anglais, Le Chemin de la Croix-des-Ames e La France contre les Robots e terminou sua obra Monsieur Ouine, que publicou na França, em 1946.

No Brasil, Georges Bernanos angariou muitas amizades e influenciou uma série de escritores. Conviveu com Jorge de Lima, Alceu Amoroso Lima, Henrique Hargreaves, Virgílio de Mello Franco, Augusto Frederico Schmidt, Álvaro Lins, Geraldo França de Lima, Hélio Pelegrino, entre outros. Essa fase brasileira foi muito bem retratada por Sébastien Lapaque no livro Sob o sol do exílio: Georges Bernanos no Brasil (1938-1945), publicado pela É Realizações Editora,[2] e por Hubert Jacques Sarrazin no livro Bernanos no Brasil, publicado pela editora Vozes.[3]

Obras[editar | editar código-fonte]

Obras de Bernanos traduzidas para o português[editar | editar código-fonte]

Obras sobre Bernanos em português[editar | editar código-fonte]

Todas as obras de Bernanos (em francês)[editar | editar código-fonte]

  • Sous le soleil de Satan (Sob o sol de Satã), Paris, Plon, 1926, nova edição, Paris, Le Castor Astral, 2008,
  • L'Imposture (A Impostura), Paris, Plon, 1927.
  • La Joie, La Revue universelle (A Alegria, A Revista universal), 1928 ; Paris, Plon, 1929 (Prémio Fémina), 1929.
  • La grande peur des bien-pensants (O grande medo dos bem-pensantes), 1931.
  • Un crime (Um crime) Paris, Plon, 1935
  • Le journal d'un curé de campagne (Diário de um pároco de aldeia), La Revue hebdomadaire, 1935-1936 ; Paris, Plon, 1936.
  • Nouvelle Histoire de Mouchette (Nova História de Mouchette), Paris, Plon, 1937.
  • Les grands cimetières sous la lune (Os grandes cemitérios sob a Lua), 1938.
  • Monsieur Ouine (O senhor Ouine), Rio de Janeiro, 1943; Paris, Plon, 1946; reedição. Le Castor Astral, 2008.
  • Un mauvais rêve (Um sonho ruim), Paris, Plon, 1950.
  • Jeanne
  • Relapse et sainte (Relapsa e santa)
  • Le Chemin de la Croix-des-Ames (O Caminho da Cruz das Almas)
  • La France contre les robots (A França contra os robôs)
  • Les enfants humiliés (As crianças humilhadas)
  • Une nuit (Uma noite)
  • Scandale de la verité (Escândalo da verdade)
  • Saint Dominique (São Domingos)
  • Nous autres Français (Nós outros os franceses)
  • Lettre aux Anglais (Carta aos ingleses)
  • Dialogues des Carmélites (Diálogos das Carmelitas, adaptação de uma novela de Gertrud von Le Fort para o teatro, disponível em português, em edição da Agir, tradução de Marina Telles de Menezes Rocha, 1960).

Referências

  1. «Escritor francês que morou no Brasil», São Paulo: Folha da manhã, Folha de S. Paulo, janeiro 2015 – via Uol .
  2. «Georges Bernanos». Autor. É Realizações. Consultado em 6 de abril de 2016 
  3. de Queiroz, Adalberto (21 de outubro de 2009). «Presença e permanência de Georges Bernanos». FR: Papeblog. Consultado em 14 de maio de 2012. Arquivado do original em 28 de outubro de 2009 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Vídeos
I Ciclo Cultural Georges Bernanos - da Literatura ao Cinema
II Ciclo Cultural Georges Bernanos - da Literatura ao Cinema. Homenagem aos 110 anos de Robert Bresson.
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