Hibiscus sabdariffa

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Como ler uma infocaixa de taxonomiaHibiscus sabdariffa
Detalhe de uma flor, frequentemente usada como planta ornamental
Detalhe de uma flor, frequentemente usada como planta ornamental
Frutos de H. sabdariffa
Frutos de H. sabdariffa
Classificação científica
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Malvales
Família: Malvaceae
Género: Hibiscus
Espécie: H. sabdariffa
Nome binomial
Hibiscus sabdariffa
L.

A Hibiscus sabdariffa, comummente conhecida como caruru-azedo[1], é uma espécie de planta arbustiva, pertencente à família das Malváceas.

Nomes comuns[editar | editar código-fonte]

Dá ainda pelos seguintes nomes comuns: caruru-da-guiné[2], uce,[3] baguiche[4], quiabo-azedo[5], quiabo-róseo[6], quiabo-roxo[7] e rosélia[8].

Descrição[editar | editar código-fonte]

Trata-se de uma planta erecta, anual ou perene, que pode ascender aos 4,5 metros de altura.[9] Os caules tendem a volver-se lenhosos, pelo menos na base.[10]

No que toca às folhas, são folhas lobadas. Conta, ainda, com flores brancas ou amarelas com o centro escuro, dotadas de sépalas carnosas e vermelhas, rodeadas por uma camada de brácteas (epicálice).[11] É polinizada por insectos.[12]

Dispersas ao ano, são solitárias, sésseis, axilares, de cor rosa ou purpúrea, com máculas escuras e cálice muito carnoso.[13]

Distribuição[editar | editar código-fonte]

É endémica da África Ocidental.[14]

Ecologia[editar | editar código-fonte]

Medra em savanas e clareiras de bosques.[15]

Sinonímia[editar | editar código-fonte]

A espécie Hibiscus sabdariffa conta com seis sinónimos reconhecidos:[16]

  • Abelmoschus cruentus (Bertol.) Walp.
  • Furcaria sabdariffa Ulbr.
  • Hibiscus cruentus Bertol.
  • Hibiscus fraternus L.
  • Hibiscus palmatilobus Baill.
  • Sabdariffa rubra Kostel.

Origem[editar | editar código-fonte]

Nativa da África, crê-se que já era cultivada no Sudão há cerca de 6 mil anos.[9] Foi introduzida na Ásia e nas Américas no século XVII atualmente ocorrendo em todas as regiões quentes do mundo. Os maiores produtores são Sudão e Egito seguidos da Tailândia e China.[11]

O caruru-azedo é cultivado para consumo local em muitas regiões da África, Ásia (Índia, Indonésia e Filipinas) e nas Américas (México, Brasil e Índias Ocidentais). As folhas são um vegetal popular em Burma e as fibras são um produto importante na Índia e Tailândia.[11]

Uso culinário[editar | editar código-fonte]

É, às vezes, usada como condimento para temperar carne vermelha e peixes mas principalmente para colorir e dar sabor agridoce a chás e bebidas alcoólicas e não-alcoólicas. Chá e bebidas geladas como karkadé, da bilenni, Agua de flor de Jamaica são comuns em países africanos e latino-americanos. Por conter pectina naturalmente é ideal para geleias, chutneys, molhos e conservas. As folhas jovens são importantes como erva culinária por exemplo em Burma para o prato de curry chin baung kyaw e para o prato senegalês thiéboudieune (peixe acompanhado de arroz).[11]

Na Guiné-Bissau as folhas jovens desta planta são usadas para confeccionar o baguiche, que é uma espécie de esparregado, que, além das folhas do baguiche, ainda leva quiabo e beringela[4].[17]

É cultivada no Brasil na região da Amazônia onde suas folhas compõem a receita do arroz de cuxá da culinária do Maranhão.[18]

As sépalas curtidas em água e sal foi uma adaptação dos imigrantes japoneses no Brasil para substituir o umeboshi da culinária japonesa, o hanaume (do japonês, hana, "flor" e ume, "ameixa") é uma invenção dos imigrantes e não existe no Japão.[19]

Componentes[editar | editar código-fonte]

O sabor azedo é devido a ácidos orgânicos como o ácido de hibisco (ácido hidrocítrico), ácido ascórbico, ácido cítrico, ácido málico e ácido tartárico.[11]

O composto aromático mais intenso são 1-octeno-3-1 e nonanal. No hibisco fresco o aroma intenso e os aromas florais e cítricos são devidos aos Linalol e Octanal.A cor vermelha intensa provém de antocianinas (0.15%) dos quais os principais componentes são 3-sambubiosides de cianidina e delfinidina. Também é rico em mucilagem polissacarídeo (15%).[11]

Propriedades medicinais[editar | editar código-fonte]

O chá é expectorante, laxativo e diurético.[11] As folhas têm propriedades antiescorbúticas, emolientes, diuréticas e sedativas.[15] As folhas podem ser usadas para fazer pomadas, aplicadas a abcessos, ulceras e hematomas.[12] O sumo do fruto desta planta pode ser usado no tratamento da conjuntivite.[12]

Galeria[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «Dicionário Online - Dicionário Caldas Aulete - Significado de caruru-azedo». aulete.com.br. Consultado em 17 de janeiro de 2022 
  2. «Caruru-da-guiné». Michaelis On-Line. Consultado em 17 de janeiro de 2022 
  3. T. K. Lim (2014). Edible Medicinal and Non Medicinal Plants: Volume 8, Flowers. Springer Science & Business. p. 324. ISBN 978-94-017-8748-2.
  4. a b Infopédia. «baguiche | Definição ou significado de baguiche no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 9 de agosto de 2021 
  5. «Dicionário Online - Dicionário Caldas Aulete - Significado de quiabo-azedo». aulete.com.br. Consultado em 17 de janeiro de 2022 
  6. «Dicionário Online - Dicionário Caldas Aulete - Significado de quiabo-róseo». aulete.com.br. Consultado em 17 de janeiro de 2022 
  7. «Dicionário Online - Dicionário Caldas Aulete - Significado de quiabo-roxo». aulete.com.br. Consultado em 17 de janeiro de 2022 
  8. «Rosélia». Michaelis On-Line. Consultado em 17 de janeiro de 2022 
  9. a b Huxley, A. (1992). The New Royal Horticultural Society Dictionary of Gardening (em inglês). Ithaca, NY, USA: Macmillan Press. 3200 páginas. ISBN 0-333-47494-5 
  10. Facciola, S. (1998). Cornucopia II - a source of edible plants. San Francisco, USA: Kampong Publications. 713 páginas. ISBN 0-9628087-2-5 
  11. a b c d e f g Ben-Erik van Wyk (2014). Culinary Herbs and Spices of the World. University of Chicago Press. p. 146. ISBN 978-0-226-09183-9.
  12. a b c «Hibiscus sabdariffa - Useful Tropical Plants». tropical.theferns.info. Consultado em 17 de janeiro de 2022 
  13. FERREIRA, A. B. H. Novo dicionário da língua portuguesa. 2ª edição. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 1986. p. 361.
  14. «Hibiscus sabdariffa - Useful Tropical Plants». tropical.theferns.info. Consultado em 9 de agosto de 2021 
  15. a b Bown, Deni (1995). Encyclopedia of Herbs & Their Uses (em inglês). Ann Arbor, Michigan, USA: Dorling Kindersley. 424 páginas. ISBN 0-7513-020-31 
  16. «Hibiscus sabdariffa» (em inglês). The Plant List. 2010. Consultado em 21 de abril de 2017 
  17. Mourão, Isabel (2018). «Livro de Resumos: Congresso de Horticultura – O futuro nas nossas mãos» (PDF). VIDA (ONGD). Consultado em 17 de maio de 2021 
  18. Corrêa, Myrna. Dicionário de Gastronomia. Matrix Editora. p. 266. ISBN 978-85-8230-251-4.
  19. Karin Kimura, Hanaume: uma criação da culinária nipo-brasileira , Hashitag, 12 de novembro de 2013