Ilha Rasa (Rio de Janeiro)

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Praia de Ipanema. Ao fundo, à esquerda, a Ponta do Arpoador.[nota 1] À direita, a Ilha Rasa.
José Oiticica em frente ao farol da Ilha Rasa (1918).

Ilha Rasa é uma ilha situada no litoral do estado do Rio de Janeiro, nas coordenadas geográficas 23° 04’ S 043° 09’ W,[1] (mais precisamente em 23° 03' 49,33" S/043° 08' 45,04" W). Situa-se a cerca de 7,6 m.n. (14,1 km) do sul da barra da entrada da Baía de Guanabara[2] e aproximadamente 9 quilômetros da Ponta do Arpoador.[3]

Apresenta uma área de 230 mil metros quadrados, com 1020 metros no seu maior comprimento, na direção geral NW-SE, e 390 metros na sua maior largura, na direção geral NE. A ilha é inóspita, rodeada por pedras íngremes, de difícil desembarque, uma vez que não possui nenhuma praia. De vegetação rala, também não possui fontes naturais de água potável.[2]

A ilha abriga um farol, o Farol da Ilha Rasa, mantido pela Marinha do Brasil (MAR).

História[editar | editar código-fonte]

Graças à sua posição privilegiada, foi utilizada como auxílio à navegação, primitivamente com o auxílio de uma fogueira acesa em seu ponto mais alto (77 metros acima do nível do mar) por um eremita que ali habitava, possivelmente um escravo alforriado que recebia a quantia de mil réis por mês.[2]

Em 1819, a Junta do Commercio, Agricultura, Fábricas e Navegação encaminha a João VI de Portugal os planos e desenhos organizados pelo engenheiro João de Souza Pacheco para a construção de um farol na Ilha Rasa. A construção, sob a direção do mesmo profissional, teria sido autorizada em 17 de setembro do mesmo ano, tendo sido utilizada a mão de obra de presos sentenciados.[2]

A obra foi inaugurada apenas em 31 de julho de 1829, dado que estivera na posse de um corsário argentino durante os três anos anteriores.

Quando o farol foi construído, o alto da escarpa foi utilizado também como uma bateria militar, de que é testemunho uma antiga peça de artilharia que ainda ali se conserva. As demais, outrora existentes, foram lançadas ao mar pelas borrascas, não tendo sido mais recuperadas.[2]

Foi utilizada como prisão política, ali tendo estado detido o catedrático José Oiticica, por ocasião da Insurreição anarquista de 1918, e novamente durante o Estado Novo. Serviu de prisão para militares participantes da revolta dos 18 do Forte de Copacabana (1922).[4]

Farol[editar | editar código-fonte]

O farol apresenta planta quadrangular em três pavimentos e circular no topo, elevando-se a 26 metros de altura, em alvenaria com cantaria nos vértices. Originalmente iluminava a 3ª légua da barra, com altura de 441 palmos (101 metros) acima do nível do mar, podendo ser visto até à 10ª légua. Utilizava uma lente de cristal francês com 2,5 metros de diâmetro e um sistema mecânico pesando 7,5 toneladas. Esse conjunto podia ser facilmente movimentado graças a um anel de mercúrio líquido que servia de base à lente.

O conjunto foi modernizado em 1883, passando a operar com energia elétrica gerada por um dínamo fabricado pela empresa francesa "La Maison Soutter et Lemunier".

Em 1907 foi instalada a estação pluviométrica e, em 1909, uma estação telegráfica, além de um pequeno guindaste para o abastecimento da ilha. Nesse mesmo ano, em outubro, o antigo sistema elétrico foi substituído por um aparelho de iluminação incandescente a petróleo, fabricado pela "Maison Barbier, Bernardo e Turenne". Esse sistema encontra-se em perfeito estado até aos dias de hoje. Uma buzina foi instalada em 1913 e, em 1947, um radiofarol não-direcional (NDB), para apoio à navegação aérea.

Atualmente o farol opera com um motor elétrico de 0,5 hp. O equipamento antigo é mantido para casos de emergência. Quatro suboficiais da Marinha mantêm o farol em operação, num rodízio de três meses por equipe. Eles dispõem de celular e Internet e se alimentam com comida congelada levada de terra e com frutas – manga, coco, pitanga, limão e caqui, entre outras – das ávores existentes na ilha.[5]

Notas

  1. O nome foi grafado com iniciais maiúsculas por se tratar de um topônimo.

Referências

  1. BRASIL. «PNBOIA - PROGRAMA NACIONAL DE BÓIAS». Localização da estação meteorológica da Ilha Rasa (estação nº WMO 83744) e outras estações. Marinha do Brasil. Consultado em 28 de dezembro de 2014. Arquivado do original em 28 de dezembro de 2014 
  2. a b c d e Filho, Amadeu Martire (2009). «Farol da Ilha Rasa: história e lendas» jan-mar ed. Rio de Janeiro. Revista do Clube Naval (349): 44-51 
  3. Distância aproximada entre a Ilha Rasa e a Ponta do Arpoador. Acesso em 28 de novembro de 2013.
  4. «Centro de Auxílios à Navegação Almirante Moraes Rego Marinha do Brasil». Marinha do Brasil (em quiniaruanda). Consultado em 3 de maio de 2022 
  5. Wrede, Catharina (28 de dezembro de 2014). «Guardiões do mais importante farol do país têm a melhor visão da queima de fogos de Copacabana». Rio de Janeiro: Globo. O Globo. Consultado em 28 de dezembro de 2014. Arquivado do original em 16 de janeiro de 2015 

Ver também[editar | editar código-fonte]