Jabuticaba
Jaboticaba ou jabuticaba | |||||||||||||||||
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Classificação científica | |||||||||||||||||
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Nome binomial | |||||||||||||||||
Plinia cauliflora (Mart.)Kausel 1956 | |||||||||||||||||
Sinónimos | |||||||||||||||||
Eugenia cauliflora (Mart.) DC., Eugenia jaboticaba Kiaersk., Myrcia jaboticaba Baill., Myrciaria cauliflora (Mart.) O.Berg, Myrciaria jaboticaba (Vell.) O.Berg, Myrtus cauliflora Mart. (basiônimo), Myrtus jaboticaba Vell. [1] |
A jabuticaba ou jaboticaba[2][3] é o fruto da jaboticabeira ou jabuticabeira,[2][3] uma árvore frutífera brasileira da família das mirtáceas, nativa da Mata Atlântica. Com a recente mudança na nomenclatura botânica, há divergências sobre a classificação da espécie: Myrciaria cauliflora (Mart.) O.Berg 1854,[4] Plinia trunciflora (O.Berg) Kausel 1956[5] ou Plinia cauliflora (Mart.) Kausel 1956.[1] Espécies relacionadas no gênero Myrciaria, frequentemente referidas pelos mesmos nomes comuns, são nativas da América do Sul, encontrada em países como Brasil, México,[6] Bolívia, Uruguai, Paraguai e Argentina.[7][8] Segundo Lorenzi et al.[9], Plinia trunciflora seria outra espécie, a jabuticaba-café. A cidade de Jaboticabal, em São Paulo, foi nomeada em homenagem a essa planta.
Descrita inicialmente em 1828 a partir de material cultivado, sua origem é desconhecida. Outros nomes populares: jabuticabeira-preta, jabuticabeira-rajada, jabuticabeira-rósea, jabuticabeira-vermelho-branca, jabuticaba-paulista, jabuticaba-ponhema, jabuticaba-açu. Outra espécie de jabuticabeira é a Myrciaria jaboticaba (Vell.) Berg, conhecida como jabuticaba-sabará e encontrada com mais frequência nos estados de Goiás, Minas Gerais e São Paulo, no Brasil.
Etimologia
[editar | editar código-fonte]Sabemos que os nomes jabuticaba ou jaboticaba são originários da língua tupi. A etimologia exata, porém, é desconhecida. Existem algumas etimologias possíveis:
- De ïapotï'kaba, que significaria "frutas em botão".[3]
- De îabotikaba, que significaria "gordura de jabuti", pela junção de îaboti, jabuti, e kaba, gordura.[10]
Características
[editar | editar código-fonte]É planta catia, higrófila e que exige sol de moderado a pleno. A árvore, de até dez metros de altura, tem tronco claro, manchado, liso, com até quarenta centímetros de diâmetro. As folhas, simples, têm até sete centímetros de comprimento. Floresce na primavera e no verão, produzindo grande quantidade de frutos. As flores (e os frutos) crescem em aglomerados no tronco e ramos. Seus frutos pequenos, de casca negra e polpa branca aderida à única semente, são consumidos principalmente in natura, ou na forma de geleia, suco, licor, aguardente, vinho e vinagre.
É uma das frutíferas mais cultivadas, desde o Brasil Colônia, em pomares domésticos. É tradição o aluguel de pés de jabuticaba, o que permite a colheita e o consumo de todas as frutas de um dado pé durante um certo período de tempo[11]. Na cidade de Sabará, em Minas Gerais, no Brasil, é realizado, anualmente, o Festival da Jabuticaba, visando a perpetuar a tradição da cidade como produtora da fruta[12]. A cidade de Virginópolis, em Minas Gerais, também tem a tradição anual de realizar um Festival da Jabuticaba. Sempre na época em que as árvores estão mais carregadas de frutos, o que proporciona à cidade uma produção tradicional de licores, geleias, vinhos e doces a partir das frutas colhidas[13].
A dispersão dos frutos é feita pela fauna, incluindo aves. As sementes podem ser plantadas com a polpa, mas, para armazená-las, é necessário despolpá-las em água corrente e deixar secar à sombra.
Formas cultivadas
[editar | editar código-fonte]- jabuticaba-açu-paulista: frutos grandes de sabor levemente adstringente, consumidos "in natura"
- jabuticaba-ponhema: muito produtiva, frutos grandes ligeiramente amargos,usada na produção de geléia
- jabuticaba-precoce: frutificação frequente, frutos pouco resistentes, com casca muito fina
- jabuticaba-vermelha: porte baixo, frutos vermelho-vinho[9]
Componentes
[editar | editar código-fonte]Estão presentes, na polpa da jabuticaba: ferro, fósforo, vitamina C e boas doses de niacina, uma vitamina do complexo B que facilita a digestão e ajuda a eliminar toxinas. Na casca escura existem teores de pectina e a peonidina, além de um pigmento, antocianina, responsável pela coloração azul-arroxeada da jabuticaba [14]. No reino vegetal, a cor da jabuticaba é devido à presença de antocianina, serve para atrair os passarinhos. Isso é importante para espalhar as sementes e garantir a perpetuação da espécie.
Para a medicina, o interesse nas antocianinas é outro: elas têm uma potente ação antioxidante, ou seja, ajudam a eliminar do organismo moléculas instáveis de radicais livres. Esse efeito, observado em tubos de ensaio, dá uma pista para se compreender porque a incidência de tumores e problemas cardíacos é menor entre consumidores de alimentos ricos no pigmento. Ultimamente, surgiram estudos apontando uma nova ligação: as substâncias antioxidantes também auxiliariam a estabilizar o nível de açúcar no sangue dos diabéticos. Como a maior concentração de antocianinas está na casca da jabuticaba, é recomendável batê-la no preparo de sucos ou usá-la em geleias (as altas temperaturas não afetam suas substâncias benéficas).
Ocorrência
[editar | editar código-fonte]No Brasil, é encontrada na Bahia, Pernambuco, Paraíba, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina, Goiás, Distrito Federal e Rio Grande do Sul. Mais comum em planícies aluviais de beira de rios e em baixadas da mata pluvial e das submatas de altitude, principalmente de pinhais; é rara na mata primária sombria.
Usos
[editar | editar código-fonte]Paisagismo
[editar | editar código-fonte]Ornamental, a planta se presta ao paisagismo.
Ecologia
[editar | editar código-fonte]A planta atrai a avifauna.
Usos medicinais
[editar | editar código-fonte]A jabuticaba é utilizada para vários fins, tanto culinários como medicinais. Entre estes, o chá obtido com a casca do fruto é usado como tratamento para diarreias e disenterias, bem como para tratamento de inflamações crônicas nas amídalas, em que se deve fazer gargarejos com esse chá. Entre outras propriedades fitoterápicas, destacam-se antiasmática, hemoptise, inflamações dos intestinos.[15]
Suco
[editar | editar código-fonte]O suco extraído da jabuticaba é culturalmente chamado em Minas Gerais de "jabuticabada", nome que já se espalhou por todo o Brasil.[carece de fontes] A famosa jabuticabada era usada por muitas tribos indígenas para alimentar, principalmente, gestantes, por ser rica em ferro.[carece de fontes]
Vinho de jabuticaba
[editar | editar código-fonte]Ao chegar na Mesorregião do Noroeste Fluminense, no Brasil, em fins do século XIX, os imigrantes italianos quiseram perpetuar o seu costume de fabricação e consumo de vinho. Não encontrando as uvas às quais estavam acostumados, os italianos passaram a fabricar vinho a partir das jabuticabas. Essa bebida tornou-se uma bebida típica da região.[16]
Madeira
[editar | editar código-fonte]Por ser resistente, a madeira pode ser usada para o preparo de vigas, esteios, dormentes e obras internas.[15]
Aspectos econômicos
[editar | editar código-fonte]De acordo com Magalhães et al, citado por Mota (2002) o potencial econômico da fruta é alto para consumo "in natura". Entretanto, por ser muito perecível, seu período pós colheita é curto.[15] Segundo Donadio (2000), a jabuticaba ainda é considerada uma fruta de pomares, mas a sua comercialização vem crescendo. Segundo o autor, a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo comercializou em torno de 900 000 quilogramas de jabuticaba em 1980, e em 1998 este valor subiu para 4 000 000 quilogramas.
Fenologia
[editar | editar código-fonte]A floração ocorre duas vezes ao ano, geralmente de julho a agosto e de novembro a dezembro, com os frutos amadurecendo entre agosto e setembro e de janeiro a fevereiro. Quando a planta é obtida por semente a primeira produção tem início após um período de 8 a 12 anos. Em condições de clima ideal podem ocorrer até 5 floradas. Segundo Duarte, sementes de frutos imaturos podem germinar com 15 a 17 dias.[17]
Cultivo em pequena escala
[editar | editar código-fonte]O cultivo de enxertos é mais simples que desde a semente. Plantas enxertadas requerem manutenção cuidadosa e vivem menos tempo, embora produzam mais jovens. A taxa de germinação das sementes de jabuticaba é baixa, e a planta jovem precisa ser mantida em ambiente semissombreado nos primeiros meses de vida. É preciso manter a terra sempre úmida, regar constantemente e podar os ramos baixos.
Entre safras, é necessário escovar o tronco e os galhos para retirar cascas e resíduos das frutas e/ou flores antigas. Para manter o solo úmido, uma boa dica é colocar uma garrafa cheia de água com um furo na base ao lado do tronco. Porém, regas constantes são indispensáveis para uma boa colheita. O melhor momento para colher ocorre quando os frutos estão bem maduros, pretos e brilhantes. Quanto mais maduros, mais doces eles serão.
A jabuticaba na cultura política brasileira
[editar | editar código-fonte]Dado que a fruta é nativa do Brasil, a palavra "jabuticaba" tem sido usada como metáfora para algo que só exista ou que só aconteça no Brasil [18] - especialmente com referência a alguma particularidade do marco político-institucional do país ou do comportamento de agentes públicos brasileiros:
- "É comum relacionar lances inusitados da política nacional à jabuticaba, fruta silvestre que só existe no Brasil." [19]
- "A repugnância com o suspeito, julgado e condenado pela República, Joaquim Silvério dos Reis, ajudou a criar mais uma jabuticaba: ninguém denuncia." [20]
Referências
- ↑ a b c Taxon: Plinia cauliflora (Mart.) Kausel. Germplasm Resources Information Network (GRIN). U.S. National Plant Germplasm System. National Genetic Resources Program. United States Department of Agriculture. Agricultural Research Service (ARS).
- ↑ a b «Jabuticaba / Jaboticaba». Michaelis On-Line. Consultado em 11 de junho de 2016
- ↑ a b c FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p.977
- ↑ Tropicos.org. Missouri Botanical Garden. 18 Sep 2009
- ↑ Tropicos.org. Missouri Botanical Garden. 18 Sep 2009
- ↑ É verdade que jabuticaba só existe no Brasil?
- ↑ TSE? Jabuticaba? O que só existe no Brasil?
- ↑ Verdade ou mentira? A jabuticaba só nasce mesmo no Brasil?
- ↑ a b LORENZI, Harri et al.: Frutas brasileiras e exóticas cultivadas (de consumo in natura), Instituto Plantarum de Estudos da Flora, Nova Odessa, SP, 2006. ISBN 85-86714-23-2
- ↑ NAVARRO, E. A. Dicionário de tupi antigo: a língua indígena clássica do Brasil. São Paulo. Global. 2013. p. 152.
- ↑ Como alugar uma jabuticabeira. Blog do Curioso, 2 de setembro de 2009.
- ↑ Festival da Jabuticaba. Culturas tradicionais, populares e identitárias de Sabará, 26 de janeiro de 2017.
- ↑ «Virginópolis - Festival da Jabuticaba -ipatrimônio». Consultado em 22 de março de 2021
- ↑ Jabuticaba: nossa pequena notável. Saúde, 19 de abril de 2017.
- ↑ a b c BORGES, M.H.C.B. e MELO, B. Cultura da jabuticabeira. Disponível em: http://www.fruticultura.iciag.ufu.br/jabuticaba.html
- ↑ Bom Dia Rio. Disponível em http://globotv.globo.com/rede-globo/bom-dia-rio/v/varre-sai-produz-vinho-de-jabuticaba/2060803/. Acesso em 12 de janeiro de 2013.
- ↑ A Cultura da Jabuticabeira. Por Eduardo Suguino, Adriana Novais Martins, Patrícia Helena N. Turco, Terezinha Monteiro dos Santos Cividanes, Ana Maria de Faria.Pesquisa & Tecnologia, vol. 9, n. 1, jan-jun de 2012 ISSN2316-5146
- ↑ Jaboticaba ou jabuticaba. Dicionário Online de Português: Dúvidas de Português.
- ↑ Jabuticaba política. Um jogo de interesses produziu mais um daqueles absurdos que só acontecem no Brasil: Afif Domingos é, ao mesmo tempo, vice-governador de oposição e ministro governista. Por Alan Rodrigues. ISTOÉ, 10 de maio de 2013.
- ↑ BARBEIRO, Heródoto. Provocações Corporativas — Como o conhecimento de mundo pode gerar boas soluções corporativas. Alta Books Editora, 2015, p.15.
Ver também
[editar | editar código-fonte]Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- LORENZI, Harri: Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas do Brasil, vol. 1. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2002, 4ª ed. ISBN 85-86174-16-X