Ngũgĩ wa Thiong'o
Ngũgĩ wa Thiong'o | |
---|---|
Ngũgĩ wa Thiong'o a autografar a sua obra Wizard of the Crow, em Londres. | |
Nascimento | James Ngugi 5 de janeiro de 1938 Kamiriithu, Quénia |
Nacionalidade | ![]() |
Ocupação | Escritor, professor universitário e dramaturgo |
Magnum opus | Um grão de trigo |
Página oficial | |
http://www.ngugiwathiongo.com |
Ngũgĩ wa Thiong'o (pronunciado [ŋɡoɣe wa ðiɔŋɔ]; nascido James Ngugi, 5 de janeiro de 1938[1]) é um escritor, professor universitário e dramaturgo queniano, que escreveu obras em língua inglesa e que posteriormente tem escrito em língua gĩkũyũ. A sua obra inclui novelas, peças teatrais, contos e ensaios, da crítica social à literatura infantil. É o fundador e editor da revista gĩkũyũ Mutiiri.
Em 1977, Ngũgĩ wa Thiong'o escreveu uma peça de teatro no seu Quénia natal que procurava libertar o processo teatral do que ele dizia ser "o sistema geral de educação burguês", ao encorajar a espontaneidade e a participação da audiência na execução da peça.[2] A peça não foi bem acolhida pelo autoritário regime queniano e o autor passou mais de um ano na cadeia.
A Amnistia Internacional tomou-o como prisioneiro de consciência, e o artista foi libertado da cadeia, saindo do país. Nos Estados Unidos, ensinou na Universidade de Yale durante alguns anos, e também na Universidade de Nova Iorque, nas áreas de "Literatura Comparada" e "Performance Studies". Ngũgĩ vê muitas vezes o seu nome nas listas de candidatos ao prémio Nobel da Literatura.[3][4][5] Para o crítico literário Jonatan Silva, Thiong'o retrata como poucos a luta pela independência do Quénia. Em sua crítiva para Um Grão de trigo, Silva ressaltou a habilidade do escritor em criar um "jogo de espelhos" entre realidade e ficção.[6]
Biografía[editar | editar código-fonte]
Ngũgĩ wa Thiong'o é o quinto filho da terceira de quatro esposas do seu pai, Thiong'o wa Nducu. Frequentou uma escola presbiteriana da igreja escocesa antes de entrar em 1949 numa escola religiosa e nacionalista Karing'a; devido às pressões políticas no seu país, estudou no Uganda, na Universidade Makerere.
A sua prmeira novela Weep not Child, escrita em 1962 pouco antes da independência queniana aborda, através dos olhos de um jovem chamado Njoroge, as tensões entre brancos e negros, entre a cultura africana e a europeia, numa época (1952-1956) em que os revoltosos kikuyus, mais conhecidos como Mau Mau, se levantaram contra a autoridade britânica.
De volta ao Quénia, trabalhou como jornalista para The Nation, antes de investigar sobre Joseph Conrad para a Universidade de Leeds e a partir de 1967, foi dividindo atividade entre Quénia e Uganda, seguindo a carreira literária.
O ano que passou preso fê-lo radicalizar as ideias contra o governo do seu país, e exilar-se em Londres e na Califórnia.
Regressou ao Quénia em 31 de julho de 2004, após 22 anos de ausência (tinha jurado não regressar enquanto Daniel Arap Moi estivesse no poder). Uns dias depois, o escritor e a sua mulher foram atacados de noite no seu apartamento das Norfolk Towers. Quatro agressores com revólveres, machetes e uma tesoura de podar violaram a mulher de Ngũgĩ à sua frente. O escritor tentou defender-se e foi golpeado e queimado na face. Os atacantes foram posteriormente presos e colocados à disposição dos tribunais.[7]
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
- The Black Hermit, 1963 (teatro)
- Não chores, menino - no original Weep Not, Child, 1964, Heinemann 1987, McMillan 2005
- The River Between, Heinemann 1965, Heinemann 1989
- Um grão de trigo - no original A Grain of Wheat, 1967 (1992)
- This Time Tomorrow , c. 1970
- Homecoming: Essays on African and Caribbean Literature, Culture, and Politics, Heinemann 1972
- A Meeting in the Dark (1974)
- Secret Lives, and Other Stories, 1976, Heinemann 1992
- The Trial of Dedan Kimathi (play), 1976
- Ngaahika Ndeenda: Ithaako ria ngerekano (I Will Marry When I Want), 1977 (teatro)
- Pétalas de sangue - no original Petals of Blood, (1977) Penguin 2002,
- Caitaani mutharaba-Ini, 1980
- Writers in Politics: Essays, 1981
- Education for a National Culture, 1981
- Detained: A Writer's Prison Diary, 1981
- Caitaani mutharaba-Ini 1982
- Barrel of a Pen: Resistance to Repression in Neo-Colonial Kenya, 1983
- Decolonising the Mind: The Politics of Language in African Literature, 1986
- Mother, Sing For Me, 1986
- Writing against Neo-Colonialism, 1986
- Njamba Nene na Mbaathi i Mathagu , 1986
- Matigari ma Njiruungi, 1986
- Njamba Nene na Chibu King'ang'i , 1988
- Matigari, Heinemann 1989,
- Bathitoora ya Njamba Nene , 1990,
- Moving the Centre: The Struggle for Cultural Freedom, Heinemann, 1993
- Penpoints, Gunpoints and Dreams: The Performance of Literature and Power in Post-Colonial Africa, (The Clarendon Lectures in English Literature 1996), Oxford University Press, 1998.
- Mũrogi wa Kagogo, 2004
- Wizard of the Crow, 2006
- Something Torn and New: An African Renaissance, 2009[8]
- Dreams in a Time of War: a Childhood Memoir, Harvill Secker, 2010
Referências
- ↑ «Ngugi Wa Thiong'o: A Profile of a Literary and Social Activist». ngugiwathiongo.com. Consultado em 20 de março de 2009. Arquivado do original em 29 de março de 2009
- ↑ Ngugi wa Thiongo. Decolonising the mind: the politics of language in African literature. 1994, page 57-9
- ↑ Despite the Criticism, Ngugi is 'Still Best Writer'. 8 November 2010.
- ↑ Kenyan author sweeps in as late favourite in Nobel prize for literature. The Guardian. 5 October 2010.
- ↑ Ngugi wa Thiong'o: a major storyteller with a resonant development message. The Guardian. 6 October 2010.
- ↑ http://www.aescotilha.com.br/literatura/ponto-virgula/queniano-estabelece-jogo-de-espelhos-em-romance-politico-e-visceral/
- ↑ Tirthankar Chanda, « Le périlleux retour au pays de Ngugi wa Thiong’o », rfi.fr, 5 de setembro de 2004.
- ↑ Daily Nation, Lifestyle Magazine, June 13, 2009: Queries over Ngugi’s appeal to save African languages, culture