Pavilhões Güell

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Pavilhões Güell.

Os Pavilhões Güell são um conjunto de edificações situados no bairro de Pedralbes, em Barcelona, obra do arquiteto modernista catalão Antoni Gaudí, construídos entre 1884 e 1887.[1] Em 1969, foram nomeados Monumento Histórico Artístico de Espanha.[2]

História e descrição[editar | editar código-fonte]

O empresário catalão Eusebi Güell possuía uma fazenda em Les Corts de Sarrià, na qual o arquiteto Joan Martorell, um dos mestres de Gaudí, havia construído um palacete de ar caribenho (demolido em 1919; em seu lugar foi construído o Palácio Real de Pedralbes). Güell encomendou a remodelação do palacete e a construção do muro exterior e dos pavilhões da portaria a Gaudí,[3] com quem mantinha uma frutuosa relação pessoal e profissional desde 1878,[4] quando ficara impressionado com o seu talento ao ver desenhos arquiteturais realizados por este na Exposição Universal desse ano em Paris.[5] O conde foi o principal mecenas de Gaudí ao longo da sua carreira, encomendando-lhe várias das suas obras mais conhecidas, como o Palácio Güell, o Parque Güell e a Cripta da Colónia Güell.[5]

Portão de entrada.

Gaudí realizou um projeto de ar oriental, que faz lembrar a arte mudéjar.[6] Realizado com alvenaria de pedra com várias portas, o muro exterior destaca-se pela entrada principal com um portão de ferro forjado em forma de dragão com olhos de vidro, obra de Joan Oñós, que representa Ladão, o dragão que guardava o Jardim das Hespérides, vencido por Hércules no seu undécimo trabalho - episódio narrado por Jacint Verdaguer no seu poema La Atlántida, dedicado a Antonio López y López, primeiro marquês de Comillas, que era sogro de Güell. No topo de uma coluna ao lado do portão existe uma macieira feita de antimónio, também alusiva ao Jardim das Hespérides. A forma do dragão corresponde à posição das estrelas da constelação da Serpente, na qual Ládon foi transformado como castigo pelo roubo dos pomos de ouro.[7]

As outras três entradas da fazenda perderam a sua utilidade com a criação da Avenida Diagonal; uma delas mantém-se ainda assim na sua localização original, junto ao cemitério de Les Corts, embora o seu portão de ferro forjado tenha sido transladado para a Casa-Museu Gaudí; outra foi restaurada em 1982 pela Universidade de Barcelona e situada junto ao Instituto de Geologia Francesc Almera; a terceira foi demolida para permitir a construção do edifício da Faculdade de Farmácia, tendo sido reconstruida junto ao mesmo em 1957.[8]

Lanterna do picadeiro.

Os pavilhões são compostos por uma cavalariça, um picadeiro e os edifícios da portaria. A cavalariça possui planta retangular e uma abóbada catalã parabólica; o picadeiro possui planta quadrada e uma cúpula de perfil hiperboloidal, rematada por uma lanterna; a portaria consiste de três pequenos edifícios, o maior de planta poligonal e cúpula hiperbólica, e os dois menores de formato cúbico. Os três são rematados por chaminés de ventilação cobertas com cerâmica.[9] A base dos pavilhões é de pedra, mas as paredes, os arcos e as abóbadas são de tijolo à vista de diversas tonalidades entre o amarelo e o vermelho - embora em algumas secções tenham também sido utilizadas peças pré-fabricadas de betão - e recobertos com cerâmica multicolorida.[1][10]

Gaudí também se encarregou parcialmente do desenho dos jardins da fazenda, construindo duas fontes e uma pérgula, e plantando diversos tipos de plantas e árvores (pinheiros, eucaliptos, palmeras, ciprestes e magnólias).[10] Atualmente subsiste a Fonte de Hércules, localizada junto ao Palácio Real de Pedralbes e restaurada em 1983, contendo um busto do herói da mitologia grega sobre uma coluna, o escudo da Catalunha e um cano com a forma de um dragão chinês.[11]

Entre 1968 e 2008, os Pavilhões Güell foram a sede da Real Cátedra Gaudí, pertencente à Universidade Politécnica da Catalunha,[12] e nos seus terrenos localiza-se o jardim botânico da Faculdade de Biologia.[2]

Ver também[editar | editar código-fonte]

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Referências

  1. a b «Gaudí: Pabellones Güell» (em espanhol). Gaudí y el modernismo en Cataluña. Consultado em 9 de janeiro de 2012 
  2. a b Bassegoda i Nonell, El gran Gaudí, p. 268
  3. Bassegoda i Nonell, Gaudí o espacio, luz y equilibrio, p. 123
  4. Güell, Xavier (2002). «El Parc Güell o la especificidad de Gaudí». Barcelona: metròpolis mediterrània (em espanhol). Ajuntament de Barcelona. Consultado em 9 de janeiro de 2012 
  5. a b Zimmermann, Robert (2002). «The Best of Gaudí» (PDF) (em inglês). Consultado em 9 de janeiro de 2012. Arquivado do original (pdf) em 2 de julho de 2007 
  6. Crippa, Gaudí, p. 18
  7. Bassegoda i Nonell, Gaudí o espacio, luz y equilibrio, p. 125-126
  8. Bassegoda i Nonell, El gran Gaudí, p. 266
  9. Bassegoda i Nonell, Gaudí o espacio, luz y equilibrio, p. 124
  10. a b Crippa, Gaudí, p. 17
  11. Bassegoda i Nonell, El gran Gaudí, p. 275
  12. «Càtedra Gaudí». e-Gaudí (em catalão). Universidade Politécnica da Catalunha. Consultado em 9 de janeiro de 2012 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • BASSEGODA I NONELL, Joan (1989). El gran Gaudí (em espanhol). Sabadell: Ausa. ISBN 84-86329-44-2 
  • BASSEGODA I NONELL, Joan (2002). Gaudí o espacio, luz y equilibrio (em espanhol). Madrid: Criterio. ISBN 84-95437-10-4 
  • CRIPPA, Maria Antonietta (2003). Antoni Gaudí, 1852-1926. de la naturaleza a la arquitectura (em espanhol). Colónia: Taschen. ISBN 38-228-2519-0