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Rusga: diferenças entre revisões

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Diante da crise que culminou com a [[abdicação de D. Pedro I]] e o seu retorno para a [[Europa]] onde desempenhou papel decisivo na [[Guerra Civil Portuguesa (1828-1834)]], em diversas localidades do Brasil acirraram-se os ânimos entre os partidários adeptos do retorno do Imperador ao Brasil e, até mesmo, da união a Portugal, em contrapartida aos naturais do Brasil, partidários da manutenção da autonomia.
Diante da crise que culminou com a [[abdicação de D. Pedro I]] e o seu retorno para a [[Europa]] onde desempenhou papel decisivo na [[Guerra Civil Portuguesa (1828-1834)]], em diversas localidades do Brasil acirraram-se os ânimos entre os partidários adeptos do retorno do Imperador ao Brasil e, até mesmo, da união a Portugal, em contrapartida aos naturais do Brasil, partidários da manutenção da autonomia.


Neste contexto, descontentes com as medidas da Regência, o governo central no [[Rio de Janeiro (cidade)|Rio de Janeiro]], as elites locais das Províncias uniram-se a elementos do povo e às camadas médias, compostas por profissionais liberais, soldados, funcionários públicos, e outros. Os protestos regionais cresceram, a ponto de se tornarem rebeliões, que agitaram todo o período.<ref>{{citar livro|autor=José Jobson Arruda |título=História Integrada: do fim do Antigo Regime à industrialização e ao imperialismo |editora=Editora Ática |ano=São Paulo, 1996 |páginas=129|id=}}</ref>
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No Mato Grosso, o fenómeno também se fez sentir, e as tensões cresciam entre a população. Em [[Cuiabá]], como em outras localidades, o comércio era dominado por portugueses, que fixavam arbitrariamente os preços das mercadorias; a situação era similar em [[Miranda (Mato Grosso do Sul)|Miranda]] (hoje no [[Mato Grosso do Sul]]) e em outras vilas e cidades da província.<ref name=aquino>{{citar livro|autor=Rubim Santos Leão de Aquino |título=Sociedade brasileira: uma história |editora=Editora Record |ano=1999 |páginas=478 e seg. |url=http://books.google.com.br/books?id=XAgA5-L3P2kC&pg=PA478&dq=rusga+%22mato+grosso%22+1834&hl=pt-br&ei=75_STMTiN8P88AbDhd2nDw&sa=X&oi=book_result&ct=result&resnum=1&ved=0CCoQ6AEwAA#v=onepage&q=rusga%20%22mato%20grosso%22%201834&f=false |id=ISBN 850105674X, 9788501056740 }}</ref>
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Revisão das 18h59min de 14 de março de 2014

A chamada Rusga foi um movimento de revolta que ocorreu no contexto do Período Regencial brasileiro, na então Província de Mato Grosso, atuais Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Constitui-se num reflexo da então crescente rivalidade entre portugueses e brasileiros.

História

Antecedentes

Diante da crise que culminou com a abdicação de D. Pedro I e o seu retorno para a Europa onde desempenhou papel decisivo na Guerra Civil Portuguesa (1828-1834), em diversas localidades do Brasil acirraram-se os ânimos entre os partidários adeptos do retorno do Imperador ao Brasil e, até mesmo, da união a Portugal, em contrapartida aos naturais do Brasil, partidários da manutenção da autonomia.

Neste contexto, descontentes com as medidas da Regência, o governo central no Rio de Janeiro, as elites locais das Províncias uniram-se a elementos do povo e às camadas médias, compostas por profissionais liberais, soldados, funcionários públicos, e outros. Os protestos regionais cresceram, a ponto de se tornarem rebeliões, que agitaram todo o período.[1]

No Mato Grosso, o fenómeno também se fez sentir, e as tensões cresciam entre a população. Em Cuiabá, como em outras localidades, o comércio era dominado por portugueses, que fixavam arbitrariamente os preços das mercadorias; a situação era similar em Miranda (hoje no Mato Grosso do Sul) e em outras vilas e cidades da província.[2]

Os portugueses eram tratados pejorativamente de bicudos, um peixe cuja voracidade era completada pela boca afunilada e pontuda, numa acusação de ambição, já que controlavam o comércio; também eram chamados de pés-de-chumbo, expressão que alude à preguiça, ao andar vagaroso, a uma pessoa tola.[2]

Em agosto de 1833 foi fundada pelo cirurgião Antônio Luís Patrício da Silva Manso, o "Tigre de Cuiabá", a "Sociedade dos Zelosos da Independência", associação que presidiu e que deu causa, no ano seguinte, à revolta.

Em 28 de maio de 1834 assumiu interinamente o governo o coronel João Poupino Caldas, tido por nacionalista e que gozava da simpatia dos locais.[2]

O conflito

Diante da escalada das tensões, o estopim do conflito foi o surgimento e propagação de um boato, segundo o qual os brasileiros seriam eliminados. Na noite do dia 30 de maio a revolta eclodiu: Bento Franco de Camargo, à frente da Guarda Nacional capturou o quartel dos Municipais Permanentes, enquanto nas ruas um toque de clarim convocava o povo às ruas. Com a generalização dos tumultos, registraram-se saques e depredações nas lojas, uma vez que a alta dos preços colocara a população muitas vezes em estado de necessidade.[2]

Estrategicamente, Poupino procurou ganhar tempo, solicitando aos revoltosos um prazo de um mês para deixar o governo, tendo lhe sido concedido um dia. Mais tarde, ele e os seus conselheiros foram acusados de serem cúmplices do movimento, mas o fato foi que eles efetivamente não conseguiram deter as desordens.[2]

Durante a revolta, foram feitas buscas nas casas por escoltas, e escravos denunciaram os seus senhores, na busca por portugueses escondidos, numa verdadeira caçada humana. Nos tumultos, pessoas de ambos os lados foram mortas ou feridas. Os motins repetiram-se em outros lugares da província como em Diamantino (junho e agosto) e em Miranda (setembro).[2]

Durante os distúrbios, tomou posse o novo governador, Antônio Pedro de Alencastro, com a missão de restaurar a ordem.[2]

Reação e controle

Alencastro efetuou uma feroz repressão. Os líderes do movimento foram detidos e condenados em 24 de junho de 1835:[2]

  • à morte por enforcamento: Manuel Ciríaco, José Ferreira da Silva, Vitorino Gomes e Francisco Pereira do Nascimento;
  • às Galés perpétuas: Joaquim Leite Pereira, Antônio da Silva Pamplona e Joaquim José de Santana;
  • a prisão de 4 anos com multa, pelos saques: Antônio Euzébio e Geraldo Justino;
  • a prisão: o juiz Pascoal Domingos de Miranda, o promotor José Jacinto de Carvalho, o professor de Lógica Brás Pereira Mendes, Bento Franco de Camargo, Manuel do Nascimento Moreira e Silva Manso, que fundara a "Sociedade dos Zelosos" (Manso viria a ser assassinado em 1848, em Campinas).

Referências

  1. José Jobson Arruda (São Paulo, 1996). Alexandre Carmo: do fim do Antigo Regime à industrialização e ao imperialismo. [S.l.]: Editora Ática. 129 páginas  Verifique data em: |ano= (ajuda)
  2. a b c d e f g h Rubim Santos Leão de Aquino (1999). Sociedade brasileira: uma história. [S.l.]: Editora Record. pp. 478 e seg. ISBN 850105674X, 9788501056740