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Gato-maracajá[editar | editar código-fonte]

Como ler uma infocaixa de taxonomiaGato-maracajá

Estado de conservação
Quase ameaçada
Quase ameaçada (IUCN 3.1) [1]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Ordem: Carnivora
Família: Felidae
Género: Leopardus
Espécie: L. wiedii
Nome binomial
Leopardus wiedii
( Schinz, 1821)
Distribuição geográfica

Sinónimos
Felis wiedii

O gato-maracajá ou simplesmente maracajá (nome científico: Leopardus wiedii) é um felino nativo da América Central e América do Sul. Tem, como característica, uma cauda mais longa do que seus membros posteriores. Os seus pelos são amarelo-escuros nas partes superiores do corpo e na parte externa dos membros. Tem manchas sob a forma de rosetas com uma região central amarela por todo o corpo, da cabeça à cauda. Uma característica da espécie são seus olhos bem grandes e protuberantes, como também, focinho saliente, patas grandes e cauda bastante comprida.

É um animal de hábitos noturnos e solitário. Possui uma grande habilidade arborícola, porém sua locomoção se dá a maior parte do tempo pelo chão. Seu período de gestação dura em média em torno de 81 a 84 dias, vindo à luz apenas um único filhote por vez.

A espécie se encontra listada como "quase ameaçada" pela IUCN, por sua ampla distribuição geográfica, sendo encontrada desde a zona costeira do México até o norte do Uruguai e Argentina e em todo o Brasil (com exceção do sul do Rio Grande do Sul). Estima-se que nos próximos 15 anos a população sofrerá um declínio de pelo menos 10%, principalmente pela perda e fragmentação de habitat relacionadas a expansão agrícola. No Brasil, a espécie já se encontra na lista vermelha (ameaçado) do Estado da Bahia.

"Maracajá" é um termo oriundo do tupi mbaraka'ya.[2] O gato-maracajá também é conhecido como gato-do-mato, gato-peludo, maracajá peludo (português), caucel, chiví, cunaguaro, gato brasileño, gato tigre grande, tigrillo, tirica malla grande, tigre gallinero, burricón, gato pintado, mbaracayá miní (espanhol), margay (inglês).[3]

Descrição[editar | editar código-fonte]

Dentre suas habilidades, o gato-maracajá pode caminhar nas pontas dos galhos dos arbustos. Também possui grande capacidade de salto e suas garras são proporcionalmente mais longas do que as da jaguatirica. O período de gestação é de 81 a 84 dias, e a expectativa de vida é de cerca de 13 anos. Tem capacidade de virar em 180 graus as articulações do tornozelo, o que o possibilita transitar com facilidade entre troncos e árvores. Seus hábitos são noturnos e alimenta-se de pequenos roedores e aves, que caça nas árvores.

Ele consegue imitar o som de suas presas para atraí-las, como o chamado de filhotes de saguis da espécie Saguinus bicolor (soim-de-coleira), atraindo, dessa forma, os adultos para uma emboscada.[4][5] Recentemente, cientistas descobriram que ele também consegue imitar os sons de alguns pássaros e roedores. No Brasil, o gato-maracajá pode ser encontrado com mais frequência na Floresta Amazônica.

Taxonomia[editar | editar código-fonte]

Felis wiedii foi o nome científico proposto por Heinrich Rudolf Schinz em 1821 para um espécime zoológico do Brasil.[6] Felis macroura foi proposto por Maximilian von Wied, em 1825, que descrevia gatos-maracajás que ele obtinha nas selvas ao longo do Rio Mucuri, no Brasil.[7] No século XX, vários espécimes tipo foram descritos e propostos como novas espécies ou subespécies:

Distribuição geográfica[editar | editar código-fonte]

O gato-maracajá é encontrado desde a zona costeira do México até o norte do Uruguai e Argentina e em todo o Brasil.[3]

No Brasil[editar | editar código-fonte]

É encontrado em quase todo o território brasileiro, com exceção do estado do Ceará e metade do sul do estado do Rio Grande do Sul. No estado do Rio Grande do Norte, Pernambuco, Paraíba, Alagoas e Sergipe é encontrado apenas na Mata Atlântica costeira.[3]

Habitat e ecologia[editar | editar código-fonte]

O gato-maracajá ocorre em todos os biomas do Brasil, mas está principalmente associado a ambiente de floresta, sendo desde formações densas contínuas a pequenos fragmentos em ecossistemas savânicos, de matas primitivas a degradadas. Na Caatinga, sua distribuição é mais restrita a áreas de transição vegetacional e cânions de mata densa.[3]

A espécie possui características que se assemelham a jaguatirica (Leopardus pardalis) embora possua um porte menor. O comprimento de sua cabeça e corpo varia de 705 e 970 mm de comprimento para machos e entre 425 a 780 mm para fêmeas. Apresenta olhos bem grandes e protuberantes, sendo uma das características da espécie, como também a presença de um focinho saliente, patas grandes e uma cauda bastante comprida. Sua coloração varia entre amarelo-acinzentado e castanho-amarelado, com tonalidades intermediárias.[3]

Dieta[editar | editar código-fonte]

Como o gato-maracajá é principalmente noturno[8] e é naturalmente raro em seu ambiente, a maioria dos estudos dietéticos tem sido baseada no conteúdo estomacal e na análise fecal. Este gato caça pequenos mamíferos, incluindo macacos e pássaros, lagartos e sapos.[9] Também come grama, frutas e outras vegetações, mais propensas a ajudar na digestão. Um relatório de 2006 sobre um gato-maracajá que persegue os esquilos em seu ambiente natural confirmou que ele é capaz de caçar suas presas inteiramente em árvores.[10] No entanto, algumas vezes eles caçam no chão e foi relatado que comem presas terrestres, como ratos e porquinhos-da-índia.[11]

Houve um relato de um gato-maracajá imitando sons para tentar atrair uma de suas presas. Observou-se que este imitava a chamada de um bebê de sauim-de-coleira enquanto na presença de um grupo de saguis adultos, levando-os a investigar. Enquanto o gato-maracajá não teve sucesso em capturar um dos saguis, isso representa a primeira observação de um predador neotropical empregando esse tipo de técnica.[12][13]

O gato-maracajá possui uma grande habilidade arborícola.

Reprodução e ciclo de vida[editar | editar código-fonte]

As fêmeas do sexo feminino ficam em estro por quatro a dez dias ao longo de um ciclo de 32 a 36 dias, durante o qual atraem machos com uma chamada de longo gemido. O macho responde gritando ou fazendo sons de trinado, e também sacudindo rapidamente a cabeça de um lado para o outro, um comportamento que não é visto em nenhuma outra espécie de gato. A cópula dura até sessenta segundos e é semelhante à dos gatos domésticos; ocorre principalmente nas árvores e ocorre várias vezes enquanto a fêmea está no cio.[14] Ao contrário de outras espécies de felinos, os gatos-maracajás não são ovuladores induzidos.[15]

A gestação dura cerca de 80 dias e geralmente resulta no nascimento de um único filhote (muito raramente, existem dois) geralmente entre março e junho. Filhotes pesam de 85 a 170 gramas no nascimento. Isso é relativamente grande para um gato pequeno e provavelmente está relacionado ao longo período de gestação. Os gatinhos abrem os olhos por volta das duas semanas de idade e começam a ingerir alimentos sólidos a partir da sétima a oitava semana. O gato-maracajá atinge a maturidade sexual entre doze e dezoito meses de idade e foi relatado que vivem mais de 20 anos em cativeiro.[16] Uma jovem gata de 26 anos chamada Carlota vive no Zoológico e Jardim Botânico de Cincinnati em abril de 2018.

Os bebês sofrem de uma taxa de mortalidade de 50%. Juntamente com os problemas que eles têm em cativeiro, isso torna a perspectiva de aumentar a população muito difícil.[17]

Conservação[editar | editar código-fonte]

Atualmente, é classificada como "quase ameaçada" visto sua ampla distribuição geográfica, pela União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais.[18] O gato-maracajá é regulado pelo Appêndice I da CITES: todo comércio internacional de gato-maracajá é proibido.[19]

Estima-se que nos próximos 15 anos (3 gerações) deva ocorrer um declínio na população de cerca de 10%, devido a perda e fragmentação de habitats relacionadas à expansão agrícola.[3]

A perda e fragmentação de seu habitat é, sem dúvida, a principal ameaça a espécie no Brasil. Certamente a Mata Atlântica e a Amazônia são os biomas em que a espécie recebe maior pressão, como também, o abate de animais para o controle de predação de aves domésticas (prática comum entre criadores nos estados Sul e Sudeste do Brasil) e atropelamentos podem representar ameaças nas regiões Sul e Sudeste, podendo ser uma das principais causas da mortalidade da espécie, da mesma forma com a transmissão de doenças por carnívoros domésticos.[3][20]

Outra ameaça importante é também, a caça. Em sete meses foram registrados o abate de três indivíduos de L wiedii, em Uruará, no Pará.

Conservação no Brasil[editar | editar código-fonte]

A população de gato-maracajá assim como as demais espécies de felinos de pequeno-médio porte do Brasil (exceção de Leopardus pardalis), é relativamente pequena. As densidades variam entre 0.01-0.05 animais/km2, chegando a 0.1-0.25 indivíduos/km2 apenas nas áreas consideradas de alta densidade, sendo encontradas em poucas localidades de densidade elevada e sempre onde Leopardus pardalis está ausente ou em números consideravelmente baixos. Já foi demonstrado que o gato-maracajá é afetado de forma negativa pela espécie Leopardus pardalis, por conta do seu potencial de predação intraguilda (Efeito pardalis) afetando assim, significativamente seus números.[3]

A Mata Atlântica, no Brasil, é um dos biomas onde a espécie é bastante presente, principalmente nas regiões Sul e Sudeste.

Este felino é particularmente mais abundante em ambientes florestados da Mata Atlântica (região Sul e Sudeste) e, especialmente, da Amazônia. No Cerrado é encontrada apenas em áreas de matas de galeria ou vegetação mais densa, sendo assim, seu número bastante restrito, como no Complexo do Pantanal, onde apresenta densidades bem inferiores a 0.01/km2.[3]

Sua população efetiva foi estimada de 4.700 a 20.000 indivíduos. Uma estimativa muito conservadora do desmatamento nos dois principais biomas (Mata Atlântica e Amazônia) onde a espécie ocorre, indicam uma perda de no mínimo 5% do seu habitat na área atual, nos próximos 15 anos ou três gerações, prevendo assim uma perda populacional de cerca de 10% para a espécie.[3]

Dado está situação, o gato-maracajá é encontrando na lista vermelha do Estado da Bahia.[21] Sendo a espécie considerada como ameaçada de extinção na Mata Atlântica do sul da Bahia, devido a caça e desmatamento que ocorre na região, evidenciando assim a prioridade em esforços de conservação da espécie nesse bioma.[22]

Atualmente, não há nenhum programa de conservação para essa espécie. O que é preocupante, tendo em vista que a extinção de uma espécies trás prejuízos severos para o ecossistema. Nessa perspectiva, é necessário criar um Plano de Ação para conservação do gato-maracajá, ampliar as áreas protegidas e evitar a perda e fragmentação de habitats, intensificando a fiscalização sobre áreas privadas e Unidades de Conservação.

O "Projeto Gatos do Mato - Brasil" coordenado pelo Instituto Pró-Carnívoros e com participação de 10 outras instituições e equipe multidisciplinar, iniciado em 2004 com financiamento do Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA), vem obtendo uma série de informações sobre a biologia e a história natural da espécie e de todos os outros pequenos felinos encontrados no Brasil, contribuindo assim para à sua conservação.[3][23]

Referências

  1. de Oliveira, T., Paviolo, A., Schipper, J., Bianchi, R., Payan, E. & Carvajal, S.V. (2015). Leopardus wiedii (em inglês). IUCN 2015. Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN. 2015. Página visitada em 6 de novembro de 2017..
  2. FERREIRA, A. B. H. Novo dicionário da língua portuguesa. 2ª edição. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 1986. p. 1 088.
  3. a b c d e f g h i j k Tortato, Marcos Adriano; Oliveira, Tadeu Gomes de; Almeida, Lílian Bonjorne de; Beisiegel, Beatriz de Mello (30 de junho de 2013). «Avaliação do risco de extinção do gato-maracajá Leopardus wiedii (Schinz, 1821) no Brasil». Biodiversidade Brasileira. 0 (1): 76–83. ISSN 2236-2886 
  4. Calleia, F. O.; Rohe, F.; Gordo, M. (junho de 2009). «Hunting Strategy of the Margay (Leopardus wiedii) to Attract the Wild Pied Tamarin (Saguinus bicolor (PDF). Conservation International. Neotropical Primates. 16 (1): 32–34. ISSN 1413-4705. doi:10.1896/044.016.0107. Consultado em 18 de julho de 2010. Arquivado do original (PDF) em 13 de junho de 2010 
  5. Dell'Amore, Christine (13 de julho de 2010). «Jungle Cat Mimics Monkey to Lure Prey—A First». National Geographic Daily News. National Geographic Society. Consultado em 18 de julho de 2010 
  6. Cuvier, Georges; Schinz, Heinrich (1825). Das Thierreich, eingetheilt nach dem Bau der Thiere als Grundlage ihrer Naturgeschichte und der vergleichenden Anatomie von den Herrn Ritter von Cuvier /. Stuttgart und Tübingen, :: in der J.G. Cotta'schen Buchhandlung, 
  7. Wied, Maximilian (1825). Beiträge zur Naturgeschichte von Brasilien / von Maximilian, Prinzen zu Wied. Weimar :: Im Verlage des Landes-Industrie-Comptoirs, 
  8. «The Margay (mammal), Costa Rica». www.anywhere.com (em inglês). Consultado em 8 de agosto de 2019 
  9. Wang, Ellen (1 de dezembro de 2002). «Diets of Ocelots (Leopardus pardalis), Margays (L. wiedii), and Oncillas (L. tigrinus) in the Atlantic Rainforest in Southeast Brazil». Studies on Neotropical Fauna and Environment. 37 (3): 207–212. ISSN 0165-0521. doi:10.1076/snfe.37.3.207.8564 
  10. Alberto, Solórzano-Filho Jorge (2006). «Mobbing of Leopardus wiedii while hunting by a group of Sciurus ingrami in an Araucaria forest of Southeast Brazil / Assaillir du Leopardus wiedii tandis que chasse par un groupe de Sciurus ingrami dans une forêt d'Araucaria de sud-ouest au Brésil». Mammalia. 70 (1-2): 156–157. ISSN 1864-1547. doi:10.1515/MAMM.2006.031 
  11. Sunquist, Melvin E. (2002). Wild cats of the world. Chicago: University of Chicago Press. ISBN 0226779998. OCLC 48383459 
  12. «Wayback Machine» (PDF). web.archive.org. 13 de junho de 2010. Consultado em 8 de agosto de 2019 
  13. MUKHERJEE, SHOMITA; GROVES, COLIN (16 de agosto de 2007). «Geographic variation in jungle cat (Felis chaus Schreber, 1777) (Mammalia, Carnivora, Felidae) body size: is competition responsible?». Biological Journal of the Linnean Society. 92 (1): 163–172. ISSN 0024-4066. doi:10.1111/j.1095-8312.2007.00838.x 
  14. Sunquist, Melvin E. (2002). Wild cats of the world. Chicago: University of Chicago Press. ISBN 0226779998. OCLC 48383459 
  15. de Oliveira, Tadeu Gomes; Eizirik, Eduardo; Crawshaw, Peter G.; Adania, Cristina Harumi; Gomes, Marcelo da Silva; Moraes de, Wanderlei; Silva, Jean Carlos Ramos; Moreira, Nei; Morato, Ronaldo Gonçalves (29 de maio de 2008). «Order Carnivora, Family Felidae (Cats)». Ames, Iowa, USA: Iowa State University Press: 291–316. ISBN 9780470376980 
  16. Sunquist, Melvin E. (2002). Wild cats of the world. Chicago: University of Chicago Press. ISBN 0226779998. OCLC 48383459 
  17. Gormley, W. Paul (1 de dezembro de 1983). «The environmental Law of the Sea: IUNC environmental policy and law paper, no. 18: Douglas M. Johnston (Editor) International Union for Conservation of Nature and Natural Resources, Gland, Switzerland, 1981, 419 pp.». Ocean Management. 8 (4): 360–364. ISSN 0302-184X. doi:10.1016/0302-184X(83)90017-3 
  18. «Leopardus wiedii (Margay, Tree Ocelot)». www.iucnredlist.org. Consultado em 11 de maio de 2018 
  19. «Appendices | CITES». cites.org (em inglês). Consultado em 11 de maio de 2018 
  20. Cherem, Jorge J.; Kammers, Marcelo; Ghizoni-Jr, Ivo R.; Martins, Anderson (1 de janeiro de 2007). «Mamíferos de médio e grande porte atropelados em rodovias do Estado de Santa Catarina, sul do Brasil» 
  21. «Mamiferos DO ESTADO DA BAHIA - Lista vermelha da Bahia». www.listavermelhabahia.org.br (em inglês). Consultado em 16 de maio de 2018 
  22. de Moura, R.T (2003). «Distribuição e ocorrência de mamíferos na Mata Atlântica do Sul da Bahia» (PDF). Instituto de Estudos Sócio Ambientais do Sul da Bahia e Conservation International do Brasil. Consultado em 16 de maio de 2018 
  23. «Gato-maracajá (Leopardus wiedii)». Instituto Pró-Carnívoros. 15 de janeiro de 2015 
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