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Como ler uma infocaixa de taxonomiaGuigó-da-caatinga
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Estado de conservação
Espécie em perigo crítico
Em perigo crítico (IUCN 3.1) [1]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Ordem: Primates
Família: Pitheciidae
Gênero: Callicebus
Espécie: C. barbarabrownae
Nome binomial
Callicebus barbarabrownae
(Hershkovitz, 1990)
Distribuição geográfica

Guigó-da-caatinga (nome científico: Callicebus barbarabrownae),[2] também genericamente referido como guigó,[3] japuçá, saá, uaiapuçá, uapuçá, iapuçá, sauá, boca-d'água, zogó, zogue-zogue, sauá,[4] e calicebo,[5] é uma espécie do gênero guigó (Callicebus), isto é, de macaco do Novo Mundo, da família dos piteciídeos (Pitheciidae) e subfamília calicebíneos (Callicebinae).[6] Ocorre nas áreas mais altas da costa da Bahia, no Brasil, entre o rio Paraguaçu e o rio Itapicuru. Já foi amplamente distribuídos nas florestas ao sul do rio São Francisco, mas atualmente ocorre apenas em regiões do interior na Caatinga, sendo o único primata endêmico a esse bioma[7] e existem apenas 250 indivíduos em liberdade. Possui testa e tufos pretos nas orelhas, com pelos brancos nas bochechas e no resto do corpo, com cauda marrom avermelhada,[8] pesando de 1 a 2 kg.[9]

Etimologia[editar | editar código-fonte]

Guigó foi construído a partir de uma onomatopeia,[10] enquanto sauá advém do tupi-guarani sawá[4] ou sa'gwa, que por sua vez está ligado a sagwa'su, que significa literalmente "macaco grande".[11] A forma tupi-guarani ainda gerou as demais variantes iapuçá, japuçá, uaiapuçá, uapuçá.[12] Zogó e zogue-zogue têm origem obscura.[13]

Habitat e ecologia[editar | editar código-fonte]

O habitat de preferência desses primatas ocorre no bioma da Caatinga, mais especificamente nas áreas matagal seco ou arbórea densa. Eles tendem a ser, em grande parte, habitantes da floresta arbórea, e os primatas provavelmente raramente desce ao solo. Eles são pequenos em tamanho e são primatas ágeis, eles também são bons escaladores pelos galhos em todos os quatro membros, usando seus membros posteriores para pular longas distâncias, agarrando-se aos galhos. Enquanto descansam, eles curvam o corpo, pendurando a cauda em um galho.[1]

No passado tinha ampla distribuição nas matas a leste e ao sul do Rio S. Francisco. Hoje sobrevive apenas em pequenos fragmentos de árvores em reservas legais de fazendas e "matas de terra firme", mantidas para proteção de nascentes, no interior da caatinga baiana.[14]

Pelagem[editar | editar código-fonte]

Estes primatas tem como pelagem com traços de cor do corpo variando de amarelo (couro amarelo), marrom e preto em diferentes partes do corpo, as extremidades superiores e inferiores são de cor clara. Os membros são de cor escura; cabeça tem tonalidade escura e uma faixa branca, testa não é muito clara e tufos de cabelo preto crescem nas orelhas. Há uma peculiaridade apresenta as características de certas partes do corpo (pena, ombros, costeletas, coroa da cabeça) é branco pálido e de cor "marrom" (um bege) e sua cauda é laranja.[15]

Alimentação[editar | editar código-fonte]

Os constituintes desse gênero têm uma alimentação baseada principalmente em frutos, como o cajá-bravo, o mucugê e o licuri,[16] complementada por flores, folhas, raizes, mel e com menos constância filhotes de aves, pequenos anfíbios, roedores, piolhos de cobra e outros insetos.[17]

Hábitos e comportamento sexual[editar | editar código-fonte]

Eles formam pequenos grupos de duas a seis pessoas. Geralmente eles consistem em um casal monogâmico e seus filhos imaturos. Quando os adultos jovens atingem a maturidade sexual, que ocorre entre o segundo e o quarto ano de vida, eles deixam seu grupo de nascimento e muitas vezes migram para novas áreas. Além de territoriais, cada casal é muito unido. Os hábitos são diurnos e arbóreos. Dito isso, eles raramente chegam ao chão. A fêmea que carrega os filhotes até os quatro meses e depois o macho os ensina a dividir alimentação, socialização e higiene.[18]

A vocalização poderosa é uma das características proeminentes desta espécie. Os "gritos" geralmente são proferidos pelo casal dominante do grupo na madrugada. O som tem um efeito demarcador. Quem "falar" mais alto vence. O objetivo é evitar o confronto físico, que continua sendo o último recurso nas disputas espaciais. Vale lembrar que os cantos dos guigós às vezes se confundem com os dos pássaros.[19]

Distribuição da espécie[editar | editar código-fonte]

É a única classe de primata endêmica da Caatinga, com classificação restringida à beira direita do rio São Francisco, no estado da Bahia e provavelmente em Sergipe. Sua ocorrência foi aprovada em 40 fragmentos florestais, a maior parte com menos de 100 ha, e em áreas com árvore da Caatinga. Ao longo da distribuição geográfica da espécie, existem mais de 25 unidades de conservação, quase metade das quais são Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN).[carece de fontes?]

Devido à densidade populacional muito baixa, o tamanho da população total remanescente desses primatas é estimado em menos de mil indivíduos e, portanto, pode-se concluir que o número de adultos não excede o limite de 250. A população continuada declínio é principalmente devido à perda de habitat e fragmentação.[carece de fontes?]

Apesar de sua distribuição relativamente ampla, seu estado de conservação é preocupante e está listado como criticamente ameaçado pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN - Veiga et al., 2008a) porque atende aos critérios C2a, que significa: uma população com menos de 250 indivíduos maduros e um declínio contínuo observado, previsto ou inferido no número de indivíduos maduros.[carece de fontes?]

Fragmentos com casos estão mais associados a rodovias do que aquelas sem ocorrência. Essa adjacência também pode criar vulnerabilidade à busca e o afugentamento das populações como áreas abertas foram criadas como sequela da edificação. A via expressa intervém precisamente nas condições necessárias para a ocorrência de diversas espécies de primatas. Isso exibe que a atividade humana na alteração do ambiente natural está aumentando e uma das decorrências desse ajuste é a submersão total de fragmentos em matrizes não florestais, reduzindo uma área onde a espécie poderia se estabelecer o que poderia interromper o fluxo de indivíduos.[20]

Conservação[editar | editar código-fonte]

O foco básico das táticas para a defesa da biodiversidade é indicar áreas resguardadas nas áreas da Caatinga que ainda sobram. Elas são ambientes estabelecidos para que a natureza interna e todos os recursos que nela se deparam tenham garantias de amparo. A defesa da biodiversidade da Caatinga é um dos grandes desafios do conhecimento cientifico brasileiro, já que são escassos estudos e ser insuficiente de proteção, está em passo acelerado sendo modificada.[carece de fontes?]

Apesar de abrigar inúmeras espécies não encontradas em nenhum outro lugar do mundo, apenas um por cento das florestas da Bahia, lar desta espécie, estão sob qualquer forma de proteção e como uma série de atividades destrutivas continuam a degradar a área, a ação é necessária para proteger o habitat desses primatas.[21] Diversas organizações, incluindo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente, estão trabalhando para promover o estudo e a proteção dos primatas ameaçados no Brasil.[22] A Conservation International também está ajudando a estabelecer um Corredor Central de Biodiversidade que visa conectar florestas fragmentadas, enquanto o World Wide Fund for Nature (WWF) está desenvolvendo uma estratégia geral de conservação para as florestas atlânticas brasileiras. Mais pesquisas são necessárias sobre a ecologia e o status desta espécie enigmática se ela quiser ser retirada da beira da extinção.[1] A espécie apresenta sete novos registros de ocorrência da espécie, na bacia do São Francisco, norte de Sergipe, estendendo sua distribuição no estado por uma distância de mais de 50 km de oeste a leste. Isso representa uma extensão importante do alcance conhecido e do número total de populações dessa espécie de primata criticamente ameaçada.[23]

Houve e estão em andamento várias ações de pesquisa e conservação direcionadas a esse táxon. Rodrigo Cambará Printes (ICMBio) desenvolveu um projeto de doutorado na UFMG, financiado pelo Programa de Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção da Mata Atlântica, em colaboração com a Biodiversitas, para levantamento de populações, definição de limites de distribuição e avaliação do status taxonômico de espécies Fundação e CEPAN. O trabalho do pesquisador também inclui análises etnoprimatológicas e propostas de estratégias de conservação. Além disso, a caatinga guigó está listada no Apêndice II da CITES, um grupo de trabalho de conservação para Callicebus barbarabrowna e Callicebus coimbrai foi estabelecido em 2003 e foi incluído entre as 25 espécies de primatas mais ameaçadas do mundo por um grupo de especialistas em 2010. Primatas da IUCN e da International Primate Society, e, Finalmente, 2011 focou no desenvolvimento do Plano de Ação Nacional de Primatas do Nordeste (PAN-PRINE), que define estratégias de conservação. Apesar das ações conservacionistas existentes, estratégias como campanhas de educação ambiental com agricultores e planejamento conjunto de loteamentos para assentamentos rurais são necessárias para manter a articulação entre unidades de conservação, assentamentos nacionais e Instituto de Reforma Agrária (INCRA) e o órgão ambiental federal competente. Destaca-se também a necessidade de financiamento das atividades agrícolas e de irrigação como incentivo à agricultura familiar para reduzir o impacto da pecuária e o desmatamento anual das áreas recém-plantadas.[24]

População[editar | editar código-fonte]

Esta espécie está listada pela União Internacional para a Conservação da Natureza como "em perigo crítico" devido ao pequeno tamanha de sua população. A espécie é endêmica da Mata Atlântica do leste do Brasil, onde é encontrada nas montanhas costeiras dos estados da Bahia e do Sergipe. A maior parte de sua população encontra-se entre o rio Paraguaçu (norte) e Salvador (sul), e a oeste em direção a Mirorós. A população estimada é de 260 indivíduos e se encontra em declínio.[1]

Principais ameças[editar | editar código-fonte]

Por habitar uma região brasileira, esses macacos estão sujeitos a um amplo desmatamento e fragmentação de habitat. A pecuária, a agricultura e a urbanização contínua são as principais ameaças. A área está em rápido desenvolvimento, facilitada por uma extensa rede de rodovias. Outras ameaças incluem perigos potenciais de estradas e linhas de energia e predação por animais domésticos. Esta espécie ocorre em pequenas populações fragmentadas que estão expostas a riscos genéticos e demográficos sinérgicos. A pressão de caça precisa ser verificada, mas provavelmente é moderada devido ao pequeno tamanho do corpo. Durante as pesquisas, alguns indivíduos foram encontrados sendo mantidos como animais de estimação. A espécie não é encontrada em nenhuma área oficialmente protegida.[1]

Na região do Banzaê, os guigós ocupam fragmentos de caatinga arbórea. Para a região, os resultados foram obtidos por Printes (2011), e mais importantes atividades pecuárias, mas não outras atividades agrícolas, na propriedade onde fica o guigós. Em todos o estudo visitado durante a pesquisa, guigós encontra-se nas colinas, na parte alta da propriedade, onde ainda domina a vegetação normalmente bem cuidada, preservado, por dificuldades de acesso, não oprimido para dar lugar ao pasto. O próprio sistema agropastoril é o fator de maior pressão.[carece de fontes?]

Guigós são provavelmente indicadores da floresta conservada (Printes, 2011). No entanto, mesmo em distritos inacessíveis, no alto de áreas montanhosas, às vezes junto à falésia, nota-se a presença da manada de vacas. Os guigós habitam os fragmentos da Serra da Doroteia estão algumas as espécies mais ameaçadas registradas neste estudo porque, além de a presença do gado tem uma trilha cortando a serra, onde organize uma corrida de motocross.[25]

Referências

  1. a b c d e Printes, R. C.; Jerusalinsky, L.; Alonso, A. C.; Mittermeier, R. A. (2021). «Blond Titi Monkey - Callicebus barbarabrownae». Lista Vermelha da IUCN. União Internacional para Conservação da Natureza (UICN). p. e.T39929A191703041. doi:10.2305/IUCN.UK.2021-1.RLTS.T39929A191703041.en. Consultado em 17 de julho de 2021 
  2. «Mamíferos - Callicebus barbarabrownae - Guigó-da-caatinga - Avaliação do Risco de Extinção de Callicebus barbarabrownae Hershkovitz, 1991 no Brasil». Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ministério do Meio Ambiente. Arquivado do original em 17 de julho de 2021 
  3. «Macaco-guigó». Fauna. 30 de janeiro de 2015 
  4. a b «Sauá». Michaelis. Consultado em 16 de julho de 2021 
  5. «Calicebo». Michaelis. Consultado em 17 de julho de 2021 
  6. Groves, C. P. (2005). «Callicebus (Callicebus) barbarabrownae». In: Wilson, D. E.; Reeder, D. M. Mammal Species of the World: A Taxonomic and Geographic Reference 3.ª ed. Baltimore, Marilândia: Imprensa da Universidade Johns Hopkins. p. 149. ISBN 0-801-88221-4. OCLC 62265494 
  7. «PAN Primatas do Nordeste». Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. Consultado em 17 de novembro de 2022 
  8. van Roosmalen, M.G.M.; van Roosmalen, T.; Mittermeier, R. (2002). «A taxonomic review of the titi monkeys, genus Callicebus Thomas, 1903, with the description of two new species, Callicebus bernhardi and Callicebus stephennashi, from Brazilian Amazonia» (PDF). Neotropical Primates. 10 (Suppl.): 1-52 
  9. «Guigó da caatinga». Invivo. Consultado em 17 de novembro de 2022 
  10. «Guigó». Michaelis. Consultado em 16 de julho de 2021 
  11. Houaiss, verbete sauá
  12. Houaiss, verbete Iapuçá
  13. Houaiss, verbete Zogó e zogue-zogue
  14. «Guigó da caatinga». Invivo. Consultado em 2 de janeiro de 2023 
  15. Nascimento, Thayslanne Rodrigues do (22 de novembro de 2016). «Efeito da fragmentação da paisagem sobre o Guigó da Caatinga, uma espécie de primata endêmica e ameaçada de extinção». Consultado em 2 de janeiro de 2023 
  16. «Guigó da caatinga». Invivo. Consultado em 10 de novembro de 2022 
  17. Jerusalinsky, Leandro (28 de janeiro de 2013). «Distribuição geográfica e conservação de Callicebus coimbrai Kobayashi & Langguth, 1999 (Primates – Pithaeciidae) na Mata Atlântica do nordeste do Brasil.» (PDF). repositorio.ufpb.br. Consultado em 27 de outubro de 2022 
  18. Calado, Maríllia de Santana (7 de outubro de 2022). «Comparação acústica de duetos de Callicebus barbarabrownae em diferentes locais de ocorrência no Nordeste brasileiro». repositorio.ufpe.br. Consultado em 2 de janeiro de 2023 
  19. «Macaco-guigó». Fauna. 30 de janeiro de 2015. Consultado em 17 de novembro de 2022 
  20. Nascimento, Thayslanne Rodrigues do (22 de novembro de 2016). «Efeito da fragmentação da paisagem sobre o Guigó da Caatinga, uma espécie de primata endêmica e ameaçada de extinção». Consultado em 2 de janeiro de 2023 
  21. «Atlantic Forests» (em inglês). World Wide Fund for Nature. Março de 2010. Consultado em 16 de julho de 2021. Cópia arquivada em 7 de setembro de 2012 
  22. «Atlantic Forest» (em inglês). Biodiversityhotspots.org. Março de 2010. Consultado em 10 de dezembro de 2011. Arquivado do original em 12 de dezembro de 2011 
  23. Marques, Eduardo (1 de março de 2013). «Primates, Pitheciidae, Callicebus barbarabrownae Hershkovitz, 1990: new localities for the critically endangered titi monkey in the São Francisco basin, state of Sergipe, Brazil [with erratum]». biotaxa.org. Consultado em 17 de novembro de 2022 
  24. «Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Primatas Brasileiros». www.icmbio.gov.br. Consultado em 2 de janeiro de 2023 
  25. «Ocorrência, ecologia e conservação do guigó-da-caatinga» (PDF). Neoptical Primates. Neoptical Primates. 26 de setembro de 2020. Consultado em 29 de dezembro de 2022 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]