Coatá-da-testa-branca

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Espécime num zoológico de São Paulo
Espécime num zoológico de São Paulo
Estado de conservação
Espécie em perigo
Em perigo (IUCN 3.1) [1]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Ordem: Primates
Subordem: Haplorhini
Infraordem: Simiiformes
Família: Atelidae
Subfamília: Atelinae
Género: Ateles
Espécie: A. marginatus
Nome binomial
Ateles marginatus
É. Geoffroy, 1809
Distribuição geográfica
Distribuição do coatá-da-testa-branca no Brasil
Distribuição do coatá-da-testa-branca no Brasil

O coatá-da-testa-branca,[2] macaco-aranha-de-cara-branca[3] ou macaco-aranha-de-testa-branca[4] (nome científico: Ateles marginatus) é uma espécie de primata do Novo Mundo do gênero Ateles e endêmico do Brasil. Ocorre entre o rio Tapajós e seu tributário, o rio Teles Pires e o rio Xingu, ao sul do rio Amazonas, ocorrendo nos estados do Pará e Mato Grosso.

Etimologia[editar | editar código-fonte]

Coatá é oriundo do tupi *kwa'ta, em sentido literal. Foi registrado em 1833 como quatá e 1929 como cuatá.[5] Macaco-aranha é uma referência a seus membros e a sua cauda preensil, que são muito longos e finos, semelhantes às patas das aranhas.[6]

Distribuição e habitat[editar | editar código-fonte]

Endêmico do Brasil, o coatá-da-testa-branca é comumente encontrado na Amazônia brasileira,[1] onde está presente nos estados do Pará e Mato Grosso.[7] Habita nos níveis superiores da floresta tropical.[1]

Ecologia[editar | editar código-fonte]

O coatá-da-testa-branca é totalmente negro, salvo por um triângulo branco na fronte e listas nos lados da face.[7] Mede aproximadamente 60 centímetros, tendo cauda longa que pode atingir 70 centímetros. O peso varia de 5,8 a oito quilos, e os machos são maiores do que as fêmeas.[8][9] A expectativa de vida é de 20 anos.[9] Em cativeiro, a expectativa de vida é de 35 anos.[8]

É comum que o coatá-da-testa-branca viaje em grupos menores de dois a quatro indivíduos quando se alimenta e descansa. Geralmente vive em grupos de vinte a trinta indivíduos, mas é raro vê-los todos juntos.[10] Por volta dos 4–5 anos de idade, aparentemente atinge a maturidade sexual. A gestação dura um período de 226–232 dias, com o nascimento de apenas um filhote, de cerca de 350 gramas; o intervalo entre nascimentos pode durar de 28 a 30 meses na natureza.[11][12][7]

A dieta do coatá-da-testa-branca consiste em frutas, folhas, flores, raízes aéreas, cascas, madeira em decomposição, mel e até alguns pequenos insetos, como cupins e lagartas. Um impacto muito importante que tem em seu habitat é proporcionar a dispersão de sementes para diferentes espécies de plantas em todo o seu território. Acredita-se que eles forneçam movimento para até 138 espécies diferentes de sementes de frutas.[10][13]

Conservação[editar | editar código-fonte]

O coatá-da-testa-branca foi incluído na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN / IUCN) depois que uma avaliação em 2008 descobriu que sua população havia diminuído 50% ao longo de três gerações; esse declínio pode ser atribuído à perda de habitat e à caça. Espera-se que esta tendência continue devido à crescente expansão da agricultura de soja. Além disso, partes de seu habitat foram destruídas para darem lugar a grandes rodovias e extenso desmatamento.[1] Estima-se que o contingente populacional da espécie seja inferior a 10 mil.[9] Alguns dos povos indígenas do Brasil consideram os macacos-aranha uma iguaria e, quando isso é combinado com sua baixa taxa de reprodução, a população certamente diminuirá rapidamente.[10] Há coatás-da-testa-branca mantidos em zoológicos, incluindo no Zoológico de Bauru[14] e no Zoológico de Goiânia.[15]

Em 2007, o coatá-de-testa-branca foi classificado como vulnerável na Lista de espécies de flora e fauna ameaçadas de extinção do Estado do Pará;[16] como em perigo na Portaria MMA N.º 444 de 17 de dezembro de 2014;[17] em 2018, como em perigo no Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio);[2] e em 2022, como em perigo no anexo dois (mamíferos) da Lista Oficial da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção da Portaria MMA N.º 148, de 7 de junho de 2022.[18][19]

Referências

  1. a b c d Mittermeier, R. A.; Buss, G.; Ravetta, A. L. (2019). «Ateles marginatus». Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. 2019: e.T2282A191689524. doi:10.2305/IUCN.UK.2021-1.RLTS.T2282A191689524.enAcessível livremente. Consultado em 24 de abril de 2024 
  2. a b «Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção» (PDF). Brasília: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ministério do Meio Ambiente. 2018. Consultado em 3 de maio de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 3 de maio de 2018 
  3. «Macaco-aranha-de-cara-branca». Portal Amazônia. Consultado em 6 de maio de 2023. Cópia arquivada em 8 de setembro de 2022 
  4. Lima, Samantha Pereira (2012). Processo de Adaptação do macaco-aranha-de-testa-branca (Ateles marginatus) ao cativeiro (PDF) (Dissertação). Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Consultado em 15 de abril de 2023. Cópia arquivada (PDF) em 16 de abril de 2023 
  5. Grande Dicionário Houaiss, verbete cuatá
  6. Ferreira, Aurélio Buarque de Holanda (1986). Novo dicionário da língua portuguesa 2.ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. p. 505 
  7. a b c «Macaco-aranha-de-testa-branca (White-cheeked spider monkey)». Instituto Evandro Chagas. 2023. Consultado em 15 de abril de 2023. Cópia arquivada em 20 de abril de 2023 
  8. a b «Macaco-aranha-de-testa-branca». Governo do Distrito Federal. 2023. Consultado em 15 de abril de 2023. Cópia arquivada em 19 de abril de 2023 
  9. a b c «Macaco-aranha-da-testa-branca» (cartilha). Associação de Zoológicos e a Aquários do Brasil. Consultado em 15 de abril de 2023. Cópia arquivada (PDF) em 16 de abril de 2023 
  10. a b c Van Roosmalen, M. G. M.; Klein, L. L. (1988). «The spider monkeys, genus Ateles». In: Mittermeier, R.A.; Rylands, A.B.; Coimbra-Filho A.F.; da Fonseca, G. A. B. The Ecology and Behavior of Neotropical Primates. 2. Washington, DC, USA: World Wildlife Fund. pp. 455–537. Consultado em 6 de maio de 2023 
  11. Eisenberg, J.F. (1973). «Reproduction in two species of spider monkeys, Ateles fusciceps and Ateles geoffroyi». Journal of Mammalogy. 54 (4): 955–957. JSTOR 1379089. PMID 4202565. doi:10.2307/1379089. Consultado em 6 de maio de 2023. Cópia arquivada em 3 de junho de 2018 
  12. Eisenberg, J. F. (1976). «Communication mechanisms and social integration in the black spider monkey (Ateles fusciceps robustus), and related species». Smithsonian Contributions to Zoology. 213 (213): 1–108. doi:10.5479/si.00810282.213. Consultado em 6 de maio de 2023. Cópia arquivada em 6 de maio de 2023 
  13. Van Roosmalen, M.G.M. (1985). «Habitat preferences, diet, feeding strategy and social organization of the black spider monkey (Ateles paniscus paniscus Linnaeus 1758) in Surinam». Acta Amazonica. 15 (3–4): 1–238. Consultado em 6 de maio de 2023 
  14. «Conheça o Macaco-Aranha-da-testa-branca». Prefeitura de Bauru. 22 de janeiro de 2021. Consultado em 15 de abril de 2023. Cópia arquivada em 19 de abril de 2023 
  15. «Macaco-aranha Testa Branca». Prefeitura de Goiânia. 2023. Consultado em 15 de abril de 2023. Cópia arquivada em 19 de abril de 2023 
  16. Extinção Zero. Está é a nossa meta (PDF). Belém: Conservação Internacional - Brasil; Museu Paraense Emílio Goeldi; Secretaria do Estado de Meio Ambiente, Governo do Estado do Pará. 2007. Consultado em 2 de maio de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 2 de maio de 2022 
  17. «PORTARIA N.º 444, de 17 de dezembro de 2014» (PDF). Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ministério do Meio Ambiente (MMA). Consultado em 24 de julho de 2021. Cópia arquivada (PDF) em 12 de julho de 2022 
  18. «Portaria MMA N.º 148, de 7 de junho de 2022» (PDF). Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ministério do Meio Ambiente (MMA). Consultado em 14 de abril de 2023. Cópia arquivada (PDF) em 1 de março de 2023 
  19. «Ateles marginatus Geoffroy, 1809». Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SiBBr). Consultado em 6 de maio de 2023. Cópia arquivada em 6 de maio de 2023 
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