Atrofia muscular espinhal

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Atrofia muscular espinhal
Atrofia muscular espinhal
Localização na medula espinal dos neurónios afetados pela atrofia muscular espinhal
Especialidade Neurologia
Sintomas Fraqueza muscular progressiva[1]
Complicações Escoliose, contraturas das articulações, pneumonia[2]
Tipos Tipo 0 a tipo 4[2]
Causas Mutação no gene SMN1[2]
Método de diagnóstico Exames genéticos[1]
Condições semelhantes Distrofia muscular congénita, distrofia muscular de Duchenne, síndrome de Prader-Willi[2]
Tratamento Cuidados de apoio, medicação[1]
Medicação Nusinersen, onasemnogene abeparvovec
Prognóstico Difere consoante o tipo[2]
Frequência 1 em 10 000 pessoas[2]
Classificação e recursos externos
CID-10 G12.0-G12.1
CID-9 335.0-335.1
OMIM 253300 253550 253400 271150
DiseasesDB 14093
MedlinePlus 000996
eMedicine article/1181436
article/1264401
article/306812
MeSH D014897
A Wikipédia não é um consultório médico. Leia o aviso médico 

Atrofia muscular espinhal (AME) é um grupo de doenças neuromusculares que resultam da perda dos neurónios motores e progressiva atrofia muscular.[1] A gravidade dos sintomas e a idade de início variam consoante o tipo.[1] Alguns tipos são aparentes durante ou antes do nascimento, enquanto outros só se tornam aparentes em idade adulta.[1] Todos os tipos geralmente resultam em fraqueza muscular progressiva associada a fasciculação.[1][3] Os primeiros músculos a ser afetados são geralmente os dos braços, pernas ou da respiração.[3][4] Entre outros problemas associados estão dificuldade em engolir, escoliose e contraturas das articulações.[2][4] A atrofia muscular espinhal é uma das principais causas genéticas de morte em recém-nascidos.[5]

A doença é causada por um defeito genético no gene SMN1.[1][2] O defeito é herdado de um dos progenitores de forma autossómica recessiva.[1] O gene SMN1 codifica a proteína de sobrevivência dos neurónios motores, uma proteína fundamental para a sobrevivência dos neurónios motores.[4] A perda destes neurónios impede a transmissão de sinais entre o cérebro e os músculos esqueléticos.[4] O diagnóstico é suspeito com base nos sintomas e confirmado por exames genéticos.[1]

O tratamento consiste em cuidados de apoio, como a fisioterapia, apoio nutritivo e ventilação mecânica nos casos em que é necessária.[1] O nusinersen, administrado por injeção intratecal, atrasa a progressão da doença e melhora a função muscular.[1][3] Em 2019, foi aprovada nos Estados Unidos a terapia genética onasemnogene abeparvovec para o tratamento de crianças com menos de 24 meses.[5] O prognóstico varia consoante o tipo, desde uma esperança de vida de apenas alguns meses até fraqueza muscular ligeira com esperança de vida normal.[4] A condição afeta 1 em cada 10 000 nascimentos.[2]

Causas[editar | editar código-fonte]

A atrofia muscular espinhal tem um padrão de herança autossômico recessivo.

A atrofia muscular espinhal é causada por uma mutação genética no gene SMN1.[6] Sendo portanto um risco já identificado em casos de casamentos consanguíneoss.[7][8][9]

Tratamento[editar | editar código-fonte]

Medicação[editar | editar código-fonte]

Nusinersen (Spinraza) é usado para tratar a atrofia muscular espinhal.[10] É um nucleotídeo antisenso que modifica o splicing alternativo do gene SMN2.[10] É administrado diretamente no sistema nervoso central por meio de uma injeção intratecal.[10][11] Nusinersen prolonga a sobrevivência e melhora a função motora em bebês com AME.[12][13] Foi aprovado para uso nos EUA em 2016 e para uso na UE em 2017.[14][15][16]

Onasemnogene abeparvovec (Zolgensma) é um tratamento terapia gênica que usa vírus adeno-associado autocomplementar tipo 9 (scAAV-9) como vetor para entregar o transgene SMN1.[17][18] A terapia foi aprovada nos EUA em 2019, como uma formulação intravenosa para crianças com menos de 24 meses de idade.[5][19] A aprovação na Europa e no Japão foi concedida no ano seguinte.[20][21]

Risdiplam (Evrysdi) é um medicamento tomado por via oral na forma líquida.[22][23] É um derivado de piridazina que funciona aumentando a quantidade de proteína de neurônio motor sobrevivente funcional produzida pelo gene SMN2 por meio de splicing.[24][25] O Risdiplam foi aprovado para uso médico nos Estados Unidos em agosto de 2020.[22]

Segundo usuários, o medicamento Zolgensma é melhor em termos de custo-benefício em relação ao Spinraza, os primeiros dois anos de tratamento com Spinraza custam cerca de metade de uma infusão de Zolgensma, mas os tratamentos com Spinraza devem continuar por toda a vida a um custo de $375 mil dólares por ano, as quatro doses iniciais de Spinraza no primeiro ano de tratamento totalizam US$ 750 mil dólares, em um período de 10 anos, a relação custo-benefício do Zolgensma é clara, em termos de qualidade de vida, uma infusão IV de Zolgensma é mais confortável do que várias infusões espinhais de Spinraza a cada ano.[26]

No Brasil, o Spinraza, de uso contínuo, cada dose sai por R$ 145 mil, esse medicamento é autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e fornecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), segundo o Ministério da Saúde, o remédio chegou ao Brasil em 30 de outubro de 2019.[27]

Referências

  1. a b c d e f g h i j k l «Spinal muscular atrophy». Genetic and Rare Diseases Information Center (GARD) – an NCATS Program. Consultado em 27 de maio de 2019 
  2. a b c d e f g h i «Spinal Muscular Atrophy». NORD (National Organization for Rare Disorders). Consultado em 27 de maio de 2019 
  3. a b c «Spinal Muscular Atrophy Fact Sheet | National Institute of Neurological Disorders and Stroke». NINDS. Consultado em 27 de maio de 2019 
  4. a b c d e «Spinal muscular atrophy». Genetics Home Reference (em inglês). Consultado em 27 de maio de 2019 
  5. a b c «FDA approves innovative gene therapy to treat pediatric patients with spinal muscular atrophy, a rare disease and leading genetic cause of infant mortality». FDA (em inglês). 24 de maio de 2019. Consultado em 27 de maio de 2019 
  6. Brzustowicz LM, Lehner T, Castilla LH, Penchaszadeh GK, Wilhelmsen KC, Daniels R, Davies KE, Leppert M, Ziter F, Wood D (Abril 1990). «Genetic mapping of chronic childhood-onset spinal muscular atrophy to chromosome 5q11.2–13.3». Nature. 344 (6266): 540–1. Bibcode:1990Natur.344..540B. PMID 2320125. doi:10.1038/344540a0 
  7. «Consanguinity and rare neurological disease. A five year experience from the Korle Bu Teaching Hospital, Accra, Ghana». Elsevier. 1 de outubro de 2016. Consultado em 13 de outubro de 2022 
  8. «Saudi Arabia Awakes to the Perils of Inbreeding». The New York TImes. 1 de maio de 2003. Consultado em 13 de outubro de 2022 
  9. «What's the genetic disease risk for children of related couples?». The Conversation. 7 de setembro de 2012. Consultado em 13 de outubro de 2022 
  10. a b c «Spinraza- nusinersen injection, solution». DailyMed. 30 de junho de 2020. Consultado em 29 de outubro de 2020 
  11. Grant, Charley (27 de dezembro de 2016). «Surprise Drug Approval Is Holiday Gift for Biogen». The Wall Street Journal. ISSN 0099-9660. Consultado em 29 de outubro de 2020 
  12. Finkel RS, Mercuri E, Darras BT, Connolly AM, Kuntz NL, Kirschner J, et al. (Novembro 2017). «Nusinersen versus Sham Control in Infantile-Onset Spinal Muscular Atrophy». New England Journal of Medicine. 377 (18): 1723–32. PMID 29091570. doi:10.1056/NEJMoa1702752 
  13. Wadman, Renske I.; van der Pol, W. Ludo; Bosboom, Wendy Mj; Asselman, Fay-Lynn; van den Berg, Leonard H.; Iannaccone, Susan T.; Vrancken, Alexander Fje (1 de junho de 2020). «Drug treatment for spinal muscular atrophy types II and III». The Cochrane Database of Systematic Reviews. 1: CD006282. ISSN 1469-493X. PMC 6995983Acessível livremente. PMID 32006461. doi:10.1002/14651858.CD006282.pub5 
  14. «Spinraza (nusinersen) Injection». U.S. Food and Drug Administration (FDA). 18 de janeiro de 2017. Consultado em 29 de outubro de 2020 
  15. «Spinraza EPAR». European Medicines Agency (EMA). Consultado em 8 de agosto de 2020 
  16. «Spinraza (Nusinersen) Approved in the European Union as First Treatment for Spinal Muscular Atrophy». Agence France-Presse (AFP). 1 de junho de 2017. Consultado em 1 de junho de 2017 
  17. «Zolgensma 2 x 1013 vector genomes/mL solution for infusion». www.medicines.org.uk. Consultado em 8 de agosto de 2020 
  18. «Zolgensma- onasemnogene abeparvovec-xioi kit». DailyMed. 24 de maio de 2019. Consultado em 29 de outubro de 2020 
  19. «Zolgensma». U.S. Food and Drug Administration (FDA). 24 de maio de 2019. Consultado em 8 de agosto de 2020 
  20. «Zolgensma EPAR». European Medicines Agency(EMA). 24 de março de 2020. Consultado em 29 de outubro de 2020 
  21. «Novartis receives approval from Japanese Ministry of Health, Labour and Welfare for Zolgensma the only gene therapy for patients with spinal muscular atrophy (SMA)». Novartis (Nota de imprensa). Consultado em 29 de outubro de 2020 
  22. a b «FDA Approves Oral Treatment for Spinal Muscular Atrophy». U.S. Food and Drug Administration (FDA) (Nota de imprensa). 7 de agosto de 2020. Consultado em 7 de agosto de 2020 
  23. «Evrysdi (risdiplam) for oral solution» (PDF). Genentech. Consultado em 8 de agosto de 2020 
  24. Maria Joao Almeida (8 de setembro de 2016). «RG7916». BioNews Services. Consultado em 8 de outubro de 2017 
  25. Zhao X, Feng Z, Ling KK, Mollin A, Sheedy J, Yeh S, et al. (Maio de 2016). «Pharmacokinetics, pharmacodynamics, and efficacy of a small-molecule SMN2 splicing modifier in mouse models of spinal muscular atrophy». Human Molecular Genetics. 25 (10): 1885–1899. PMC 5062580Acessível livremente. PMID 26931466. doi:10.1093/hmg/ddw062 
  26. YATES, NATHAN (31 de maio de 2019). «I have spinal muscular atrophy. Critics of the $2 million new gene therapy are missing the point». STAT. Consultado em 29 de outubro de 2020 
  27. Ferraz, Renato (24 de julho de 2020). «Governo vai propor isenção do ICMS de remédios para a AME». Agência Brasil. Consultado em 29 de outubro de 2020