Jerid: diferenças entre revisões
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⚫ | O '''Jerid''' ou ''Djerid''' ({{Langx|ar|الجريد}}; literalmente "[[Palmeira|palma]] de [[tamareira]]"), é uma região semi-[[Deserto|desértica]] situada no sudoeste da [[Tunísia]], que se estende para as áreas contíguas na [[Argélia]]. Em termos administrativos, está associada, na Tunísia, à [[Províncias da Tunísia|província]] (''gouvernorat'') de [[Tozeur (província)|Tozeur]] e, pelo menos em parte e segundo algumas fontes, também às províncias de [[Gafsa (província)|Gafsa]] e [[Kebili (província)|Kebili]]. Esta última integra a região de [[Nefzaoua]], a qual por vezes se considera parte do Jerid.{{HarvRef|Morris|2001|p=297}} |
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⚫ | A região está salpicada de [[oásis]] dispersos entre dois ''[[chott]]s'' ([[Lago salgado|lagos salgados]] em grande parte secos na maior parte do tempo). Dentre os ''chotts'' destaca-se pela sua extensão celebridade o [[Chott el Jerid]]. Em termos económicos, a região destaca-se pela sua produção de [[tâmara]]s, nomeadamente da variedade superior ''[[deglet nour]]'', e desde os anos 1990 que o turismo tem vindo a ganhar importância. Há ainda a referir a [[Mineração|exploração mineira]] de importantes [[Jazida mineral|jazidas]] de [[fosfato]], principalmente a norte da região ([[Gafsa]]). |
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==População== |
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⚫ | O '''Jerid''' ou ''Djerid''' ({{Langx|ar|الجريد}} |
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A população da província de Tozeur, o núcleo central da região era estimada em 2011 em {{formatnum:104800}} habitantes, mais 4,5% do que em 2007 e mais 7,5% do que em 2004, concentrando-se principalmente nas cidades de [[Tozeur]] e [[Nefta]]. No mesmo ano estimava-se que a província de Gafsa, a norte, tivesse {{formatnum:341600}} habitantes, mais 3,5% que em 2007 e mais 5,5% do que em 2004. A estimativa para a província de Kebili, a sul, que muitos autores não incluem na região, era então de {{formatnum:152200}} habitantes, mais 3.9% que em 2007 e mais 6,3% do que em 2004.<ref name=ins1 /><ref name=ins2 /> |
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⚫ | Em termos étnicos, a população resulta da mestiçagem ao longo da história entre [[berberes]] autóctones, [[árabes]] e [[Escravidão|escravos]] originários da [[África subsariana]]. Atualmente a os habitantes consideram-se a eles próprios árabes, tendo desaparecido quase completamente qualquer componente berbere, a qual é mesmo renegada, pois é associada ao "tempo da ignorância pré-[[Islão|islâmica]]".{{HarvRef|Battesti|2009|p=551-582}} |
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⚫ | A região está salpicada de [[oásis]] dispersos entre dois ''[[chott]]s'' ([[Lago salgado|lagos salgados]] em grande parte secos na maior parte do tempo). Dentre os ''chotts'' destaca-se pela sua extensão celebridade o [[Chott el Jerid]]. Em termos económicos, a região destaca-se pela sua produção de [[tâmara]]s, nomeadamente da variedade superior ''[[deglet nour]]'' e desde os anos 1990 que o turismo tem vindo a ganhar importância. Há ainda a referir a [[Mineração|exploração mineira]] de importantes [[Jazida mineral|jazidas]] de [[fosfato]], principalmente a norte da região ([[Gafsa]]). |
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==História== |
==História== |
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O Jerid já era habitado no tempo dos [[Numídia|númida]] (séculos III a I a.C.). Vieram depois os [[Roma Antiga|romanos]], que erigiram fortificações, integradas no ''[[limes]]'' da fronteira meridional da [[Província romana|província]] da [[África Proconsular]], que tinha como objetivo impedir as incursões das populações [[Nomadismo|nómadas]] do [[Deserto do Saara|Saara]]. |
O Jerid já era habitado no tempo dos [[Numídia|númida]] (séculos III a I a.C.). Vieram depois os [[Roma Antiga|romanos]], que erigiram fortificações, integradas no ''[[limes]]'' da fronteira meridional da [[Província romana|província]] da [[África Proconsular]], que tinha como objetivo impedir as incursões das populações [[Nomadismo|nómadas]] do [[Deserto do Saara|Saara]].{{HarvRef|name=Puig32|Puig|2004|p=32}} |
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Com a chegada do [[cristianismo]], a região acolhe duas [[Diocese|sedes episcopais]], uma em Thusurus (Tozeur) e outra em Nepte (Nefta). Depois duma passagem fugaz dos [[vândalos]] no {{séc|V d.C.}}, seguiu-se o domínio dos [[Império Bizantino|bizantinos]], até à invasão dos árabes muçulmanos do [[Omíadas|Império Omíada]] no {{séc|VII}}, que ocuparam toda a Tunísia e arabizaram e islamizaram. |
Com a chegada do [[cristianismo]], a região acolhe duas [[Diocese|sedes episcopais]], uma em Thusurus (Tozeur) e outra em Nepte (Nefta). Depois duma passagem fugaz dos [[vândalos]] no {{séc|V d.C.}}, seguiu-se o domínio dos [[Império Bizantino|bizantinos]], até à invasão dos árabes muçulmanos do [[Omíadas|Império Omíada]] no {{séc|VII}}, que ocuparam toda a Tunísia e arabizaram e islamizaram.<ref name=Puig32 /> |
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Durante a [[Idade Média]], as cidades do Jerid conhecem um progresso económico notável, devido principalmente à sua posição estratégica nas rotas das [[caravana]]s que ligavam a [[bacia mediterrânica]] à África subsariana. Entre os "bens" transportados figuravam numerosos escravos, que eram comprados para trabalharem nos oásis. Durante o [[Império Otomano|período otomano]], a região é palco de revoltas contras os impostos elevados e as incursões de nómadas. O relativo declínio da região a partir desse tempo deve-se em grande parte à perda da importância estratégica e económica do comércio transaariano. |
Durante a [[Idade Média]], as cidades do Jerid conhecem um progresso económico notável, devido principalmente à sua posição estratégica nas rotas das [[caravana]]s que ligavam a [[bacia mediterrânica]] à África subsariana. Entre os "bens" transportados figuravam numerosos escravos, que eram comprados para trabalharem nos oásis. Durante o [[Império Otomano|período otomano]], a região é palco de revoltas contras os impostos elevados e as incursões de nómadas. O relativo declínio da região a partir desse tempo deve-se em grande parte à perda da importância estratégica e económica do comércio transaariano.{{Carece de fontes|geo|data=setembro de 2012}} |
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==Economia== |
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O Jerid possui cerca de 1,6 milhões de tamareiras{{Ref label2|a}}{{Carece de fontes|geo|data=setembro de 2012}} e é uma das regiões de produção de tâmaras mais importante da Tunísia, principalmente da variedade mais valiosa, a ''deglet nour''. |
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Le système de distribution de l'eau d'irrigation ... |
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{{Produção tâmaras Tunísia 2010-2011}} |
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Considerando a versão mais alargada do Jerid, cerca de 85% da produção total tunisina de tâmaras é proveniente da região, que em 2010-2011 produziu quase {{fmtn|150000|toneladas}}. No mesmo ano, só 0,2% da variedade ''deglet nour'' foi produzida fora da região. Considerando que a província de Kebili não faz parte do Jerid, as percentagens descem para cerca de 30% do total e igualmente 30% de ''deglet nour'', o que corresponde, respetivamente, a {{formatnum:52125}} e a {{fmtn|36050|toneladas}}.<ref name=ProdTamTun2011 /> |
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⚫ | Apesar das condições climatéricas extremas — as temperaturas máximas são próximas dos 50ºC e as [[Precipitação (meteorologia)|precipitações]] anuais são muito limitadas (entre 80 e 120 mm) — os oásis do Jerid são muito produtivos devido aos seus recursos em águas extraídas atualmente de [[aquífero]]s subterrâneos muito profundos através de furos modernos.{{HarvRef|name=Batt2012|Battesti|2012|p=77-96}} |
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[[Imagem:Tunis1960-040 hg.jpg|thumb|O oásis de Tozeur em 1960]] |
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O sistema de distribuição de água de [[irrigação]], nos palmeirais antigos, que remontam à [[Antiguidade]], segundo a tradição local, foi reorganizado de forma racional no {{séc|XIII}} em Tozeur e, parcialmente, em Nefta, por [[Ibn Chabbat]], um [[polímata]] natural de Tozeur. O sistema, essencial para a a agricultura em áreas desérticas, é constituído por pequenos canais (''[[seguia]]s'') que recolhem a água de milhares de fios de água ressurgente e a junta em ribeiras artificiais, chamadas localmente ''oueds'' (uede ou [[uádi]]s). A água é em seguida distribuída, recorrendo a pequenas [[barragem|barragens]] em forma de pente, alimentando assim os milhares de hortas do palmeiral. Atualmente as [[Nascente (hidrografia)|nascentes]] naturais estão praticamente secas e foram substituídas por furos profundos. O sistema de distribuição foi progressivamente substituído por um mais moderno, mais eficaz na limitação das perdas por [[infiltração]] e [[evaporação]].<ref name=Batt2012 /> |
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A riqueza produzida pela agricultura é repartida de forma muito desigual entre grandes proprietários, que muitas vezes nem sequer residem na região, e numerosos pequenos caseiros (''khammes''), cujo salário é um décimo da colheita e só é pago quando esta é vendida. Devido a este facto, é comum que os ''khammes'' tenham que pedir empréstimos para sobreviver ao longo do ano e que, em anos de piores colheitas não consigam pagar a totalidade desses empréstimos, na prática ficando perpetuamente reféns dos seus patrões. Após a independência, na década de 1950, o governo tentou combater essa situação criando sindicatos de ''khammes'', mas estes não mostraram muito entusiasmo em associar-se, alegadamente por atribuirem a sua pobreza ao clima e às más colheitas e não à exploração dos seus patrões.{{HarvRef|Morris|2001|p=312}} |
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O aumento do número de [[Poço (água)|poços]] e furos, o [[crescimento demográfico]] local e o afluxo de turistas têm vindo a conduzir a uma sobre-exploração das reservas de água. A diminuição do nível dos [[Lençol freático|Lençóis freáticos]] ameaça a sustentabilidade da agricultura local e o sustento dos agricultores.<ref name=Batt2012 /> |
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==Notas e referências== |
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<ref name=ins1>{{Citar web|url=http://www.ins.nat.tn/fr/donnee_demografiques0.1.php?code_indicateur=0201060&code_theme=0201|titulo= Données générales sur la population - Répartition de la population par gouvernorat|acessodata=7 de setembro de 2012|data=4 de junho de 2012|obra=www.ins.nat.tn|publicado=Instituto Nacional de Estatística da Tunísia|lingua3=fr|arquivourl=http://www.webcitation.org/6AUDEgek5|arquivodata=6 de setembro de 2012}}</ref> |
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<ref name=ins2>{{Citar web|url=http://www.ins.nat.tn/fr/rgph2.1ens.php?Code_indicateur=0301001|titulo=Résultats du Recensement 2004 - Population, ménages et logements par unité administrative|acessodata=7 de setembro de 2012|data=17 de março de 2006|obra=www.ins.nat.tn|publicado=Instituto Nacional de Estatística da Tunísia|lingua3=fr|arquivourl=http://www.webcitation.org/6AUE4EYGq|arquivodata=6 de setembro de 2012}}</ref> |
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==Bibliografia== |
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*{{Citar periódico|ultimo=Battesti|primeiro=Vincent|ano=1999|titulo=Le sens des lieux, Espaces et pratiques dans les palmeraies du Jérid (Sud-ouest tunisien)|jornal=JATBA, revue d’ethnobiologie|numero=2|paginas=19-44|volume=XLI|lingua3=fr|coautores=Puig, Nicolas|issn=0183-5173|formato=PDF|url=http://anthropoasis.free.fr/spip.php?article58|acessadoem=7 de setembro de 2012}} |
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*{{Citar livro|ultimo=Battesti|primeiro=Vincent|ano=2005|mes=junho|título=Jardins au désert, Évolution des pratiques et savoirs oasiens, Jérid tunisien|editora=Éditions IRD|lingua3=fr|isbn=2-7099-1564-2|páginas=440|url=http://hal.archives-ouvertes.fr/halshs-00004609/|acessodata=7 de setembro de 2012}} |
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*{{Citar periódico|ultimo=Battesti|primeiro=Vincent|ano=2009|mes=junho|titulo=Tourisme d'oasis, les mirages naturels et culturels d'une rencontre?|jornal=Cahiers d'Etudes Africaines|editora=[[École des hautes études en sciences sociales|EHESS]]|numero=193-194|paginas=551-582|volume=XLIX (1-2)|lingua3=fr|formato=PDF|url=http://hal.archives-ouvertes.fr/halshs-00350921|acessadoem=7 de setembro de 2012|formato=PDF|ref=harv}} |
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*{{Citar periódico|ultimo=Battesti|primeiro=Vincent|ano=2012|mes=março|titulo=The Power of a Disappearance: Water in the Jerid region of Tunisia|jornal=Water, Cultural Diversity an Global Environmental Change: Emerging Trends, Sustainable Futures?|editora=[[UNESCO]] / [[Springer Science+Business Media|Springer]]|paginas=77-96|lingua3=en|doi=10.1007/978-94-007-1774-9_6|local=[[Paris]], [[Jacarta]]|formato=PDF|url=http://hal.archives-ouvertes.fr/hal-00569337|acessadoem=7 de setembro de 2012|ref=harv}} |
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*{{Citar livro|ultimo=Morris|primeiro=Peter|ano=2001|título=The Rough Guide to Tunisia|editora=[[Rough Guide]]|lingua3=en|isbn=1-85828-748-0|local=Londres|edição=6ª|páginas=503|coautor=Jacobs, Daniel}} |
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*{{Citar livro|ultimo=Mrabet|primeiro=Abdellatif|ano=2004|título=L'art de bâtir au Jérid : étude d'une architecture vernaculaire du Sud Tunisien|editora=Faculté des lettres et des sciences humaines,|lingua3=fr|local=[[Tunes]]}} |
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*{{Citar livro|ultimo=Puig|primeiro=Nicolas|ano=2004|título=Bédouins sédentarisés et société citadine à Tozeur (Sud-Ouest tunisien)|editora=Karthala|lingua3=fr|isbn=9782845864733|local=Paris|páginas=282|url=http://books.google.pt/books?id=df7QnE2_RZQC&pg=PA32|acessodata=7 de setembro de 2012|ref=harv}} |
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==Ligações externas== |
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{{Commonscat|Djerid}} |
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*{{Citar web|ultimo=Battesti|primeiro=Vincent|data=21 de novembro de 2008|url=http://anthropoasis.free.fr/spip.php?article475|titulo=Présentation générale : Jérid, gouvernorat de Tozeur|acessodata=7 de setembro de 2012|obra=anthropoasis.free.fr|publicado=vbat.org anthropoasis|lingua3=fr|arquivourl=http://www.webcitation.org/6AUCpjVjD|arquivodata=6 de setembro de 2012}} |
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[[Categoria:Geografia da Tunísia]] |
[[Categoria:Geografia da Tunísia]] |
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[[Categoria:Regiões da África]] |
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Revisão das 01h58min de 7 de setembro de 2012
Jerid – Região natural – | |
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Oásis e cidade de Nefta | |
País | Tunísia Argélia |
Localidades mais próximas | Tozeur, Nefta, Tamerza, Gafsa |
Localização aproximada do centro da região do Jerid na Tunísia | |
Coordenadas |
O Jerid' ou Djerid (em árabe: الجريد; literalmente "palma de tamareira"), é uma região semi-desértica situada no sudoeste da Tunísia, que se estende para as áreas contíguas na Argélia. Em termos administrativos, está associada, na Tunísia, à província (gouvernorat) de Tozeur e, pelo menos em parte e segundo algumas fontes, também às províncias de Gafsa e Kebili. Esta última integra a região de Nefzaoua, a qual por vezes se considera parte do Jerid.[1]
A região está salpicada de oásis dispersos entre dois chotts (lagos salgados em grande parte secos na maior parte do tempo). Dentre os chotts destaca-se pela sua extensão celebridade o Chott el Jerid. Em termos económicos, a região destaca-se pela sua produção de tâmaras, nomeadamente da variedade superior deglet nour, e desde os anos 1990 que o turismo tem vindo a ganhar importância. Há ainda a referir a exploração mineira de importantes jazidas de fosfato, principalmente a norte da região (Gafsa).
População
A população da província de Tozeur, o núcleo central da região era estimada em 2011 em 104 800 habitantes, mais 4,5% do que em 2007 e mais 7,5% do que em 2004, concentrando-se principalmente nas cidades de Tozeur e Nefta. No mesmo ano estimava-se que a província de Gafsa, a norte, tivesse 341 600 habitantes, mais 3,5% que em 2007 e mais 5,5% do que em 2004. A estimativa para a província de Kebili, a sul, que muitos autores não incluem na região, era então de 152 200 habitantes, mais 3.9% que em 2007 e mais 6,3% do que em 2004.[2][3]
Em termos étnicos, a população resulta da mestiçagem ao longo da história entre berberes autóctones, árabes e escravos originários da África subsariana. Atualmente a os habitantes consideram-se a eles próprios árabes, tendo desaparecido quase completamente qualquer componente berbere, a qual é mesmo renegada, pois é associada ao "tempo da ignorância pré-islâmica".[4]
História
O Jerid já era habitado no tempo dos númida (séculos III a I a.C.). Vieram depois os romanos, que erigiram fortificações, integradas no limes da fronteira meridional da província da África Proconsular, que tinha como objetivo impedir as incursões das populações nómadas do Saara.[5]
Com a chegada do cristianismo, a região acolhe duas sedes episcopais, uma em Thusurus (Tozeur) e outra em Nepte (Nefta). Depois duma passagem fugaz dos vândalos no século V d.C., seguiu-se o domínio dos bizantinos, até à invasão dos árabes muçulmanos do Império Omíada no século VII, que ocuparam toda a Tunísia e arabizaram e islamizaram.[5]
Durante a Idade Média, as cidades do Jerid conhecem um progresso económico notável, devido principalmente à sua posição estratégica nas rotas das caravanas que ligavam a bacia mediterrânica à África subsariana. Entre os "bens" transportados figuravam numerosos escravos, que eram comprados para trabalharem nos oásis. Durante o período otomano, a região é palco de revoltas contras os impostos elevados e as incursões de nómadas. O relativo declínio da região a partir desse tempo deve-se em grande parte à perda da importância estratégica e económica do comércio transaariano.[carece de fontes]
Economia
O Jerid possui cerca de 1,6 milhões de tamareiras[a][carece de fontes] e é uma das regiões de produção de tâmaras mais importante da Tunísia, principalmente da variedade mais valiosa, a deglet nour.
Províncias | Totais | Deglet nour | Outras variedades | |||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
2009-2010 | 2010-2011 | 2009-2010 | 2010-2011 | 2009-2010 | 2010-2011 | |||||||
Kebili | 91 000 | 56,2% | 97 000 | 55,7% | 77 500 | 70,7% | 83 000 | 69,6% | 13 500 | 25,8% | 14 000 | 25,5% |
Tozeur | 42 000 | 25,9% | 45 000 | 25,8% | 29 000 | 26,5% | 32 450 | 27,2% | 13 000 | 24,8% | 12 550 | 22,8% |
Gabès | 22 000 | 13,6% | 25 000 | 14,4% | 0 | 0% | 150 | 0,1% | 22 000 | 42,0% | 24 850 | 45,2% |
Gafsa | 7 000 | 4,3% | 7 125 | 4,1% | 3 100 | 2,8% | 3 600 | 3,0% | 3 900 | 7,4% | 3 525 | 6,4% |
Total | 162 000 | 100% | 174 125 | 100% | 109 600 | 100% | 119 200 | 100% | 52 400 | 100% | 54 925 | 100% |
Considerando a versão mais alargada do Jerid, cerca de 85% da produção total tunisina de tâmaras é proveniente da região, que em 2010-2011 produziu quase 150 000 toneladas. No mesmo ano, só 0,2% da variedade deglet nour foi produzida fora da região. Considerando que a província de Kebili não faz parte do Jerid, as percentagens descem para cerca de 30% do total e igualmente 30% de deglet nour, o que corresponde, respetivamente, a 52 125 e a 36 050 toneladas.[6]
Apesar das condições climatéricas extremas — as temperaturas máximas são próximas dos 50ºC e as precipitações anuais são muito limitadas (entre 80 e 120 mm) — os oásis do Jerid são muito produtivos devido aos seus recursos em águas extraídas atualmente de aquíferos subterrâneos muito profundos através de furos modernos.[7]
O sistema de distribuição de água de irrigação, nos palmeirais antigos, que remontam à Antiguidade, segundo a tradição local, foi reorganizado de forma racional no século XIII em Tozeur e, parcialmente, em Nefta, por Ibn Chabbat, um polímata natural de Tozeur. O sistema, essencial para a a agricultura em áreas desérticas, é constituído por pequenos canais (seguias) que recolhem a água de milhares de fios de água ressurgente e a junta em ribeiras artificiais, chamadas localmente oueds (uede ou uádis). A água é em seguida distribuída, recorrendo a pequenas barragens em forma de pente, alimentando assim os milhares de hortas do palmeiral. Atualmente as nascentes naturais estão praticamente secas e foram substituídas por furos profundos. O sistema de distribuição foi progressivamente substituído por um mais moderno, mais eficaz na limitação das perdas por infiltração e evaporação.[7]
A riqueza produzida pela agricultura é repartida de forma muito desigual entre grandes proprietários, que muitas vezes nem sequer residem na região, e numerosos pequenos caseiros (khammes), cujo salário é um décimo da colheita e só é pago quando esta é vendida. Devido a este facto, é comum que os khammes tenham que pedir empréstimos para sobreviver ao longo do ano e que, em anos de piores colheitas não consigam pagar a totalidade desses empréstimos, na prática ficando perpetuamente reféns dos seus patrões. Após a independência, na década de 1950, o governo tentou combater essa situação criando sindicatos de khammes, mas estes não mostraram muito entusiasmo em associar-se, alegadamente por atribuirem a sua pobreza ao clima e às más colheitas e não à exploração dos seus patrões.[8]
O aumento do número de poços e furos, o crescimento demográfico local e o afluxo de turistas têm vindo a conduzir a uma sobre-exploração das reservas de água. A diminuição do nível dos Lençóis freáticos ameaça a sustentabilidade da agricultura local e o sustento dos agricultores.[7]
Notas e referências
- Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em francês cujo título é «Jérid», especificamente desta versão.
- [a] ^ Este número de tamareiras possivelmente refere-se apenas à província de Tozeur.
- ↑ Morris 2001, p. 297.
- ↑ «Données générales sur la population - Répartition de la population par gouvernorat». www.ins.nat.tn (em francês). Instituto Nacional de Estatística da Tunísia. 4 de junho de 2012. Consultado em 7 de setembro de 2012. Cópia arquivada em 6 de setembro de 2012
- ↑ «Résultats du Recensement 2004 - Population, ménages et logements par unité administrative». www.ins.nat.tn (em francês). Instituto Nacional de Estatística da Tunísia. 17 de março de 2006. Consultado em 7 de setembro de 2012. Cópia arquivada em 6 de setembro de 2012
- ↑ Battesti 2009, p. 551-582.
- ↑ a b Puig 2004, p. 32.
- ↑ a b «Production dattes 2010-2011». www.gifruits.com (em francês). Groupement Interprofessionel des fruits - Ministério da Agricultura da Tunísia. 4 de outubro de 2010. Consultado em 7 de setembro de 2012. Cópia arquivada em 7 de setembro de 2012
- ↑ a b c Battesti 2012, p. 77-96.
- ↑ Morris 2001, p. 312.
Bibliografia
- Battesti, Vincent; Puig, Nicolas (1999). «Le sens des lieux, Espaces et pratiques dans les palmeraies du Jérid (Sud-ouest tunisien)» (PDF). JATBA, revue d’ethnobiologie (em francês). XLI (2): 19-44. ISSN 0183-5173. Consultado em 7 de setembro de 2012
- Battesti, Vincent (2005). Jardins au désert, Évolution des pratiques et savoirs oasiens, Jérid tunisien (em francês). [S.l.]: Éditions IRD. 440 páginas. ISBN 2-7099-1564-2. Consultado em 7 de setembro de 2012
- Battesti, Vincent (junho de 2009). «Tourisme d'oasis, les mirages naturels et culturels d'une rencontre?» (PDF). EHESS. Cahiers d'Etudes Africaines (em francês). XLIX (1-2) (193-194): 551-582. Consultado em 7 de setembro de 2012
- Battesti, Vincent (março de 2012). «The Power of a Disappearance: Water in the Jerid region of Tunisia» (PDF). Paris, Jacarta: UNESCO / Springer. Water, Cultural Diversity an Global Environmental Change: Emerging Trends, Sustainable Futures? (em inglês): 77-96. doi:10.1007/978-94-007-1774-9_6. Consultado em 7 de setembro de 2012
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Ligações externas
- Battesti, Vincent (21 de novembro de 2008). «Présentation générale : Jérid, gouvernorat de Tozeur». anthropoasis.free.fr (em francês). vbat.org anthropoasis. Consultado em 7 de setembro de 2012. Cópia arquivada em 6 de setembro de 2012