Anticapitalismo
O anticapitalismo descreve uma ampla variedade de movimentos, ideologias, atitudes de oposição e correntes de pensamento e ação que opõem-se ao capitalismo, normalmente entendido como o sistema baseado na propriedade privada, na livre concorrência de mercado e no trabalho assalariado. Num sentido estrito, os anticapitalistas são aqueles que desejam substituir completamente o capitalismo por outro sistema econômico; entretanto, há também ideologias que podem ser caracterizadas como parcialmente anticapitalista, pois visam a abolir apenas alguns aspectos do capitalismo e não todo o sistema, como é o caso do socialismo liberal.
Mais recentemente, o termo anticapitalista foi também utilizado para designar o esforço de convergência das diversas vertentes do movimento social: o movimento ambientalista, o movimento feminista, o movimento operário etc. Este sentido se difundiu principalmente no final dos anos 1990 com o movimento de resistência global que buscava reunir esses movimentos que haviam se desenvolvido mais ou menos separadamente a partir dos anos 1960. A utilização do termo anticapitalista neste sentido era um pouco polêmica porque, por um lado, buscava apenas mostrar que os diversos problemas que os movimentos enfrentavam faziam sistema, ou seja, que o desrespeito ao meio ambiente, o sexismo, a hierarquia e a exploração do trabalho estavam arranjados num só sistema - no entanto, não havia consenso entre os movimentos de que o que dava sistematicidade a esses problemas era o capitalismo entendido como sistema econômico. Por isso, nem todos os movimentos acreditavam que o termo anticapitalista era o mais adequado para indicar a convergência.
Movimentos, ideologias e tendências anticapitalistas
- O Socialismo propõe o controle coletivo da economia, o que pode estar associado a controles democráticos ou o controle totalitário sobre o Estado (há filosofias democráticas e autoritárias que se denominam "socialistas).
- O Marxismo propõe a propriedade coletiva dos meios de produção para uma futura eliminação total dos vestígios do capitalismo. No marxismo o Estado atinge seu ponto máximo de existência e controla todos os níveis da vida econômica e social, o comunismo. Como não existem outras classes sem ser o proletariado, muitos se confundem, acreditando que o Estado deixa de existir, porém o que deixa de existir é o Estado enquanto campo de lutas da burguesia, passando a ser um Estado proletário e total[1].[2]
- A Socialdemocracia é uma ideologia parcialmente anticapitalista que surgiu de `alas reformadoras do movimento socialista. Os socialdemocratas pretendem mitigar o que creem ser os efeitos mais negativos do capitalismo mediante uma economia mista e o estado do bem-estar social.
- O Anarquismo propõe a abolição total do Estado e considera o capitalismo como uma dominação social ilegítima, baseado em relações involuntárias e hierarquias coercitivas. Algumas formas de anarquismo opõem-se integralmente ao capitalismo, todavia, visto que o capitalismo reduz a ação do Estado e a interferência governamental, há tendência minoritária dentro do anarquismo, conhecidas como anarco-capitalismo e anarco-individualista, que incorporam o capitalismo em sua filosofia.[3]
- O Fascismo e o Nazismo, segundo alguns teóricos, como Ludwig von Mises, são instrinsicamente contrários aos princípios do liberalismo econômico, pois impedem o conceito do laissez-faire e propõem a sobreposição do Estado aos interesses individuais - o totalitarismo.[4] (Totalitarismo fascista) - Os fascistas aceitavam a propriedade privada, mas advogavam seu controle por parte do estado para assegurar que o "benefício da comunidade" precedesse o benefício individual.[5] Liberais, como Ludwig von Mises, argumentam que o fascismo, uma derivação do totalitarismo, era um regime político de extrema esquerda - um socialismo nacional de extrema esquerda marcado por sua postura antiliberal. Segundo Mises, o fascismo manteve apenas uma ilusão de respeito à propriedade privada, visto que os indivíduos não podiam dispor de seus bens porque o governo freqüentemente emanava novas leis e regulamentos (em benefícios de aliados governamentais) o que não é compatível com o funcionamento do livre-mercado.[6][7] Mas, por outro lado, o nazi-fascismo é o oposto aos ideais teóricos de igualitarismo do socialismo e comunismo, desse modo sendo considerado por outros autores uma ditadura de extrema direita controlada pelo estado.[8][9][10][11][12][13][14][15][16][17][18][19]
- Algumas religiões criticam alguns aspectos do capitalismo:
- O Islã proíbe empréstimos de dinheiro com cobrança de juros, que é um importante aspecto do capitalismo. Outra questão é a crença desta religião no dogma de que a Alá pertencem todas as coisas, o qual se contrapõe ao fundamento capitalista da propriedade privada.
- O Cristianismo também proíbe a usura, mas as sociedades ocidentais modernas abandonaram a ideia devido ao princípio de separação entre a Igreja e o Estado que resultou na secularização da sociedade e forjou o sistema capitalista fundamentado na propriedade privada e na prática da usura.
Referências
- ↑ Lefebvre, H. Le Marxisme, Presse universitaires de France, collection Que sais-je?, 1948.
- ↑ Marx, K; Engels, F. Manifesto do Partido Comunista. Editorial "Avante!", Lisboa, Portugal, 1997.
- ↑ Anarcho-capitalism. The Encyclopedia of Libertarianism p. 13, escrito por Ronald Hamowy, SAGE
- ↑ Calvin B. Hoover, The Paths of Economic Change: Contrasting Tendencies in the Modern World, The American Economic Review, Vol. 25, No. 1, Supplement, Papers and Proceedings of the Forty-seventh Annual Meeting of the American Economic Association. (Mar., 1935), pp. 13-20.
- ↑ EPSTEIN, Richard Allen - Principles for a Free Society: Reconciling Individual Liberty With the Common Good, De Capo Press 2002, p. 168
- ↑ von Mises, Ludwig - Socialism 1951.
- ↑ VON MISES, Ludwig - A mentalidade antiliberal. Rio de Janeiro: J. Olympio Editor, 1988
- ↑ Roger Eatwell (2011). «Fascism: A History»
- ↑ Zeev Sternhell, Mario Sznajder, Maia Ashéri (1995). «From Cultural Rebellion to Political Revolution»
- ↑ Richards Griffins. «Fascism»
- ↑ Stanley G. Payne. «Fascism»
- ↑ Stanley G. Payne. «A History of Fascism»
- ↑ Robert O. Paxton (2011). «The Anatomy of Fascism»
- ↑ Peter Davies, Derek Lynch. «The Routledge Companion to Fascism and the Far Right»
- ↑ Brian Jenkins. «France in the era of fascism: essays on the French authoritarian right»
- ↑ Martin Blinkhorn (2000). «Fascism and the right in Europe, 1919-1945»
- ↑ Eatwell, Roger (2003). «"A Spectral-Syncretic Approach to Fascism", The Fascism Reader, Routledge»
- ↑ Oxford Dictionary. «Fascism»
- ↑ Joan Antón Melló (2008). «The core ideas and axioms of Classical Fascism (1919-1945)» (PDF). Universitat de Barcelona