Arnau de Holanda

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Arnau de Holanda, nascido Arnaud Florentz Boeyens van Holland (Utrecht, por volta de 1515 - Pernambuco, por volta de 1594), foi um mercador e senhor de engenho holandês que migrou para as terras de Pernambuco no período colonial. Seu nome surge grafado de formas as mais diversas em livros de história: Arnal, Arnald, Arnão e Arnauld von Hollander. O sobrenome também surge grafado em livros antigos como de Olanda.

Arnaud Florentz Boyens Van Holland
Barão de Rhenoburg
Nascimento 1510
  Utrecht
Morte 24 de junho de 1590
  Olinda
Nome póstumo Arnau de Holanda
Esposa Brites Mendes de Góis e Vasconcelos
Casa Van Holland
Pai Hendrick van Rhijnsburg, Barão de Rhenoburg
Mãe Margaretha Florentz Boyens Van Holland
Religião Catolicismo

Biografia[editar | editar código-fonte]

Apesar de sua existência vastamente documentada em livros de história do Brasil, as verdadeiras origens de Arnau de Holanda estão envolvidas em especulações de difícil comprovação. Sabe-se que teve uma vida abastada em Pernambuco durante o século XVI e que foi casado com a cristã-nova portuguesa Brites Mendes de Vasconcelos, que chegou criança às terras brasileiras na nau de Duarte Coelho. Em depoimentos inquisitoriais realizados em Pernambuco por ocasião da visita do inquisidor Heitor Furtado de Mendonça em 1598, um dos filhos de Arnau, de nome Cristóvão, declara o pai como meio flamengo. Outro filho, conhecido como Agostinho, diz que seu pai era alemão de nação, o que se explica pelo fato de que, até a primeira metade do décimo-sexto século, os Países Baixos integravam o Sacro Império Romano-Germânico.[1]

As origens de Arnau são fruto de controvérsia, visto que o genealogista Borges da Fonseca o identifica como filho do barão alemão Hendrick van Rhijnburg com uma tal Margaretha Florenz Boeyens, irmã do Papa Adriano VI, endossando assim as afirmações do padre António Carvalho da Costa em sua obra Corografia Portuguesa. Há, contudo, problemas históricos no que tange a essa informação, afinal o referido Papa Adriano teve apenas irmãos e nenhuma irmã, e o tal barão Hendrick não tem existência documentada. Ademais, conforme aponta o historiador Evaldo Cabral de Mello, causa estranheza que o suposto filho de um barão e sobrinho-neto de um Papa jamais tenha arvorado para si tal origem.[2] Segundo o historiador Carlos Xavier Paes Barreto, o genealogista Sanches Baena atribui a paternidade de Arnau ao mercador judeu holandês Jacob de Holanda,[3] hipótese também sustentada pelo genealogista Francisco Dória.[4]

Arnau e Brites deixaram vasta descendência nas terras da Região Nordeste do Brasil, de modo que diversos pernambucanos descendem deste casal. Vários dos filhos e netos do casal aparecem como depoentes na primeira visita da Inquisição ao Brasil, sobretudo em decorrência da proximidade da família com a marrana portuguesa Branca Dias. Da união de Arnau com sua esposa, Brites Mendes de Vasconcelos, nasceram:[5]

O ano exato de morte de Arnau é desconhecido. Carlos Xavier Paes Barreto indica a data de 24 de junho de 1614[6], mas tal informação não pode ser correta, visto que, por ocasião da visitação do inquisidor Heitor Furtado de Mendonça em 1594 a Pernambuco, um dos filhos de Arnau foi entrevistado e declarou seu pai como já falecido:

2 de abril de 1594 - Agostinho de Olanda contra André Pedro, flamengo, e Alberto Carlos, inglez disse ser christão velho meo alemão natural desta villa filho de Arnal de Olanda alemão de nação defunto e de sua molher Breatiz Mendes gente dos da governança desta terra, de ydade de trinta e oito annos, alcaide mor da villa de Igarasu, casado com Maria de Paiva, mea christãa nova morador no seu engenho da invocação de Santo Agostinho na freguesia de Sancto Amaro.[7]

Descendentes Ilustres[editar | editar código-fonte]

O músico brasileiro Chico Buarque, seu pai, o historiador Sérgio Buarque de Holanda, e sua irmã, a música e ministra Ana de Hollanda,[8] assim como o lexicógrafo e professor Aurélio Buarque de Holanda, são descendentes diretos de Arnau de Holanda através de seu filho Cristóvão de Holanda e Vasconcelos. Os presidentes da república Deodoro e Hermes da Fonseca são descendentes de Arnau de Holanda através de sua filha Adriana de Holanda. O romancista José Lins do Rego é descendente através de sua filha Isabel de Holanda.

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. Heitor Furtado de Mendonça. Denunciações e Confissões de Pernambuco (Governo de Pernambuco: 1984). [S.l.: s.n.] 
  2. Evaldo Cabral de Mello. O Nome e o Sangue (Companhia das Letras: 2009, página 86-87). [S.l.: s.n.] ISBN 978-85-359-1397-2 
  3. Carlos Xavier Paes Barreto. Os Primitivos Colonizadores Nordestinos e seus Descendentes (Rio de Janeiro: Editora Melso, 1960, página 257). [S.l.: s.n.] 
  4. Francisco Antônio Dória. Sangue Converso no Brasil Colônia. [S.l.: s.n.] 
  5. Cândido Pinheiro Koren de Lima. Branca Dias, Tomo I (Fundação Gilberto Freyre: 2012). [S.l.: s.n.] ISBN 978-85-85197-21-6 
  6. Carlos Xavier Paes Barreto. Os Primitivos Colonizadores Nordestinos e seus Descendentes (Rio de Janeiro: Editora Melso, 1960, página 258). [S.l.: s.n.] 
  7. Heitor Furtado de Mendonça (1984), Denunciações e Confissões de Pernambuco 1593-1595, Recife: Governo de Pernambuco, p. 254, Wikidata Q104180859 
  8. Francisco Alves Filho (12 de dezembro de 2007). «A Saga da Família Buarque de Holanda». Consultado em 4 de junho de 2020 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]