Batina

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Padres católicos usando batina em Roma, Itália.
Canonigo y cardenal

A batina ou sotaina é uma roupa eclesiástica, própria dos clérigos (diáconos, presbíteros - padre e bispos). [1][2] Tradicionalmente, possui 33 botões de alto a baixo, representando a idade de Cristo, cinco botões em cada punho, representando as cinco chagas de Cristo e sete botões no braço representando os sete Sacramentos.

À cintura pode ser usada uma faixa, que tem duplo significado: 1º a castidade (antigamente se acreditava que a libido sexual estava diretamente relacionada aos rins, então rins cingidos significava castidade); 2º a Igreja peregrina na terra (quando Israel fazia grandes peregrinações usava-se um cíngulo para cingir os rins de modo que ao caminhar não ficasse dolorido, assim rins cingidos significa peregrinação). A cor da faixa varia segundo o grau na hierarquia católica: preta para seminaristas, diáconos e padres; violácea para padres com título de Monsenhor, bispos e arcebispos; vermelha para cardeal e branca para o Papa.

A batina é toda preta, com colarinho branco: o preto representa a morte para o mundo, e o branco, a pureza.

Bispos usam batina preta, com filetes vermelhos e faixa violácea. Já os cardeais usam batina preta, com filetes e faixa vermelhos. O Papa veste batina inteiramente branca. A batina dos monsenhores possui filetes violáceos. Em regiões de clima quente, é permitido que se use batinas de cores mais claras, como cinza, creme ou branco. Os filetes e a faixa devem ser correspondentes ao grau hierárquico do clérigo, pois só o Papa pode usar batina inteiramente branca.

O uso da batina por clérigos católicos tem início com a preservação da parte destes das vestes talares dos antigos romanos. A cor preta padronizou-se a partir do seu uso pela Companhia de Jesus. O Código do Direito Canónico no cânone 284 estipula: "Os clérigos usem trajo eclesiástico conveniente, segundo as normas estabelecidas pela Conferência episcopal, e segundo os legítimos costumes dos lugares". A obrigatoriedade do uso de um traje eclesiástico, portanto diverso do usado pelos leigos, é ainda reforçado pelo Diretório para o Ministério e a Vida dos Presbíteros da Congregação para o Clero. Este traje eclesiástico pode ter as seguintes formas: o hábito religioso do clero subordinado a uma ordem religiosa ou sociedade de vida apostólica, pela batina de estilo romano ou pela camisa de estilo clerical - clergyman.

Costuma-se ainda usar a peregrineta, espécies de mini-mantos envoltos ao pescoço, na mesma cor da batina e com a borla filetada.

Usa-se também juntamente com a batina o Solidéu - um pequeno recorte ovado de seda, ou o Saturno (capelo) - chapéu de padre, ou ainda o barrete, tudo nas cores específicas do grau correspondente.

Nas liturgias em que o clérigo não concelebra, usa-se a veste coral e neste caso muda-se a cor da batina para alguns.

A batina com sobrepeliz é também uma das vestes próprias para os ministério litúrgico dos Acólitos.

Igreja Católica

Papa Bento XVI em batina branca, com peregrineta e fáscia franjada com seu brasão de armas.

A batina (ou sotaina) possui variados estilos e cortes, contudo, sem nenhum simbolismo atribuído a estes em particular. Uma batina romana eventualmente possui uma série de botões frontais - geralmente, 33 botões (simbolizando os anos terrenos de Cristo).[3] Em alguns países anglófonos, esta sequência de botões é meramente ornamental, com uma espécie de braguilha, conhecida como zíper Chesterfield. Uma batina em estilo francês também possui botões costurados para as mangas, semelhante a um terno, e uma parte inferior mais folgada. Uma batina ambrosiana possui somente cinco botões sob o colarinho, com uma faixa na cintura.[3] Uma batina jesuíta, ao invés de botões, possui um zíper preso no colarinho, sendo atada à cintura por uma faixa.

A batina romana comum dos clérigos católicos é de cor preta, exceto em regiões tropicais, onde, por conta do calor, é de cor branca e geralmente sem a peregrineta. A cor dos adornos variam de acordo com a hierarquia: roxo para o Capelão de Sua Santidade; vermelho amaranto para bispos, protonotários e prelados; e vermelho escarlate para cardeais.[4]

A Instrução de Vestimentas de 1969 estabelece que para todos os clérigos, inclusive cardeais, a veste de uso ordinário pode ser uma batina simples de cor preta.[4]

A faixa presa à cintura, também conhecida como fascia, pode ser utilizada juntamente com a batina. A Instrução sobre as vestes dos prelados especifica que as duas extremidades que pendem ao lado tenham franjas de seda, abolindo a faixa com borlas.[4] A fascia preta é utilizada por padres, diáconos e seminaristas, enquanto a fascia de cor roxa é destinada aos bispos, protonotários, prelados e ao Capelão de Sua Santidade. A fascia de cor escarlate é usada pelos cardeais e a de cor branca é de uso exclusivo do Papa.

Quanto às vestes corais, capelães de Sua Santidade vestem batina de cor preta, aparadas em roxo com a sobrepeliz. Bispos, protonotários e prelados utilizam a batina totalmente em cor roxa (com sobrepeliz, roquete ou mozetta). Cardeais vestem batina totalmente escarlate e adicionalmente têm ambas as mangas da batina coral e da fáscia feitas de seda escarlate-regada. O corte da batina coral pode ser ainda francês ou romano.

No passado, uma batina de cardeal era confeccionada em seda revestida, tendo também uma cauda. O uso desta cauda foi abolido pelo motu proprio Valde solliciti, promulgado pelo Papa Pio XII em 1 de janeiro de 1953.[5] Através do mesmo motu proprio, o Papa determinou que a batina violeta (então, utilizada em períodos de penitência e de luto) fosse confeccionada em lã.[6]

Papa Cardeal Bispo
Protonotário apostólico
Prelado honorário
Capelão de Sua Santidade Padre
Diácono

Igreja Anglicana

Bispo Cônego Padre
Diácono

Igreja Ortodoxa

Bispo Padre Padre (casado) Hieromonge Monge Subdiácono
Cantor

Galeria

Referências

  1. Karin Hueck, Gabriel Gianordoli, Gabriela Loureiro e Davi Augusto (junho de 2011). «O que significam os trajes da Igreja Católica?». Super Interessante. Consultado em 23 de fevereiro de 2014 
  2. Dr. Rafael Vitola Brodbeck. «Da obrigatoriedade do uso do traje eclesiástico» (em inglês). Presbíteros. Consultado em 23 de fevereiro de 2014 
  3. a b Edwards, Nina (2011). On The Button. [S.l.: s.n.] ISBN 9781848855847 
  4. a b c Miranda, Salvador. «Instruction of the Dress, Titles and Coat-of-Arms of Cardinals, Bisphops and Lesser Prelates». Florida International University 
  5. «Valde solliciti» 
  6. Miranda, Salvador. «The Cardinals of the Holy Roman Church: Guide to documents and events». Florida International University 
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