Caso Discord

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Caso Discord

Logo do Discord
Vítimas 09 a 15
Réu(s) Izaquiel Tomé dos Santos, Vitor Hugo Souza Rocha, Gabriel Barreto Vilares, William Maza dos Santos, Carlos Eduardo Custódio do Nascimento, Pedro Ricardo Conceição da Rocha e três menores de idade.
Promotor Maria Fernanda Balsalobra

O Caso Discord refere-se a uma série de crimes, como ameaças, incentivo à mutilação, maus tratos e torturas aos animais, pornografia infantil e estupros cometidos no Brasil por um grupo de homens, dos quais dois eram menores, na plataforma Discord, no início dos anos 2020. As vítimas eram preferencialmente adolescentes do sexo feminino. Oito criminosos, incluindo os três menores, foram presos em meados de 2023.[1][2]

O caso ganhou repercussão ao ser exibido no Fantástico em final de abril de 2023. Eram "sádicos e misóginos", disse o delegado responsável pela investigação.[3]

Em junho de 2023, as investigações ainda estão em andamento.

Contexto[editar | editar código-fonte]

Fundado em 2015, o Discord é uma plataforma social que permite o compartilhamento de mensagens - imagens, áudios e vídeos. É muito usado por jogadores de jogos eletrônicos (games), espaço virtual onde o grupo geralmente atuava aliciando as menores.[4]

No Brasil, não há lei que responsabilize as plataformas pelo que é divulgado, sendo elas apenas obrigadas a retirar um conteúdo sob ordem judicial, reporta o portal do Fantástico.[5]

Crime[editar | editar código-fonte]

Modus operandi[editar | editar código-fonte]

O grupo de homens se aproximava das meninas na plataforma e as convencia a fazerem fotos e vídeos de nudez. Este material era posteriormente usado para chantagear as vítimas, que então eram obrigadas a se mutilar e a produzir mais material pornográfico, que era divulgado no Discord. Ao menos duas vítimas foram convencidas a se encontrarem pessoalmente com membros do grupo, quando foram estupradas. Os estupros também foram gravados e divulgados na plataforma.[2][6]

Vítimas[editar | editar código-fonte]

Há entre nove e quinze vítimas - ao menos quatro, em São Paulo (incluindo uma menor, de 16 anos), uma no Amapá, uma no Espírito Santo e uma em Santa Catarina (uma menor, de 13 anos, de Joinville).[2]

"Uma adolescente de 13 anos e outra de 16 acusam os rapazes de estupros. Elas são, respectivamente, de Santa Catarina e São Paulo e tinham ido ao encontro do grupo depois de conhecer seus participantes no aplicativo", reportou o g1.[6]

Deputada Duda Salabert[editar | editar código-fonte]

A deputada federal Duda Salabert, uma mulher transexual, disse em 26 de junho quem o preso William Maza dos Santos a ameaçava desde 2020. "Esse caso não é pontual, é estrutural. Pode ser que essa estrutura tenha, inclusive, o envolvimento de parlamentares e agentes políticos. Digo isso porque essa estrutura só me ataca em contextos de campanha eleitoral", revelou ela.[7]

Investigações[editar | editar código-fonte]

As investigações - chamadas de Operação Dark Room - começaram em março de 2023, após denúncia de algumas vítimas e usuários do Discord sobre casos de violência com animais e pessoas. Após as primeiras prisões, o delegado Fábio Pinheiro Lopes disse que os criminosos "são sádicos e misóginos" e "têm um asco, uma aversão por mulheres".[1][3]

A polícia encontrou vasto material probatório, como fotos e vídeos das adolescentes nuas, nos computadores dos criminosos, além de conversas que comprovam os crimes. No computador de Vitor, inclusive, havia um arquivo nomeado "backup das vagabundas estupráveis". No caso dos menores os investigadores descobriram que eles usavam três servidores da plataforma para cometerem atos de extrema violência contra animais e adolescentes. Eles ainda divulgavam pedofilia, zoofilia e faziam apologia ao racismo, nazismo e a misoginia.[1][2]

“É importante que fique muito claro que não se trata de desafios que estão sendo praticados por adolescentes. Trata-se de criminosos, a grande maioria maiores de idade, que utilizam a insegurança dessa plataforma em relação a crianças e adolescentes para praticar crimes gravíssimos contra essas meninas”, diz a promotora Maria Fernanda Balsalobra.[3]

Presos[editar | editar código-fonte]

  • Izaquiel Tomé dos Santos: 20 anos; conhecido como "Dexter", foi preso em abril na cidade de Passos, Minas Gerais[8][9][10]
  • Vitor Hugo Souza Rocha: 21 anos; conhecido como o "Verdadeiro Vitor", foi preso em Bauru, interior de São Paulo, em 07 de junho de 2023[6][10]
  • Gabriel Barreto Vilares: 22 anos; conhecido como "Law" e "Eiruka", foi preso em 23 de junho na cidade de São Paulo[2][10]
  • William Maza dos Santos: 20 anos; conhecido como "Joust", foi preso em 23 de junho na cidade de São Paulo[2][10]
  • Carlos Eduardo Custódio do Nascimento: 19 anos; conhecido como "DPE", se apresentou no dia 26 de junho, com um advogado, numa delegacia no Carandiru, na zona norte de São Paulo, quando foi preso[2][10]
  • Menor, de 14 anos: preso em 27 de junho na cidade do Rio de Janeiro[1]
  • Menor, de 17 anos: preso em 27 de junho; era um dos líderes do grupo e foi preso em Pedra de Guaratiba, Zona Oeste do Rio de Janeiro[1]
  • Pedro Ricardo Conceição da Rocha: 19 anos; conhecido como "King", foi preso em 4 de julho na cidade de Teresópolis, interior do Rio de Janeiro[11]
  • Menor de 16 anos: apreendido em Belo Horizonte no dia 12 de julho.[12][13]

Referências

  1. a b c d e «Polícia Civil apreende dois menores suspeitos de usar Discord para violência sexual e estimular automutilação e suicídio». G1. 27 de junho de 2023. Consultado em 27 de junho de 2023 
  2. a b c d e f g Fregonasse*', 'Henrique (26 de junho de 2019). «Preso 4º acusado de estuprar menores que conheceu no Discord». Brasil. Consultado em 27 de junho de 2023 
  3. a b c «Rede sem lei: no Discord, criminosos violentam e humilham meninas menores de idade». G1. 26 de junho de 2023. Consultado em 27 de junho de 2023 
  4. «O que é e como funciona o Discord? Entenda como plataforma foi usada em estupro virtual de menores». G1. 26 de junho de 2023. Consultado em 27 de junho de 2023 
  5. «Desafios perversos: como o aplicativo Discord virou ferramenta para envolver adolescentes em um submundo de violência extrema». G1. 1 de maio de 2023. Consultado em 27 de junho de 2023 
  6. a b c «Vídeo: Preso que chamou vítimas de 'vagabundas estupráveis' no Discord diz que cursa direito, e ganha R$ 7 mil com games». G1. 27 de junho de 2023. Consultado em 27 de junho de 2023 
  7. «Deputada Duda Salabert diz que um dos presos por violentar adolescentes no Discord a ameaçava desde 2020». G1. 27 de junho de 2023. Consultado em 27 de junho de 2023 
  8. Segundo, iG Último (26 de junho de 2023). «PF identifica 10 vítimas de tortura virtual no aplicativo Discord». Portal iG. Consultado em 27 de junho de 2023 
  9. «Operação da PF prende jovem de 20 anos em Passos por crimes virtuais». sampi. Consultado em 27 de junho de 2023 
  10. a b c d e «'Ajoelha, se prostra para mim': criminoso usava Discord para chantagear adolescentes e obrigá-las a se mutilar com sua assinatura». G1. 26 de junho de 2023. Consultado em 27 de junho de 2023 
  11. «Polícia indicia suspeito de criar grupo no Discord para estupro de vulnerável». G1. 13 de julho de 2023. Consultado em 25 de outubro de 2023 
  12. Digital, Olhar; Lorenzo, Alessandro Di (4 de julho de 2023). «Discord: criador de grupo para violência sexual é preso no RJ». Olhar Digital. Consultado em 9 de julho de 2023 
  13. «'Já estava esperando vocês', disse suspeito de estupro de vulnerável, em grupo do Discord, no momento da prisão; VÍDEO». G1. 4 de julho de 2023. Consultado em 9 de julho de 2023 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]