Caso família Gonçalves

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Caso família Gonçalves

Anaflávia, Juan, Flaviana e Romuyuki Gonçalves
Local do crime Brasil Santo André e São Bernardo do Campo, SP
Data 27 e 28 de janeiro de 2020
Vítimas Juan, Flaviana e Romuyuki Gonçalves
Réu(s)
  • Anaflávia Gonçalves
  • Carina Ramos
  • Guilherme Ramos da Silva
  • Jonathan Fagundes Ramos
  • Juliano Oliveira Ramos Júnior

O caso família Gonçalves foi um caso de familicídio envolvendo as mortes de Romuyuki Gonçalves, Flaviana Gonçalves e do filho mais novo do casal, Juan Gonçalves, em janeiro de 2020. A filha mais velha do casal, Anaflávia Gonçalves, sua então namorada, Carina Ramos, e Guilherme da Silva foram condenados, em junho de 2023, a mais de 50 anos de prisão cada pelo crime. Outros dois cúmplices, Juliano e Jonathan Ramos, primos de Carina, serão julgados em agosto de 2023. [1]

Contexto[editar | editar código-fonte]

Os pais de Ana não aceitavam o namoro da filha com Carina, situação que piorou quando eles deram um carro à filha e Carina transferiu o documento do veículo para o próprio nome. [2] [3]

As duas já moravam juntas em outro condomínio e passavam por dificuldades financeiras, apesar de, na época, terem um salário bruto de quase 5 mil reais conjuntamente. [4]

Crime[editar | editar código-fonte]

Infelizes com o fato da família não aceitar o namoro, Anaflávia e Carina planejaram roubar 85 mil reais que Romuyuki tinha ganho de herança e supostamente guardava no cofre de casa. Para isto, convenceram Juliano e Jonathan Ramos, primos de Carina, e Guilherme da Silva, a simularem um assalto. O plano foi executado na noite de 27 para 28 de janeiro de 2020, mas após o quinteto descobrir que o cofre estava vazio e que não havia dinheiro na residência, houve uma conversa entre eles, quando as duas mulheres autorizaram a morte de toda a família. Pai e filho foram levados para o quarto do adolescente onde foram mortos a pauladas. Flaviana, que chegou à casa mais tarde, foi rendida e vendada e em seguida colocada num carro dirigido por Carina.[3]

O quinteto também roubou objetos de valoar como eletrodomésticos, joias e uma arma, além de dólares e cerca de 8 mil reais em dinheiro. [3]

Os três corpos foram encontrados carbonizados em uma região de mata na estrada do Montanhão, em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, na madrugada de 28 de janeiro de 2020. [5]

Vítimas[editar | editar código-fonte]

  • Romuyuki Veras Gonçalves – 43 anos; empresário prestador de serviços de uma montadora
  • Flaviana de Meneses Gonçalves – 40 anos, mulher de Romuyuki; era proprietária de duas perfumarias
  • Juan Victor Gonçalves – 15 anos; filho do casal Romuyki e Flaviana e irmão de Anaflávia

Investigação[editar | editar código-fonte]

Após a polícia ser chamada ao local onde o carro queimava, as autoridades começaram as investigações e foram à casa da família, num condomínio de Santo André, onde encontraram o imóvel revirado, além de marcas de sangue pelos cômodos, mas sem sinais de arrombamento. De acordo com a perícia, litros de água sanitária e manchas de sangue foram encontrados no quarto do adolescente. Também foram localizadas manchas de sangue em peças de roupa de Ana. Um laudo preliminar apontou que, antes de terem seus corpos carbonizados, as três vítimas morreram com pauladas na cabeça. Como todos os golpes foram do lado direito, a suspeita era de que o autor fosse canhoto.[3]

Anaflávia e Carina disseram no primeiro depoimento que a família tinha uma dívida com um agiota e que Flaviana teria saído de casa de madrugada para realizar o pagamento e depois seguiria para Minas Gerais. A presença do adolescente no carro, porém, fez a polícia desconfiar da versão. A Polícia Civil já tinha como uma das linhas de apuração uma possível briga familiar. [3]

As suspeitas sobre a filha ganharam força depois de as imagens da câmera de segurança mostrarem que ela e a mulher estavam na casa na noite do crime. Por diversas vezes, as duas foram flagradas manobrando os carros da família. O carro de Anaflávia e Carina também foi visto entrando e saindo do local várias vezes. Em depoimento à polícia, Carina, que chegou às 20h ao local, alegou ter entrado por volta das 22h. Câmeras mostram que ela usava um casaco com capuz, mesmo em uma noite de calor. Quando o veículo da família, um Jeep, deixou o condomínio, por volta de 1h, o carro de Carina e Ana Flávia saiu na frente. Ao serem questionadas pela polícia sobre para onde teriam ido após deixarem o condomínio, cada uma disse que se dirigiu para um lugar diferente. Imagens de câmeras de segurança do condomínio mostram o momento da saída do Jeep que, mais tarde, seria encontrado com os três mortos.[3]

Elas foram presas preventivamente no dia 29 de janeiro de 2020 após entrarem em contradição em diversos pontos do interrogatório e após o depoimento de uma testemunha, que disse ter visto um homem de 1,90 ajudar as duas a retirar objetos pesados da casa e colocá-los num carro. [6] [7]

Juliano e Jonathan foram presos nos dias posteriores e disseram que Ana e Carina haviam planejado o crime e ajudado a matar a família. Com isto elas confessaram que haviam facilitado a entrada na casa, mas negaram participação nas mortes. [7][4][8]

Prisão, julgamento e pena[editar | editar código-fonte]

Anaflávia Gonçalves e Carina tiveram a prisão decretada em 29 de janeiro de 2020. Juliano foi preso em 03 de fevereiro de 2020; Jonathan se entregou no dia 10 e Guilherme tinha sido preso dias antes.[4]

Em final de fevereiro de 2020 o Ministério Público acusou o quinteto de roubo, homicídio doloso qualificado (por motivo torpe, meio cruel e recurso que dificultou as defesas das vítimas), ocultação de cadáver e associação criminosa.[9]

O julgamento de Ana, Carina e Guilherme aconteceu em 13 de junho de 2023 e os três foram condenados:[1]

  • Anaflávia Martins Meneses Gonçalves: 61 anos, 5 meses e 23 dias de reclusão, em regime inicial fechado
  • Carina Ramos de Abreu: 74 anos, 7 meses e 10 dias de reclusão, em regime inicial fechado
  • Guilherme Ramos da Silva: 56 anos, 2 meses e 20 dias de reclusão, em regime inicial fechado

Anaflávia não foi condenada pela morte do irmão, somente pelo homicídio dos pais. "Não foi como eu esperava. Não foi o que eu queria. A monstra Anaflávia só respondeu por dois homicídios. E o Juan?", disse sua avó Vera após o veredito.[9]

O julgamento de Juliano e Jonathan aconteceu em 21 de agosto de 2023 e os dois outros foram condenados:[10]

  • Juliano Oliveira Ramos Júnior: 65 anos, 5 meses e 10 dias de reclusão em regime inicial fechado.
  • Jonathan Fagundes Ramos: 56 anos, 2 meses e 20 dias de reclusão em regime inicial fechado.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b «Após 3 anos, Justiça de SP condena Anaflávia Gonçalves e 2 cúmplices por assassinar a família dela e queimar os corpos». G1. 14 de junho de 2023. Consultado em 15 de junho de 2023 
  2. «Em depoimento, filha de família carbonizada no ABC diz que foi a posto comprar gasolina para incendiar corpos». G1. 10 de fevereiro de 2020. Consultado em 15 de junho de 2023 
  3. a b c d e f R7, ed. (6 de fevereiro de 2020). «Suspeitas confessam participação no roubo de família morta». Consultado em 10 de fevereiro de 2020 
  4. a b c «Família encontrada carbonizada no ABC: o que se sabe e o que falta saber». G1. 5 de fevereiro de 2020. Consultado em 15 de junho de 2023 
  5. R7.com (28 de janeiro de 2020). «Três corpos são encontrados carbonizados dentro de carro em SP». R7.com. Consultado em 15 de junho de 2023 
  6. «Polícia prende filha de casal que morreu carbonizado dentro de carro em São Bernardo do Campo». G1. 29 de janeiro de 2020. Consultado em 15 de junho de 2023 
  7. a b «Juiz decreta prisão de mais um suspeito no caso da família encontrada carbonizada no ABC». G1. 6 de fevereiro de 2020. Consultado em 15 de junho de 2023 
  8. «Avó esperava pena maior para neta condenada por morte de família no ABC paulista: 'Não foi como eu gostaria'». G1. 14 de junho de 2023. Consultado em 15 de junho de 2023 
  9. a b «Avó esperava pena maior para neta condenada por morte de família no ABC paulista: 'Não foi como eu gostaria'». G1. 14 de junho de 2023. Consultado em 15 de junho de 2023 
  10. «Justiça condena irmãos acusados de roubar e matar família no ABC a mais de 50 anos de prisão». G1. 21 de agosto de 2023. Consultado em 22 de agosto de 2023 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]